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LUMINOTECNICA APLICADA Amanda Guimarães Rodrigues Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância do projeto luminotécnico. Descrever as características de um projeto luminotécnico de uso comercial e residencial. Elaborar projetos luminotécnicos residenciais e comerciais. Introdução Os projetos luminotécnicos contribuem para acentuar a expressão dos ambientes por meio da luz. A partir deles, é possível assegurar as con- dições de saúde e conforto dos espaços e também destacar os móveis, a decoração e/ou os produtos de uma loja. Para que sejam elaborados de forma adequada, os projetos luminotécnicos devem utilizar sistemas de iluminação que harmonizem luminosidade, eficiência energética, decoração e escolhas do cliente. Por outro lado, quando a iluminação não é projetada por meio de uma avaliação inicial do espaço, sem levar em conta os gostos e desejos dos cliente, ela pode provocar mal-estar, fadiga visual, dor de cabeça nos usuários, etc. Por isso, é importante que se saiba elaborar os projetos com conhecimento de técnicas específicas e muita prática. Neste capítulo, você estudará sobre a importância de um projeto luminotécnico, assim como sobre quais aspectos caracterizam os projetos para áreas comerciais e áreas residenciais. Além disso, aprenderá a elaborar esses tipos de projetos e a aplicá-los em situações diferentes. A importância do projeto luminotécnico Antigamente, o projeto luminotécnico era a última etapa dentro de um projeto de interiores ou de um projeto arquitetônico. A ideia que se praticava era a de conceber o layout da obra como um todo e, por último, pensava-se em como aplicar a iluminação. Porém, com o o avanço tecnológico, a luz se tornou elemento principal em todas as etapas de um projeto de interiores ou arqui- tetônico (desde nos primeiros esboços), e passou-se a pensar no seu melhor aproveitamento e benefícios. Observe que os espaços comerciais, residenciais, industriais, entre outros, são iluminados a partir de diversas fontes artificiais, como lâmpadas, lumi- nárias e LEDs. Segundo Silva (2014), a luz possibilita que as pessoas vejam, fazendo parte da vida delas. Tanto a iluminação natural quanto a artificial são importantes para contribuir para o bem-estar dos indivíduos e, por isso, a realização de projetos luminotécnicos tornou-se essencial. Silva (2014) define projeto luminotécnico ou de iluminação como um conjunto de muitas variáveis e fatores que irão influenciar na iluminação de um ambiente. Eles podem ser direcionados pelo aspecto técnico, como cálculos ou quantidade de luz, mas também devem ser focados no gosto do usuário. Assim sendo, os projetos de iluminação são uma mescla de razão e emoção, trazendo novas maneiras de leituras de um ambiente. Tregenza e Loe (2015) afirmam que existe uma dificuldade em se tomar decisões em um projeto luminotécnico por ele ser influenciado por diversos fatores. Por exemplo, a iluminação natural e a elétrica devem ser projetadas simultaneamente para que se complementem. A Figura 1, a seguir, representa um diagrama que mostra os tópicos que devem ser abordados no desenvolvi- mento de um projeto luminotécnico. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais2 Figura 1. Tópicos a serem analisados em um projeto luminotécnico. Fonte: Tregenza e Loe (2015, p. 84). Atualmente, é quase impossível projetar espaços sem pensar na iluminação e em sua distribuição. Gibbs (2016) comenta que um bom projeto luminotéc- nico pode mudar um espaço, ajudando a criar uma decoração específica. Um exemplo é a influência da luz utilizada na exposição de produtos em locais comerciais e que, a depender de local em que ela for colocada, poderá atrair clientes, aumentando o número de vendas, ou afastá-los. 3Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Veja um exemplo de projeto luminotécnico dentro de um projeto de arquitetura apresentado por Tregenza e Loe (2015, p. 133). Durante o projeto de arquitetura Exige-se do projetista do sistema de luminotécnica 1 Decisões sobre a forma geral dos prédios, sua estrutura, os principais materiais, a orientação solar, as vistas, a ilumi- nação natural Testagem rápida das alternativas, estudos de diferentes cenários, uso de dados provisórios ou aproximados. Capacidade de avaliar a estratégia de ilumi- nação como parte das análises de consumo de energia total e desempenho térmico. 2 Projeto detalhado, seleção de acessórios e materiais Desenhos que permitem ao projetista ava- liar a aparência de um projeto e comparar alternativas. Cálculos para selecionar o tipo e o número de luminárias, a especificação e as dimen- sões das janelas, os sistemas de controle. Cálculos para testar se as normas e outros critérios foram atendidos. 3 Apresentação do pro- jeto e aprovação Especificações técnicas e tabelas com quantidades de materiais. Desenhos e previsões de desempenho genéricas para o cliente e para apresenta- ções ao público. 4 Construção e testagem (“comissionamento”) Supervião in loco. Instalação e conferência dos sistemas de controle, orientação das luminárias. Certificação dos sistemas, informações para os clientes: instruções e planilhas de manutenção. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais4 Objetivos de um projeto luminotécnico A função principal de um projeto luminotécnico é iluminar. Silva (2014) comenta que a viabilização de um sistema de iluminação depende de algumas variáveis. Para que isso aconteça, é necessário visitar os seguintes quesitos: Funcionalidade: a norma da ABNT NBR ISO 8995-1 estabelece e especifica os requisitos para otimizar a eficiência em locais inter- nos e para que as atividades desenvolvidas neles sejam eficazes e confortáveis. Uma boa iluminação deve seguir a função que cada ambiente irá exercer, favorecendo o uso adequado do mesmo (AS- SOCIAÇÃO..., 2013). Segurança: Silva (2014) afirma que a luz é fundamental tanto para a realização de atividades nocivas e de alto risco quanto para a se- gurança pública. Inclusive, Costa (2005) comenta que “em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada, natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade”, assegurada pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), e que a quantidade e qualidade da iluminação será estabelecida em seus valores mínimos pelo Mi- nistério do Trabalho. Iluminação adequada: iluminar de maneira conveniente e com dinâmica. Estética: funcionalidade e estética são características dependentes uma da outra e que podem oscilar entre mais e menos de acordo com a ambientação. Muitas vezes, a estética é determinada por funções espaciais da luz, segundo Torres (2009), como, por exemplo: ■ Destaque: uma área pode ser isolada por meio de um jogo de contraste luminoso tanto para mais quanto para menos (Figura 2). Leitores do material impresso, para visualizar as figuras deste capítulo em cores, acessem o link ou código QR a seguir. https://goo.gl/QSzGBE 5Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Figura 2. Iluminação de destaque. Fonte: Sandra Schramm/Shutterstock.com. ■ Separação: o uso da luz pode favorecer a separação de ambientes e fazer a comunicação entre eles de maneiras distintas (Figura 3). Figura 3. Iluminação provocando o efeito de separação. Fonte: Ilija Erceg/Shutterstock.com. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais6 ■ Conexão: ambientes separados fisicamente podem comunicar-se entre si por meio da distribuição luminosa (Figura 4). Figura 4. Restaurante utiliza iluminação para conectar as suas diversas áreas. Fonte: Elnur/Shutterstock.com. ■ Hierarquia: por meio de orientação luminosa, que pode alterar a percepção de longo e curto, pode-se definir uma hierarquia espacial (Figura 5). Figura 5. Escritório utilizaa iluminação para hierarquizar os ambientes. Fonte: LI CHAOSHU/Shutterstock.com. 7Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais ■ Luz e movimento: movimentos e ritmos em um ambiente podem ser definidos por sistemas luminosos, e paradas e locais de contemplação podem ser criados (Figura 6). Figura 6. A partir dos usos de luz artificial e natural, o espaço cria uma dinâmica e iluminação adequadas. Fonte: Artazum/Shutterstock.com. Imitação da natureza: a iluminação artificial é baseada na iluminação natural, já que o processo vital dos seres humanos depende da luz do sol. Quanto mais a iluminação imitar o comportamento da luz natural em ambientes, mas fácil e confortável será a adaptação do ser humano a esse ambiente. Economia: a economia de energia é um dos pontos essenciais em um projeto luminotécnico. De acordo com Latreille (2010), 80% dos clientes priorizam um projeto econômico energeticamente no desenvolvimento de um projeto luminotécnico. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais8 Veja alguns dos fatores que podem contribuir com a economia de energia elétrica segundo Tregenza e Loe (2015, p. 125). Produção de luz Eficácia da vida útil Desempenho das cores Oscilações Características de partida: aquecimento, reacionamento, dimerização Aspectos óticos das luminárias Distribuição da intensidade Eficácia ótica Controles Interruptores comuns, dimmers Sensores de ocupação e luz natural Interação dos usuários: sistemas manuais ou automáticos Conexões com outros sistemas, sistemas de automação predial Contexto de projeto Disponibilidade de luz natural Formato e tamanho do recinto Cor e refletância da superfície Outros efeitos ambientais da iluminação: ganhos térmicos, necessidade de acesso Normas de projeto Saúde Luminosidade e caráter do cômodo Tarefas visuais e exposição Cor Desempenho ao longo da vida útil Manutenção e substituição Origem dos equipamentos e materiais Descarte da instalação após certo tempo Além desses objetivos, um projeto luminotécnico, para ter validade e importância, deve ser baseado em alguns pilares. De acordo com Oliveira (2010), é fundamental ter cuidado e atenção quando se pensa nas possibilidades e soluções eficientes específicas de cada projeto. Para que elas possam ser realizadas, é preciso observar o contexto e a cultura nos quais o projeto será desenvolvido, de modo que o profissional se familiarize com o cliente que será 9Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais inserido naquele ambiente, trabalhando dentro da realidade local e agregando valor àquela cultura por meio da iluminação. Por último, o orçamento do projeto deve ser compatível com a realização integral do mesmo e deve-se escolher os equipamentos (abertura e desenho de facho, alcance em metros da luz, potência de luz, entre outros) de acordo com os pilares de Oliveira (2010). Os itens citados acima reforçam a necessidade de se ter conhecimentos diversos e em áreas distintas para o desenvolvimento de um projeto luminotéc- nico. Também reforçam sua importância dentro de um projeto de interiores, no qual a luz, muito mais do que simplesmente fornecer iluminação em ambientes residenciais e comerciais, exerce um papel de destaque. Principais características de um projeto luminotécnico de uso comercial e residencial Os projetos de iluminação de ambientes residenciais e comerciais fazem parte de um projeto maior, que é o de interiores. Tanto o residencial quanto o co- mercial possuem características específi cas, e uma delas é o tipo de ambiente. Enquanto o residencial é voltado para residências e moradias, como casas e apartamentos, o comercial é voltado para ambientes que desenvolvam ramos comerciais, como lojas, restaurantes e escritórios (SILVA, 2014). Um projeto luminotécnico (de qualquer natureza) pode ser resumido em, de acordo com Tregenza e Loe (2015): escolha da lâmpada e da luminária mais adequadas; cálculo da quantidade de luminárias; disposição das luminárias no recinto; cálculo de viabilidade econômica. A partir desses itens, é possível fazer uma análise de alguns espaços co- merciais e residenciais, focando nas melhores soluções de iluminação. Um projeto bem elaborado e executado será um dos diferenciais de um projeto de interiores, já que os tipos de iluminação e lâmpadas utilizadas farão o papel do diferencial. É importante reforçar que uma boa iluminação exige atenção Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais10 igual tanto para a qualidade quanto para a quantidade de iluminação, ou seja, a quantidade de luz que será aplicada em um ambiente deve ser proporcional tanto à dedicação quanto à qualidade dela (OLIVEIRA, 2010). Veja os detalhes em alguns ambientes com base em exlicações de Oliveira (2010): Ambientes residenciais ■ Sala de estar: para esse ambiente, que costuma ser de reuniões fa- miliares e serve para diversas atividades, uma iluminação versátil é a mais adequada. Arandelas de parede, abajures e spots embutidos ajudam a descentralizar e compartimentar os pontos da sala de estar. Como a sala de estar costuma reunir toda a família e não se restringe a apenas uma atividade, a sua iluminação deve ser versátil. Portanto, o ideal é descentralizar os pontos e setorizar a sala, com arandelas de parede e abajures para criar luzes laterais e indiretas (Figura 7). Figura 7. Iluminação em sala de estar. Fonte: Beyond Time/Shutterstock.com. 11Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais ■ Sala de jantar: o que mais importa nesse ambiente é a iluminação da mesa e, por isso, é recomendado o uso de lustre (Figura 8). Figura 8. Iluminação em sala de jantar. Fonte: romakoma/Shutterstock.com. ■ Quarto: por se tratar de ambiente de descanso, deve ter iluminação branda, que incentive o sono e o relaxamento. Tons amarelos são indicados, assim como o uso de luminárias pendentes e uma ilumi- nação uniforme (Figura 9). Figura 9. Iluminação em quarto. Fonte: Patryk Kosmider/Shutterstock.com. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais12 ■ Cozinha: área de intensa atividade, exige iluminação forte e branca para que se possa ter melhor visualização no manuseio de alimentos e utensílios para alimentos, por segurança (Figura 10). Figura 10. Iluminação em cozinha. Fonte: Robert Kneschke/Shutterstock.com. ■ Banheiro: esse tipo de ambiente, requer a maior aproximação de luz natural, já que ele é utilizado para atividades de higiene; assim, exige-se o máximo de cuidados com as sombras (Figura 11). Figura 11. Iluminação em banheiro. Fonte: Alexxxey/Shutterstock.com. 13Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Ambientes comerciais ■ Escritórios: a principal área de um escritório a ser iluminada é a das estações de trabalho (SILVA, 2014). A quantidade de luz deve ser pensada para proporcionar boa visibilidade, conforto e contraste entre figura e fundo. A luz também deve ser suficiente para os objetos nas mesas a fim de evitar ofuscamentos no campo visual, gerando um ambiente favorável para a execução das tarefas do ambiente. Ainda de acordo com Silva (2004), as lâmpadas recomendadas para escritórios são as fluorescents, por sua eficiência luminosa e porque possuem um índice de reprodução de cor. As luminárias devem ser de aletas para reproduzir o ofuscamento e produzir luz confortável para o trabalho (Figura 12). Figura 12. Iluminação em escritórios. Fonte: Alexxxey/Shutterstock.com. ■ Lojas de modo geral: em áreas de lojas comerciais, o destaque do ambiente, das cores e dos pontos de interesse são determinados pela iluminação. Entendendo que qualquer empresa depende da satisfação dos clientes, a iluminação se torna fundamental para o sucesso da loja, incentivando o interesse dos clientes. Latreille (2010) afirma que a iluminação deve ser de acordo com as necessidades e características técnicas,de maneira que se torne os produtos atrativos, propiciando um ambiente confortável para compras. Ou seja, quanto mais incen- Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais14 tivador o espaço, maior será a riqueza de experiências vividas pelo cliente, já que a atmosfera estimula todos os sentidos dos clientes, provocando sentimentos e aumentando o consumo (Figura 13). Figura 13. Iluminação em lojas. Fonte: Kuprynenko Andrii/Shutterstock.com. ■ Supermercados: uma das principais características de supermercados é o autosserviço; assim, a luz é um dos elementos mais importantes para a criação de um ambiente de loja, já que seu uso é um dos recursos mais eficientes para a valorização de mercadorias e para a atração de consumidores (Figura 14). Figura 14. Iluminação em supermercados. Fonte: Fascinadora/Shutterstock.com. 15Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Veja uma lista de perguntas orientativas para uma iluminação do tipo destaque proposta por Tregenza e Loe (2015, p. 121). Os usuários Estão familiarizados com o lugar? Orientação espacial dos usuários Estão sofrendo um es- tresse excepcional? Orientações simples e claras Elementos familiares Apresentam alguma deficiência específica? Apoio a necessidades individuais Apoio ao comportamento de compensação Ficam dentro do recinto por mais de uma hora durante o dia? Relação com o exterior: janelas ou outros recursos especiais O recinto Ele pode ter janelas? Vista direta. Iluminação natural nas superfícies do recinto e nos planos de trabalho. Qual é sua natureza? Consistência com o caráter da arquitetura Expectativas dos usuários Quais são os objetivos da iluminação? Exposição: aumento da visibilidade de objetos específicos Tarefas visuais: aumento da visibilidade dos detalhes Exposição Quais características do objeto devem ser destacadas? Por exemplo: destaque da silhueta, uso das cores. Qual é o pano de fundo do objeto? Contraste com o objeto. Que recursos, além da iluminação, podem ser empregados? Por exemplo: movimento, posição em relação às linhas de visão dos usuários. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais16 Tarefas visuais Quais características do objeto devem ser destacadas? Por exemplo: a forma tridimensional, os detalhes com baixo contraste. Que outros recursos — além da iluminação — podem ser utilizados? Por exemplo: o uso da ampliação ou da codificação com cores. Qual é a geometria estabelecida entre o observador, o objeto e a fonte de luz? O ofuscamento direto e as reflexões especulares provocados por janelas e luminárias. Qual é o melhor tamanho da fonte e a melhor direção da luz incidente sobre o objeto? Sombras projetadas, destaque das texturas. Quanto tempo o usuário passa em cada tarefa visual? Fadiga do usuário, consistência do destaque. Janelas Qual é a trajetória solar? Controle solar. Qual é a vista das janelas? Localização das janelas em relação às direções de visualização do usuário. Qual deveria ser o tamanho das janelas? Distribuição da iluminância da luz natural em um recinto. Luminárias Quantas são e onde devem ser instaladas? Distribuição da iluminância gerada pela luz elétrica. A iluminação será modificada com frequência? Posições de luminárias com pontos múltiplos, como luzes de trilho. 17Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Um projeto de iluminação devidamente projetado e bem executado para locais comerciais ultrapassa o fornecimento de somente visualização da ta- refa. A iluminação de áreas comerciais e de ambientes de trabalho, além de proporcionar conforto e um bom ambiente de trabalho, possibilita que se trabalhe por muitas horas, satisfazendo aspectos qualitativos e quantitativos. Já no que se refere a espaços residenciais, é necessário adaptar a iluminação para cada tipo de ambiente e para as atividades que serão desenvolvidas neles, de modo que seja eficiente (TREGENZA; LOE, 2015). Controle e energia Quais expectativas os usuários devem ter do controle das luminárias e janelas? Elementos de sombreamento, aberturas de janela, persianas, iluminação geral, iluminação sobre o plano de trabalho. Qual é o equilíbrio ideal entre a luz natural e a elétrica? Aspecto natural do recinto, consumo de energia. Qual é a combinação mais eficaz entre lâmpadas e luminárias? Consumo de energia. Os controles automáticos serão efetivos? Aceitação por parte dos usuários e operação ao longo da vida útil do sistema de iluminação Quanto tempo durará a instalação? Custo total do sistema de energia elétrica: compra dos equipamentos, instalação, operação, remoção e reciclagem Iluminação de emergência Há ameaças ou exigências para a saída de emergência? Dispositivos legais, exigências quanto à saúde e à segurança dos usuários. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais18 Elaboração de projetos luminotécnicos residenciais e comerciais O começo de um projeto luminotécnico, na maioria das vezes, ocorre de ma- neira equivocada, pois muitos iniciam pela escolha de luminárias e lâmpadas. No entanto, Tregenza e Loe (2015) comentam que é preciso identifi car o local, seu funcionamento e as emoções e sensações que seus usuários pretendem sentir nele. Sendo assim, a iluminação faz parte desse contexto e determina a conduta do ambiente que será iluminado. Para elaborar um projeto lumi- notécnico, a primeira etapa é escolher os sistemas de iluminação, fazendo as seguintes perguntas para os usuários (OSRAM, 2009): Como a luz deverá ser distribuída pelo ambiente? Como a luminária irá distribuir a luz? Qual é a ambientação que queremos dar, com a luz, a este espaço? Essas respostas dependem da fase inicial de identificação da função da luz no espaço e de técnicas laborativas e não laborativas. Veja algumas considerações que devem ser feitas em projetos de iluminação residenciais e comerciais: Projeto luminotécnico residencial ■ Perfil dos usuários da residência: é necessário descobrir a quem o ambiente irá servir. A variação de iluminâncias vai depender do perfil de quem irá usar o espaço, das atividades que se realizarão nele, do tamanho desse espaço e dos desejos que ele deve criar. ■ Expectativa e hábitos dos usuários: a iluminação sempre deve se adequar ao estilo dos usuários de um espaço e da sua arquitetura. Sempre é necessário conhecer os hábitos, expectativas e rotina desses usuários. ■ Integração com todos os projetos restantes: para que um projeto seja eficaz, é fundamental que ele se interligue com os projetos de arquitetura, design de interiores, paisagismo e elétrico. ■ Integração estética: o projeto deve integrar conforto, beleza e perfor- mance; por isso, é importante identificar os elementos da arquitetura, de interiores do espaço e os coringas dos móveis a fim de construir uma solução adequada. 19Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Projeto luminotécnico comercial ■ Perfil dos usuários de ambiente comercial: é necessário descobrir quais profissionais irão trabalhar naquele ambiente e as atividades que serão desenvolvidas por eles. O projeto luminotécnico dependerá desse estudo de perfis para a definição de luminárias e lâmpadas. ■ Atividades desenvolvidas: também é importante saber quais ativida- des laborais serão desenvolvidas nesse ambiente para que a ilumina- ção se adeque à melhor performance dos profissionais, interferindo positivamente no conforto, efetividade e tranquilidade deles. Confira, no link a seguir, o exemplo do projeto luminotécnico desenvolvido para o estádio Arena Amazônia, considerado um dos mais sustentáveis do país. https://goo.gl/dyDkrw Assim como nos projetos residenciais, a integração com os outros projetos do ambiente e a integração estética são fundamentais para a elaboraçãode um projeto comercial. Veja, a seguir, as etapas de um projeto luminotécnico resumidamente de acordo com Tregenza e Loe (2015): 1. Desenvolvimento do projeto — estudo preliminar: é preciso decidir o sistema principal, aquele que resolverá as necessidades funcionais, para, então, decidir o sistema secundário, que dará personalidade ao espaço. 2. Levantamento das necessidades: é a identificação das necessidades do cliente, de preferências, valor do investimento, etc. As informações podem ser fornecidas pelo cliente, pelo arquiteto e levantadas in loco. É importante obter as seguintes informações antes de iniciar o projeto: ■ projeto completo com as dimensões; ■ compreensão da proposta arquitetônica; ■ função ou uso de cada espaço. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais20 3. Materiais de acabamento de cada espaço: ■ layout e tipo de mobiliário; ■ objetos a serem destacados, como obras de arte; ■ níveis de conforto visual desejados; ■ necessidades de flexibilidade; ■ faixa etária dos moradores; ■ projeto estrutural; ■ verificação dos níveis de luz natural; ■ projetos complementares, caso já existam; ■ informações detalhadas sobre as instalações elétricas; ■ informações sobre o limite de carga; ■ caso seja uma obra já existente, informações sobre a iluminação instalada; ■ comentários e objetivos do proprietário; ■ comentários e objetivos da equipe de arquitetura; ■ planilha pré-orçamentária com o valor do investimento. 4. Memorial descritivo: deve relatar ambiente por ambiente, luminária por luminária. Assim, seguindo essas etapas, o desenvolvimento de um projeto luminotécnico torna-se eficaz e possível de execução. Cada projeto é único e personalizado, refletindo os desejos dos usuários e as possibilidades do ambiente. Veja, a seguir, a alguns exemplos de projetos luminotécnicos nas Figuras 15, 16 e 17. Figura 15. Projeto luminotécnico residencial. Fonte: MrPhotoMania/Shutterstock.com. 21Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais Figura 16. Projeto luminotécnico de hall de entrada. Fonte: tangyan/Shutterstock.com. Figura 17. Projeto luminotécnico de escritório. Fonte: luchunyu/Shutterstock.com. Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais22 1. Os projetos luminotécnicos fazem parte de um projeto de interiores e são de extrema importância. Neles, é possível definir os pontos de luz de um ambiente. O que valida essa importância? a) A importância do projeto luminotécnico é validada pelas condições insalubres de saúde e conforto dos ambientes e também pelo destaque nos móveis, a decoração ou os produtos de uma loja quando se tratar de um projeto luminotécnico comercial. b) A partir de um projeto luminotécnico, é impossível transformar um espaço, ajudando a criar uma decoração específica. Um exemplo é a influência da luz utilizada na exposição de produtos em locais comerciais, que, a depender de local em que for colocada, poderá atrair clientes, aumentando o número de vendas, ou afastá-los. c) A luz possibilita que as pessoas vejam, fazendo parte da vida delas, contribuindo com as condições favoráveis de trabalho. Somente a iluminação artificial é importante para contribuir para o bem-estar dos indivíduos. d) Eles podem ser direcionados pelo aspecto técnico, como cálculos, quantidade de luz, mas também devem ser focados no gosto do usuário. Assim sendo, os projetos de iluminação seguem estritamente a linha racional, trazendo novas maneiras de leituras de um ambiente. e) Um projeto luminotécnico tem importância por permitir que se pense nas possibilidades e soluções eficientes, observando o contexto e a cultura na qual o projeto será desenvolvido, adaptando o orçamento e a escolha dos equipamentos. 2. A função principal de um projeto luminotécnico é iluminar, e sua viabilização depende de algumas variáveis, como economia, segurança, entre outros. Qual é a função da segurança em um sistema de iluminação? a) A segurança tem a função de adequar-se aos desejos do cliente para o projeto, tendo a economia como foco principal. b) A função da segurança é imitar o comportamento da luz natural em ambientes, promovendo a facilidade e o conforto na adaptação do ser humano nesse ambiente. c) A segurança deve favorecer a iluminação adequadamente de todos os locais de trabalho. Deverá, natural ou artificial, ser apropriada à natureza da atividade e a sua quantidade e qualidade será esta- belecida em seus valores mínimos pelo Ministério do Trabalho. d) Uma boa iluminação deve seguir a função que cada ambiente irá exercer, 23Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais favorecendo o uso adequado do mesmo, com base na norma da ABNT NBR ISO 8995-1, responsável pela segurança. e) A segurança deve promover a iluminação de maneira conveniente e com dinâmica, favorecendo o conforto e a tranquilidade do ambiente iluminado. 3. A estética é uma característica que pode oscilar entre mais e menos de acordo com a ambientação e é determinada por funções espaciais da luz. Qual é o papel da função de hierarquia? a) Área que pode ser isolada a partir de um jogo de contraste luminoso tanto para mais quanto para menos. b) O uso da luz pode favorecer a separação de ambientes e fazer a comunicação entre eles de maneiras distintas. c) Ambientes separados fisicamente podem comunicar-se entre si por meio da distribuição luminosa. d) Por meio de orientação luminosa, que pode alterar a percepção de longo e curto, pode-se definir uma hierarquia espacial. e) Movimentos e ritmos em um ambiente podem ser definidos por sistemas luminosos, e paradas e locais de contemplação podem ser criados. 4. A partir de alguns itens, é possível fazer uma análise de alguns espaços comerciais e residenciais com foco nas melhores soluções de iluminação. Um projeto bem elaborado e executado é um diferencial de um projeto de interiores. Qual seria uma solução adequada para uma boa iluminação em uma sala de estar? a) O que mais importa nesse ambiente é a iluminação da mesa, sendo recomendado o uso de lustres, para que o foco de luz seja em um ponto determinado, favorecendo a aglomeração de pessoas naquele ponto. b) Por serem ambientes de descanso, eles devem ter iluminação branda, que incentive o sono e o relaxamento. Tons amarelos são indicados, assim como o uso de luminárias pendentes e uma iluminação uniforme. c) Para esse ambiente, que costuma ser de reuniões familiares e serve para diversas atividades, uma iluminação versátil é a mais adequada. Arandelas de parede, abajures e spots embutidos ajudam a descentralizar e a compartimentar os pontos da sala de estar. d) Por ser uma área de intensa atividade, exige uma iluminação forte e branca, para que se possa ter melhor visualização a fim de manusear alimentos e utensílios para alimentos, por segurança. e) Esse tipo de ambiente requer maior aproximação de luz natural, já que ele é utilizado para atividades de higiene; assim, exige-se o máximo de cuidado com as sombras. 5. A elaboração de projetos luminotécnicos depende da fase inicial de identificação da função Aplicação prática em projetos residenciais e comerciais24 da luz no espaço e da utilização de técnicas laborativas e não laborativas. Algumas considerações devem ser feitas em projetos de iluminação residenciais e comerciais. Qual seria a função de considerar as atividades desenvolvidas em um projeto comercial? a) É dispensável descobrir a quem o ambiente irá servir. A variação de iluminâncias vai depender do perfil de quem irá usar o espaço, das atividades que se realizarão nele, do tamanho desse espaço e dos desejos que ele deve criar. b) A iluminação raramente deve adequar-se ao estilo dos usuários de um espaço e da sua arquitetura. Sempre é necessário conhecer os hábitos, expectativas e rotina desses usuários. c) O projeto deve integrar conforto, beleza e performance;por isso, é irrelevante identificar os elementos da arquitetura, de interiores do espaço e os coringas dos móveis a fim de construir uma solução adequada. d) Para que um projeto seja eficaz, é fundamental que ele se separe dos projetos de arquitetura, design de interiores, paisagismo e elétrico. e) É importante saber quais atividades laborais serão desenvolvidas nesse ambiente para que a iluminação se adeque à melhor performance dos profissionais, interferindo positivamente no conforto, efetividade e tranquilidade deles. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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