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Anatomia 
Objetivos do Caso 
● Conhecer as estruturas que constituem o telencéfalo. 
● Descrever a anatomia macroscópica do telencéfalo com 
os principais giros e sulcos 
● Compreender a anatomia funcional do córtex cerebral e 
relacionar com anatomia macroscópica 
● Relacionar a área motora com o principal trato eferente e 
compreender a função de ambos. 
● Identificar os ventrículos laterais, suas partes e relações 
● Descrever a circulação liquórica 
●Reconhecer os seios da dura-máter e associá-los às suas 
funções. 
Introdução 
O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinal, 
ambas estruturas protegidas pelo esqueleto axial. O encéfalo 
é formado pelo cérebro, tronco encefálico e cerebelo. O 
cérebro é formado pelo telencéfalo e diencéfalo. O cérebro 
é dividido em lobos, sendo que o único que apresenta apenas 
uma função única é o lobo occipital, cuja função se associa 
à visão. 
Telencéfalo 
A superfície do telencéfalo apresenta depressões chamadas 
de sulcos, as quais delimitam os giros cerebrais. Os sulcos são 
importantes pois permitem um aumento da superfície do 
telencéfalo sem aumentar seu volume. 
Vale mencionar que o telencéfalo, microscopicamente, 
apresenta a substância cinzenta, que recebe o nome de 
córtex cerebral (dividido em áreas localizadas nos giros, com 
nomes e funções específicas), e a substância branca, 
chamada de centro branco medular. As cavidades presentes 
no telencéfalo são os ventrículos laterais. 
O telencéfalo, então, é a estrutura formada pelos dois 
hemisférios cerebrais separados pela fissura longitudinal do 
cérebro e conectados por fibras comissurais que formam o 
corpo caloso. Inicialmente, deve-se conhecer a estrutura 
interna do telencéfalo, sua divisão anatômica (lobos, sulcos e 
giros) e a anatomia funcional do córtex cerebral. 
Estrutura Interna 
Um corte coronal do telencéfalo revela suas estruturas 
internas. De externo para interno se tem o córtex cerebral 
rico em corpos de neurônio e o centro branco medular, 
onde se encontram cavidades que recebem o nome de 
ventrículos laterais. Na substância branca existem estruturas 
importantes chamadas de núcleos, que são agrupamentos 
de corpos de neurônios fora do córtex cerebral e localizados 
no SNC. Os núcleos do telencéfalo são chamados de núcleos 
da base. 
Centro Branco Medular 
O centro branco medular, formado por substância branca, é 
formado por axônios de neurônios que, em conjunto, 
formam fibras nervosas. No centro branco medular existem 
três tipos de fibras, as fibras comissurais, as fibras de 
associação e as fibras de projeção. 
As fibras comissurais conectam duas estruturas de 
hemisférios cerebrais distintos. As fibras de associação são 
aquelas que conectam estruturas dentro de um mesmo 
hemisfério cerebral. As fibras de projeção conectam 
estruturas do telencéfalo com estruturas inferiores a ele. 
O corpo caloso é a maior fibra comissural que existe. Um 
exemplo de fibra de projeção é a cápsula interna, importante 
fibra que leva informação de sensibilidade ao telencéfalo e 
leva ao corpo informações motoras. Outra importante fibra 
de projeção é o fórnix, cuja função é unir o córtex do 
hipocampo com o corpo mamilar. 
Divisão Anatômica do Encéfalo 
Macroscopicamente, no telencéfalo, se encontram os lobos, 
sulcos, lóbulos e giros. Os lobos cerebrais são 5, o lobo 
frontal, o lobo parietal, o lobo occipital, o lobo temporal e o 
lobo da ínsula (profundo ao sulco lateral). 
Face Dorsolateral 
Os dois principais sulcos visíveis nessa face são o sulco 
central, responsável por dividir o lobo frontal do parietal, e o 
sulco lateral, que separa o lobo temporal do frontal e do 
parietal. Outros importantes sulcos presentes nessa face são 
o sulco pré-central, sulco frontal superior e sulco frontal 
inferior. 
*Nessa face não há um sulco que separe o lobo parietal do occipital. 
O sulco central vai demarcar dois importantes giros, o giro 
pré-central (local onde se encontra a principal área motora 
do telencéfalo) e o giro pós-central (local onde se encontra 
a principal área sensitiva do telencéfalo). O sulco frontal 
superior delimita o giro frontal superior e o giro frontal médio, 
que é separado do giro pré-central pelo sulco pré-central e 
do giro frontal inferior (onde se encontra uma importante 
área da fala) pelo sulco frontal inferior. 
Quando se observa a face dorsolateral do lobo temporal, 
pode-se identificar três importantes giros, o giro temporal 
superior (apresenta uma área importante da fala, a área de 
Wernicke), giro temporal médio e giro temporal inferior. 
Internamente e superiormente, no lobo temporal, existem 
ainda os giros temporais transversos (existe uma importante 
área auditiva), que fazem parte do giro temporal superior. 
Separando o giro temporal médio do giro temporal superior 
existe o sulco temporal superior, e o separando do giro 
temporal inferior, o sulco temporal inferior. 
Posterior ao sulco central, no lobo parietal, existe o giro pós-
central, que se separa do giro supramarginal, do lóbulo 
parietal superior e do lóbulo parietal inferior pelo sulco pós-
central. Separando o lóbulo parietal superior do lóbulo parietal 
inferior existe o sulco intraparietal. Vale mencionar a 
existência o giro angular também. 
Para finalizar, quanto ao lobo da ínsula, percebe-se os giros 
curtos da ínsula e os giros longos da ínsula que se separam 
pelo sulco central da ínsula. Superiormente a esse lobo existe 
o giro circular da ínsula. 
Face Medial 
Nessa face pode-se mencionar importantes estruturas 
formadas de substância branca, dentre elas o corpo caloso 
(formado por joelho, tronco e esplênio) e o fórnice. O corpo 
caloso é a estrutura responsável por conectar os dois 
hemisférios cerebrais, logo abaixo dele existe o fórnix 
responsável por conectar o hipocampo ao corpo mamilar, 
por fim, entre o corpo e o fórnix se encontra o septo 
pelúcido, importante estrutura no sistema ventricular do 
encéfalo. 
Na face medial não existe uma divisão clara entre o lobo 
frontal e o parietal. As principais estruturas do telencéfalo 
vistas nessa face são o giro frontal medial (é o giro frontal 
superior, mas que nessa face recebe outro nome), o giro do 
cíngulo, (relacionado ao sistema límbico e as emoções 
consequentemente) o lóbulo paracentral (corresponde à 
união dos giros pré e pós-central) e um giro chamado de 
pré-cúneos. 
Separando o giro frontal medial do giro do cíngulo existe o 
sulco do cíngulo, e separando-o do lóbulo paracentral há o 
sulco paracentral. Entre o giro do cíngulo e o corpo caloso 
há o sulco do corpo caloso, e entre o giro do cíngulo e o 
pré-cúneos há o sulco subparietal. 
Separando o pré-cúneos do lobo occipital existe o sulco 
parieto-occipital. O lobo occipital é dividido em cúneos e giro 
occipito-temporal medial, sendo que o sulco calcarino realiza 
essa divisão. Próximo ao sulco calcarino está a principal área 
visual do telencéfalo. 
Face Inferior 
O giro occipito-temporal medial presente na face medial se 
continua como giro parahipocampal (é contínuo com o giro 
do cíngulo também e por isso participa do sistema límbico) 
cuja extremidade é chamada de uncus. 
No lobo frontal existe o sulco olfatório (abriga o trato 
olfatório) que separa o giro reto dos giros orbitários
Anatomia Funcional do Córtex 
A anatomia funcional do córtex cerebral (substância cinzenta 
do telencéfalo) se baseia em vários tipos de divisões, sendo 
que uma bem conhecida é a divisão do córtex em 53 áreas 
de Brodmann. 
A classificação funcional das áreas do córtex se baseia em 
dois tipos de áreas, as áreas de projeção (ou primárias) que 
recebem (área de projeção sensitiva) ou emitem 
informações (área de projeção motora), e as áreas de 
associação que podem ser secundárias/ unimodais (podem 
ser ou sensitivas ou motoras) ou terciárias/ supramodais. As 
áreas primárias recebem as informações e as secundárias 
interpretam elas. 
*A área motora primária, de onde partem os comandos para 
os movimentos voluntários, se encontra no giro pré-central 
Exemplosde áreas motoras secundárias (planejam o 
movimento) são área pré-motora e área motora 
suplementar, já exemplos de áreas terciárias são área pré-
frontal (relacionada a comportamento, memória e atenção 
por ex.) e área parietal posterior (associada à percepção 
espacial e temporal por ex.). As duas principais áreas 
associadas à linguagem são a área de Broca (palavra falada 
e escrita, isto é, expressão da linguagem), localizada no giro 
frontal inferior, e a área de Wernicke (compreensão da 
linguagem), localizada no giro temporal superior. Lesões na 
área de Broca causam afasia motora, enquanto lesões na 
área de Wernicke causam afasia sensitiva (a pessoa fala 
perfeitamente, mas não há sentido no que é dito) 
Áreas de Sensibilidade Somática 
Os principais exemplos de áreas corticais relacionadas a 
sensibilidade somática são: 
● Área somestésica primária, localizada no giro pós-central, 
recebe informações sensoriais como tato, dor, temperatura, 
pressão, sensibilidade vibratória e propriocepção (percepção 
de si mesmo no espaço). Área somestésica secundária. 
● Área visual primária (recebe estímulos visuais) e áreas 
visuais secundárias (interpretam aquilo que a área primária 
recebeu). 
*Lesões em áreas secundárias se associam a agnosia. Lesões em 
áreas primárias se associam a perda de determinado sentido. 
● Área auditiva primária e áreas auditivas secundárias, área 
gustativa primária e áreas gustativas secundárias, área 
vestibular e área olfatória. 
Trato Corticoespinal Lateral 
Vias ou tratos são conjuntos de axônios que levam 
informações entre dois locais do SNC. O trato corticoespinal 
lateral se origina na área motora primária (localizada no giro 
pré-central) e termina no funículo lateral da medula espinal, 
levando a informação de movimento voluntário do córtex a 
medula. Quando esse trato chega à decussação das 
pirâmides, presente no tronco encefálico, ele cruza com o 
outro trato e termina do lado oposto na medula. Dessa forma, 
entende-se porque lesões no giro pré-central esquerdo 
comprometem a movimentação do lado direito do corpo. 
*Paresia é alteração de força, plegia é perda total de movimento. 
Um reflexo clássico que indica lesão no trato corticoespinal 
é o cutâneo plantar. Ao estimular a planta do pé espera-se 
uma flexão dos dedos. Quando o paciente realiza extensão 
dos dedos (sinal de Babinski positivo) existe um forte indício 
de lesão do trato corticoespinal. 
Observações 
● O hemisfério direito se relaciona mais a consciência musical 
e artística, percepção espacial, reconhecimento de rostos e 
conteúdo emocional das expressões faciais. O hemisfério 
esquerdo, por outro lado, está mais relacionado ao raciocínio, 
habilidades numéricas e científicas, capacidade de utilizar e 
compreender a linguagem falada e escrita. 
● A somatotopia é a correspondência de uma área do corpo 
com um ponto específico do córtex cerebral. É importante 
mencionar que o tamanho da área do córtex não 
corresponde ao tamanho do órgão ao qual ela se relaciona, 
mas sim a sua motricidade e sensibilidade. Com base nisso, 
entende-se porque as mãos e rosto têm uma área do 
córtex muito maior que as pernas. 
.
Introdução 
O s. ventricular compreende dois ventrículos laterais e dois 
medianos, sendo que os últimos estão unidos pelo aqueduto 
do mesencéfalo. Os plexos corióideos dos ventrículos são 
responsáveis pela produção do Líquido Cerebroespinal 
(LCS, também chamado de liquor ou líquido 
cefalorraquidiano) que vai preencher as cavidades encefálicas 
e o espaço subaracnóideo. 
Líquido Cerebroespinal 
O LCS é secretado (400 a 500 mL por dia) por células 
ependimárias modificadas, chamadas de células epiteliais 
coroidais, dos plexos corióideos presentes nos ventrículos 
encefálicos. Os plexos corióideos são porções vasculares da 
pia-máter que se invaginam no assoalho dos ventrículos 
laterais, para o teto do terceiro ventrículo e para a região 
posterior do quarto ventrículo, e que são cobertos pelas 
células epiteliais coroidais. 
*Por conta do peso do encéfalo, em alguns locais ele fica somente 
com a meninge entre ele e os ossos da base do crânio. 
Assim como as meninges e os ossos da calvária, o LCS 
protege o encéfalo oferecendo amortecimento a ele. O LCS 
que está no espaço subaracnóideo permite a “flutuação” do 
encéfalo impedindo a compressão das raízes dos nervos 
cranianos e dos vasos sanguíneos da base do encéfalo. 
Sistema Ventricular 
Os ventrículos laterais são as cavidades do telencéfalo, o 
terceiro ventrículo é a cavidade do diencéfalo, o aqueduto 
cerebral é o canal no mesencéfalo e o quarto ventrículo é a 
cavidade entre o tronco encefálico e o cerebelo. 
Ventrículos Laterais 
Os ventrículos laterais, também chamados de primeiro e 
segundo ventrículo, são as maiores cavidades do s. 
ventricular, sendo que cada cavidade se abre por um forame 
interventricular (forame de Monro) no terceiro ventrículo, 
que é a cavidade em forma de fenda localizada medialmente 
às partes do diencéfalo. 
Os ventrículos laterais possuem partes. O corno anterior está 
no lobo frontal, o corno posterior está no lobo occipital, a 
estrutura que conecta os dois cornos e passa pelo lobo 
parietal é a parte central do ventrículo lateral. A partir da 
parte central do ventrículo lateral, parte também o corno 
inferior que se encontra no lobo temporal. 
*Cada corno pode receber o nome do lobo ao qual ele se 
relaciona também 
Quanto a Sintopia dos ventrículos laterais, ela deve ser 
descrita de acordo com a parte do ventrículo observada. O 
corno anterior é posterior ao joelho do corpo caloso, anterior 
ao forame interventricular, lateral ao septo pelúcido, inferior 
ao corpo caloso, superior e medial ao núcleo caudado. A 
parte central do VL é inferior ao corpo caloso, lateral ao 
septo pelúcido, medial ao núcleo caudado e superior ao 
fórnix, parte do núcleo caudado e o tálamo (no soalho da 
parte central existe um plexo coroide). 
O corno inferior está dentro do centro branco medular do 
lobo temporal, com isso é inferior, medial e lateral à 
substância branca do lobo temporal, sendo que seu soalho é 
formado pela eminência colateral e pelo hipocampo. Por fim, 
o corno posterior é aquele que se estende dentro do centro 
branco medular do lobo occipital, sendo envolvido por essa 
substância e por fibras do corpo caloso. 
*Pode-se dizer que o soalho da parte central é formado, de lateral 
para medial, pelo plexo coroide, tálamo e septo pelúcido. 
Terceiro e Quarto Ventrículos 
O terceiro ventrículo é contínuo posterior e inferiormente 
com o aqueduto do mesencéfalo (ou aqueduto cerebral, ou 
aqueduto de Sylvius), que desemboca no quarto ventrículo 
que é piramidal, se encontra posterior à ponte e ao bulbo e 
se estende posterior e inferiormente, onde se torna um 
canal estreito chamado de canal central da medula espinal, 
que se estende até a parte cervical da medula espinal. 
Do quarto ventrículo, o LCS drena para o espaço 
subaracnóideo pela abertura mediana e pelas duas aberturas 
laterais, que são o único meio de contato entre os 
ventrículos e o espaço subaracnóideo. 
Quanto a Sintopia, o terceiro ventrículo é medial às duas 
porções do tálamo, inferior ao fórnix e superior ao 
mesencéfalo. O quarto ventrículo se encontra posterior ao 
tronco encefálico e anterior ao cerebelo, inferior ao 
mesencéfalo e superior à medula espinal. 
Percurso do LCS 
Quanto ao percurso do LCS, após sua produção, ele deixa 
os ventrículos laterais pelos forames interventriculares e 
segue ao terceiro ventrículo. Do terceiro ventrículo, o LCS 
segue para o aqueduto do mesencéfalo e depois para o 
quarto ventrículo, onde uma porção dele segue pelas 
aberturas laterais e medial do quarto ventrículo para a 
cisterna cerebelobulbar (ou cisterna magna), enquanto o 
restante do LCS segue para as cisternas interpeduncular, 
pré-pontina e colicular. Por fim, quanto a absorção do LCS, 
ela acontece pelas granulações aracnóideas, que 
encaminham o líquido para os seios venosos da dura-máter 
(principalmente o seio sagitalsuperior) e ele segue para a 
circulação venosa a partir daí pela veia jugular interna. 
*A cisterna magna pode ser acessada posteriormente para coleta 
de liquor para exames 
Cisternas subaracnóideas 
As cisternas subaracnóideas são os espaços entre aracnoide 
e pia-máter presentes principalmente na base do crânio. Nas 
cisternas existe LCS e estruturas que ancoram o encéfalo, 
como as trabéculas aracnóideas, a rede vascular e as raízes 
de nervos cranianos. 
As principais cisternas são: a cisterna cerebelobulbar, é a 
maior, está entre o cerebelo e o bulbo e recebe LCS do 
quarto ventrículo por suas aberturas. A cisterna 
pontocerebelar é ventral à ponte e se comunica com o 
espaço subaracnóideo espinal. A cisterna interpeduncular 
está entre os pedúnculos cerebrais do mesencéfalo, a 
cisterna quiasmática é inferior e anterior ao quiasma óptico. 
A cisterna colicular está entre a parte posterior do corpo 
caloso e o cerebelo, e por fim, a cisterna circundante está 
lateral ao mesencéfalo e se continua com a cisterna colicular. 
Barreiras Encefálicas 
As barreiras encefálicas são dispositivos que impedem/ 
dificultam a passagem de algumas substâncias do sangue 
para o tecido nervoso (barreira hematoencefálica), do 
sangue para o liquor (barreira hematoliquórica) e do liquor 
para o tecido nervoso (barreira liquorencefálica). Vale 
mencionar que infecções e traumas podem diminuir a 
eficácia dessas barreiras ou alterar a pressão intracraniana. 
Hidrocefalia 
A hidrocefalia é a condição, adquirida ou congênita, de 
aumento da quantidade de liquor circulante. Na tomografia 
percebe-se uma dilatação dos ventrículos e do espaço 
subaracnóideo. 
Introdução + Revisão 
As meninges cranianas são membranas de revestimento do 
encéfalo internas ao crânio cuja função é proteger o 
encéfalo, sustentar artérias, veias e seios venosos, e delimitar 
o espaço subaracnóideo (importante para o encéfalo 
funcionar). A dura-máter é externa, espessa, fibrosa e 
resistente, a aracnoide-máter é fina e intermediária, e a pia-
máter é uma delicada membrana interna vascularizada. 
.
Dura-máter Craniana 
É uma membrana bilaminar, espessa e que está aderida à 
calvária internamente. Suas duas camadas são uma periosteal 
externa (formada pelo periósteo interno da calvária) e uma 
meníngea interna (fibrosa e contínua no forame magno com 
sua parte espinal). 
A camada periosteal é contínua nos forames cranianos com 
o periósteo externo ao crânio, mas não com a dura-máter 
da medula, que só apresenta a camada meníngea. 
É impossível separar uma camada da outra (a separação só 
acontece nos seios durais e invaginações). A separação da 
dura dos ossos só acontece em patologias em que há 
deposição de líquido ou sangue (hematoma epidural) no 
espaço extradural, que se torna real nessa condição. 
Espaços Meníngeos 
Existem 3 e apenas um existe na ausência de doenças. 
O espaço epidural (extradural) não é um espaço natural e 
se encontra entre a lâmina periosteal da dura e o crânio. É 
um espaço virtual que só se torna real em afecções, como 
em um hematoma epidural, geralmente causado pela ruptura 
da artéria meníngea média. Vale ressaltar que esse espaço, 
virtual ou patológico, não é contínuo com o espaço 
extradural espinal, o qual é natural e ocupado por gordura 
peridural e um plexo venoso. 
O espaço subdural, entre a dura-máter e a aracnoide 
também é virtual, mas pode surgir em virtude de 
traumatismos que produzam um hematoma subdural, 
geralmente causado pela ruptura de veias ou seios venosos. 
Por fim, o espaço subaracnóideo, entre aracnoide e pia-
máter, é um espaço real que contém LCS, artéria e veias. 
Em traumatismos não é possível o surgimento de hematoma 
aqui pelo LCS, podendo surgir apenas hemorragias. 
Retomando o caso disparador 
O edema cerebral presente no caso se relaciona à 
vascularização encefálica e à circulação liquórica, por isso é 
preciso ter em mente a irrigação e a drenagem venosa do 
encéfalo para compreender esse evento. 
Quando se fala da drenagem venosa do encéfalo, não é feita 
a nomeação das veias assim como na irrigação arterial, pois 
existe um sistema de drenagem superficial e um profundo, 
o que é um assunto bem específico para o momento. O 
importante da drenagem venosa é conhecer os seios 
venosos da dura-máter, pois toda a drenagem flui para eles. 
Para compreender os seios, deve-se reconhecer antes as 
pregas da dura-máter. 
Pregas da Dura-Máter 
Como já dito, as duas camadas da dura-máter são contínuas, 
porém, em alguns locais, a camada meníngea se desprende 
da periosteal e invagina, formando as pregas da dura-máter 
que contém espaços, que são os chamados seios da dura-
máter. As pregas são estruturas que dividem a cavidade 
craniana e restringem o deslocamento do encéfalo quando 
acontecem acelerações e desacelerações, ou quando a 
cabeça se move. 
Existem 4 pregas da dura, sendo que 3 são de fácil 
visualização por serem grandes. A primeira grande prega, 
que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, é um septo 
vertical mediano que separa os dois hemisférios cerebrais, é 
a foice do cérebro. Inferiormente a ela, existe uma prega 
bem menor que está entre os hemisférios cerebelares (mas 
não os separa completamente) que é chamada de foice do 
cerebelo. Na sela túrcica, que abriga a hipófise, existe uma 
prega da dura que recobre a hipófise e é chamada de 
diafragma da sela. Por fim, a última prega, é transversal e é 
chamada de tenda ou tentório do cerebelo, a qual separa o 
lobo occipital do cérebro do cerebelo. 
*Na clínica se usa a nomenclatura “patologias supra/ infra-tentoriais” 
.
Seios da Dura-Máter 
Os seios são canais venosos revestidos de endotélio situados 
entre os dois folhetos da dura-máter, cujas principais funções 
são receber o sangue do encéfalo pelas veias cerebrais e o 
líquido cerebroespinal do espaço subaracnóideo pelas 
granulações aracnóideas. Todo o sangue que chega nos 
seios é encaminhado para as veias jugulares internas. Sobre 
os seios, é importante saber sua localização e para onde eles 
drenam. 
Acima da foice do cérebro sendo ímpar e mediano, existe o 
seio sagital superior, abaixo da foice do cérebro, existe o seio 
sagital inferior. Posterior à foice do cerebelo há o seio 
occipital e superiormente a esse seio há a torcula, ou 
confluência dos seios. No encontro da foice do cérebro com 
a tenda do cerebelo há o seio reto (recebe a veia cerebral 
magna). Inferior à tenda do cerebelo e com um formato de 
S existe o seio sigmoide (é par) o qual termina do forame 
jugular. Pode-se mencionar também o seio transverso (é 
par), que se continua com o seio sigmoide e se encontra na 
inserção posterior da tenda do cerebelo. 
O sangue do seio sagital inferior drena para o seio reto. O 
sangue do seio sagital superior, do seio reto e do seio 
occipital drena para a confluência dos seios. Da confluência 
dos seios o sangue drena para o seio transverso, em seguida 
para o seio sigmóide e depois para a veia jugular interna. 
Quanto aos seios da base do crânio, relacionado a asa menor 
do osso esfenoide existe o seio esfenoparietal (é par e 
recebe a veia cerebral média), de cada lado da sela turca há 
um seio cavernoso (recebe a veia oftálmica superior), acima 
da porção petrosa do osso temporal na inserção anterior da 
tenda, existe o seio petroso superior, assim como abaixo dela 
existe o seio petroso inferior, ambos seios pares. Para 
diferenciar o seio petroso inferior do seio sigmoide, basta 
observar o forame jugular, pois o petroso é anterior a ele e 
o sigmoide é posterior. Por fim, na porção basilar do osso 
occipital existe o plexo basilar. 
O seio esfenoparietal drena para o seio cavernoso, que pode 
drenar para o seio petroso superior ou para o petroso 
inferior. O seio petroso superior drena para o seio sigmoide. 
O seio petroso inferior drena direto para a jugular interna O 
plexo basilar se comunica com outros plexos, mas pode 
drenar para o petroso inferior. 
Observações Clínicas 
É importante se atentar ao seio cavernoso por sua Sintopia.Por dentro do seio cavernoso passam a artéria carótida 
interna e alguns nervos cranianos, com o oculomotor, o 
troclear, o abducente, o oftálmico e o maxilar.
A a. carótida interna pode ter aneurismas (ou trombos) nessa 
região, o que pode comprimir os nervos que se encontram 
junto dela. Outra observação clínica importante é quanto ao 
trígono perigoso da face. A veia facial, que drena o trígono 
perigoso da face, pode drenar para a veia oftálmica superior 
e para o seio petroso em seguida, isso é clinicamente 
importante pois processos infecciosos no trígono perigoso 
podem acabar chegando no seio cavernoso e infeccionar a 
dura-máter desse seio, gerando um quadro de meningite.

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