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Direito do Consumidor: Elementos e Princípios

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1 
 
 
 
Direito do 
Consumidor 
2 
 
Sumário 
1 Elementos da Relação de Consumo ............................................ 4 
1.1 Consumidor ....................................................................... 4 
1.2 Fornecedor ........................................................................ 7 
1.3 Produto .............................................................................. 7 
1.4 Serviço ............................................................................... 8 
1.4.1 Serviço Público .............................................................. 9 
1.5 Relação de Consumo ....................................................... 10 
2 Princípios do Direito do Consumidor ......................................... 10 
2.1 Princípio do protecionismo do consumidor ..................... 10 
2.2 Princípio da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, inc. I, 
da Lei 8.078/1990) ............................................................................... 12 
2.3 Princípio da hipossuficiência do consumidor ................... 12 
2.4 Princípio da boa-fé objetiva ............................................. 13 
2.5 Princípio da transparência ou da confiança ..................... 14 
2.6 Princípio da função social do contrato ............................. 15 
2.7 Princípio da equivalência negocial ................................... 15 
3 
 
2.8 Princípio da reparação integral dos danos ....................... 16 
3 Direitos Básicos do Consumidor ................................................ 17 
3.1 Proteção da vida e da saúde ............................................ 17 
3.2 Educação para o consumo ............................................... 18 
3.3 Liberdade de escolha de produtos e serviços................... 18 
3.4 Informação ...................................................................... 18 
3.5 Proteção contra publicidade enganosa e abusiva ............ 19 
3.6 Proteção contratual ......................................................... 19 
3.7 Indenização ...................................................................... 20 
3.8 Acesso à Justiça ............................................................... 20 
3.9 Facilitação da defesa dos seus direitos ............................ 20 
3.10 Qualidade dos serviços públicos ...................................... 21 
 
 
4 
 
1 Elementos da Relação de Consumo 
1.1 Consumidor 
A definição legal de consumidor pode ser encontrada no artigo 2º, 
caput, do Código de Defesa do Consumidor: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que 
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário 
final. 
Portanto, consumidor é qualquer pessoa que compra um produto ou 
que contrata um serviço, para satisfazer suas necessidades pessoais ou de 
seus familiares. 
Qualquer produto que você consuma ou serviço que você contrate, 
desde a compra de uma balinha até o serviço de um amolador de tesouras, 
torna você um consumidor. 
Ainda no artigo 2º do CDC, temos o Parágrafo Único que diz: 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo. 
O objetivo deste parágrafo é expressar que a defesa do consumidor 
não se exerce apenas individualmente, mas em caráter coletivo quando a 
lesão ou atividade potencialmente lesiva do fornecedor coloca em risco 
número indeterminado de consumidores. 
É o caso do comerciante que desliga os refrigeradores no período 
noturno acreditando economizar energia. O período em que os 
5 
 
refrigeradores ficam desligados expõe os produtos armazenados a uma 
temperatura que os torna impróprios para o consumo, trazendo o risco de 
intoxicação alimentar ou contaminação por agentes patológicos. Assim, 
mesmo que ninguém chegue a sofrer algum desses males, medidas serão 
tomadas e o fornecedor poderá ser penalizado, tudo em defesa do 
consumidor. 
Ainda, temos mais um caso em que as pessoas podem ser 
consideradas consumidoras, trazido pelo artigo 17 do CDC, que cuida da 
seção dos acidentes de consumo: 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento. 
Assim, todas as pessoas que, mesmo sem contratarem diretamente, 
adquirindo às suas expensas produtos ou serviços, sofrerem danos com o 
evento de consumo, serão tratadas como consumidoras. 
No exemplo do acidente aéreo envolvendo passageiros e moradores 
das proximidades do aeroporto de Congonhas, São Paulo, a aeronave 
atingiu estabelecimento comercial e transeuntes logo após sua 
aterrissagem. Com base neste artigo do CDC, tanto os passageiros que 
contrataram com a companhia o transporte quanto os moradores que se 
prejudicaram no acidente (mesmo sem relação contratual com a empresa), 
foram tratados com iguais direitos de consumidores. Outro exemplo de 
consumidor equiparado por fato do produto foi o acidente com o Shopping 
Center de Osasco, São Paulo, que veio a ruir após uma explosão. No 
momento do infortúnio, tanto os clientes de lojas quanto as pessoas que ali 
se encontravam exclusivamente para atravessar de uma rua a outra, foram 
6 
 
tratadas como consumidoras. De modo contrário, se assim não 
estabelecesse o CDC, seria uma situação extremamente desigual e injusta 
tentar identificar, entre as vítimas, quem contratou ou não com o 
fornecedor. 
Por fim, ainda estão equiparadas a consumidores todas as pessoas, 
determináveis ou não, expostas às chamadas práticas abusivas dos 
fornecedores, conforme redação do artigo 29 do CDC: 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-
se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou 
não, expostas às práticas nele previstas. 
As atividades contidas no referido capítulo são de oferta e 
publicidade, cobranças de dívidas, bancos de dados e cadastros de 
consumidores, entre outros. 
Da mesma forma que o conceito contido no artigo 2º, parágrafo 
único, do CDC, o consumidor aqui equiparado é aquela pessoa, ou 
coletividade de pessoas, que não necessariamente adquiriram produtos ou 
serviços, mas já passaram a sofrer algum tipo de dano (ou mesmo perigo 
de dano) tão somente ao terem contato com a conduta praticada pelo 
fornecedor ao anunciar seu produto e serviço, ao receber a cobrança de 
uma dívida já paga ou da qual nunca deu causa ou, ainda, ao ter seu nome 
inscrito erroneamente em um cadastro de consumidores ou banco de 
dados. 
7 
 
1.2 Fornecedor 
O conceito de fornecedor é trazido pelo artigo 3º do Código de 
Defesa do Consumidor: 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. 
Toda essa lista pode ser resumida a “fornecedor é toda pessoa que 
coloca produto ou serviço em circulação no mercado”. Assim, mesmo se um 
comerciante exercer uma atividade que não encontra conectivo direto com 
qualquer das hipóteses do artigo 3º, acima destacado, mas se resume em 
disponibilizar produto ou serviço aos consumidores, não há dúvida de que 
ele é fornecedor. 
Deve-se considerar que o fornecedor não precisa necessariamente 
auferir lucro de sua atividade, mas apenas receber uma remuneração direta 
ou indireta pelo produto ou serviço colocado em circulação. Assim, não 
importa a forma de constituição da empresa (seja ela uma pequena ou 
grande empresa, uma Sociedade Anônima, uma Associação sem fins 
lucrativos), desde que desempenhe a atividade descrita no artigo. 
1.3 Produto 
Os produtos são bens que se transferem do patrimônio do 
fornecedor para o do consumidor, sejam eles materiais(ex.: aparelho 
telefônico) ou até imateriais (ex.: um programa de computador). 
8 
 
Os produtos móveis são aqueles que, como o próprio nome indica,são passíveis de deslocamento, sujeitos à entrega (ex.: um veículo, uma 
televisão, alimento), enquanto são imóveis os bens incorporados natural ou 
artificialmente ao solo (ex.: lote de terra urbana ou rural, residencial ou 
comercial; um apartamento). 
Assim encontramos no Art. 3º, §1º, do CDC: 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. 
Os produtos podem ser de dois tipos: 
Produto durável é aquele que não desaparece com o seu uso. Por 
exemplo, um carro, uma geladeira, uma casa... 
Produto não durável é aquele que acaba logo após o uso: os 
alimentos, um sabonete, uma pasta de dentes... 
1.4 Serviço 
Já os serviços são atividades humanas executadas pelos 
fornecedores, de interesse dos consumidores que delas necessitam (ex.: o 
serviço de transporte de passageiros). 
Nesse sentido, temos o Art. 3º, §2º, do CDC: 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
9 
 
Assim como os produtos, os serviços podem ser duráveis e não 
duráveis. 
Serviço durável é aquele que custa a desaparecer com o uso. A 
pintura ou construção de uma casa, uma prótese dentária, são produtos 
duráveis. 
Serviço não durável é aquele que acaba depressa. A lavagem de uma 
roupa na lavanderia é um serviço não durável pois a roupa suja logo após o 
uso. Outros exemplos são os serviços de jardinagem e faxina, que precisam 
ser feitos constantemente. 
1.4.1 Serviço Público 
É todo aquele prestado pela administração pública. O Governo 
estabelece as regras e controla esses serviços que são prestados para 
satisfazer as necessidades das pessoas. 
Todavia, nem todo serviço público está sujeito ao CDC. Apenas 
podem ser tratados à luz do CDC os serviços públicos oferecidos aos 
consumidores mediante remuneração específica e de modo 
individualizado. São exemplos o transporte público, a rodovia com pedágio, 
os serviços de telefonia, luz, água e esgoto. Nestes casos, quem explora 
estes serviços é o Estado (a partir de empresas públicas) ou particulares 
conhecidos como concessionários de serviços públicos. Ficam de fora da 
incidência do CDC os serviços públicos pelos quais o cidadão tem acesso 
independentemente de pagamento específico, a exemplo de segurança 
pública. 
10 
 
1.5 Relação de Consumo 
A formação da Relação de Consumo se concretiza quando o 
consumidor final, aquele que utiliza em benefício próprio, adquire um 
produto ou serviço de um fornecedor, podendo ser essa relação efetiva 
(quando a compra foi efetuada entre as partes) ou presumida (quando 
houve a simples oferta ou publicidade na relação de consumo). 
Deste modo, temos que a relação de consumo nada mais é do que a 
efetivação da disponibilidade no mercado de um produto ou serviço ao 
consumidor. 
2 Princípios do Direito do Consumidor 
O estudo dos princípios consagrados pelo Código de Defesa do 
Consumidor é o ponto de partida para a compreensão do sistema adotado 
por essa lei. 
O Código de Defesa do Consumidor adotou um sistema aberto de 
proteção, baseado em conceitos legais indeterminados e construções 
vagas, sendo necessário adequar os princípios às circunstâncias do caso 
concreto. 
2.1 Princípio do protecionismo do consumidor 
Do texto legal, o princípio do protecionismo do consumidor pode ser 
retirado tanto do art. 1º do CDC: 
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e 
defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, 
11 
 
nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da 
Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições 
Transitórias. 
Também podemos encontrá-lo nos arts. 5º, inciso XXXII e 170, inciso 
V, da Constituição Federal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
(...) 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar 
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: 
(...) 
V - defesa do consumidor; 
Esse princípio traz três consequências para as relações de consumo: 
1ª – As regras do Código de Defesa do Consumidor não podem ser 
afastadas por acordo entre as partes, sob pena de nulidade absoluta; 
2ª – Cabe sempre intervenção do Ministério Público em questões 
envolvendo problemas de consumo; 
3ª – Toda a proteção do Código de Defesa do Consumidor deve ser 
conhecida de ofício (independente de alguém indicar) pelo juiz, caso da 
nulidade de eventual cláusula abusiva. 
12 
 
2.2 Princípio da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, inc. 
I, da Lei 8.078/1990) 
Pela leitura do art. 4º, inc. I, do CDC é constatada a clara intenção do 
legislador em dotar o consumidor, em todas as situações, da condição de 
vulnerável na relação jurídica de consumo: 
Art. 4º (...) atendidos os seguintes princípios: 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no 
mercado de consumo; 
Para o CDC todo consumidor está em uma posição de desvantagem 
em comparação ao fornecedor, independente do produto ou serviço 
adquirido e de como se dá essa aquisição. 
Ainda, considerando que diariamente as pessoas são levadas a 
assinarem e concordarem com contratos com os quais não pode discutir as 
cláusulas, ou nem mesmo tem o conhecimento técnico para compreendê-
lo, o consumidor será presumido sempre como a parte vulnerável da 
relação negocial 
2.3 Princípio da hipossuficiência do consumidor 
Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência 
é um conceito fático, fundado em uma disparidade ou discrepância notada 
no caso concreto. 
Assim sendo, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo 
consumidor é hipossuficiente. 
Nesse sentido, temos o Inciso VIII do art. 6º do CDC: 
13 
 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou 
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias 
de experiências; 
A hipossuficiência, pode ser técnica, pelo desconhecimento em 
relação ao produto ou serviço adquirido, sendo essa a sua natureza 
perceptível na maioria dos casos. 
O conceito de hipossuficiência consumerista é mais amplo, devendo 
ser avaliado caso a caso, no sentido de reconhecer a disparidade técnica ou 
informacional, diante de uma situação de desconhecimento 
No caso do empresário bem-sucedido que adquire um bem para 
consumo próprio, será ele consumidor, sendo, portanto, vulnerável. 
Todavia, o enquadramento ou não como hipossuficiente depende da 
análise das circunstâncias do caso concreto. Sendo ele desconhecedor do 
produto ou serviço que está adquirindo – o que, aliás, é a regra no mundo 
prático –, poderá ser considerado hipossuficiente. 
2.4 Princípio da boa-fé objetiva 
O princípio da boa-fé objetiva é considerado o coração do Código de 
Defesa do Consumidor, constante em seu art. 4º, inciso III: 
III - harmonização dos interesses dos participantes das 
relações de consumo e compatibilização da proteção do 
consumidor com a necessidade de desenvolvimento 
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios 
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da 
14 
 
Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e 
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; 
A boa-fé objetiva vem a ser a exigência de um comportamento de 
lealdade dos participantes negociais, em todas as fases do negócio. A boa-
fé objetiva tem relação direta com o dever de cuidado, o dever de respeito, 
o dever de lealdade,o dever de probidade, o dever de informar, o dever de 
transparência, o dever de agir honestamente e com razoabilidade 
A boa-fé objetiva traz a ideia de equilíbrio negocial, que, na ótica do 
Direito do Consumidor, deve ser mantido em todos os momentos pelos 
quais passa o negócio jurídico. 
2.5 Princípio da transparência ou da confiança 
Além de encontrarmos menção à transparência no caput do art. 4 do 
CDC, é no art. 6º, inciso II, que encontramos o direito por ele tutelado: 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes 
produtos e serviços, com especificação correta de 
quantidade, características, composição, qualidade, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem; 
A informação, no âmbito jurídico, tem dupla face: o dever de 
informar, relacionado com quem oferece o seu produto, e o direito de ser 
informado, relacionado com o consumidor vulnerável. 
O Código de Defesa do Consumidor estabelece um regime próprio 
em relação aos meios de se propagar a informação, tendente a assegurar 
que a comunicação do fornecedor e a do produto ou serviço se façam de 
15 
 
acordo com regras preestabelecidas, adequadas a ditames éticos e jurídicos 
que regulam a matéria. 
2.6 Princípio da função social do contrato 
A função social dos contratos constitui um princípio contratual de 
ordem pública, pelo qual o contrato deve ser, necessariamente, 
interpretado e visualizado de acordo com o contexto da sociedade, 
constante no art. 2.035, parágrafo único, do Código Civil: 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se 
contrariar preceitos de ordem pública, tais como os 
estabelecidos por este Código para assegurar a função social 
da propriedade e dos contratos. 
No âmbito do Código de Defesa do Consumidor, a função social do 
contrato deve ser reconhecida como “princípio implícito”. 
2.7 Princípio da equivalência negocial 
Pelo princípio da equivalência negocial, é garantida a igualdade de 
condições no momento da contratação. 
De acordo com a norma do inciso II, art. 6º, do CDC, fica estabelecido 
o compromisso de tratamento igual a todos os consumidores, consagrada 
a igualdade nas contratações. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
II – (...) igualdade nas contratações; 
16 
 
A partir dessa tentativa de igualdade, no máximo, o que se pode 
aceitar são privilégios aos consumidores que necessitem de proteção 
especial, tidos como hipervulneráveis, caso de idosos, portadores de 
deficiências, crianças e adolescentes 
2.8 Princípio da reparação integral dos danos 
Previsto no artigo 6º, inciso VI, do CDC, o princípio da reparação 
integral dos danos assegura aos consumidores as efetivas prevenção e 
reparação de todos os danos suportados, sejam eles materiais ou morais, 
individuais, coletivos ou difusos: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais 
e morais, individuais, coletivos e difusos; 
Em um primeiro momento, se existirem danos materiais no caso 
concreto, nas modalidades de danos emergentes (aquilo que efetivamente 
se perdeu) ou lucros cessantes (aquilo que razoavelmente se deixou de 
lucrar), o consumidor terá direito à reparação integral. 
De uma mesma situação danosa terá o consumidor direito à 
reparação por danos morais, aqueles que atingem seus direitos da 
personalidade. 
Deve-se atentar para o fato de que, para a jurisprudência do STJ, o 
dano estético constitui uma terceira modalidade de dano, separável do 
dano moral, cabendo do mesmo modo indenização por tais prejuízos. 
17 
 
O dano moral coletivo é modalidade de dano que atinge, ao mesmo 
tempo, vários direitos da personalidade, de pessoas determinadas ou 
determináveis (danos morais somados ou acrescidos). Deve-se 
compreender que os danos morais coletivos atingem direitos individuais 
homogêneos e coletivos em sentido estrito, em que as vítimas são 
determinadas ou determináveis. Por isso, a indenização deve ser destinada 
para elas, as vítimas concretas do evento. 
A respeito do dano difuso, pode ele ser visualizado como um dano 
social. São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento 
de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança – quanto 
por diminuição na qualidade de vida. Os danos sociais decorrem de 
condutas socialmente reprováveis ou comportamentos exemplares 
negativos. 
3 Direitos Básicos do Consumidor 
O artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor trata dos direitos 
básicos do consumidor. 
3.1 Proteção da vida e da saúde 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos 
provocados por práticas no fornecimento de produtos e 
serviços considerados perigosos ou nocivos; 
Antes de comprar um produto ou utilizar um serviço o consumidor 
deve ser avisado, pelo fornecedor, dos possíveis riscos que podem oferecer 
à sua saúde ou segurança. 
18 
 
3.2 Educação para o consumo 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos 
produtos e serviços, (...); 
O consumidor tem o direito de receber orientação sobre o consumo 
adequado e correto dos produtos e serviços. 
3.3 Liberdade de escolha de produtos e serviços 
II – (...) asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas 
contratações; 
O consumidor tem todo o direito de escolher o produto ou serviço 
que achar melhor. 
3.4 Informação 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes 
produtos e serviços, com especificação correta de 
quantidade, características, composição, qualidade, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem; 
Todo produto deve trazer informações claras sobre sua quantidade, 
peso, composição, preço, riscos que apresenta e sobre o modo de utilizá-
lo. 
Antes de contratar um serviço o consumidor tem direito a todas as 
informações de que necessitar. 
19 
 
3.5 Proteção contra publicidade enganosa e abusiva 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, 
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como 
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no 
fornecimento de produtos e serviços; 
O consumidor tem o direito de exigir que tudo o que for anunciado 
seja cumprido. 
Se o que foi prometido no anúncio não for cumprido, o consumidor 
tem direito de cancelar o contrato e receber a devolução da quantia que 
havia pagado. 
A publicidade enganosa e a abusiva são proibidas pelo Código de 
Defesa do Consumidor e consideradas crime (art. 67, CDC). 
3.6 Proteção contratual 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de 
fatos supervenientes que as tornem excessivamente 
onerosas; 
Quando duas ou mais pessoas assinam um acordo ou um formulário 
com cláusulas pré-redigidas por uma delas, concluem um contrato, 
assumindo obrigações. 
O Código protege o consumidor quando as cláusulas do contrato não 
forem cumpridas ou quando forem prejudiciais ao consumidor. Neste caso, 
as cláusulas podem ser anuladas ou modificadas por um juiz. 
20 
 
O contrato não obriga o consumidor caso este não tome 
conhecimento do que nele está escrito. 
3.7 Indenização 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais 
e morais, individuais, coletivos e difusos; 
Quando for prejudicado, o consumidor tem o direito de ser 
indenizado por quem lhe vendeu o produto ou lhe prestou o serviço, 
inclusive por danos morais. 
3.8 Acesso à Justiça 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com 
vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e 
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a 
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
O consumidor que tiver os seus direitos violados pode recorrer à 
Justiça e pedir ao juiz que determine ao fornecedor que eles sejam 
respeitados. 
3.9 Facilitação da defesa dos seus direitos 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova,a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou 
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias 
de experiências; 
21 
 
O Código de Defesa do Consumidor facilitou a defesa dos direitos do 
consumidor, permitindo até mesmo que, em certos casos, seja invertido o 
ônus de provar os fatos. 
Isso quer dizer que, nos casos em que houver um mínimo de 
veracidade o que alega o consumidor, quem tem a responsabilidade de 
dizer o contrário é o fornecedor. 
3.10 Qualidade dos serviços públicos 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em 
geral. 
Existem normas no Código de Defesa do Consumidor que asseguram 
a prestação de serviços públicos de qualidade, assim como o bom 
atendimento do consumidor pelos órgãos públicos ou empresas 
concessionárias desses serviços.

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