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Direito da União Europeia

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Direito da União Europeia.
Questões de preparação para Global: 
Questão 1:
Direito comunitário, porque é chamado assim? 
Direito da União Europeia, o que implica? Direito primário, Direito secundário, 
Resposta, tópicos: 
Os conflitos decorrentes durante, entre e após as duas grandes guerras mundiais incitaram os governantes, e grandes pensadores, a iniciarem um processo de construção de uma união que, pela força conjunta, auxilia-se a superar as crises económicas, mas também para assegurar a paz na Europa. Assim, nascem as comunidades: A comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA) e com elas o Direito Comunitário, para designar a ordem jurídica que as regia, o qual prevalece em vigor até 1993. É chamado de Direito Comunitário exatamente por ter sido criado pelas comunidades, que constituem o primeiro pilar da União Europeia, teve por base de criação os tratados que instituíram as comunidades, o designado direito primário ou originário, pelo facto de que estabeleciam as normas jurídicas e políticas de base que orientavam a ação das comunidades. Acresce ao direito primário, o secundário ou derivado, que advém de uma criação conjunta das Comunidades, pela existência de necessidades a resolver, das atividades praticadas e que resultam em regulamentos, diretivas, recomendações ou pareceres. Este Direito, pela sua ordem jurídica compelia todos os Estados membros, a subordinar alguns dos seus poderes a União, a cooperar e estarem dependentes da direção da mesma ordenação, que se estende aos Estados e a todos os cidadãos. Não sendo o Direito Comunitário um direito internacional ou nacional, alimenta-se das diretivas dos Tratados que depois se espelham nos ordenamentos jurídicos nacionais, sem que perca a sua natureza comunitária. O processo de integração das normas jurídicas comunitárias, no ordenamento dos Estados integrantes, é regido pelo princípio do primado, o qual tem inerente a aplicação e efeito direto do direito comunitário, que não impõe à subordinação mas que pressupõe a sua aceitação e adaptação na legislação. É o princípio do primado que garante a transversalidade e transposição das normas do direito comunitário para todos os Estados, doutra forma o cumprimento dos objetivos, finalidades de integração estariam comprometidos. A importância e cumprimento do Direito Comunitário na legislação portuguesa pode ser verificada nos pontos 2º e 3º do artigo 8º, da Constituição da República Portuguesa (CRP).
O processo de desenvolvimento da hoje União Europeia foi alvo de várias adaptações, evoluções, marcadas pela junção das comunidades (exceto a CEEA), fases próprias de um crescimento conjunto, muitas vezes assimétrico, até a atualidade. Este percurso, até então regulamentado pelo Direito Comunitário, também precisou de adaptação, pelo que origina o Direito de União Europeia. 
O Tratado de Maastricht (1993), efetiva a criação da União Europeia não somente pela junção das áreas económica-monetária e política, mas também pelo conjunto de alterações que aportou e se conjugaram num único Tratado, o Tratado da União Europeia (TUE). O Tratado de Lisboa em 2007, vem reformular o funcionamento da União Europeia, instituindo o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE) que substitui o Tratado da Comunidade Europeia (TCE) e concede personalidade jurídica à União Europeia. A agora renovada União Europeia, constituída por 27 países membros assenta em valores partilhados com propósitos de integração, cooperação, promoção e desenvolvimento económico-político e deixa de fazer sentido falar em Direito Comunitário, mas sim em Direito de União Europeia. 
O Direito da União Europeia, sucede ao Direito Comunitário e com o qual coexiste desde o Tratado de Maastricht. Mas então em que consiste o Direito da União Europeia? Segundo Quadros (2013:416) “é o sistema jurídico da União, melhor, a Ordem Jurídica da União Europeia”. Pelo que o Direito da União é autónomo, tem objeto próprio, com características próprias que lhe conferem especialidade. Enquanto o Direito Comunitário teve como fontes aos ramos de direito existentes, tal como o Direito internacional Público, do qual se distingui pela estrutura própria que criou; também o Direito Administrativo teve a sua influência, na organização, na distribuição das competências pelos órgãos, no plano económico, no fundo o Direito Comunitário foi beber às fontes existentes e que lhe fornecessem fundamento para se estruturar e funcionar. A relação com o Direito Internacional Público é ainda a sua primeira fonte, pois é através dos Tratados que o direito primário cria as normas jurídicas, tal como com o Direito Administrativo, muito embora a União tenha vindo a desenvolver uma estrutura procedimental própria administrativa. A sua relação com o direito administrativo é deveras importante até pela extensão e aplicação do Direito da União nos processos administrativos estatais, com o qual criou uma relação de desenvolvimento recíproco. O antigo Direito Comunitário precisou das bases existentes nos Estados para se erguer, atualmente desenvolve, aprimora esses procedimentos e devolve aos Estados com intuito de uniformização e celeridade. Outro ramo do Direito da União é o Direito Constitucional, não que a União assente numa Constituição formal, mas sim material. O Direito da União mantém uma relação de harmonia com os Estados relativamente às Constituições, sendo que tem dois objetivos implícitos, o da garantia da efetividade do Direito da União na ordem interna e por sua vez, adaptação das Constituições ao modelo dos Tratados da União. Outro ramo do Direito da União é o Direito Comparado, que tem por essência a comparação de direitos e assim criar harmonização entre o Direito da União e a ordem jurídica Nacional. Outro ramo do Direito da União é o Direito Civil (pág. 213 do PC se fizer falta). Direito processual mantém ligação com o Direito de União, pela diligência necessária na coerência entre os processos judiciais nacionais e as exigências de aplicação do Direito da União (artigos. 67º e sts do TFUE). 
Dificuldades: Linguísticas. Ao representarem 27 países em União, a língua pode ser um entrave na interpretação de conceitos, orientações, pelo que não pode existir qualquer diferença mínima na tradução da essência dos Tratados, do Direito derivado ou qualquer outra fonte de informação, entre os diferentes Estados. Tal representaria falta de igualdade entre Estados e os seus nacionais. 
A natureza do Direito de União pode ser de índole Internacionalista ou Federalista. Os defensores de que o Direito da União tem fortes ascendentes nos tratados Internacionais, alegam que a Internacionalização tem associada a questão da subordinação de todos os Estados à União e como tal não aceitam esta subordinação do Direito da União sobre o Direito Nacional. Para defesa desta questão, no Tratado de Lisboa, pelo seu conceito de integração reúne a titularidade de um poder politico integrado, logo, o primado do Direito da União sobre os Direitos nacionais, assim como a jurisprudência da União foi construída com aceitação dos tribunais constitucionais nacionais de forma pacifica ou não teria acontecido. Por outro lado ainda, o Direito Internacional atual tem vindo a ser capaz de absorver cada vez mais matéria que era de gerência dos Estados, por razões múltiplas, mas com princípios de cuidado e atenção a coesão, a equidade, a salvaguarda dos direitos, das liberdades. O Direito Internacional começa a ser reconhecido como uma “Ordem Jurídica da Nova Ordem Mundial” (Quadros, 2013: 428), pela sua capacidade de integração de novas áreas no sei âmbito de atuação requeridas pelos Estados, incidem em 3 areas principais: proteção dos direitos fundamentais (minorias étnicas); a globalização e o combate a criminalidade organizada e o terrorismo (global). Pelo que se pode concluir que não somente o Direito de União tem influência do Direito Internacional clássico, como este último tem sido cada vez mais invadidopelos princípios e regras de integração e subordinação. Quanto a natureza federalista, contrária a corrente Internacionalista, os adeptos da corrente federalista consideram que o Direito da União deveria ter uma constituição própria tal como um Estado. O Direito da União não é um direito federal, porque não é um Estado, não tem Constituição Formal e tivesse poder constituinte próprio e não tem por duas razões: porque não tem um povo europeu, o Parlamento Europeu representa não o povo europeu, mas “os cidadãos da União” tal como verificado no TUE, artº 14º, ponto 2º. Como não tem povo europeu não tem poder constituinte da União, o mesmo pertence aos Estados. Para além disto, para que a União tivesse Direito Federal (Estado), ela teria que ter capacidade jurídica completa, o que não acontece, a União tem capacidade jurídica limitada pelo principio da especialidade, assim disposta nos Tratados. Também o principio da nulidade teria de estar presente no Direito da União, não é o caso, prevê o Direito da União que em caso de incumprimento de uma norma da União por um Estado a sanção é de inaplicabilidade (eficácia) e não de nulidade (validade). Por fim, a União não inclui no seu sistema a Integração Judicial, ou seja, os tribunais da União não têm poder de anular decisões proferidas em tribunais nacionais, salvo a exceção prevista no protocolo nº 4 anexo ao Tratado de Lisboa, sobre o protocolo relacionado com os Estatutos do Sistema Europeu do Bancos Centrais e do Banco Central Europeu. As relações entre tribunais são de cooperação judiciária e não de integração. Contudo, existem características que o colocam muito próximo de um sistema Federal, como a existência da moeda única, o facto da Comissão ser o governo da União, o poder legislativo que se reconhece ao Parlamento, pela criação do ato de legislação da União elaborado pelo órgão composto por delegados dos Estados, representa os interesses dos Estados; assim como a extensão da maioria qualificada nas aprovações em prol da unanimidade nas deliberações. Ainda, os dispostos no protocolo sobre os Bancos Centrais preveem a sua independência dos bancos nacionais e a separação dos órgãos de decisão. O facto de os Tratados terem agora incorporada uma Carta dos Direitos Fundamentais, com força de obrigação para os Estados membros é também característica federal da União. 
Qual a posição? De facto, o Direito da União tem características que provém do Direito Internacional, assim como de carater federal. O TUE e TFUE dão corpo a uma Constituição material que se aproxima muito de uma Constituição Estadual. O TUE instituíram objetivos, valores de orientação, definem as suas atribuições e regulamentam todos os processos de decisão entre a União e os Estados Membros e são todas estas características que atribuem ao Direito da União originalidade pelo assento em Tratados de direito Internacional. 
Conclusão minha:
Os objetos do Direito da União são de harmonização e uniformização, efetividade e equidade entre a União e os Estados-membros, numa relação de reciprocidade e cooperação mútua. 
O que mais diferencia o Direito Comunitário para o Direito da União Europeia, é a complexidade adquirida pela integração de variados sectores na atividade que inicialmente era de cariz económico e segurança pela paz. Esta complexidade emergiu também da evolução das sociedades, das necessidades crescentes e da limitação de recursos. A globalização acelerada, os processos de comunicação “on time” aportam a União Europeia um desafio que obriga a um sistema jurídico muito mais abrangente e completo. A atuação da União Europeia é hoje em tudo semelhante a de um Estado, mesmo não o sendo formalmente pois não tem um povo próprio, contudo, as suas atividades são similares, com agravante de ter que gerir a diversidade politica, as assimetrias económicas, as diferenças sociais e culturais. Por todas estas razões é razoável afirmarmos que sem Direito de União, a União não existiria. 
Outros tópicos: 
Direito Derivado – o Direito derivado da União foi a matéria mais alterada pelo Tratado de Lisboa, tem por finalidade a concretização, o desenvolvimento e aplicação dos Tratados pelos seus atos jurídicos. O art.º 288º do TFUE indica as decisões gerais e individuais aos regulamentos, às diretivas, decisões, pareceres e recomendações. Os atos Jurídicos da União estão plasmados na VI parte do TFUE, título I, capítulo II, e são considerados os atos legislativos, atos delegados e de execução e são de aplicabilidade direta na ordem nacional dos Estados, demonstrando o primado do Direito. 
Os regulamentos, as diretivas e decisões podem se enquadrar nas categorias de altos legislativos e delegados, contudo, somente os regulamentos e diretivas podem ser de execução. 
O regulamento tem carater geral, é obrigatório no seu todo e é diretamente aplicável pelo sistema jurídico nacional dos estados-membros após a sua publicação e a data de entrada em vigor, não necessita de ser transposto para o sistema jurídico nacional, para que possa produzir os seus efeitos a qualquer pessoa com personalidade jurídica. As decisões também são obrigatórias para os seus destinatários quando forem designados, assim, é vinculativa em todos os seus elementos. (Quadros, 2013: 464-465)
Quanto às diretivas, elas têm que ser transpostas para a ordem jurídica nacional dos estados-membros, dentro da data que nelas é mencionado, e só são aplicáveis aos seus destinatários designados quanto aos fins a alcançar, ficando os destinatários com a responsabilidade e competência quanto à forma e os meios para alcançar os fins previstos na diretiva. 
Quanto às recomendações e os pareceres, em princípio não têm efeito vinculativo. Os pareceres em regra são puros atos consultivos e opinativos, não comportando qualquer obrigação jurídica para os seus destinatários. As recomendações têm um efeito diferente, elas por si só, encerram um convite aos seus destinatários para adoção de um determinado comportamento, é nesse sentido, que elas cumprem a função diretiva, dado que querem prevenir e disciplinar um determinado comportamento. Por outro lado, se essa recomendação de comportamento não se verificar, ela poderá ser seguida de um ato vinculativo, que acolherá o conteúdo da recomendação que não foi seguida.
De outra forma:
Regulamentos são normas gerais e obrigatórias que entram em vigor diretamente no sistema jurídico nacional dos estados-membros após sua publicação e não precisam ser transpostos para produzir efeitos. Decisões também são obrigatórias para seus destinatários. 
Diretivas, por outro lado, precisam ser transpostas para a ordem jurídica nacional dos estados-membros dentro do prazo mencionado e são aplicáveis apenas aos destinatários designados para alcançar certos fins, com os destinatários responsáveis por determinar a forma e meios de alcançar esses fins. 
Recomendações e pareceres, em geral, não possuem efeitos vinculativos. Pareceres são atos consultivos e opinativos sem obrigação jurídica para seus destinatários. Recomendações, por outro lado, convidam seus destinatários a adotar certos comportamentos, mas se esses comportamentos não forem seguidos, podem ser seguidas de atos vinculativos.
Questão 2º 
“os princípios que vamos de seguida estudar ocupam um lugar central na Constituição material da União: eles são princípios que, por serem fundamentais do ponto de vista axiológico, dão corpo, no plano da Filosofia Política e do Direito, às opções básicas da União e aos valores que ela escolheu para regerem a sua existência e a sua atividade. Em suma, opções e valores que compõem a identidade da União, ainda melhor dito, a identidade constitucional da União”.
Desde a sua existência e ao longo do progresso já verificado, que a União Europeia tem por bases fundamentais alguns princípios. São os princípios que orientam a direção que quer seguir e de que forma. São a estrutura constituinte da União, do seu jurídico e o centro da constituição material da União. Assim, o texto destaca a importância dos princípios fundamentais na Constituiçãomaterial da União Europeia. Esses princípios são considerados fundamentais do ponto de vista axiológico, ou seja, eles dão corpo às opções básicas e aos valores que a União escolheu para reger sua existência e a sua atividade. Estes princípios são fundamentais para a definição da identidade da União Europeia, ou seja, para a sua identidade constitucional. Eles estão relacionados com os valores e objetivos que a UE quer alcançar, e servem como base para a tomada de decisões e ações da EU. No preambulo do TUE e TFUE, estão desde logo descritos qual a missão e os objetivos que a União, em conjunto com os Estados-membros, ambiciona prosseguir. O art.º 2º do TUE, alude aos valores que a União alavanca e respeita, sendo os mesmos valores que a regem, pelos princípios que a norteiam. Muito embora a União não seja detentora de uma constituição formal, pois não é um Estado, tem uma Constituição material e é “ela que cria a União” (Quadros, 2013:108), fixa objetivos, dimensiona as relações entre ela e os Estados integrantes, regula a forma de agir da estrutura orgânica e as instituições, atribui efetividade ao Direito da União, define a proteção dos Direitos fundamentais, no fundo, é onde se encontra descrito o mecanismo de funcionamento da União, regulamentado, explanado desta forma na Constituição material da União. A sua relevância dos princípios na edificação do Direito da União é de tal ordem que são considerados valores verdadeiros, estão impregnados na ordem jurídica da União e como tal são considerados “o património constitucional comum” da União e dos Estados Integrantes (Quadros, 2013:110). Foram documentados oficialmente na Declaração sobre a Identidade Europeia em 1973, onde era reconhecida a necessidade pelos Estados de criação de uma entidade que os representasse e que de certa forma os ajudasse na comunicação entre si e com o mundo, firmando assim a coesão e uma ligação dos valores sectoriais que os unia, reforçar a vontade da existência de uma instituição que tivesse por razão de existência a salvaguarda do ser humano, o respeito pela democracia representativa, o respeito pelos direitos do Homem, dos valores de justiça como finalidades e não somente como caminhos a percorrer para alcançar o fim económico, mas como objetivo primário. Os vários tratados reforçaram a importância dos valores como objetivos “comuns”, contudo é no Anteprojeto da Constituição da União Europeia que os mesmos ganham expressão de “Comunidade de valores” referindo-se a União, onde são considerados também valores espirituais e morais (Quadros, 2013: 112). 
Tal como referido os valores hoje consagrados estão plasmados, no art.º 2º do TUE, como o respeito pela vida humana, a democracia, a liberdade, a igualdade, o Estado de Direito, o respeito pelos Direitos do Homem, assim como pelas minorias. São considerados valores partilhados e de inspiração para e por todos os Estados-membros, quando as sociedades são cada vez mais diversificadas culturalmente, os princípios da não discriminação, da justiça, da solidariedade e da tolerância, tornam-se essenciais na proclamação da igualdade e do respeito. Tais valores ao estarem proclamados no Tratado como “valores comuns” tem características de obrigatoriedade, de ramificação na legislação nacional de cada Estado-membro, com previsão de sanções (pontos 2º e 3º do art.º 7º do TUE) para o caso de incumprimento verificado. 
O princípio da Integração - O princípio da integração é fundamental para a União Europeia, pois é a base para a solidariedade entre os estados-membros e para a construção de um interesse comum baseado nos valores da União. Este princípio é reforçado pela necessidade de seguir as normas e regras impostas pela União e pelo respeito pelo Direito da União. Ele é mencionado no Preâmbulo e no art.º 1º (pontos 1º e 2º) do TUE, e é expresso na frase "uma União cada vez mais estreita entre os povos da Europa". A integração é essencial para o sucesso da União, pois só é possível haver uma aproximação entre os estados-membros se houver integração e solidariedade. Este princípio em associação com o de efetividade do Direito de União e o da Uniformidade, pela sua interpretação e aplicação constituem os pilares de todo o sistema jurídico da União (Quadros, 2013: 118).
Princípio do respeito pela identidade nacional dos Estados-Membros: O princípio da preservação da identidade dos Estados-Membros significa que a União Europeia deve respeitar e preservar a individualidade política, jurídica e cultural de cada Estado-Membro. Isso inclui respeitar as diferenças de língua, história, tradições, religiões, minorias e cultura de cada Estado-Membro. Este princípio é refletido no preambulo e no art.º 2º do TUE.
Os princípios de Integração e do respeito pela identidade nacional dos Estados membros relacionam-se e complementam-se.
O princípio do respeito pela diversidade cultural dos povos europeus: O princípio do respeito pela diversidade cultural dos povos europeus indica que a União Europeia valoriza e respeita a pluralidade cultural dos diferentes povos europeus. Não há uma cultura única na União Europeia, mas sim uma variedade de culturas que devem ser toleradas, justas e iguais entre homens e mulheres. Este princípio inclui a proteção das minorias e pode ser encontrado no art.º 3º, paragrafo 4º e no preâmbulo do TUE. Além disso, o princípio da preservação do patrimônio cultural, religioso e humanista da Europa incentiva os Estados-Membros a preservarem a sua história e valores culturais, religiosos e humanistas.
O princípio do respeito pela dignidade da pessoa humana: O princípio do respeito pela dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental da União Europeia, que tem estado presente desde o início da integração. Ele afirma que a União Europeia deve respeitar a dignidade humana acima de tudo, incluindo questões econômicas. Este princípio é baseado na filosofia de Immanuel Kant, que afirma que as pessoas não têm preço, mas sim dignidade. Este princípio pode ser encontrado no art.º 2º do TUE e no seu preâmbulo.
O princípio da solidariedade: O princípio da solidariedade é um princípio importante da União Europeia que estabelece a necessidade de cooperação e apoio mútuo entre os Estados-membros e a União para atingir objetivos comuns. Ele indica que os interesses da União devem prevalecer sobre os interesses individuais de cada Estado-membro. A solidariedade é vista como uma característica fundamental da União Europeia, e está presente no TUE, no preâmbulo, no art.º 2º e no art.º 3º. Além disso, também é abordado a solidariedade entre gerações, entre Estados e povos. A criação da Comunidade e mais tarde a União Europeia significou que os Estados aceitassem que os interesses da União devem ser considerados acima dos interesses específicos de cada Estado.
Princípio da lealdade na União: o princípio da lealdade na União Europeia significa que os Estados membros devem ser leais e fieis à União e às suas instituições, e não devem tomar medidas que possam pôr em perigo a realização dos objetivos do Tratado da União Europeia. Além disso, os Estados membros têm a obrigação de tomar medidas adequadas para garantir a execução das obrigações decorrentes dos tratados e dos atos das instituições da União. Este princípio pode ser encontrado no art.º 4º do TUE.
Princípio da Democracia: o princípio da democracia é um dos princípios fundamentais da União Europeia e está presente tanto no TUE e na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Ele é entendido de maneira ampla, abrangendo não apenas a democracia política, mas também a econômica, social e do bem-estar dos povos. O princípio da democracia é essencial para garantir que a União seja governada de maneira transparente e responsável, e que os cidadãos tenham acesso à informação e a possibilidade de participar ativamente na tomada de decisões. Além disso, o princípio da democracia também inclui o respeito pelos direitos fundamentais e pelo pluralismo, tolerância e justiça, assegurando que todos os cidadãos da União são tratados de maneiraigualitária e justa.
Conclusão: Os princípios e valores da União Europeia são fundamentais para a sua construção e funcionamento, pois servem como base para as decisões e ações da União e dos Estados-Membros. Eles representam os valores e objetivos comuns aos quais a União se compromete, tais como a paz, a democracia, a solidariedade, a justiça, a igualdade, a tolerância e a dignidade humana. Estes princípios e valores também orientam a cooperação entre os Estados-Membros e a União e servem como referência para a tomada de decisões e ações políticas. A sua importância reside no seu papel de garantir que a União funcione de forma justa e equitativa para todos os seus cidadãos e Estados-Membros, e que promova os interesses comuns e os valores europeus.
Esses princípios incluem: A paz - a UE foi criada com o objetivo de promover a paz e a estabilidade na Europa, e essa é uma das principais razões para sua existência; a solidariedade - a UE tem por base a solidariedade entre os Estados-membros e os seus cidadãos, e procura promover a cooperação entre eles; a democracia - a UE é uma organização democrática e seus cidadãos têm o direito de participar ativamente na tomada de decisões da União; a justiça e o Estado de Direito - a UE se baseia no respeito à justiça e ao Estado de Direito, e seus instituições e ações são guiadas por esses princípios; o desenvolvimento sustentável - a UE busca promover o desenvolvimento econômico e social de forma sustentável, que leve em conta as necessidades das gerações presentes e futuras.
Os princípios fazem parte da ordem pública da União e como tal ocupam lugar superior entre as fontes do Direito da União, mesmo que alguns deles sejam princípios gerais de Direito, são considerados sempre como limites materiais na revisão de tratados. 
Questão 3º 
Quais os direitos fundamentais? Onde estão consagrados na ordem jurídica? É possível falar de União Europeia sem falar em Direitos fundamentais? Cidadania?
Desde a criação das Comunidades que Direitos fundamentais estão implícitos no processo de integração, tais como o direito a paz, a liberdade, a um nível de vida melhor e aos direitos sociais. Com a maturação do processo de desenvolvimento das Comunidades foram lhe acrescendo outros direitos, como a livre circulação, fosse de pessoas ou mercadorias, dos serviços e capitais. Com o Tratado da União Europeia, os Direitos Fundamentais passariam a estar plasmado numa norma escrita. Em 2007, o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão, por proclamação conjunta aprovaram a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Os mesmos estão consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia e tem valor jurídico vinculativo, onde são considerados os direitos sociais, políticos, económicos, civis protegidos para cada individuo da União Europeia. Assim e de acordo com o ponto 1º do art.º 6º do TUE “A União reconhece os direitos, as liberdades e os princípios enunciados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, de 7 de dezembro de 2000, com as adaptações que lhe foram introduzidas em 12 de dezembro de 2007, em Estrasburgo, e que tem o mesmo valor jurídico que os Tratados”, ainda o mesmo artigo refere que os direitos e princípios enumerados na mesma, devem ser interpretados à luz das disposições gerais no Titulo II da Carta, os quais orientam a sua interpretação e aplicação. A carta no seu artigo 51º define o âmbito de aplicação, pelo princípio da subsidiariedade, sendo que as disposições da Carta têm por destinatários as instituições, organismos e órgãos da União, assim como os Estados-membros que apliquem o Direito da União. A sua aplicação é concretizada pelos diferentes órgãos nacionais ou da União no âmbito das suas competências, ressalvando no seu ponto 2º do mesmo artigo, que a União somente aplica a Carta no limite das suas competências (atribuições), pois a mesma não lhe acrescenta ou retira qualquer nova competência. O Tratado de Lisboa também veio ampliar os Direitos Fundamentais do Direito da União, assim ao longo dos seus artigos (art.º 20º do TFUE e no Título V da Carta), explana direitos e grupos de direitos que vão além dos já contemplados na Cidadania da União, tais como o Direito a Igualdade entre géneros (art.º 159º do TFUE), os direitos das crianças, o direito ao ambiente sadio e direito a escolha religiosa e politica (art.º 19 do TFUE). 
Neste seguimento, a Carta representa a nível Internacional a mais importante norma jurídica sobre os Direitos da pessoa. Desde logo porque contempla todos os sectores de Direitos abrangidos, ainda porque enquanto Direitos representam valores de dignidade, igualdade, cidadania, liberdade, respeito, solidariedade e justiça, os quais podem ser confirmados pelo exposto no art.º 2º do TUE. Também porque os Direitos compilados na Carta provêm de várias fontes, como das Nações Unidas, dos proclamados Direitos Humanos, dos valores de cada Estado e das suas tradições, dos Tratados, das necessidades que o desenvolvimento tecnológico e cultural vem suscitar, por fim porque os direitos reconhecidos não são aplicáveis somente aos nacionais de cada Estado mas a todos os seus residentes. 
Os Direitos proclamados na Carta e tendo está o poder vinculativo de um Tratado, terá de ser estendida ao sistema normativo dos Estado, salvo os que não apliquem o Direito da União, tal facto tem um papel crucial na construção da União Europeia, pois afere um sentimento de pertença. Pois perante Direitos iguais, para além dos símbolos partilhados, seja o hino, a bandeira, a carta de condução europeia, a moeda, são todo um conjunto de representações simbólicas que revelam o comum de um povo, o que o une. Tudo torna muito mais simples a transversalidade de práticas, desenvolvimento, a promoção industrial e cultural, ajuda a construir uma União mais uniforme, equitativa e coesa. Também os factos da aproximação das pessoas à Europa pelo poder participativo elevam a democracia proclamada, a participação nas ONGs em prol de proteção de alguns Direitos ou defesa dos mesmos por todos, como o caso das questões ambientais, dos refugiados, da defesa dos direitos das mulheres em países mais autoritários e com enraizamentos culturais profundos, no fundo são tudo direitos e valores que respeitados tendem a adicionar valor ao existente e inovação futura. 
Os direitos enumerados na carta: o direito a vida, a proibição da pena de morte, o direito à integridade física e mental, a proibição de trafico humano, direito a liberdade e segurança, o respeito pela vida familiar e privada, proteção de dados, o direito ao ensino e a formação, liberdade de imprensa, direito de asilo, defesa dos consumidores, velhice com qualidade, saúde…
Questão 4: 
Atribuições da União Europeia: A definição das atribuições da União. A repartição de atribuições entre a União e os Estados Membros (Sebenta). 
Desde a sua criação em 1951, então com 6 países integrantes, a União tem por base objetivos a integração e cooperação. Após um longo e nem sempre fácil caminho percorrido, chega a 2023 com 27 países integrantes e negociações em aberto com mais países, que mostram interesse em fazer parte desta grande comunidade. A atual União Europeia tem por missão, agora mais complexa, de organizar as relações entre os Estados-Membros e seus povos, de forma coerente e solidária, procura atingir objetivos tais como o progresso econômico e social, a afirmação da identidade europeia na área internacional, a instituição de uma cidadania europeia, a criação de um espaço de liberdade, segurança e justiça, e a manutenção e desenvolvimento do acervo comunitário. Algumas das realizações incluem a criação do mercado interno a partir de 1993, a criação da moeda única em 1999, a ajuda humanitária europeia a países terceiros e a intervenção na gestão de crises internacionais. Para que possa a cumprir a sua missão, a União precisa de poder de ação, então, como é repartido este poder de ação e de que forma é que ele se articula entre os vários órgãos que compõem a estrutura orgânica da UE? 
Não sendo aUnião Europeia um Estado, logo tendo capacidade jurídica limitada, atua pelo princípio da especialidade, ou seja, realiza as ações que lhes foram expressamente atribuídas por lei ou pelos Tratados. Isso significa que a União Europeia só pode agir dentro dos limites estabelecidos pelas suas atribuições específicas conferidas. Somente os Estados não estão sujeitos a este princípio. O Princípio da especialidade ou de atribuições conferidas à UE estão consagradas no art.º 5, nº 2 do Tratado da União Europeia (TUE), “Em virtude do princípio da atribuição, a União acua unicamente dentro dos limites das competências que os Estados-Membros lhe tenham atribuído nos Tratados…As competências que não sejam atribuídas à União nos Tratados pertencem aos Estados-Membros”. Assim, as atribuições da União Europeia são os assuntos sobre os quais ela pode agir. Também o art.º 7º, do título II, do TFUE, reforça e dispõe que “A União assegura a coerência entre as suas diferentes políticas e ações, tendo em conta o conjunto dos seus objetivos e de acordo com o princípio da atribuição de competências”. Logo, as competências atribuídas à União Europeia estão dispostas nos artigos 2º a 6º do TFUE e que segundo os mesmos podem ser competências: exclusiva (art.º 3º do TFUE), concorrentes ou partilhadas (art.º 4º do TFUE), e ainda de apoio, coordenação e complementares (art.º 6º do TFUE) 
As atribuições Exclusivas da União são as que a União Europeia tem poder de criar legislação e atos vinculativos, onde os Estados-membros somente podem intervir se a União o permitir pela delegação de poderes ou na execução dos atos vinculados. As atribuições exclusivas têm implícito a delegação de poder por parte dos Estados para a União e a necessidade de atuação por parte da União requerida pelos Estados. As atribuições exclusivas da União Europeia incluem: Política comercial com países fora da UE - A UE tem a competência exclusiva para negociar acordos comerciais com outros países e para definir as regras de comércio com os países terceiros, (ponto 1º do art.º 207º do TFUE). As restantes atribuições são de gestão interna do mercado da União e estão previstas no ponto 1º do artº3º do TFUE: A Política agrícola e de pesca - A UE tem a competência exclusiva para estabelecer as regras para a produção agrícola e pesca, incluindo o estabelecimento de quotas e preços mínimos. A Política monetária (países que adotaram o euro) - A UE tem a competência exclusiva para estabelecer a política monetária, incluindo a gestão da moeda única, o euro. A Política de transporte - A UE tem a competência exclusiva para estabelecer as regras de transporte, incluindo a regulamentação dos transportes ferroviários, rodoviários e aéreos. A Política energética - A UE tem a competência exclusiva para estabelecer as regras para a política de energia, incluindo a regulamentação dos mercados de energia e a promoção de fontes de energia renováveis. A Política de imigração e asilo - A UE tem a competência exclusiva para estabelecer as regras para a imigração, incluindo a regulamentação dos vistos e a gestão dos refugiados. A política de segurança - A UE tem a competência exclusiva para estabelecer as regras para a política de segurança, incluindo a cooperação em matéria de segurança interna e externa. A Política de concorrência – estabelece regras de funcionamento de funcionamento do mercado interno. 
Atribuições concorrentes ou partilhadas: As atribuições são concorrentes ou partilhadas? Antes do Tratado de Lisboa, a repartição das atribuições funcionava em modo vertical, logo as que se encaixassem no principio de especialidade e que os Estados pudessem exercer eram motivos de concorrência pelo poder de atuação, logo eram concorrentes, onde ambos podem legislar e tomar decisões. As atribuições partilhadas são as que obedecem aos mesmos princípios, salvo que a União tem a competência primária, ou seja, a UE pode aprovar leis e regulamentos que os Estados tem de seguir, mas sobre os quais podem tomar medidas complementares. 
Alguns exemplos de atribuições concorrentes incluem política ambiental, política social e política de transporte. Já as atribuições partilhadas incluem política de comércio, política agrícola e política de segurança. Assim, Política ambiental: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política ambiental, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na proteção e conservação do meio ambiente. Política de transporte: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política de transporte, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na regulamentação e gestão dos transportes dentro de suas fronteiras. Política social: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política social, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na proteção social e no bem-estar dos seus cidadãos. Política de educação e formação: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política de educação e formação, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na gestão e regulamentação das suas escolas e universidades. Política de saúde: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política de saúde, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na gestão e regulamentação dos seus sistemas de saúde. Política de segurança: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política de segurança, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na gestão e regulamentação da segurança dentro de suas fronteiras. Política econômica: A UE tem competência para estabelecer as regras para a política econômica, mas os Estados-membros também têm responsabilidade na gestão e regulamentação da economia dentro de suas fronteiras. São todos os campos de atuação sobre os quais a União Europeia tem poder de estabelecer regras para execução de políticas, mas onde os Estados têm também a competência de executar, gerir e se possível complementar dentro das suas fronteiras. 
Atribuições de Apoio – As competências de apoio, coordenação e complementar atribuídas à União Europeia, são competências que estão no domínio dos Estados e sobre as quais a União tem pouca intervenção. Contudo e tal como indica o nome associado, consistem em reforços, suportes, apoios que a União pode e deve fornecedor aos Estados na prossecução das suas competências em determinadas matérias, como a educação, a proteção, desenvolvimento técnico, implementação de programas, apoios humanitários, desenvolvimento do turismo, saúde. Em suma, a União pelas suas competências e recursos pode apoiar os Estados membros, seja pela orientação, formação, ou mesmo pareceres sobre alguma matéria. 
Em termos de apoio: A UE pode fornecer financiamento e assistência técnica para projetos e programas em países membros e países vizinhos, a fim de promover a cooperação econômica e política.
A nível da Coordenação: A UE pode coordenar as políticas e as ações dos países membros em áreas como a economia, a segurança, a imigração e a defesa. Isso pode incluir a criação de programas comuns e a cooperação entre os países membros.
Em termos complementar: A UE pode complementar as políticas e as ações dos países membros, oferecendo recursos adicionais e apoio técnico para ajudar a implementar as políticas da UE. Isso pode incluir ajuda financeira e assistência técnica para ajudar os países membros a cumprir os requisitos da UE.
Competências ou atribuições particulares: A ação externa da UE é uma das competências que gere alguma confusão sobre qual o poder da União, contudo, a sua especificidade está na combinação de diferentes instrumentos legais e políticos, além de seu alcance geográfico, que vão além dos países membros, abrangendo um amplo espectro de países e organizações internacionais. Como o desenvolvimento de políticas de cooperação para o progresso e para fornecer assistência financeira aos países em desenvolvimento. No entanto, a política externa e de segurança comum é uma temática que suscita alguma confusão na interpretação de quem, como e quando pode e deve agir.As suas características especificas limitam a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu nos processos de decisão e excluem a sua atividade legislativa. É o Conselho Europeu e o Conselho da União Europeia que representam a União Europeia, mas matérias relacionadas com as Políticas externas e de Segurança Comum.
Princípio da subsidiariedade e proporcionalidade:
No exercício das suas competências (atribuições) a União Europeia tem de obedecer aos princípios elencados no ponto 1º do art.º 5º do TUE “O exercício das competências da União rege-se pelos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade”. São princípios fundamentais da União Europeia que estabelecem a forma como as instituições e os Estados-Membros devem colaborar para alcançar os objetivos da EU, sempre que as competências sejam repartidas, melhor, não sejam exclusivas da União (ponto 3º do art.º 5º do TUE). 
O princípio da subsidiariedade é um princípio que estabelece que as ações da UE devem ser tomadas apenas se e quando os objetivos dessas ações não possam ser alcançados de forma satisfatória pelos Estados-Membros sozinhos, pelo princípio do respeito da integração e identidade nacional, é dada a preferência aos Estados do alcance das atribuições dos Tratados. Isso significa que a UE só deve intervier em questões que não possam ser resolvidas adequadamente a nível nacional, em casos concretos devidamente identificados e quando a atribuição seja concorrente ou complementar. O princípio da subsidiariedade, tem fundamento nos atos do Direito derivado da União (art.º 296º do TFUE), onde a proporcionalidade da ação da UE sobre os Estados deve ser limitada ao necessário e logo que se vejam satisfeitas as necessidades, a atribuição de voltar para o Estado (reversibilidade).
O princípio da proporcionalidade é um princípio que estabelece que as ações da UE devem ser limitadas ao mínimo necessário para alcançar os objetivos desejados, “…o conteúdo e a forma da ação da União não devem exceder o necessário para alcançar os objetivos dos Tratados” (ponto 4º do art.º 5 do TUE). Isso significa que as ações da UE devem ser proporcionais aos objetivos a serem alcançados e não devem causar restrições desnecessárias à liberdade dos Estados-Membros ou dos cidadãos da UE.
Ambos os princípios são fundamentais para garantir que a UE age de forma eficaz e eficiente, sem interferir desnecessariamente nas competências dos Estados-Membros. Tal como refere Quadros (2013:274) a eterna dicotomia entre o processo de integração e os interesses dos Estados impede em parte o aumento das competências da União que poderiam ser benéficas na tomada de decisões, melhorar a capacidade de resposta às crises e reforçar a posição da União no seio internacional. Contudo, também é necessário equacionar se neste processo os Direitos dos cidadãos estão protegidos, se os objetivos da União serão mais fáceis de prosseguir pela própria ou pelos Estados e se os custos associados são justificáveis. 
Se for necessário os Orgãos: quais, competências….. De uma colega sombreado a cinza. 
Os poderes dos Órgãos da União Europeia têm sofrido muitas alterações ao longo dos anos, mas sempre com um objetivo o de reforçar a transparência e o funcionamento democrático das suas instituições. Cada decisão tomada tem que ser o mais transparente possível de forma a ninguém sair prejudicado. Atualmente o Parlamento Europeu tem muito mais poderes e os parlamentos nacionais trabalham em conjunto com instituições europeias para um melhor e maior desenvolvimento.
Os Órgãos da União Europeia de acordo com o artº 13 do TUE são: Parlamento Europeu, Conselho Europeu, Conselho, Comissão Europeia, Tribunal de Justiça da União Europeia, Banco Central Europeu e o Tribunal de Contas.
A União Europeia, tem um sistema de repartição de poderes quadripartido, ou seja, poder legislativo, poder executivo, poder de fiscalização e o poder judicial. O exercício do Poder político, está assente numa tripla legitimidade que é um traço marcante da estruturação institucional. Podemos verificar uma legitimidade de integração, legitimidade estadual e legitimidade democrática.
Parlamento Europeu - (artigo 14.° e 15º do TUE e 223º a 234º do TFUE)
O Parlamento Europeu nasceu com o nome de Assembleia Comum e era a fusão da Assembleia Comum da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) com a Assembleia da CEE e a Assembleia da Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA), originando uma única assembleia. Em 1962 obteve a designação de Parlamento Europeu que se manteve até aos dias de hoje. A primeira eleição do Parlamento Europeu por sufrágio direto e universal ocorreu em 1979, atualmente é o órgão legislativo da UE e é eleito de 5 em 5 anos e tem com função a de representar os povos dos Estados ou os cidadãos da União. É composto por uma proporcionalidade degressiva, ou seja, nenhum país poderá ter menos que seis deputados nem mais de 96, totalizando 704 deputados que são agrupados por cor política.
O Parlamento Europeu delibera por maioria absoluta e tem como poderes: 
- Poderes Legislativa – A participação pode ser através do poder de iniciativa legislativa indireta, quando o parlamento solicita à comissão que submeta para apreciação questões que requerem elaboração de atos da união. Através do processo legislativo ordinário que acontece quando o Conselho e o parlamento após apresentação de proposta da comissão decidem igual, do processo legislativo especial, quando o parlamento está em inferioridade em relação ao conselho, do processo de consulta simples em que a comissão apresenta uma proposta através da qual é aberto um processo legislativo e processo de aprovação é quando o concelho pratica o ato legislativo, mas para ser válido tem que ser aprovado pelo Parlamento.
 - Poder em matéria orçamental – Poderá exercer também a competência de fiscalização da execução orçamental. Propor alterações às despesas obrigatórias e não obrigatórias, 
- Poder de supervisão - Pratica o poder de supervisão exercendo o controlo democrático de todas as instituições da UE, exerce o controlo democrático de todas as instituições da EU e debate a política monetária com o Banco Central Europeu
Através do Direito de petição, qualquer nacional de um país da UE ou residente na UE pode apresentar uma petição sobre qualquer assunto do âmbito das competências da UE.
Ao longo dos anos foi o órgão que mais poderes teve reforçados através de tratados ou acordos e através do princípio da democracia representativa, a UE incentiva os cidadãos europeus a ter uma voz ativa sobre as políticas da UE que afetam as suas vidas.
Conselho Europeu (artigo 15. ° do TUE e 235º TFUE )
Foi criado inicialmente como uma câmara federal das comunidades e nunca esteve previsto nos Tratados institutivos das Comunidades, sendo só no Ato Único Europeu que passaria a ficar estabelecido que reuniam duas vezes por ano. Após a assinatura do Tratado de Lisboa o Conselho Europeu adquiriu uma grande importância e uma orgânica nova, instituindo o cargo de presidente do Conselho Europeu.
Sendo o órgão que representa os interesses nacionais dos Estados membros, o Conselho Europeu é a principal instituição política da União Europeia e é composta pelos chefes de Estado e de Governo, presidentes e/ou primeiros‑ministros de todos os países membros da União. Reúne‑se, quatro vezes por ano em Bruxelas, tem um presidente permanente que é eleito por um mandato de dois anos e meio e pode ser reeleito uma vez., a quem cabe coordenar os trabalhos do Conselho Europeu e assegurar a sua continuidade. 
Não tendo funções executivas, assume-se como o principal órgão de decisão da União e estabelece os objetivos da União Europeia, definindo as formas de os alcançar. Estabelece as diretrizes políticas gerais para a atuação da União Europeia. Outras das funções é decidir sobre as orientações gerais e as prioridades políticas, mas sem nunca aprovar a legislação, definir a política externa e de segurança comum da UE, tendo em conta os interesses estratégicos e as implicações em termos de defesa, designar enomear os candidatos a determinados altos cargos nas instituições da UE, como a presidência do BCE e da Comissão, entre outros.
Conselho (artº 16º do TUE e 236º a 243º do TFUE)
Foi pensado em 1965 no Tratado de Fusão e representaria os interesses nacionais dos estados membros, sendo chamado como câmara federal das comunidades. Em 1993 a sua denominação foi alterada para Conselho da União Europeia e com o Tratado de Lisboa ficou a designar-se só conselho. Em conjunto com o Parlamento Europeu é o principal órgão de decisão da União.
No Conselho, é onde os ministros dos governos de cada país da UE se reúnem para debater, alterar e aprovar legislação, bem como para coordenar políticas, assumindo compromissos em nome dos respetivos governos em relação às medidas aprovadas. É composta por 1º formações diferentes em função da área política agendada, por exemplo, quando o Conselho se reúne para debater assuntos ambientais será o Ministro do Ambiente de cada país que vai, no caso de Portugal será o Ministro do Ambiente e da Transição Energética a estar presente. Os ministros da UE reúnem-se em sessão pública para debater ou votar projetos de atos legislativos.
Tem como funções, negociar e adotar legislação europeia, juntamente com o Parlamento Europeu, coordenar políticas dos países da EU, definir a política externa e de segurança, celebrar acordos entre a UE e outros países ou organizações internacionais e aprovar o orçamento da UE em conjunto com o Parlamento Europeu
Segundo o Tratado de Lisboa, o Conselho delibera por maioria simples, por maioria qualificada ou por unanimidade, consoante a matéria em questão.
Comissão Europeia (artº 17 nº 1 – TUE)
A Comissão surgiu com a CECA, e mais tarde os Tratados CEE e CEEA criaram uma comissão. Com o Tratado de Fusão as três comunidades foram extintas, originando a Comissão das Comunidades Europeias. Com a assinatura do Tratado de Maastricht e depois do Tratado de Lisboa passou a designar-se por Comissão Europeia.
Sendo o órgão executivo da UE é politicamente independente, tem como responsabilidade a elaboração de propostas de atos legislativos e a execução de decisões do Parlamento e do Conselho da UE. Ao apresentar nova legislação para ser adotada pelo parlamento e conselho, a Comissão estás a proteger os interesses da UE e dos seus cidadãos, faz uma gestão das políticas europeias e distribui os fundos da UE, define as prioridades de despesas, controlando-as elaborando orçamentos anuais, zela pelo cumprimento do Direito Europeu, representa a UE nos negócios de acordos internacionais e a nível internacional.
A Comissão é composta por 27 comissários, um de cada país da UE e tem um líder que é o Presidente da Comissão que é quem decide as pastas que cada comissário vais tratar. O número de membros da Comissão pode ser alterado pelo Conselho. Só nacionais dos Estados Membros podem ser membros da comissão. Os comissários são beneficiários de um estatuto com as seguintes características: dever de independência e de isenção, inamovibilidade, exclusividade de funções e privilégios e imunidades. Todos os comissários estão em igualdade na tomada de decisões, e não podem tomar decisões sozinhos, as decisões terão uma responsabilidade coletiva. Tem como principais princípios a transparência, a responsabilidade ambiental e a igualdade.
Cabe à Comissão Europeia promover o interesse geral da União, já que é a “protetora” dos Tratados e tem a obrigação de zelar pela boa aplicação do Direito da União, fazendo cumprir e aplicar a todos que estejam obrigatoriamente sujeitos a esse cumprimento. 
Tribunal de Justiça da UE ( artº 19 do TUE) 
Se no início o objetivo era criar uma União unida e coesa com os mesmos valores e princípios, gerida pelas mesmas regras e normas, fazia todo o sentido criar um órgão judicial da União em que controlasse as normas comunitárias, pois se fossem os tribunais nacionais a fazer esse controlo, a mesma norma seria aplicada diferentemente em cada Estado.
Em 1952 quando foi criada a CECA foi criado um tribunal que em 1957 se tornaria no órgão judicial e assim iniciar uma aplicação uniforme do Direito da União em todos os Estados Membros. Em todos os Tratados o Tribunal foi ganhando cada vez mais enfase e foi crescendo, ganhando grandes dimensões. Com a assinatura do Tratado de Lisboa que foi criado um “grande tribunal” e a jurisprudência passou a ter três instâncias, sendo eles o Tribunal de Justiça (mais alta instância judicial na jurisdição europeia), o Tribunal Geral e o Tribunal Especializado. Atualmente o Tribunal de Justiça da União Europeia é composto só por duas jurisdições, o Tribunal de Justiça, que trata dos pedidos de decisões a título prejudicial provenientes das jurisdições nacionais, e o Tribunal Geral, que trata dos recursos de anulação interpostos por particulares, empresas.
Aos processos que dão entrada no Tribunal de Justiça é atribuído um juiz e um advogado e os processos são tratados em duas fases, sendo que a primeira é a fase escrita onde é reunida toda a toda a informação, e a fase oral ou a audição pública, onde os advogados apresentam as suas alegações ao juiz.
O TJUE faz uma interpretação do direito europeu e garante que o mesmo é aplicado de forma igual em todos os estados membros, também se pronuncia sobre processos que são submetidos para apreciação, sendo que os mais comuns são a interpretação e aplicação da legislação, anulação de atos legislativos europeus, aplicar sanções às instituições europeias
Qualquer cidadão da União Europeia ou empresa que considere que foi prejudicado pode recorrer para o TJUE, de duas formas: indireta através dos tribunais nacionais, os quais podem decidir remeter o caso para o TJUE, ou de forma direta para o Tribunal Geral, se uma decisão de uma instituição europeia o afetou.
Todos os tribunais incluídos no sistema jurídico da União Europeia e os tribunais nacionais dos estados membros têm como obrigação terem uma articulação coesa, uniforme na aplicação do Direito da União. 
Banco Central Europeu
O Banco Central Europeu foi criado com o objetivo de manter a estabilidade dos preços e apoiar o crescimento económico. É responsável pela gestão do Euro e pela política económica e monetária, faz a gestão das reservas de divisas na zona euro, bem como a compra e venda para gerar equilíbrio das taxas de câmbio, autoriza a emissão de notas de euro pelos países da zona euro e garante a supervisão das instituições financeiras 
É composto por um presidente que representa o banco e está dividido em 3 instâncias de decisão que são o Conselho do BCE, a Comissão Executiva e o conselho Geral.
Tribunal de Contas (artigo 13.° do TUE).
Foi criado em 1975, mas só iniciou trabalhos em 1977 quando adquiriu o estatuto de instituição da União. É composto por 27 membros e o presidente é escolhido entre os membros por um período de 3 anos.
Sendo um órgão de controlo externo da UE, tem como objetivo defender os interesses dos contribuintes europeus, contribuindo para uma melhoria da gestão do Orçamento da UE, através de auditorias as receitas e despesas, controlar pessoas e organizações que gerem fundos, comunicar suspeitas de fraude, entre outras.
Para conseguir fazer um trabalho eficaz e neutro o Tribunal de Contas tem de ser ima instituição independente dos organismos que controlo, só assim se consegue a tão esperada isenção.
Bibliografia: 
CARTA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPEIA. 2012/C 326/02. Acedido em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex:12012P/TXT
Constituição da República Portuguesa. 2005. VII REVISÃO CONSTITUCIONAL: Lei Constitucional n.º 1/2005. Acedido em https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-aprovacao-constituicao/1976-34520775
Jornal Oficial da União Europeia. Tratado da União Europeia (versão consolidada), acedida em: https://eur-lex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:9e8d52e1-2c70-11e6-b497-01aa75ed71a1.0019.01/DOC_2&format=PDF
Jornal Oficial da União Europeia. Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (versão consolidada), acedida em: https://eurlex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:9e8d52e1-2c70-11e6-b497-01aa75ed71a1.0019.01/DOC_3&format=PDFQuadros. Fausto de (2013). Direito da União Europeia: Direito Constitucional e Administrativo da União Europeia. (3ª. ed). Coimbra: Almedina. ISBN 978-972-40-5071-3
Tratado de Lisboa – Versão Consolidada. (2008). Ministério dos Negócios Estrangeiros – Direcção-Geral dos Assuntos Europeus. ISBN 978-972-556-467-7

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