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Responsabilidade objetiva de influenciadores digitais

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Influenciadores digitais e a responsabilidade em matéria consumerista
MEDEIROS, R. R. dos S.1
Introdução
A ascensão das mídias sociais no cotidiano das famílias em todo o mundo
tem modificado a forma como as relações em sociedade se desenvolvem, surgindo,
a cada dia, uma nova forma de interação e integração com as novas tecnologias,
resultando na criação de novas profissões, contextos e mercado. Na análise a que
se dedicará a presente atividade tem-se o enfoque sobre o surgimento do mercado
de influência e dos influenciadores virtuais, que atraem multidões para a compra de
um produto, ditando verdadeiras decisões de consumo. Todavia, com o surgimento
destes indivíduos, o ordenamento jurídico em face dos conflitos evidenciados na
prática e as ocorrências havidas no âmbito internacional, a legislação brasileira teve
que encontrar formas de impor entraves para a realização da ocupação. Sendo a
discussão sobre estes institutos o objeto deste trabalho.
Da profissão de influenciador
Não é raro ao conversar com a população em geral perceber que, sempre,
há, pelo menos, um conhecido ou amigo que exerce a atividade de influenciador
digital, grosseiramente conhecido como “blogueira”, em referência à febre dos anos
2010 com a facilitação na criação de sites e blogs para exportar a sua opinião, estes
sujeitos praticam a sua atividade laboral por meio das redes sociais, sejam elas o
Instagram, o Facebook, o Whatsapp, todos parte do grupo Meta, o Twitter ou as
plataformas de transmissão, tal como o Youtube, integrante do grupo Google, ou a
Twitch, pertencente ao grupo Amazon, realizando um verdadeiro trabalho de
entretenimento ou até de consultoria para os seus telespectadores.
1 Ruan Roger dos Santos Medeiros, registrado sob número de matrícula 21012989, discente na
disciplina optativa, Direito do Consumidor, no semestre 2023.1 na Faculdade de Direito da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, para obtenção de nota referente à segunda e
terceira unidades.
Acontece que, assim como os blogs, os influenciadores são reconhecidos por
exporem a sua opinião sobre os mais variados assuntos, seja a tendência do
momento, popularmente, conhecidas pelo seu nome em inglês, Trends, ou expondo
a sua vida, além, de alguns casos, exibirem notícias ou entretenimento guiado a um
nicho específico, tal como os vídeos curtos de humor ou os resumos de notícia na
qual se compartilha a reportagem com a maior relevância no momento.
Diante disso, não há como quantificar a forma de pagamento pelo seu
serviço, o que, anteriormente, era exercido como um hobby, acabou se
transformando em uma profissão com salários exorbitantes. Isto se deve ao fato de
que o pagamento para o influência sobre os demais se dá na forma de inserção de
propaganda e parcerias com marcas que querem realizar a divulgação de um
produto ou serviço e encontram nestes indivíduos uma maneira mais simples de
atingir um público específico a ser pretendido pela empresa, por exemplo,
comumente, negócios referentes à indústria da beleza procuram por influenciadores
que possuem como conteúdo, tutorias de maquiagem, dicas de estilo de vida, entre
outros, tal identificação, para as marcas, se consagra como o grande trunfo do
mercado da influência, pois, com o direcionamento destes produtos para um grupo
de pessoas que tem maior aderência ao assunto ultrapassa a conversão de compra
que é obtida por meio da publicação na televisão que abrange a totalidade do
público.
Sendo assim, como se ilustra, o influenciador possui um amplo campo de
trabalho, no qual, até pouco tempo atrás, não havia uma regulamentação própria
para a ocorrência, havendo muita incerteza sobre a responsabilidade sobre os atos
lesivos a terceiros. Nesta ocorrência, cabe a análise a um exemplo mundialmente
conhecido que deu um pontapé inicial na responsabilização de influenciadores sobre
os produtos divulgados.
Fyre Festival: o maior golpe da história da internet contemporânea.
O Fyre Festival era um evento de música promovido por dois amigos que
tinham o sonho de fazer um festival de música em uma ilha que, segundo eles, iria
marcar a história da sociedade, o que se deu após essa programação, virou
motivação para uma série de regulamentos impostos pelas próprias empresas
responsáveis pela redes sociais para impedir a nova realização desse evento.
Em suma, o festival de música foi um dos primeiros fenômenos a utilizar a
força dos influenciadores para impulsionar as vendas de ingressos por meio de
pagamento de valores às personalidades para a divulgação do produto. Nos
encartes e publicações feitas nos sites e redes sociais, o evento era vendido como
um incrível festival de música que iria acontecer numa ilha paradisíaca localizada
nas Bahamas, com fotos de modelos mundialmente conhecidas, vídeos montados
em estúdio para vender um clima de elegância e requinte à festa, com a exposição
de dormitórios luxuosos, passeios alucinantes e a presença vip de grandes
celebridades dos Estados Unidos, tal como a influenciadora Kim Kardashian e sua
família, mundialmente conhecida, além de modelos da marca de luxo Victoria’s
Secrets, tal como a brasileira Adriana Lima. Ante tudo que foi prometido por meio
das publicidades e dos relatos comprados dos influenciadores referente ao assunto,
a procura pelo evento se deu de forma absurda, esgotando todos os ingressos em
questão de dias.
Entretanto, no momento da realização do evento, o que se encontrou foi um
ambiente apocalíptico, com a completa desorganização do evento, não havendo os
dormitórios prometidos, as atrações publicizadas ou até mesmo comida e água na
ilha para suprir a quantidade de pessoas presente no local, levando uma legião de
consumidores à condições de vida lastimáveis em face da falta de estrutura do local
para comportar a todos, não havendo voos suficientes na ilha para levar todos de
volta para casa, alguns indivíduos chegaram a passar dias em um país estrangeiro,
sem acesso às condições mínimas de sobrevivência.
Diante disto e dos processos na corte americana com pedido de dano moral,
danos materiais e a restituição dos valores gastos, além da responsabilização das
grandes empresas de mídia, as marcas que gerenciam as redes sociais adotaram
uma série de dispositivos para mitigar o poder da influência sobre o mercado, dentre
estes, está o aviso obrigatório do aviso de publicidade em qualquer propagação de
opinião com conteúdo fomentado por outrem, o que se ilustrou, inicialmente, por
meio do termo #ad, no âmbito internacional, e do #publi, para as relações ocorridas
dentro do Brasil. Ademais, com a consolidação do mercado da influência, estas
redes, começaram a sinalizar, por meio do próprio aplicativo, os conteúdos
promovidos, assinalando, inclusive, o responsável pelo pagamento da publicidade.
A Responsabilidade Civil dos Influenciadores Digitais: Um perspectiva jurídica
prática
Na realidade brasileira, a legislação cabível ao tema é a presente no Código
Defesa do Consumidor, além da representação do Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária, o CONAR, que estabelece diretrizes que devem
ser seguida com o fito a evitar a execução de atos lesivos à população, seja por
meio de propaganda enganosa, ou atos ilícitos de convencimento desmedido. Nos
termos do CDC, o influenciador em parte se equipara à empresa a que tem um
vínculo contratual, havendo a responsabilidade de utilizar todos os meio possíveis
para fornecer as informações mais claras e precisa para o telespectador. Cabe
ressaltar que essa responsabilidade é estendida, também, para aquelas
publicidades que são ocultadas em mensagens implícitas, tal como o uso de um
produto com o fim de promovê-lo sem a correta sinalização de que se trata de uma
publicidade.
Nesta seara, vale destacar que a forma mais comum de publicidade por
influenciadores é aquela que não possui qualquer tipo de sinalização, os famosos
recebidos. Hodiernamente, diversos influenciadores postam em suas redes sociaisprodutos que, de acordo com eles, seriam presentes enviados por marcas como
forma de agradar aquele indivíduo, entretanto, o que se mostra na realidade é um
completo mercado de influência, sem a correta observância às normas legais, visto
que, para a divulgação deste momento de presente, há blogueiros, no Brasil, que
chegam a cobrar milhões de reais, como é o caso do jogador de futebol, Neymar,
que chegar a faturar 4 milhões de reais por postagem em seu Instagram, sendo
esses valores negociados por meio dos media kit. Tratando-se da realidade
mossoroense, influenciadores com quantidade de seguidores superior a 50 mil
pessoas, quantitativo relativamente baixo, chegam a cobrar por um momento de
“recebidos”, essa publicidade disfarçada de presente, valores superiores a 1000 (um
mil) reais por publicação.
Atinente à responsabilidade civil dos influenciadores, é preciso evidenciar que
os indivíduos propagadores do produtos, seja por título oneroso ou gratuito, atuam
no fornecimento do produtos, visto que a sua influência foi fator decisivo para a
compra do produtos.
Em face disso, deve-se estender os danos causados por produtos ou
serviços que os influenciadores promovem. Caso um seguidor sofra algum tipo de
dano em decorrência do uso de um produto recomendado por um influenciador,
além das penalidades e sanções aplicáveis ao caso. Sobre a temática,
recentemente, diversos influenciadores foram apontados como responsáveis
subsidiários no escândalo das casas de aposta virtual, notadamente, a Blaze, pois, a
divulgação feita para este serviço, sediado no exterior por conta de sua proibição de
instalação em solo pátrio, levava os telespectadores do conteúdo a acreditarem que
as apostas teriam alto índice de acertos e rendimentos, havendo, até, a indicação de
que as apostas funcionariam como um esquema de renda extra, devido à sua taxa
de sucesso, obviamente, essas alegações não condizem com a verdade, o que
levou uma grande parcela dos apostadores a terem prejuízos materiais em face da
propagando irregular deste produto em rede social.
Conclusão
Por fim, a atuação dos influenciadores digitais está presente, a cada dia mais,
no cotidiano das pessoas, moldando suas escolhas e influenciando comportamentos
de consumo. Contudo, essa influência de modo desmedido leva à ocorrências, como
demonstrada neste trabalho, de dano real ao consumidor. Em face disso,
gradativamente, o ordenamento brasileiro e o internacional vem adotando novas
formas de evidenciar e barrar os avanços nocivos deste instrumento na vida das
pessoas, sem as devidas observâncias à lei.
Assim, cabe aos influenciadores digitais revisar os métodos de influência e
publicidade em seu trabalho, visto que a falsa percepção da realidade e das
consequências de sua influência pode causar danos aos seus espectadores. Dito
isto, espera-se que estes adotem práticas éticas e transparentes, evitando a
propagação de informações enganosas e/ou práticas comerciais desleais, além da
maior atenção às empresas a qual prestam o serviço de publicidade, visto que a
responsabilização subsidiária é possível. Ao fazer isso, eles podem contribuir para
um ecossistema online mais confiável e benéfico para todas as partes envolvidas.

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