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Rua Professor Alfredo Gomes, 36 - Botafogo - Rio de Janeiro/RJ - CEP 22251-080 Tel: (21) 3528-1050 Portal: https://www.sbahq.org E-Mail: sba@sba.com.br Departamento de Anestesiologia da Associação Médica Brasileira TTÍÍTTUULLOO SSUUPPEERRIIOORR EEMM AANNEESSTTEESSIIOOLLOOGGIIAA PPRROOVVAA EESSCCRRIITTAA –– 22001177 CCAADDEERRNNOO DDEE QQUUEESSTTÕÕEESS PPRROOVVAA ((AA)) MMAARRFFIIMM COMISSÃO EXAMINADORA Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira Claudia Marquez Simões Paulo Alipio Germano Filho Paulo César de Abreu Sales Rodrigo Leal Alves Rodrigo Lima e Souza PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 2 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto QUESTÕES DE ESCOLHA MÚLTIPLA INSTRUÇÕES: Cada questão tem QUATRO opções (A, B, C ou D). Marque, no cartão de respostas, a alternativa correta. 1) Você é chamado para atendimento emergencial na sala de recuperação pós-anestésica e constata o traçado eletrocardiográfico abaixo. O ritmo que pode estar oculto neste traçado é: A) fibrilação ventricular. B) atividade elétrica sem pulso. C) taquicardia ventricular sem pulso. D) bloqueio átrio ventricular Mobitz 2. RESPOSTA: A Justificativa: A assistolia consiste na ausência completa e sustentada de atividade elétrica e muitas vezes é um evento terminal. Na maioria dos pacientes, a assistolia é irreversível, mas um breve teste de ressuscitação, começando com oxigenoterapia e epinefrina IV após compressões torácicas efetivas é indicado particularmente no cenário de parada cardíaca testemunhada. A fibrilação ventricular (FV) oculta é uma possibilidade que deve ser levada em conta durante diagnóstico diferencial da assistolia. Para a definição do diagnóstico, deve-se aumentar o ganho, checar os cabos do ECG e mudar a derivação. Bibliografia: McGlinch BP, White RD. Cardiopulmonary Resuscitation Basic and Advanced Life Support, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 3182-3217. 2) Mulher de 40 anos, 70 kg e 1,60 m, gestante de 34 semanas e usuária de cocaína, dá entrada na maternidade com quadro de desconforto torácico e dispneia. O exame fetal mostrou sofrimento agudo e o obstetra indicou cesárea de urgência. Logo após a indução, a paciente evoluiu com taquicardia ventricular sem pulso. Manobras de reanimação iniciais foram inefetivas sendo realizada cirurgia emergencial para retirada da criança. O aumento da possibilidade de reanimação da paciente com essa conduta está relacionado à (ao): A) aumento do retorno venoso ao coração da gestante. B) diminuição da demanda adicional de oxigênio imposta pelo concepto. C) diminuição do volume de distribuição das medicações de reanimação. D) aumento da pós-carga imposta pela interrupção do fluxo uteroplacentário de baixa resistência. RESPOSTA: A Justificativa: O traçado eletrocardiográfico revela uma taquicardia ventricular polimórfica (ritmo de parada cardíaca). Cocaína aumenta em 20 vezes o risco de IAM na 1ª hora após o uso e pode ser responsável por cerca de 25% dos infartos do miocárdio em pacientes com idade entre 18 e 45 anos. Na paciente obstétrica está ligada a trabalho de parto prematuro, quadros hemorrágicos (descolamento prematuro de placenta) e sofrimento fetal agudo. A cocaína provoca vasocontrição coronariana direta, aumento da agregação plaquetária e descarga de catecolaminas endógenas, gerando isquemia miocárdica, hipertensão e edema pulmonar. Após a indução anestésica ocorre redução da resistência vascular sistêmica, hipotensão e consequente piora da perfusão coronariana na paciente sob efeito da cocaína, gerando mais isquemia miocárdica e o aparecimento de arritmias malignas como a taquicardia ventricular sem pulso. Bibliografia: Gaiser R. Evaluation of the Pregnant Patient, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology, 2nd Ed., USA, by McGrawl –Hill, 2012;289-301. Pagel P, May J. Evaluation of the Patient with Alcohol or Drug Addiction, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology, 2nd Ed., USA, by McGrawl –Hill, 2012;315-331. 3) Mulher de 23 anos, 68 kg e 1,62 m, sem doenças associadas será submetida à tratamento cirúrgico de escoliose com programação de fixação de dez níveis (T4 a L2). No intraoperatório, a paciente apresenta sangramento significativo com queda de hemoglobina (5,5 g.dL -1 ) associada a piora hemodinâmica. A paciente é transfundida com 02 unidades de concentrado de hemácias e melhora do quadro com recuperação da estabilidade hemodinâmica e elevação da hemoglobina para 7,5 g.dL -1 . Você opta pela transfusão de mais uma unidade de concentrado de hemácias e, poucos minutos após seu início, a Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 3 paciente cursa com hipotensão, taquicardia e sangramento de área cruenta além de apresentar urina escura na bolsa coletora. Qual é o diagnóstico mais provável diante desta situação? A) Intoxicação por citrato. B) Reação imune extravascular. C) Reação transfusional hemolítica. D) Reação do enxerto versus hospedeiro. RESPOSTA: C Justificativa: A reação transfusional hemolítica resulta da incompatibilidade do sistema ABO. Anticorpos do receptor englobam e posteriormente hemolizam as hemácias do doador. A destruição ocorre primariamente do sistema retículo endotelial. No intraoperatório, os sinais mais evidentes são hipotensão, hemoglobinúria e discrasia sanguínea. Bibliografia: Miller RD. Patient blood management: Transfusion Therapy, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8 a Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1830-1867. Páginas 1851 e 1852 4) Homem de 58 anos, 65 kg e 1,78 m, é submetido à amputação transtibial de membro inferior esquerdo por obstrução arterial aguda. São realizados os bloqueios do ciático na fossa poplítea e do femoral na região inguinal. No entanto, mesmo após 30 minutos, o paciente ainda tem sensibilidade preservada na face medial da perna. Houve falha de bloqueio de qual nervo? A) Tibial. B) Safeno. C) Fibular. D) Obturador. RESPOSTA: B Justificativa: O nervo femoral supre a musculatura e a pele da face anterior da coxa. Ele desce através do músculo psoas maior e no ligamento inguinal, atrás do triângulo femoral e se divide em ramos anterior e posterior. O ramo anterior origina o nervo cutâneo medial e o ramo posterior origina o nervo safeno. O nervo safeno segue a artéria femoral, lateralmente ao canal dos adutores e depois cruza anteriormente para o lado medial da artéria. Distalmente ao canal dos adutores, o nervo safeno deixa a artéria para a face medial do joelho e, a partir daí, passa a inervar a face medial da perna até o tornozelo. Bibliograia: Tsui BCH, Rosenquist RW. Peripheral Nerve Blockade, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 937-995. Página 953. 5) Homem de 65 anos, 110 kg e 1,70 m, foi submetido à artrodese de coluna lombar com 7 horas de duração e perda sanguínea significativa. No pós-operatório imediato, relatou perda visual em olho direito. A provável causa desse fenômeno se deve a: A) lesão de córnea à direita. B) isquemia cerebral em território occipital. C) neuropatia óptica isquêmica em olho direito. D) oclusão da artéria ou veia central da retina à direita. RESPOSTA: C Justificativa: O diagnóstico diferencial de perda visual em cirurgias de coluna inclui: neuropatia óptica isquêmica, oclusão da artéria central da retina e isquemia cerebral. A maioria dos casos está ligada com cirurgias com instrumentação complexa, hipotensão prolongada, anemia devido a perdas sanguíneas significativase tempo cirúrgico prolongado. A neuropatia óptica isquêmica é o achado mais comum de perda visual após as cirurgias espinhais. Os fatores de risco para o aparecimento do quadro são: sexo masculino, obesidade, duração da anestesia (acima de 6h), perda sanguínea aumentada (acima de 1000 ml) e uso de cristaloides para reposição de fluidos. A oclusão da artéria ou veia central da retina está ligada ao trauma direto (compressão) ocular em sua maioria, ao contrário da neuropatia óptica isquêmica que parece não estar ligada à lesão ocular direta. Bibliografia: Horlocker TT, Wedel DJ. Anesthesia for Orthopedic Surgery, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1440-1458. Página 1146. Urban MK. Anesthesia for Orthopedic Surgery, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2386-2406. Página 2404 6) Mulher de 56 anos, 70 kg e 1,65 m, diabética, foi submetida à histerectomia vaginal sob anestesia subaracnoide com lidocaína a 2% e morfina para analgesia pós-operatória. No pós-operatório imediato, apresentou lombalgia e disestesias com irradiação para região posterior dos membros inferiores, de intensidade moderada, sem perda de reflexos músculo-tendinosos e sem disfunção vesical ou intestinal. Qual orientação pertinente deve ser dada à paciente diante desse quadro? PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 4 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto A) Manter tratamento analgésico adjuvante. B) Realizar eletroneuromiografia para diagnóstico. C) Realizar exames de imagem da coluna lombar para diagnóstico. D) Iniciar fisioterapia e aguardar remissão dos sintomas em até 6 meses. RESPOSTA: A Justificativa: O quadro clínico descrito refere-se aos Sintomas Neurológicos Transitórios (SNT) que podem ocorrer com o uso de lidocaína, mesmo em baixas concentrações, associada à posição de litotomia. Os sintomas se iniciam nas primeiras 24h após a regressão da anestesia subaracnoide e podem ter duração de 6h a 4 dias. Acredita-se atualmente que a lidocaína por determinar maior grau de relaxamento muscular que outros anestésicos, propicie maior estiramento musculoesquelético quando o paciente permanece em litotomia no intraoperatório. No caso de SNT, não foram encontradas alterações na eletroneuromiografia, em estudos de condução nervosa ou potenciais evocados somatossensoriais, nem mesmo em áreas suscetíveis aos efeitos tóxicos dos anestésicos locais, como as raízes nervosas posteriores. Bibliografia: Cassorla L, Lee JW. Patient Positioning and Associated Risks, em: Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1240-1265. 7) Um pesquisador procura métodos para reduzir o tempo entre a administração intravenosa de rocurônio e a redução de 95% da força de contração do músculo adutor do polegar (estímulo simples de 1 Hz). Dentre as medicações abaixo, qual tem o maior potencial de alcançar esse objetivo? A) Efedrina. B) Fenilefrina. C) Fentolamina. D) Nitroglicerina. RESPOSTA: A Justificativa: Modelos compartimentais tem como presunção que um bolus intravenoso de determinada medicação se mistura instantaneamente com o volume central como se a circulação fosse infinitamente rápida. O que obviamente não é real. Um fármaco injetado em uma veia do braço aparecerá na concentração arterial entre 30 a 40 segundos após sua injeção. Este retardo representa o tempo necessário para um fármaco passar do volume venoso do braço, para o coração, para os grandes vasos e para os tecidos periféricos. A distribuição inicial, no entanto, depende da magnitude do fluxo sanguíneo do sistema no qual o fármaco foi injetado, representado pelo débito cardíaco. Medicações que aumentem esse fluxo tornam portanto mais rápida a distribuição de fármacos ao seu sítio efetor. Bibliografia: Kim TK, Obara S, Johnson KB. Basic Principles of Pharmacology, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;590-613. Página 592, 593. 8) A figura abaixo representa a visão ultrassonográfica do espaço paravertebral. Qual das letras indica o local correto de administração do anestésico local? A) A B) B C) C D) D Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 5 RESPOSTA: D Justifica: O espaço paravertebral é limitado anteriormente pela pleural parietal, letra C, pelo processo transverso, corpo ou disco vertebral medialmente, letra A e pelo ligamento costo trasverso superior posterioremente, letra B. As estruturas neurais dentro do espaço paravertebral, letra D, incluem o nervo intercostal, comunicações e ramos dorsais e a cadeia simpática. O nervo intercostal é fragmentado dentro desse espaço e é facilmente bloqueado por anestésicos locais. Bibliografia: Horlocker TT, Kopp SL, Wedel DJ. Peripheral Nerve Blocks, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1721- 1751. Página 1732. 9) Você é o coordenador do serviço de anestesiologia de um hospital que se destina ao atendimento de pacientes cirúrgicos em regime ambulatorial. Com o intuito de otimizar o tempo de permanência dos pacientes, você decide implantar o sistema de recuperação fast-track. No que consiste esse sistema? A) Término da recuperação do estágio III na SRPA 2. B) Realização do estágio IV da recuperação no domicílio do paciente. C) Passagem direta para fase II de recuperação sem passagem pela fase I. D) Eliminação da necessidade de ingerir líquidos e apresentar diurese como critérios de alta. RESPOSTA: C Justificativa: As fases de recuperação são classificadas de 1 a 4. O estágio 1 ocorre ainda na sala de operação, alguns minutos após o final da cirurgia. É caracterizado pelo despertar do paciente, devendo o mesmo responder a comandos verbais, ser capaz de manter as vias aéreas pérvias e ter funções hemodinâmica e respiratória estáveis. O estágio 2 (recuperação precoce ou imediata) se inicia quando o paciente está acordado e alerta, podendo se comunicar com a enfermagem da SRPA1. Ao final da recuperação do estágio 2, o paciente está apto para ter alta da SRPA1, podendo ser encaminhado para a ala ambulatorial, onde ficará mais confortável, podendo o acompanhante participar da recuperação (SRPA 2). A recuperação do estágio 3 se dá na SRPA 2 e termina quando o paciente está apto a se levantar e andar sem ajuda. O estágio 4 demanda mais tempo e se completará em casa. Na SRPA 1, processa-se então a recuperação do estágio 2. Esta sala pode ser a SRPA do centro cirúrgico ou da unidade ambulatorial, quando a mesma for do tipo independente. Nesta sala ficam os pacientes que necessitam ainda de vigilância constante por parte da enfermagem e dos médicos. Algumas técnicas anestésicas e procedimentos permitem a recuperação do estágio 2 na sala de cirurgia; assim, o paciente poderá passar direto para a recuperação 2. Esta conduta de agilização recebe hoje o nome de via rápida ou caminho rápido ou simplesmente atalho, expressão proveniente do termo em inglês fast track. Bibliografia: Cangiani LM. Anestesia Ambulatorial, em: Cangiani LM, Slullitel A, Potério GMB, et al. Tratado de Anestesiologia. 7 ª Ed, Editora Atheneu, 2011; 1795-1824. Páginas 1814, 1815 e 1820. 10) Mulher de 35 anos, 58 kg e 1,67 m, vítima de incêndio doméstico é trazida ao pronto socorro após ter permanecido por cerca de 2 horas no local do acidente. Apresenta queimadura em face e pescoço, além de cefaleia, tontura e confusão mental. Será encaminhada ao centro cirúrgico para debridamento e curativo. Embora a paciente apresente estabilidade hemodinâmica e débito urinário adequado durante o procedimento, dosagens laboratoriais seriadasrevelam elevação do lactato com acidose metabólica persistente. Qual é a explicação fisiopatológica para o quadro apresentado? A) Desacoplamento da fosforilação oxidativa. B) Inibição da enzima piruvato desidrogenase. C) Aumento da produção de lactato secundário à lise celular. D) Redução da atividade das enzimas pH-dependentes da via glicolítica. RESPOSTA: A Justificativa: Intoxicação por monóxido de carbono (CO) está quase sempre associada à inalação de fumaça. O CO leva à hipóxia tecidual, primeiramente porque ele tem afinidade pela hemoglobina 200 vezes maior que o oxigênio. Além de desviar a curva de dissociação da hemoglobina para a esquerda. Tal fato prejudica a função mitocondrial, desacopla a fosforilação oxidativa e reduz a produção de ATP, levando à acidose metabólica. Bibliografia: Capan LM, Miller SM, Gingrich KJ. Trauma and Burns, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1490-1534. Página 1515. 11) As diferenças observadas nas recomendações do Suporte Avançado de Vida em Cardiologia nos pacientes adultos e do Suporte Avançado de Vida em Pediatria para a reanimação das bradicardias ventriculares com pulso podem ser atribuídas à: A) principal causa do evento na criança. B) predominância do sistema parassimpático na criança. C) menor proporção de massa contrátil no ventrículo infantil. D) baixa densidade de receptores β2-adrenérgicos no nodo AV infantil. RESPOSTA: A PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 6 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto Justificativa: Diferentemente de adultos, a parada cardiorrespiratória (PCR) na criança se dá predominantemente por eventos secundários e raramente como um evento primário. Essa observação é crítica para o manuseio da PCR na criança porque intervenções baseadas no ACLS são essencialmente direcionadas para a restauração da função cardíaca e podem atrasar o tratamento de eventos secundários (Miller pg. 3208). A insuficiência respiratória com hipoxemia e hipercapnia pode levar à hipotensão com progressão para PCR secundária e representa a principal causa de bradiarritmias na população infantil. Em crianças, a redução da frequência cardíaca, seja de origem supra ou idioventricular, deve ser inicialmente considerada como um indicativo de hipóxia grave e as condutas iniciais devem ser direcionadas para a restauração da ventilação e oxigenação (Miller pg 3209). Somente após a exclusão da hipóxia como causa, terapias voltadas para o aumento da FC devem ser empregadas. O tratamento inicial com atropina nessa situação representará, na maioria das situações, uma tentativa fútil de aumentar a FC numa criança hipoxêmica e hipercárbica. Bibliografia: McGlinch BP, White RD. Cardiopulmonary Resuscitation: Basic and Advanced Life Support, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 3182-3216. 12) Mulher de 62 anos, 58 kg e 1,62 m, hipertensa e diabética será submetida à cineangiocoronariografia para avaliação de dor torácica. Exames laboratoriais evidenciaram ureia de 220 mg.dL -1 , creatinina de 5,2 mg.dL - 1 , potássio sérico de 6,5 mEq.L -1 e hemoglobina de 7,2 g.dL -1 . Eletrocardiograma está abaixo. Ao ser transferida para o leito de exame da radioscopia, a paciente evolui com letargia, sudorese e hipotensão arterial a despeito do uso de vasopressores e administração de alíquotas de volume. Diante desse quadro, a conduta a ser tomada deve ser: A) drenagem pericárdica. B) administração de cálcio. C) administração de bicarbonato de sódio. D) proceder imediatamente à angioplastia. RESPOSTA: A Justificativa: O quadro clínico, laboratorial e eletrocardiográfico sugere um caso de pericardite com efusão pleural. Portadores de insuficiência renal crônica podem apresentar pericardite, que se manifesta por atrito pericárdico isolado ou dor, com ou sem hemorragia. Tamponamento cardíaco deve ser excluído se há forte suspeita para isso no pré- operatório e tratado, caso confirmado, antes de se iniciar o procedimento proposto. Bibliografia: Fleisher LA, Mythen M. Anesthetic Implication of Concurrent Diseases, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1156-1225. Página 1203. 13) Mulher de 78 anos, 69 kg e 1,70 m, será submetida à colocação de prótese total de joelho. Não possui doenças associadas conhecidas, mas refere perda não intencional de 5 kg no último ano, cansaço excessivo para realização de atividades diárias pelo menos três vezes por semana e tem diminuição da força de preensão das mãos. Eletrocardiograma, exames laboratoriais e de imagem estão normais. Para confirmação do diagnóstico de síndrome de fragilidade, qual exame adicional pode ser solicitado? A) Dosagem de albumina sérica. B) Teste de velocidade de caminhada. C) Mini exame do estado mental (MEEM). D) Tomografia computadorizada de crânio. RESPOSTA: B Justificativa: A síndrome de fragilidade refere-se a uma perda multifuncional da reserva fisiológica que torna o paciente idoso mais vulnerável durante e após períodos de estresse. É uma síndrome clínica caracterizada por perda de peso, fadiga e fraqueza. Inflamação crônica e desregulação endócrina parecem ser a chave por trás dessa síndrome. Os Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 7 componentes da síndrome da fragilidade incluem mobilidade, fraqueza muscular, baixa tolerância ao exercício, desequilíbrio e fatores relacionados à composição corporal como perda de peso, perda muscular e desnutrição. A síndrome da fragilidade é um marcador de pior prognóstico e um preditor de incapacidade, hospitalização e morte. Vários estudos mostram que pacientes identificados com esta síndrome possuem risco independente para maiores taxas de morbidade, mortalidade, aumento do tempo de internação e institucionalização. Os critérios usados para definir a síndrome da fragilidade incluem: perda não intencional de peso, perda da força de preensão, aumento do tempo de deambulação, redução da prática de atividade física, além de critérios de exaustão física. Quando os pacientes apresentam respostas positivas para três ou mais desses critérios são diagnosticados com síndrome da fragilidade. Bibliografia: Sieber F, Pauldine R. Geriatric Anesthesia, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2407-2421. Página 2416. 14) Mulher 46 anos, 66 kg e 1,63 m, foi submetida à hipofisectomia transesfenoidal. No primeiro dia de pós- operatório, a paciente apresenta débito urinário de 450 mL.h -1 acompanhado dos exames laboratoriais abaixo. Qual é o tratamento para este quadro? Sódio plasmático 155 mEq.L -1 Glicose 96 mg.dL -1 Osmolaridade plasmática 310 mOsm.L -1 Osmolaridade urinária 120 mOsm.L -1 A) Manitol. B) Desmopressina. C) Metilprednisolona. D) Restrição de fluidos. RESPOSTA: B Justificativa: A ocorrência de diabetes insipidus é uma complicação relacionada com o metabolismo e a liberação do hormônio antidiurético (HAD) que raramente ocorre no período transoperatório, mas pode se manifestar durante as primeiras 12 horas de pós-operatório. A apresentação clínica é caracterizada pela presença de poliúria com elevação da osmolaridade plasmática. A verificação da elevação da osmolaridade plasmática e baixa da osmolaridade urinária sugere fortemente o diagnóstico. O tratamento dessa entidade deve ser iniciado imediatamente com a reposição de fluidos: manutenção horária de fluidos mais dois terços da perda urinária na última hora. Via de regra, a solução glicofisiológica é utilizada para reposição, no entanto, a monitorizaçãoda glicemia deve ser instituída em regime intensivo. Se a reposição horária de fluidos exceder 350-400 mL, o acetato de desmopressina (DDAVP) pode ser utilizado. (Bagatini pág. 975 e Miller pág. 2189). Bibliografia: Volquind D. Anestesia para Neurocirurgia, em: Bagatini A, Cangiani LM, Carneiro AF, Nunes RR. Bases do Ensino da Anestesiologia. 1 a Ed, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2016;963-985. 15) A imobilidade diafragmática decorrente de bloqueio neuromuscular pode ser confirmada pela seguinte modalidade de monitorização da junção neuromuscular: A) dupla salva. B) estímulo simples. C) contagem pós-tetânica. D) sequência de quatro estímulos. RESPOSTA: C Justificativa: O relaxamento cirúrgico adequado é usualmente obtido com duas ou três respostas observadas no músculo adutor do polegar, mas este nível pode ser insuficiente em vários casos. Movimentos diafragmáticos e tônus abdominal podem retornar mais precocemente que a resposta ao adutor do polegar. A administração de mais agentes bloqueadores neuromusculares (BNM) visando o grau de bloqueio profundo irá abolir estes movimentos, mas não são o único meio de resolver esse problema. A administração de opioides, o aumento da concentração de agentes inalatórios, e/ou a hiperventilação para reduzir o CO2 podem ser indicados. Para monitorizar o relaxamento muscular profundo, a contagem pós tetânica pode ser usada no músculo adutor do polegar. A alternativa é o estímulo do nervo facial com observação da resposta do supercílio, o qual se recupera do mesmo modo que músculos resistentes como o diafragma. (Barash pág. 548) Bibliografia: Donati, F. Neuromuscular Blocking Agents, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013;523-560 16) Menino de 1 mês, 3,5 kg, será submetido à fundoplicatura gástrica. A razão que justifica o emprego da lâmina reta para laringoscopia direta neste paciente é o(a): A) laringe cônica. B) tamanho da cabeça. PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 8 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto C) pregas vocais oblíquas. D) menor comprimento proporcional do ramo da mandíbula. RESPOSTA: D Justificativa: Nas crianças, tanto a mucosa como a submucosa da laringe são estruturas ricamente vascularizadas com tecido linfático abundante, o que torna a fossa laríngea, a epiglote e a glote mais suscetíveis a edema e sangramentos durante a manipulação das vias aéreas. Nos neonatos, a epiglote é estreita, mais longa, menos tônica, apresenta a forma de ômega (Ω) e localiza-se mais angulada ao eixo da traqueia. Todas essas características dificultam a elevação da epiglote durante a laringoscopia direta (LD) quando se utilizam lâminas curvas. A utilização de lâminas retas facilita a elevação da epiglote e a visualização da abertura glótica. É somente por volta dos 4 ou 5 anos que a epiglote torna-se firme o suficiente para permitir uma adequada visualização das cordas vocais com a utilização de lâminas curvas. A mandíbula é relativamente hipoplásica e a língua é grande em relação à cavidade oral e ao espaço mandibular anterior, local onde ela se acomoda durante a LD, favorecendo a obstrução da via aérea e dificultando a visualização das estruturas glóticas em neonatos e lactentes. Essas características também justificam a utilização de lâminas retas para LD nessa faixa etária, permitindo adequada acomodação da língua no espaço submandibular. Além disso, a tonicidade do músculo genioglosso é menor e sua inserção mais posterior, o que também contribui para a obstrução passiva da via aérea superior, principalmente quando a criança se encontra em decúbito dorsal. (Bagatini pág. 1045) Bibliografia: Lima LC, Cumino DO. Anestesia para Pediatria, em: Bagatini A, Cangiani LM, Carneiro AF, Nunes RR. Bases do Ensino da Anestesiologia. 1 a Ed, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2016;1040-1090. 17) Qual das condições clínicas abaixo indica postergar procedimentos cirúrgicos eletivos não cardíacos? A) Insuficiência renal. B) Baixa capacidade funcional. C) Hipertensão arterial não controlada. D) Bloqueio atrioventricular de alto grau. RESPOSTA D Justificativa: Os preditores maiores de risco cardiovascular são: infarto agudo do miocárdio (IAM) recente, angina instável ou grave (angina estável em pacientes que normalmente não são sedentários), bloqueio atrioventricular de alto grau, arritmias ventriculares sintomáticas, arritmias supraventriculares sem controle da frequência ventricular e doenças valvares graves. Os preditores de risco cardiovascular intermediários são: angina leve, IAM diagnosticado por história prévia ou ondas Q patológicas no eletrocardiograma, insuficiência cardíaca prévia ou compensada, história de doença cerebrovascular, diabetes melito e insuficiência renal. Os preditores menores de risco cardiovascular são: idade avançada, anormalidades eletroencefalográficas (com exceção das ondas Q), ritmos não sinusais, baixa capacidade funcional e hipertensão arterial não controlada. Bibliografia: Hata TM, Hata SJ. Preoperative Patient Assessment and Management, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 583-611. Página 589 (tabela 22-5). 18) Na vigência de hipertermia maligna, o pior sítio para a monitorização da temperatura corporal é: A) retal. B) esofágica. C) nasofaríngea. D) artéria pulmonar. RESPOSTA: A Justificativa: A monitorização da temperatura cutânea não confirma os sinais clínicos de hipertermia maligna (taquicardia e hipercarbia) de forma confiável em suínos, e não foram avaliados para este propósito em seres humanos. A temperatura retal também se correlaciona bem com a temperatura central, mas não consegue aumentar adequadamente durante crises de hipertermia maligna e em outras situações documentadas. Consequentemente, as temperaturas da superfície retal e da pele devem ser usadas com cautela. Bibliografia: Sessler DI. Temperature Regulation and Monitoring, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1622-1646. (pág. 1643) 19) Homem de 60 anos, 83 kg e 1,75 m, foi submetido à prostatectomia robótica. É diabético tipo 2 controlado com metformina (suspensa 24 horas antes) tendo feito uso de solução com carboidratos 2 horas antes da anestesia. O procedimento foi realizado em posição de litotomia e cefalodeclive, com os dois braços ao longo do corpo fixados com uma faixa única ao redor do tórax, sem levar à compressão ou restrição da ventilação. A cirurgia levou 240 minutos e o paciente recebeu 80 μg de sufentanil, propofol em infusão alvo controlada e rocurônio (total de 120 mg revertido com 180 mg de sugamadex). Foram administrados 2500 mL de solução de Ringer com lactato. Ao término da cirurgia, apresentava drive ventilatório adequado, sem Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 9 sinais de bloqueio neuromuscular residual, mas com despertar prolongado. Qual é a causa mais provável do evento? A) Hipercarbia B) Hipoglicemia C) Inchaço cerebral D) Altas doses de opioides RESPOSTA: C Justificativa: Foi descrita a utilização de 1 g.kg -1 de sufentanil como opioide intraoperatório, acompanhado do uso de medicações sem perfil de acúmulo. O bloqueio neuromuscular foi revertido com antagonista específico. Portanto, apesar do estimulo álgico da cirurgia robótica ser menor que na cirurgia convencional, não foi utilizada dose excessiva ou que se caracterize como suficiente para um despertar prolongado. O paciente não apresentou jejum prolongado, tendo feito uso de solução com carboidratos 2 horas antes do início do procedimento, conforme preconizadopelo protocolo ERAS, tornando pouco provável a hipoglicemia como causa do despertar prolongado. A posição de Trendelenburg acentuado pode dificultar a drenagem venosa do sistema nervoso central, levando à congestão local, com aumento da pressão intracraniana. Como não há quebra de barreira para justificar a formação de edema cerebral, pode-se caracterizar o inchaço cerebral. Bibliografia: Gottumukkala V. Positioning of patients for operation, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2 a ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2015; 362-370. Bibliografia: Cereda M, Kennedy S. Anesthetic considerations for genitourinary and renal surgery, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2 a ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1133-1147. 20) Mulher de 33 anos, 58 kg e 1,60 m, portadora de miastenia gravis em uso de piridostigmina será submetida à colecistectomia laparoscópica. Paciente refere diplopia e apresenta queda palpebral. Não fez uso de piridostigmina no dia da cirurgia. A indução anestésica foi feita com 20 mg de rocurônio e a operação durou 30 minutos. Ao final do procedimento, apresentava relação T4/T1 de 20%. Foi administrado 200 mg de sugamadex e a sequência de quatro estímulos (SQE) não mudou. Após nova administração de mais 200 mg de sugamadex, não houve resposta significativa. O anestesiologista então administra 1 mg de atropina e 2 mg de neostigmina com melhora da SQE para 92%. Este fato pode ser explicado por: A) reversão incompleta do rocurônio pelo sugamadex. B) efeito sinérgico entre o sugamadex e a neostigmina. C) cinética de competição entre a acetilcolina e o anticorpo na junção neuromuscular. D) modificação do receptor nicotínico muscular juncional para o padrão extrajuncional. RESPOSTA: C Justificativa: Miastenia gravis é uma doença muscular causada pelo bloqueio parcial ou destruição dos receptores nicotínicos musculares de acetilcolina por autoanticorpos. A gravidade da doença se correlaciona com capacidade dos anticorpos de diminuir o número de receptores disponíveis na junção neuromuscular. O tratamento da miastenia normalmente envolve medicações anticolinesterásicas com intuito de aumentar a disponibilidade de acetilcolina na JNM. Como a inibição pelos anticorpos apresenta cinética de competição com a acetilcolina, o aumento da disponibilidade deste neurotransmissor, favorece a ativação pós-juncional. O sugamadex, embora antagonize diretamente o rocurônio, não apresenta interação com o anticorpo. Bibliografia: Zhou J, Bose D, Allen PD, Pessah IN. Malignant Hyperthermia and Muscle-related Disorders, em Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1288-1314. 21) Menina com 48 horas de vida e 2,8 kg será submetida à correção cirúrgica de atresia de esôfago com fístula distal. Durante a etapa da toracotomia com deslocamento do pulmão, a criança cursa com diminuição do volume corrente no modo pressão controlado associada a queda da saturação arterial e dos valores da capnografia, além de distensão abdominal. O que deve ser feito imediatamente? A) Iniciar manobras de recrutamento alveolar. B) Reposicionamento da cânula traqueal após a fístula. C) Mudança da ventilação para modo controlado a volume. D) Solicitar ao cirurgião que realize descompressão gástrica. RESPOSTA: B Justificativa: Houve deslocamento da cânula para antes da fístula traqueoesofágica ou entubação da fístula. O tudo orotraqueal pode inadvertidamente entrar na fístula quando a criança é manipulada ou durante o procedimento cirúrgico, a intubação da fístula pode ser aventada se houve piora da ventilação, assim como queda na saturação de oxigênio e queda do gás carbônico expirado. Como estes achados também surgem em outras situações, a intubação da fístula deve ser sempre cogitada como um diagnóstico diferencial. Bibliografia: Hall SC, Suresh S. Neonatal Anesthesia, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1178-1215. Página 1206. PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 10 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 22) Homem de 72 anos, 58 kg e 1,70 m, portador de enfisema pulmonar foi submetido a implante de prótese total de quadril sob anestesia geral balanceada. No pós-operatório imediato, após extubação, passa a cursar com desconforto respiratório, sudorese, hipoxemia (SpO2 de 87%) e sibilos, mesmo após administração de β2-agonista e anticolinérgico inalatórios. Radiografia de tórax evidencia hiperinsuflação pulmonar. A aplicação de pressão positiva contínua na via aérea (CPAP) provavelmente implicará: A) aumento do retorno venoso. B) aumento do PEEP intrínseco. C) redução do trabalho respiratório. D) deslocamento do ponto de igual pressão para as pequenas vias aéreas. RESPOSTA: C Justificativa: O colapso dinâmico das pequenas vias aéreas nos pacientes portadores de DPOC podem limitar gravemente o fluxo expiratório na ventilação espontânea. Atuando como uma carga inspiratória adicional, a formação de PEEP intrínseco nessa situação aumenta o trabalho muscular necessário para gerar uma pressão pleural negativa o suficiente para se opor à pressão alveolar supra-atmosférica decorrente do aprisionamento do gás alveolar (Miller pg. 3077). A formação de pressões negativas pleurais mais negativas que as habituais aumentam ainda mais o retorno venoso e a sobrecarga ao leito vascular pulmonar com aumento da pressão nessa circulação e desvio do septo interventricular para a esquerda com consequente prejuízo de enchimento do ventrículo esquerdo. A aplicação de CPAP, em valores abaixo do PEEP intrínseco, reduz o trabalho respiratório ao aumentar a pressão na entrada das vias aéreas sem aumentar a pressão alveolar por conta da obstrução dinâmica das pequenas vias aéreas (Miller pg. 3078). Com isso há um aumento consequente da pressão transpulmonar necessária para gerar o fluxo inspiratório. A CPAP também desloca o ponto de igual pressão (ponto de oclusão) para regiões mais proximais da árvore brônquica que apresentam maior suporte cartilaginoso e menos propensão ao colapso por aumento da pressão transbrônquica na fase expiratória (Miller pg. 450). Bibliografia: Kavanagh BP, Hedenstierna G. Respiratory Physiology and Pathophysiology, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 444-472. Grasso S, Mascia L, Ranieri VM. Respiratory Care, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;3063-3083. 23) Homem de 83 anos, 75 kg e 1,75 m, foi submetido à cirurgia de facoemulsificação com implante de lente ocular e trabeculectomia sob bloqueio retrobulbar por via inferolateral com 6 mL de bupivacaína a 0,5%. Após 24 horas do procedimento, paciente apresenta baixa de acuidade visual e pressão intraocular de 34 mmHg. Qual é o provável diagnóstico? A) Hematoma retrobulbar. B) Perfuração do globo ocular. C) Bloqueio anestésico residual. D) Agudização de glaucoma de ângulo fechado. RESPOSTA: A Justificativa: O diagnóstico mais provável é o hematoma retrobulbar, já que a dor seria o principal sintoma da agudização do glaucoma de ângulo fechado e a perfuração do globo ocular diminuiria a pressão intraocular (PIO). São sintomas do hematoma diminuição da acuidade visual com aumento da PIO. O tratamento preconizado é a drenagem de emergência (cirurgia descompressiva). Bibliografia: Mcgoldrick KE, Gayer SI. Anesthesia for ophthalmologic surgery em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013;1373-1399. 24) Mulher de 40 anos, 60 kg e 1,50 m, portadora de câncer de mama esquerda com dor torácica devido a infiltração do gradil costal, foi submetidaà mastectomia radical com esvaziamento axilar. Fazia uso prévio de duloxetina, pregabalina e oxicodona. No pós-operatório tardio (POT), evoluiu com dor persistente no sítio cirúrgico tipo “queimação e pontadas”, apesar da manutenção dos medicamentos habituais associados a anti-inflamatórios. O mecanismo fisiopatológico da dor nessa situação inclui: A) dessensibilização neural periférica inflamatória e sensibilização central. B) lesão nervosa local gerando impulsos elétricos espontâneos e sensibilização central. C) infiltração neural neoplásica com aumento do limiar de despolarização elétrica espontânea. D) controle da dor pós-operatória inadequado propiciando a dessensibilização central da dor crônica. RESPOSTA: B Justificativa: Dor crônica pós-cirúrgica (DCPC) pode ocorrer em 10% a 65% dos pacientes cirúrgicos no pós- operatório. A DCPC é relativamente comum após procedimentos como amputação (30-83%), toracotomias (22-67%), esternotomias (27%), cirurgia de mama (11-57%) e de bexiga (até 56%). Embora a gravidade da dor pós-operatória possa ser um importante preditor de desenvolvimento de DCPC, essa relação causal ainda não está bem estabelecida. Outros fatores como área de hiperalgesia pós-operatória e intensidade da dor pré-operatória podem ser importantes preditores de aparecimento de DCPC. A sensibilização de nociceptores periféricos é marcada por diminuição do gatilho Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 11 de ativação das descargas neurais com aumento da frequência de descargas espontâneas. A lesão nervosa ou estímulos nóxicos intensos advindos da periferia pode também resultar em sensibilização central (mudanças pós- lesionais persistentes no SNC que resultam em hiperssensibilidade dolorosa) e hiperexcitabilidade (exagerada e prolongada resposta dos neurônios após um impulso aferente normal pós-lesão tissular). Esses impulsos nóxicos levam a alterações funcionais que aumentam a percepção da intensidade da dor em relação a dor pós-operatória real. Nesse caso, a paciente apresentou lesão nervosa intraoperatória que levou à dor tipo neuropática no pós-operatório tardio. Bibliografia: Hurley RW, Murphy JD, WU CL. Acute Postoperative Pain; em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8 a Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2974-2998. 25) Mulher de 29 anos, 66 kg e 1,62 m, sem comorbidades, é submetida à sinusostomia para fechamento de fistula liquórica nasal esquerda sob anestesia venosa total com remifentanil e propofol. Trinta e cinco minutos após a indução da anestesia, o cirurgião reclama de sangramento aumentado prejudicando a visualização das estruturas. A pressão arterial neste momento é de 110x70 mmHg com FC de 99 bpm. Qual é a melhor conduta para adequação do campo cirúrgico nessa situação? A) Iniciar vasodilatador. B) Usar beta-bloqueador. C) Iniciar hiperventilação. D) Associar halogenado à anestesia. RESPOSTA: B Justificativa: Os objetivos nas cirurgias nasais endoscópicas são um campo cirúrgico sem sangue, imobilidade do paciente, condições cardiorrespiratórias estáveis e despertar tranquilo da anestesia geral. A hipotensão controlada às vezes é usada para melhorar as condições cirúrgicas; quando essa abordagem é usada, o bloqueio β-adrenérgico intraoperatório está associado a melhores resultados que a vasodilatação isolada. Elevar a cabeceira em 15 graus é útil na redução da pressão venosa com melhora do campo operatório. Devemos evitar a hipercarbia mantento normocapnia. Anestesia intravenosa total com propofol-remifentanil pode fornecer melhores condições cirúrgicas em comparação com a técnica balanceada convencional (isoflurano-opioide) possivelmente devido a menores frequências cardíacas. Bibliografia: Doyle JD. Anesthesia for Ear, Nose, and Throat Surgery em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8 a Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2523-2549. Pag 2537 26) Homem de 54 anos, 160 kg e 1,78 m, foi submetido à gastroplastia videolaparoscópica. Realizada indução venosa da anestesia com propofol em bolus e a seguir, manutenção com sevoflurano. Não houve intercorrências durante todo o procedimento. No entanto, na sala de recuperação da anestesia, o paciente refere que se lembra de ter ouvido a conversa dos profissionais presentes na sala cirúrgica, aparentemente no início do procedimento, mas que não conseguia responder. Diz que após certo tempo, não se lembra mais de algo. Como você explica a ocorrência desse fato nesse paciente? A) Redução do t1/2Ke0 no paciente obeso B) Redução da sensibilidade dos receptores GABA A C) Aumento da depuração extra-hepática do propofol D) Redistribuição rápida do propofol para o tecido gorduroso RESPOSTA D Justificativa: Pacientes obesos têm maior risco de consciência intraoperatória e a maior parte das vezes isso ocorre na indução. Após o bolus dos agentes de indução, ocorre rápida redistribuição para o tecido gorduroso e o paciente tem rápido despertar. As doses de indução calculadas pela massa magra corroboram para este fato. A meia-vida de eliminação é o tempo em que certa quantidade de um fármaco cai em 50%. Embora este parâmetro pareça ser um resumo simplista da fisiologia da eliminação do fármaco, ele na verdade é um parâmetro complexo, influenciado pela distribuição e pela eliminação do fármaco: t½β = Volume de distribuição/depuração plasmática. Bibliografia: Gupta DK, Henthorn TK. Basic Principles of Clinical Pharmacology, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 156-188. Bucklin BA, Fernandez-Bustamante A. Anesthesia and Obesity, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1274-1293. Página 1282 . 27) Homem de 75 anos, 65 kg e 1,80 m, com histórico de tabagismo pesado, regular de fluticasona e salmeterol inalatórios é submetido à colectomia direita por videolaparoscopia para exérese de adenocarcinoma. Tomografia de tórax pré-operatória evidencia as alterações abaixo. No intraoperatório, o paciente cursa com pneumotórax hipertensivo à direita e é submetido à drenagem torácica fechada. Após a instalação do dreno, há uma perda significativa no volume corrente exalado associada a um fluxo constante de grandes bolhas no selo d’água do dreno torácico e hipercapnia. Qual é a conduta imediata nessa situação? PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 12 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto A) Abrir o circuito do dreno torácico. B) Utilizar um bloqueador brônquico à direita. C) Instalar um segundo dreno torácico à direita. D) Recuar o tubo traqueal sob visão direta via fibroscopia flexível. RESPOSTA: B Justificativa: O caso clínico representa um paciente portador de DPOC com bolhas subpleurais que sofreram ruptura na ventilação por pressão positiva com consequente pneumotórax hipertensivo seguido de fístula broncopleural. Grandes vazamentos de ar nessa situação que dificultam ou impossibilitam a ventilação devem ser tratados com isolamento do pulmão afetado, tubo de duplo lúmen ou bloqueador brônquico, até resolução do quadro. (Miller pg 1990) Bibliografia: Slinger PD, Campos JH. Anesthesia for Thoracic Surgery, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1942-2006. 28) Mulher de 32 anos, 60 kg e 1,60 m, previamente hígida, é submetida à videolaparoscopia diagnóstica por abdome agudo por gestação ectópica rota. Para o manuseio de fluidos no perioperatório, qual destas soluções apresentará menor redução na diferença de íons fortes aparentes (SIDA)? A) Hidroxietilamido B) Fisiológica a 0,9% C) Ringer comlactato D) Hipertônica a 3,5% RESPOSTA: C Justificativa: No fluido extracelular normal, o SID é de 44 mEq e esta carga positiva é balanceada principalmente por ácidos fracos. Qualquer fator que aumente o SID, aumenta a concentração relativa de cátions para ânions e alcaliniza a solução, e vice-versa. Na medicina perioperatória, solução salina normal (NaCl 0,9%), assim como soluções coloidais, hidroxietilamida e gelatina fluida modificada, contém 154 mEq.L -1 de sódio e cloro. O efeito da administração da sobrecarga de cloro nestas soluções no fluido extracelular reduz a concentração do sódio em relação ao cloro (redução do SID) com consequente acidose hiperclorêmica. Bibliografia: Edwards MR, Grocott MPW. Perioperative Fluid and Electrolyte Therapy. em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1767-1810. 29) Diante do estresse cirúrgico, o idoso responde com a seguinte alteração: A) maior susceptibilidade à hipotensão na presença de hipovolemia. B) menor dependência da contração atrial para o enchimento ventricular. C) aumento da frequência cardíaca como principal meio de elevação do débito cardíaco. D) maior resposta pressórica às catecolaminas devido ao enrijecimento da parede arterial. RESPOSTA: A Justificativa: O coração do idoso não é capaz de aumentar o débito cardíaco (DC) pelo aumento da frequência cardíaca como no adulto jovem. No idoso, quando há aumento da demanda cardíaca, o DC eleva-se em decorrência do Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 13 maior enchimento ventricular (pré-carga) e aumento do volume sistólico consequente. Por causa dessa dependência da pré-carga, mesmo hipovolemias pouco significativas comprometerão a função cardíaca, podendo levar a episódios de hipotensão durante o estresse cirúrgico com eventual perda sanguínea. O enchimento ventricular diastólico inicial está prejudicado devido à perda de complacência ventricular, levando a maior dependência da contração atrial na manutenção da pré-carga. Há diminuição na resposta de receptores beta adrenérgicos e consequente redução da resposta cronotrópica a estímulos estressantes no idoso. Bibliografia: Castiglia YM, Braz LG, Silva LM. Anestesia em Geriatria, em: Bagatini A, Cangiani LM, Carneiro AF, Nunes RR. Bases do Ensino da Anestesiologia. 1 a ed, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2016;1027-1038. 30) Homem de 28 anos, 70 kg e 1,70 m, vítima de politrauma por acidente automobilístico, foi submetido à laparotomia exploradora e fixação de fratura de pelve. Durante a cirurgia, foram administradas 8 unidades de concentrado de hemácias, 8 unidades de plasma fresco congelado, 8 unidades de crioprecipitado e 8 unidades de concentrado de plaquetas (randômicas) além de 2000 mL de cristaloide balanceada. Gasometria controle após a transfusão evidenciou pH de 7,18; PaO2 de 250 mmHg; PaCO2 de 40 mmHg; HCO3 - de 14,4 mmol.L -1 ; BE de -12,3 e hematócrito de 30%. Com a administração de 100 mL bicarbonato de sódio, o paciente passou a cursar com hipotensão refratária a volume seguida de fibrilação ventricular. O eletrocardiograma após manobras de ressuscitação se mostrou como abaixo e o paciente manteve-se hipotenso a despeito de dose crescente de noradrenalina. Qual medida deverá ser empregada nessa situação para estabilização do quadro descrito? A) Aquecimento ativo. B) Reposição de cálcio. C) Administração de dobutamina. D) Administração de solução polarizante. RESPOSTA: B Justificativa: O eletrocardiograma evidencia prolongamento do intervalo QT em um paciente submetido à transfusão maciça sem reposição de cálcio. Altas doses de citrato presente nas bolsas dos hemocomponentes atuam como um quelante deste eletrólito reduzindo sua fração ionizada no plasma. A administração subsequente de bicarbonato com elevação do pH contribuiu ainda mais para a redução do cálcio ionizado com a consequente manifestação clínica e eletrocardiográfica. Nessa situação, a reposição de cálcio por via venosa está indicada para estabilização do quadro ao melhorar o inotropismo e reduzir a chance de arritmias associadas. Bibliografia: Spellman J, Shanewise JS. Intravenous Fluids and Electrolytes, em: Flood P, Rathmell JP, Shafer S. Stoelting´s Pharmacology & Physiology in Anesthetic Practice. 5 ª Ed, Philadelphia, Wolters Kluwer, 2015;432-448. Edwards MR, Grocott MPW. Perioperative Fluid and Electrolyte Therapy, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1767-1810. 31) Mulher de 60 anos, 70 kg e 1,60 m, portadora de artrite reumatoide, foi vítima de trauma cervical com subluxação atlantoaxial com redução de força muscular em membros e discreta diminuição da sensibilidade dolorosa abaixo do nível da lesão. Após a indução da anestesia geral balanceada e intubação para descompressão medular de urgência, a paciente foi posicionada em decúbito ventral com flexão do pescoço. Neste momento, o neurofisiologista relata modificação do padrão de respostas dos potenciais evocados somatossensorial (PESS) e motor (PEM). Quais são essas prováveis alterações? A) Aumento da latência e amplitude do PEM e do PESS. B) Desaparecimento do PEM e aumento da latência do PESS. C) Não modificação do PEM e aumento da amplitude do PESS. D) Exacerbação do PEM e não modificação da latência do PESS. RESPOSTA: B PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 14 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto Justificativa: Embora o uso da monitorização dos potenciais evocados (PESS ou PEM) nunca tenham sido validados por ensaios clínicos randomizados, agora é considerado prática padrão, com o potencial primário de uma identificação de uma deterioração da função da medula espinhal durante o procedimento cirúrgico. Os fatores contribuintes incluem a posição incorreta do paciente (por exemplo, do pescoço, do ombro), hipotensão, hipotermia e lesão da cirurgia (retração / lesão direta). Identificação e correção de fatores reversíveis podem ajudar a preservar a função da medula espinhal. Os anestésicos inalatórios em doses acima de 1 CAM interferem com o PESS e o PEM causando aumento da latência e diminuição da amplitude do sinal. Os anestésicos venosos em sua maioria não interferem com a amplitude e latência do sinal. Bibiliografia:. Dagal A., Lam AM. Anesthesia For Neurosurgery, em:. Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 996-1029. Página 1003 e 1023. 32) Mulher de 65 anos, 60 kg e 1,60 m, será submetida à laparotomia exploradora para drenagem de abcessos. Apresenta sepse de origem abdominal, com PA de 110x60 mmHg, FC de 94 bpm e SpO2 de 94%. A monitorização minimamente invasiva do débito cardíaco evidencia índice cardíaco de 2,5 L.min -1 .m -2 com variação do volume sistólico de 18%. O lactato arterial está em ascensão com último valor de 4,2 mmol.L -1 . Foi instituída conduta terapêutica que resultou em aumento do consumo de O2 e redução da saturação venosa central de O2. A terapia capaz de causar este efeito é a administração de: A) coloides. B) inotrópicos. C) cristaloides. D) vasopressores. RESPOSTA: B Justificativa: A terapia baseada em metas está associada a vários riscos. Estudos retrospectivos sugerem que a infusão de grande volume de fluido necessário para aumentar o índice cardíaco e a oferta de oxigênio para valores supranormais pode resultar em insuficiência cardíaca congestiva e aumento da pressão abdominal levando a hipoperfusão gástrica e insuficiência renal aguda. Os agentes inotrópicos positivos podem aumentar o consumo sistêmico de oxigênio devido ao seu efeito termogênico, diminuindo paradoxalmentea saturação venosa de oxigênio apesar do aumento do débito cardíaco. O aumento do consumo de oxigênio no miocárdio também pode desencadear eventos isquêmicos agudos. No caso em questão, o paciente apresenta-se com sinais de hipovolemia e a adição de uma agente inotrópico potencialmente dilatador pode agravar o quadro hemodinâmico e aumentar o consumo miocárdico de oxigênio. (Longnecker pág. 428) Bibliografia: Bar-Yosef S, Schroeder RA, Mark JB. Hemodynamic Monitoring, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2 a ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;406-428. 33) Mulher de 28 anos, 56 kg e 1,60 m, será submetida à derivação ventricular externa por hemorragia subaracnóidea, Hunt e Hess IV e Fischer 3, sob anestesia geral venosa total com remifentanil, propofol e rocurônio. A pressão arterial média está em 80 mmHg com uso de nitroprussiato de sódio a 1 g.kg -1 .min -1 . Após 30 minutos, o ECG evidenciou o padrão abaixo. Diante desde quadro qual é a sua conduta? Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 15 A) Iniciar amiodarona. B) Administrar bolus de manitol. C) Aumentar a infusão de propofol. D) Observar o aparecimento de arritmias. Resposta: D Justificativa: Anormalidades no ECG são comuns após a hemorragia subaracnóidea aguda, além da clássica onda T em desfiladeiro, mudanças de ondas T inespecíficas, prolongamento Q-T, depressão do segmento ST e ondas U já foram descritos. Normalmente não existe relação entre as alterações do ECG e disfunção do miocárdio. Logo, quando anormalidades no ECG que não típicas de isquemia são observadas nenhuma intervenção específica ou alteração na conduta são necessárias. Apenas se justifica atenção específica para o possível aparecimento de arritmias. Bibliografia: Drummond JC, Patel MP, Lemkuil BP. Cognitive Anesthesia for neurologic surgery, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;2158-2199. 34) Homem de 52 anos, 95 kg e 1,80 m, com pancreatite necro-hemorrágica infectada será submetido à laparotomia exploradora. Exames laboratoriais evidenciam Hb de 8,5 g.dL -1 , plaquetas de 55.000.mm -3 , tempo de protrombina de 25 segundos, tempo de tromboplastina parcial ativada de 60 segundos, fibrinogênio sérico de 80 mg.dL -1 e dímero D sérico de 21.700 µg.L -1 (valor normal < 500 µg.L -1 ). Durante o procedimento, o paciente cursa com sangramento difuso em área cruenta. A administração de um agente antifibrinolítico nesta situação provavelmente implicará: A) exacerbação da isquemia tecidual. B) elevação dos níveis séricos de dímero D. C) redução do risco de falência de múltiplos órgãos e sistemas. D) redução da ativação de fatores da coagulação e do consumo de plaquetas. RESPOSTA: A Justificativa: A coagulação intravascular disseminada (CIVD) representa um desequilíbrio do processo fisiológico de homeostasia da coagulação secundário a diversos processos patológicos associados a estados inflamatórios com estimulação sustentada da formação de trombos na microcirculação. A hipoperfusão resultante, o consumo de fatores de coagulação e plaquetas e a ativação secundária de vias fibrinolíticas levam a quadros clínicos que podem variar de sangramento difuso à isquemia de tecidos culminando com falência de múltiplos órgãos e sistemas (FMOS) nos casos mais graves. O manuseio da CIVD requer o tratamento efetivo da causa primária, além de transfusão seletiva de hemocomponentes e hemoderivados para repor as deficiências de fatores da coagulação e plaquetas nos casos de sangramento significativo. Terapia antifibrinolítica nessa situação geralmente está contraindicada por conta do risco de complicações trombóticas catastróficas com precipitação de FMOS (Miller pg. 1874). PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 16 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto Bibliografia: Slaughter TF. Patient Blood Management: Coagulation, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1868-1880. Klick JC, Avery EG. Anesthetic Considerations for the Patient with Anemia and Coagulation Disorders, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2 a ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;196-216. 35) Qual é o fator de risco independente para ventilação impossível sob máscara facial? A) Idade acima de 55 anos. B) História de radioterapia cervical. C) Circunferência cervical maior que 45 cm. D) Índice de massa corporal acima de 26 kg.m -2 . RESPOSTA: B Justificativa: Constituem preditores de risco independentes para ventilação difícil sob máscara facial a presença de dois ou mais dos seguintes fatores: presença de barba, índice de massa corporal além de 26 kg/m 2 , ausência de dentes, idade acima de 55 anos e história de ronco. É considerado risco de ventilação impossível a presença de dois ou mais preditores independentes em ordem decrescente de importância: alterações cervicais por irradiação, sexo masculino, história de apneia obstrutiva do sono, Mallampati 3 ou 4 e presença de barba. Bibliografia: Germano Filho PA, Martins MP, Cavalcanti IL. Vias Aéreas, em: Bagatini A, Cangiani LM, Carneiro AF, Nunes RR. Bases do Ensino da Anestesiologia. 1 a ed, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2016;97- 115. 36) A figura abaixo representa a curva da pressão invasiva de um paciente com balão intra-aórtico, em frequência de assistência 1:2. Identifique a letra que representa a sístole desassistida pelo balão. A) A B) B C) C D) D RESPOSTA: B Justificativa: O balão intra-aórtico é insuflado na diástole com aumento a pressão diastólica (letra C) e a perfusão coronariana. Ele é desinsuflado na sístole, com redução da pós-carga. O ciclo sistólico assistido corresponde àquele que se segue imediatamente após a desinsuflação do balão – letra D. O ciclo sistólico desassistido em modos de ciclagem 1:2 (letra B) é aquele que precede a insuflação do balão, que se segue ao nó dicrótico (letra A). Bibliografia: Skubas NJ, Lichtman AD, Sharma A, Thomas SJ. Anesthesia for Cardiac Surgery, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1077-1111. Página 1102 - 1103. 37) Homem de 54 anos, 68 kg e 1,75 m, será submetido a transplante hepático ortotópico por cirrose decorrente de doença alcoólica do fígado. Na consulta pré-anestésica, o paciente se queixa de dispneia e intolerância ao exercício físico. Ecocardiograma pré-operatório evidencia função cardíaca preservada com pressão sistólica de artéria pulmonar estimada em 50 mmHg. Cateterismo de câmaras direitas foi solicitado e evidenciou pressão média de artéria pulmonar de 35 mmHg com pressão capilar pulmonar de 10 mmHg. Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 17 Com base no provável diagnóstico de Síndrome de Hipertensão Portopulmonar, qual outro dado da monitorização será necessário para avaliação da viabilidade do transplante? A) Débito cardíaco. B) Pressão de átrio direito. C) Saturação arterial de oxigênio. D) Saturação venosa mista de oxigênio. RESPOSTA: A Justificativa: A Síndrome da Hipertensão Portopulmonar (SHPP) é definida como a presença de hipertensão pulmonar (média acima de 25 mmHg em repouso ou acima de 30 mmHg no exercício) na vigência de hipertensão portal, com ou sem doença hepática. Por conta da ocorrência comum de estados hiperdinâmicos e possíveis sobrecargas de volume na doença hepática avançada, é importante diferenciar a causa de elevação da pressão de artéria pulmonar. A divisão da diferença entre a pressão médiae a pressão capilar da pulmonar pelo débito cardíaco indicará a resistência vascular pulmonar que deverá estar elevada na SHPP (acima de 240 dyn.s.cm -5 ou 3 UI Wood). No caso em questão um débito cardíaco de 5 L/min colocaria a resistência vascular pulmonar em 400 dyn.s.cm -5 enquanto que um débito cardíaco de 10 L/min em 200 dyn.s.cm -5 . Na primeira situação é esperado um pior prognóstico com aumento da mortalidade no pós- transplante e evolução imprevisível da SHPP, inclusive com possibilidade de piora. Isso sugere que pacientes com quadros moderados a graves da síndrome passem por tratamento antes do transplante sendo candidatos ao procedimento aqueles que obtiverem valores abaixo de 35 mmHg de pressão média pulmonar e 400 dyn.s.cm -5 de resistência vascular pulmonar. (Miller pg. 2277) Bibliografia: Steadman RH, Wray CL. Anesthesia for Abdominal Organ Transplantation, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;2262-2291. 38) Homem 28 anos, 88 kg e 1,70 m, será submetido à cistoscopia. Relata fratura da vértebra C6 e transecção medular há 4 anos decorrente de queda de moto. O exame físico constatou ausência de sensibilidade e motricidade abaixo dos ombros. O paciente foi sedado com diazepam e fentanil. Durante o preenchimento vesical com solução salina, a pressão arterial aumentou de 114x65 mmHg para 247x128 mmHg e a FC diminuiu de 89 para 44 bpm. Qual é a melhor conduta para evitar essa intercorrência? A) Bloqueio no neuroeixo. B) Uso de agonista α2-adrenérgico. C) Uso de solução salina a 37 o C na bexiga. D) Instilação de lidocaína gel a 2% intravesical. RESPOSTA: A Justificativa: A hiperreflexia autonômica é uma emergência hipertensiva potencialmente fatal e pode ocorrer em até 85% dos pacientes com lesões da medula espinhal acima da sexta vértebra torácica. A sobredistensão da bexiga é o gatilho mais comum da hiperreflexia autonômica, explicando por que esse evento é particularmente frequente em pacientes com lesão da medula espinhal que sofrem cistoscopia. A estimulação aferente da bexiga, do reto e das extremidades inferiores ascende ao cérebro através do trato espinotalâmico e da medula dorsal. Os interneurônios conectam-se neurônios simpáticos entre T5 e L2, causando vasoconstricção reflexa, contração visceral e piloereção. Normalmente, esses reflexos são inibidos por centros nervosos superiores e por mecanismos de controle originários dos baroreceptores carotídeos e aórticos. No entanto, em pacientes com lesões da medula espinhal elevada, os eferentes inibitórios não podem atingir os neurônios simpáticos torácicos e a resposta à estimulação da parte inferior do corpo não pode ser modulada, resultando em vasoconstrição descontrolada. A hipertensão pode ser grave, embora seja necessário um aumento da pressão arterial de apenas 50 mmHg para diagnosticar hiperreflexia autônomica. As manifestações clínicas de hiperreflexia autônomica são dor de cabeça, opressão torácica e piloereção abaixo do nível da lesão. Acima da lesão ocorre rubor, transpiração, congestão de mucosas e eritema conjuntival, visíveis devido à resposta parassimpática à hipertensão. Pelo mesmo motivo, a bradicardia geralmente é observada. Além do reconhecimento precoce, não existe uma recomendação definitiva que oriente o gerenciamento da hiperreflexia autonômica. Quando possível sentar o paciente pode provocar uma diminuição ortostática da pressão arterial. Devem ser escolhidos medicamentos anti-hipertensivos com início rápido e curta duração de ação. Os bloqueadores dos canais de cálcio, como a nifedipina e a nicardipina, a hidralazina, a nitroglicerina, os alfa e beta-bloqueadores e o nitroprussiato de sódio geralmente conseguem um controle rápido da pressão arterial. A infusão de magnésio também foi relatada efetivamente no controle da hipertensão na hiperreflexia autonômica. Os pacientes que são propensos à hiperreflexia autônoma podem se beneficiar de anestesia neuraxial, que bloqueia a transmissão de impulsos aferentes e previne o desencadeamento da vasoconstrição reflexa descontrolada. (Longnecker pág. 1138) Bibliografia: Cereda M, Kennedy S. Anesthetic Considerations for Genitourinary and Renal Surgery, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2 a ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012; 1133-1147. 39) Os gráficos abaixo representam a eliminação dos agentes inalatórios. À esquerda, os gases com baixa solubilidade e à direita, os gases com alta solubilidade no sangue. Ao analisar os dois gráficos, percebe-se que a queda para cerca de 50% dos valores iniciais da fração alveolar (FA0) dos gases ocorre de maneira semelhante entre os dois grupos. A que fator pode-se atribuir este fenômeno? PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 18 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto Tempo A) Eliminação pelos pulmões. B) Perfusão dos tecidos ricamente vascularizados. C) Variação da absorção do agente pelo circuito ventilatório. D) Redistribuição dos gases após a interrupção da administração. RESPOSTA: B Justificativa: Como os tecidos ricamente vascularizados são altamente perfundidos, como o próprio nome diz, o washout inicial dos anestésicos ocorre predominantemente pela eliminação do gás nestes tecidos. Desse modo, a recuperação precoce ou seja, a eliminação de cerca de 50% dos gases, acontece independente da duração da administração e da solubilidade do gás. Bibliografia: Ebert TJ, Lindenbaum L. Inhaled Anesthetics, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 ª Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 447-477. Página 456. 40) Mulher de 62 anos, 85 kg e 1,55 m, foi submetida à artroplastia total de quadril. No intraoperatório, recebe um concentrado de hemácias procedente de doação de parente de primeiro grau. No segundo dia de pós- operatório, evolui com erupção cutânea generalizada, leucopenia e trombocitopenia. A justificativa fisiopatológica para este quadro é a reação: A) hemolítica tardia. B) alérgica tardia tipo IV. C) por incompatibilidade HLA. D) por incompatibilidade Kell, Duffy e Kidd. RESPOSTA: C Justificativa: A doença do enxerto versus hospedeiro associada à transfusão é causada por linfócitos procedentes de produtos sanguíneos transfundidos, iniciando uma reação imune contra os tecidos receptores. Pacientes gravemente imunocomprometidos estão em risco. Além disso, as doações direcionadas de parentes de primeiro ou segundo grau estão em risco porque os linfócitos transfundidos com haplótipos HLA compartilhados não podem ser reconhecidos e eliminados. Ocorre erupção cutânea generalizada, leucopenia e trombocitopenia. A morte geralmente resulta de sepse. A irradiação do sangue pode prevenir a ocorrência da doença do enxerto versus hospedeiro associada a transfusão. A utilização de filtros de leucócitos não garante a não ocorrência desse evento. (Miller pág. 1858) Bibliografia: Miller RD. Patient Blood Management Transfusion Therapy, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;1830-1867. 41) Menino de 3 anos e 10 kg, portador de tetralogia de Fallot, será submetido à correção cirúrgica completa da má formação cardíaca. Durante a indução inalatória sob máscara facial com oxigênio e sevoflurano a 8%, a criança cursa com queda da pressão arterial (de 90x43 para 49x28 mmHg) e da SpO2 (de 86 para 68%) e aumento da frequência cardíaca (de 105 para 123 bpm). Qual medicação venosa deve ser administrada nesse momento para correção do quadro? Prova Escrita para obtenção do TSA PROVA (A) MARFIM A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto 19 A) Esmolol. B) Milrinona. C) Fenilefrina. D) Fentolamina. RESPOSTA: C Justificativa: Nas lesões cardíacas congênitascom shunts complexos, um componente fixo de obstrução central está presente em um dos lados do coração. Na tetralogia de Fallot, uma grande parte do shunt direita-esquerda é causada pela obstrução da via de saída do ventrículo direito (estenose sub-valvular). Ainda que variações dinâmicas do infundíbulo de VD e da resistência vascular pulmonar possam influenciar a magnitude do shunt, em condições basais o componente obstrutivo é predominantemente determinado pelo grau de estenose sub-valvular. Grandes variações da resistência vascular sistêmica podem afetar a magnitude deste shunt ao modificar o equilíbrio contralateral à obstrução. Indução inalatória com doses elevadas de halogenados podem reduzir a resistência vascular sistêmica e aumentar portanto a magnitude do shunt com redução adicional do fluxo sanguíneo pulmonar, aumento da mistura venosa e consequente hipoxemia (Longnecker 931). Além da redução da dose do inalatório, medidas adicionais para aumentar a resistência vascular sistêmica, como a administração venosa de fenilefrina podem ser necessárias para o re- estabelecimento do equilíbrio dos fluxos pulmonar e sistêmico (Qp/Qs). Bibliografia: Chaney MA, Cheung AT, Troianos CA, Willert JL, Zvara DA, Shernan SK. Cardiac Anesthesia, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2 a ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;898- 927. 42) Mulher de 35 anos, 80 kg e 1,65 m, será submetida à lipoaspiração pela técnica semitumescente com uso de 45 mg.kg -1 de lidocaína com adrenalina 1:100.000. Qual dos fármacos abaixo deve ser suspenso para minimizar uma possível intoxicação sistêmica pela lidocaína? A) Alho. B) Ginseng. C) Valeriana. D) Ginko biloba. RESPOSTA: C Justificativa: A dose máxima recomendada de lidocaína nesta técnica é de 35 a 55 mg.kg -1 . Essa elevada dose demanda avaliação cuidadosa como suspensão de medicamentos que inibem o citocromo 3A4 e/ou 1A2 como a valeriana, erva medicinal e/ou todas as outras drogas que estimulam o sistema citocromo P450. Bibliografia: Berde CB,Strichartz GR, Local Anesthetics: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8 a Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1028-1054. Página 1045 43) Homem de 60 anos, 70 kg e 1,65 m, com exames pré-operatórios sem alterações, foi submetido à ressecção transuretral da próstata por hiperplasia benigna da glândula (peso estimado de 180g). O procedimento foi realizado com eletrodo de ablação monopolar sob irrigação com solução de sorbitol e manitol e durou 90 minutos. No pós-operatório, o paciente apresentou hematúria com necessidade de transfusão de 2 concentrados de hemácias. Ao retornar para revisão da loja prostática, há sangramento difuso na área de ressecção com dificuldade de hemostasia. Exames controle evidenciam tempo de protrombina de 26 segundos (INR de 2,5), tempo de tromboplastina parcial ativada de 60 segundos, fibrinogênio de 90 mg.dL -1 e dímero D de 10.200 µg.L -1 (valor normal < 500 µg.L -1 ). Qual deve ser a primeira conduta farmacológica por via venosa para controle do sangramento? A) Antifibrinolítico. B) Complexo protrombínico. C) Desmopressina (DDAVP). D) Concentrado de fibrinogênio. RESPOSTA: A Justificativa: Sangramento anormal após ressecção transuretral da próstata (RTU) ocorre em menos de 1% dos casos. Alguns autores acreditam que a liberação sanguínea de ativador do plasminogênio contida no tecido prostático leve à ativação da plasmina com consequente hiperfibrinólise. Outros autores acreditam que a absorção sistêmica de tecido prostático rico em tromboplastina deflagre um quadro de coagulação intravascular disseminada com hiperfibrinólise secundária (Miller pg 2233). No quadro em questão, as alterações laboratoriais mostram uma depleção de fibrinogênio com aumento do marcador de fibrinólise. Os tempos de protrombina e tromboplastina parcial ativada estarão alargados nessas situações pois medem o tempo para a formação da fibrina, prejudicada pela hipofibrinogenemia e lise. Na suspeita de hiperfibrinólise como mecanismo primário de sangramento, antifibrinolíticos devem ser administrados por via venosa como primeira medida antes da reposição de fibrinogênio e/ou de fatores de coagulação, já que a restauração desses últimos não interromperá o ciclo de lise. A desmopressina servirá para aumentar a liberação endotelial do fator von Willebrand sem relação com a hiperfibrinólise. PROVA (A) MARFIM Prova Escrita para obtenção do TSA 20 A SBA preocupada com o meio ambiente, utiliza papel ecologicamente correto Bibliografia: Malhotra V, Sudheendra V, O´Hara J, Malhotra A. Anesthesia and the Renal and Genitourinary Systems, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 8ª Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;2217-2243. 44) Segundo o algoritmo de intubação difícil não antecipada da Difficult Airway Society de 2015, faz parte do plano B de abordagem da via aérea a utilização de: A) gum elastic bougie. B) videolaringoscopia. C) dispositivos extraglóticos. D) manipulação laríngea externa. RESPOSTA: C Justificativa: As recomendações da Difficult Airway Society de 2015 se destacam pela objetividade e simplicidade. Elas incluem: Planos A, B, C e D. Após 3 tentativas com falha de intubação por anestesiologista experiente utilizando laringoscopia direta ou indireta, bougie e/ou manobras de manipulação traqueais (Plano A), segue-se a abordagem pelo plano B (manutenção da oxigenação e ventilação com dispositivos extraglóticos como máscaras laríngeas). A falha de ventilação com dispositivos extraglóticos após 3 tentativas de mudança do dispositivo ou do seu tamanho (Plano B) caracteriza o início do Plano C, que incluiu ventilar o paciente sob máscara facial com auxílio de outra pessoa e uso de dispositivos acessórios (exemplo: cânula de Guedel) e despertá-lo. O Plano D é caracterizado pela cricotiroidostomia cirúrgica durante a situação não ventilo e não intubo. Bibliografia: Germano Filho PA, Martins MP, Cavalcanti IL. Vias Aéreas; em: Bagatini A, Cangiani LM, Carneiro AF, Nunes RR. Bases do Ensino da Anestesiologia. 1ª Ed, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2016;97- 115. 45) Homem de 78 anos, 74 kg e 1,75 m, hipertenso e diabético em uso de clorpropamida, losartana e hidroclorotiazida será submetido à colecistectomia videolaparoscópica na manhã seguinte. Na consulta pré-anestésica, a glicemia está em 270 mg.dL -1 e anestesiologista administra 20 UI de insulina regular subcutânea e suspende o uso da clorpropamida. No dia da cirurgia, o paciente cursa com glicemia de 48 mg.L -1 . A explicação mais provável para este evento é o efeito: A) residual da clorpropamida. B) Somogyi (fenômeno do alvorecer). C) das 20 UI de insulina regular na consulta pré-anestésica. D) da anestesia balanceada na resposta endócrino-metabólica ao trauma. RESPOSTA: A Justificativa: Pacientes idosos com diabetes e jejum requerem consideração especial quando se apresentam para cirurgia eletiva. A clorpropamida é a sulfonilureia de ação mais longa e tem uma duração de 72 horas. Consequentemente é prudente medir a glicose sérica antes de induzir anestesia e periodicamente durante o curso da cirurgia. A insulina regular por via SC tem pico de ação de 2 a 3 horas e duração de ação de 6 a 8 horas não sendo responsável por hipoglicemia importante 24 horas após seu uso. O efeito Somogyi é a hiperglicemia observada pela manhã induzida por mecanismos compensatórios contrarregulatórios em resposta à hipoglicemia noturna. Hiperglicemia é o fenômeno esperado com a resposta endócrino-metabólica ao trauma. Bibliografia: Moitra VK; Drugs that alter Glucose regulation em: Stoelting RK, Hillier SC. Pharmacology and Physiology in Anesthetic Practice, 5 a edition, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2006; 748-757. 46) A seguinte ação é esperada da estimulação