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Roteiro das unidade-Legislacao Empresarial e Consumerista_ versao pdf

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA! 
 
Prezado (a) estudante, 
 
É com grande satisfação que apresento a você a disciplina de Legislação Empresarial 
e Consumerista. Vamos mergulhar no mundo do Direito Empresarial e Consumerista para 
desvendar seus principais institutos. Aqui, você encontrará materiais úteis para ampliar seus 
conhecimentos, revisar conteúdos e algumas avaliações de aprendizagens. 
 
O nosso material de estudo foi estruturado para compreender os elementos 
constitutivos do Direito Empresarial e do Consumidor e a sua aplicabilidade. Para tanto, 
estudaremos a disciplina em cinco unidades e uma de revisão de conteúdo. A disciplina é 
composta por 2 (duas) atividades de percurso, avaliação regular, avaliação de 2ª chamada, 
avaliação de recuperação e exame final. 
 
Recomendo que, durante a realização da disciplina, você procure interagir com os 
textos, fazer anotações, responder a todas as atividades de percurso disponibilizadas no 
ambiente virtual no seu tempo; respeitando, é claro, o período de realização da disciplina, 
de acordo com o calendário acadêmico e participando ativamente dos fóruns e atividades. 
 
Para finalizar, chamo a sua atenção para a importância de, ao final de cada conteúdo, 
completar seus estudos com o material complementar disponibilizado e realizar novas 
pesquisas sobre os assuntos tratados nas unidades temáticas; pois, tais atividades lhe 
possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção 
de conhecimentos. 
 
Desejo a você um ótimo estudo. Espero atender às expectativas que sempre são 
criadas em torno desta disciplina e que você tenha um ótimo aprendizado. 
 
Forte abraço! 
Professora Marizete! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I: NOÇÕES DE DIREITO. PESSOA NATURAL E PESSOA JURÍDICA. 
 
Prezado (a) aluno (a), nesta primeira unidade temática estudaremos noções gerais de 
Direito e a sua aplicabilidade, Pessoa Natural e Pessoa Jurídica. Ao final desta unidade 
temática, você será capaz de: 
 
 Conhecer os conceitos gerais pertinentes ao Direito, bem como ter uma visão de 
conjunto e instrumentos básicos da técnica jurídica; 
 Relacionar os conceitos de pessoa natural e pessoa jurídica no direito empresarial e 
consumidor. 
 
É importante destacar que o seu aprendizado dependerá do seu envolvimento e 
dedicação, quanto maior for o seu comprometimento melhor será o resultado. Para 
começar, pergunto: já parou para pensar que na linguagem comum e nos compêndios 
especializados, o vocábulo Direito é empregado em várias acepções? 
 
Saber distinguir cada um desses sentidos corresponde a uma exigência não apenas 
de ordem teórica, mas igualmente prática. (NADER, 2014, p.97). O vocábulo Direito é 
classificado como termo análogo ou analógico, pelo fato de possuir vários significados que, 
apesar de se diferenciarem, guardam entre si alguns nexos. 
 
Segundo Paulo Nader, empregamos esse termo, ora em sentido objetivo, como 
norma de organização social, ora do ponto de vista subjetivo, para indicar o poder de agir 
que a lei garante. Em algumas vezes, o referido termo faz referência à Ciência do Direito e 
outras, como equivalente à justiça. 
 
Ainda no campo das curiosidades e antes de entrar no conteúdo propriamente dito, 
cabe mais uma pergunta: você já questionou a relação da pessoa natural e jurídica no Direito 
Empresarial e Consumidor? 
 
O Código Civil na sua parte geral trata acerca das pessoas como sujeitos de direito e 
busca regular a vida em sociedade, bem como as relações que estas compõem. Integram o 
ordenamento jurídico duas espécies de pessoas: a pessoa natural ou pessoa física, ou seja, o 
ser humano propriamente dito, e a pessoa jurídica, essa formada por um grupo de pessoas 
naturais. 
 
É importante ressaltar que cada uma dessas pessoas natural e jurídica, possui direitos 
e deveres estipulados pelo ordenamento jurídico. Para compreender e entender quais são 
esses direitos e deveres a essas pessoas, é necessário um estudo mais aprofundado. 
 
 
 
 
 
 
1. Noções de Direito 
 
 
 
Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/02/12/14/00/justice-2060093__340.jpg 
 
A noção básica do Direito, presente nesse estudo, visa a fornecer ao aluno uma visão 
global do Direito, que não pode ser obtida por meio do estudo isolado dos diferentes ramos 
da árvore jurídica. Vale ressaltar que o estudo do Direito, cujos conceitos são vistos em 
maior ou menor profundidade em cursos de estudos jurídicos, exigem certa reflexão e 
maturidade de conhecimentos para a sua melhor compreensão. 
 
Os primeiros contatos do estudante que não são de cursos específicos de estudos 
jurídicos se fazem por meio das noções básicas de Direito, que funciona como um elo entre a 
cultura geral, obtida no curso médio. Tais noções é de grande relevância para o processo de 
adaptação cultural do aluno iniciante nos estudos das normas jurídicas. 
 
É comum ao estudante sentir-se atônito, com muitas dificuldades, em face dos novos 
conceitos, terminologia e diante do próprio sistema que desconhece. No entanto, é por 
meio das noções do Direito que o estudante deverá superar os primeiros desafios para 
compreender a importância e aplicabilidade do direito para a manutenção da ordem social. 
 
É importante deixar claro que o direito é dinâmico como a sociedade, uma vez que 
no Direito não há dogmas, mas princípios, normas e leis que podem e devem ser alterados 
de acordo com as necessidades sociais. 
 
Outro ponto que deve ser observado é que o Direito ensina a viver e a conviver, 
ensina a compreender melhor a sociedade e a nós mesmos. O Direito ensina, contudo, a 
distinguir o justo do injusto; o correto do incorreto (VENOSA, 2019, p.22). 
 
 
 
 
 
 
Assim, o Direito pode ser definido como o conjunto de normas imperativas que 
regulam a vida em sociedade, dotadas de coercibilidade quanto à sua observância. É por 
viverem em sociedade que os seres humanos necessitam de regras e princípios que 
possibilitem o convívio entre eles, permitindo a sua evolução, a harmonia e a paz nas 
relações sociais. 
 
Nas palavras de Miguel Reale (2002), o “Direito corresponde à exigência essencial e 
indeclinável de uma convivência ordenada, pois nenhuma sociedade poderia subsistir sem 
um mínimo de ordem, de direção, de solidariedade". Assim, o direito é visto como "lei e 
ordem, ou seja, um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social graças 
ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros. 
 
Nesse sentido, os preceitos jurídicos são normas imperativas de comportamento, no 
sentido de que a sua observância é obrigatória. Não se trata de uma criação abstrata, pois o 
Direito não sobrevive sobre entidades abstratas. O Direito, em sentido amplo, concretiza-se 
na sociedade. 
 
Logo, as normas jurídicas são dotadas de coercibilidade, que é a possibilidade de se 
ter a coação, como forma de obrigar a pessoa ao seu cumprimento. Isso ocorre mediante a 
previsão e a imposição de sanção, aplicada de forma organizada, pela autoridade 
constituída, ou seja, pelo órgão competente, de modo a garantir o respeito à ordem jurídica. 
 
1.1 O que é Direito? 
 
 
Inicialmente, cumpre deixar claro que a primeira dificuldade 
para delimitar o conceito de Direito reside na ampla divergência 
entre os juristas, quanto à sua definição. O senso comum dos 
juristas faz uma estreita ligação entre Direito e Estado, 
entendendo que o Direito é "o conjunto de normas” de conduta 
obrigatória estabelecidas ou autorizadas pelo próprio Estado e 
garantidas pelo seu poder. 
 
 
Para entendermos o tal fenômeno jurídico, é preciso utilizar-se a princípio do 
conceito trazido pelo dicionário, que significa “s.m. Reunião das regras e das leis que 
mantêm ou regulam a vida em sociedade. Jurídico. Ciência que estuda essas normas, leis” 
(Dicionário Aurélio). 
 
 
 
 
 
 
A palavra Direito nos remete à noção do que é certo, correto, justo, reto, equânime. 
Quando mencionamosessa palavra, é importante saber a forma que a empregamos, se é 
como substantivo, adjetivo ou advérbio. 
 
Vale lembrar que o termo Direito é uma palavra plurívoca, isto é, possui vários 
significados, ainda que ligados e entrelaçados, com sentido análogo. Assim, para a definição 
do Direito em sentido strito, primeiramente, deve-se ter em mente que esse vocábulo 
compreende enfoques e significados diversos. 
 
Para melhor entendimento do termo, podemos utilizá-lo para significar o justo, ou o 
conjunto de normas jurídicas, ou a prerrogativa que tem a pessoa de fazer valer 
determinada posição jurídica. 
 
Segundo a doutrina, o Direito pode ser visto sob diversas perspectivas, tais como o 
direito como justiça, direito como ordenamento jurídico e direito como direito subjetivo. No 
aspecto objetivo, o conceito de Direito pode ser entendido como a realidade, presente na 
vida social, que regula as relações entre as pessoas. 
 
Por fim, entre os diversos conceitos trazidos pela doutrina, o Direito pode ser 
definido como o conjunto de normas imperativas que regulam a vida em sociedade, dotadas 
de coercibilidade quanto à sua observância. 
 
1.2 Finalidade do Direito 
 
Para Paulo Nader (2014), “o Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a 
de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das 
bases do progresso da Sociedade”. Assim, o Direito pode ser visto como um manto protetor de 
organização e de direção dos comportamentos sociais. 
 
Nas palavras de Miguel Reale (2002, p. 21), o “Direito, por conseguinte, tutela 
comportamentos humanos: para que essa garantia seja possível é que existem as regras, as 
normas de direito como instrumentos de salvaguarda e amparo da convivência social”. 
 
É importante ressaltar que o Direito prescreve condutas imperativas e prevê sanções 
objetivando o seu cumprimento. Logo, o direito é um instrumento de pacificação social, que 
visa favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais a fim de manter 
a ordem e coordenar os interesses individuais e coletivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 Acepções da palavra Direito 
 
Na linguagem comum e nos compêndios especializados, o vocábulo Direito é 
empregado em várias acepções. Saber distinguir cada um desses sentidos corresponde a 
uma exigência não apenas de ordem teórica, mas igualmente prática (NADER, 2014, p.97). 
Nas palavras do autor, a falta de um vocábulo que distinguisse o Direito total de um Direito 
isolado, sugeriu a formação de um neologismo, ou seja, propôs a palavra Jurística para 
designar a Ciência do Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em lato sensu, a Ciência do Direito corresponde ao setor do conhecimento humano 
que investiga e sistematiza os conhecimentos jurídicos. 
 
Em stricto sensu, é a particularização do saber jurídico, que toma por objeto de 
estudo o teor normativo de um determinado sistema jurídico. Ressalta-se que é no sentido 
stricto sensu que se fala em Dogmática Jurídica ou Jurisprudência Técnica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ciência do Direito 
É comum empregar-se o vocábulo Direito como referência 
à Ciência do Direito 
No exemplo de Paulo Nader (2014), “quando 
se diz que “fulano é aluno de Direito”, este 
substantivo não expressa, naturalmente, 
normas de conduta social, mas a ciência que 
as enlaça como objeto”. 
Direito Natural 
É constituído por um conjunto de princípios, e não de 
regras, de caráter universal, eterno e imutável. Por 
exemplo: o direito à vida e à liberdade. 
Em contato com as realidades concretas, 
esses princípios são desdobrados pelo 
legislador, mediante normas jurídicas, que 
devem adaptar-se ao momento histórico. 
 
 
 
 
 
O Direito Natural revela ao legislador os princípios fundamentais de proteção ao 
homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação a fim de que se obtenha 
um ordenamento jurídico substancialmente justo. 
 
É importante destacar que o Direito Natural não é escrito, não é criado pela 
sociedade, nem é formulado pelo Estado, ou seja, é um Direito espontâneo, que se origina 
da própria natureza social do homem e que é revelado pela conjugação da experiência e 
razão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As diversas formas de expressão jurídica, admitidas pelo sistema adotado pelo 
Estado, configuram o Direito Positivo. Assim, por Direito Positivo devemos entender como o 
conjunto de normas jurídicas vigentes em determinada sociedade. 
 
Outo ponto a ser observado com relação à acepção da palavra direito diz respeito ao 
Direito Objetivo e ao Direito Subjetivo. Segundo a doutrina, não são duas realidades 
distintas, mas dois lados de um mesmo objeto, ou seja, entre ambos, não há uma antítese 
ou oposição. Assim, o Direito vigente pode ser analisado sob dois ângulos diferentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Positivo 
É o Direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica 
obrigatória em determinado lugar e tempo. 
 
Não é necessário, à sua caracterização, que 
seja escrito. 
Por exemplo: As normas costumeiras, que se manifestam pela 
oralidade, constituem também Direito Positivo. 
Direito Objetivo 
Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização 
social. É o chamado Jus norma agendi. 
Por exemplo: quando se afirma que o Direito do 
Trabalho não é formalista, emprega-se o vocábulo 
Direito em sentido objetivo, como referência às 
 
 
 
 
 
Nesse contexto, o direito objetivo é constituído por um conjunto de regras 
destinadas a reger um grupo social, cujo respeito é garantido pelo Estado (norma agendi). 
 
 
 
 
 
 
 
 
O direito subjetivo é um direito personalizado, em que a norma, perdendo o seu 
caráter teórico, projeta-se na relação jurídica concreta, para permitir uma conduta ou 
estabelecer consequências jurídicas. 
 
Para Paulo Nader (2014, p, 98), quando dizemos que “fulano tem direito à 
indenização”, afirmamos que ele possui direito subjetivo. É a partir do conhecimento do 
direito objetivo que deduzimos os direitos subjetivos de cada parte dentro de uma relação 
jurídica. 
 
Por fim, no que tange ao emprego do vocábulo no sentido de Justiça, é comum 
observar-se o emprego da palavra Direito como referência ao que é justo. Assim, ao se falar 
que “fulano” é homem direito”, pretende-se dizer que ele é justo em suas atitudes. 
 
 
1.4 Fontes do direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcSx_flIms0BX-qUexrJZ5Wp_pmbZH-
ZRHCXZQ&usqp=CAU 
 
A expressão fontes do Direito apresenta sentidos diversos. A doutrina jurídica não se 
apresenta uniforme quanto ao estudo das fontes do Direito. Entre os estudiosos da Ciência 
Direito Subjetivo 
 
Corresponde às possibilidades ou poderes de agir, que a ordem 
jurídica garante a alguém. 
 
 
 
 
 
do Direito, há uma grande diversidade de opiniões quanto ao presente tema, principalmente 
em relação ao elenco das fontes. 
 
 Fontes do Direito provém do latim, fons, fontis, significa o manancial, o início ou o 
princípio do qual surge o Direito. Em outras palavras, fonte seria a expressão utilizada para 
designar a origem das normas jurídicas. 
 
As Fontes do Direito correspondem às formas de poder, quais sejam: o processo 
legislativo; a jurisdição; os usos e costumes jurídicos, os quais exprimem o poder social; a 
fonte negocial, da autonomia da vontade (GARCIA, 2015, p.50). Ressalta-se que as fontes do 
Direito são divididas em: materiais e formais e que se diferenciam entre si. 
 
As fontes materiais do Direito são os motivos éticos, morais, históricos, sociológicos, 
econômicos, religiosos e políticos que deram origem à norma jurídica. Estas envolvem os 
fatores reais que condicionaram o aparecimento da norma jurídica, as razões (econômicas, 
sociais, políticas etc.) que influenciaram a criação da norma de Direito. 
 
Já as fontes formais do Direito podem ser entendidas como os modos de 
manifestação das normas jurídicas. Nessa perspectiva, as fontesformais do Direito são as 
formas de expressão do Direito, ou seja, os meios de exteriorização das normas jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fontes do Direito 
Fontes Materiais 
Fontes Formais 
Fontes estatais 
Fontes não 
estatais 
Englobam as 
normas legais e 
jurisprudenciais. 
Abrangem o 
costume e os 
negócios 
São as instituições ou grupos sociais que 
possuem capacidade de editar normas. 
São constituídas por fatores, tais como: o 
clima, a religião, a economia, a política, os 
avanços tecnológicos e científicos etc. 
 
 
 
 
 
As fontes formais também podem ser assim classificadas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.5 Lei 
 
A lei é a forma moderna de produção do Direito Positivo. É 
ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os 
interesses sociais. A sua fonte material é representada pelos 
próprios fatos e valores que a sociedade oferece. Em sentido 
amplo, emprega-se o vocábulo lei para indicar o Jus scriptum. É 
uma referência genérica que atinge à lei propriamente, à medida 
provisória e ao decreto. 
 
A Constituição Federal de 1988, no seu art. 5.º, inciso II, disciplina que “ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, o que revela a 
importância desta no Estado de Direito. 
 
A lei resulta do processo legislativo, o qual é composto de fases por meio das quais a 
lei é produzida. Para ser válida, a lei deve emanar do “poder competente”. O Brasil é uma 
República Federativa e sua organização político-administrativa compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Desse modo, as leis podem ser: federais, 
estaduais, distritais e municipais. 
 
Frisa-se que, no âmbito da competência legislativa concorrente entre a União, os 
Estados e o Distrito Federal, a titularidade da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
Fontes Formais 
Fontes nacionais 
Fontes 
internacionais 
Integram a ordem 
jurídica nacional do 
Estado. 
Referentes aos 
tratados e 
convenções 
.internacionais. 
 
 
 
 
 
A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos Estados. 
 
 
Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a 
suas peculiaridades. A superveniência de lei federal sobre 
normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que 
lhe for contrário. 
 
 
Em Sentido Estrito, a lei é o preceito comum e obrigatório, emanado do Poder 
Legislativo, no âmbito de sua competência. Normalmente são preceitos de caráter geral, ou 
seja, voltam-se “a todos os membros da coletividade”. 
 
 
Não há hierarquia entre as leis, mas sim matérias 
de competência legislativa (a qual pode ser 
privativa e concorrente) dos entes políticos 
integrantes da República Federativa do Brasil. 
 
 
Em relação às pessoas a quem se dirigem, as leis podem ser classificadas em gerais 
(por exemplo, o Código Civil), especiais (Consolidação das Leis do Trabalho) e individuais (lei 
que conceda pensão a determinada pessoa). As leis não se confundem com a Constituição e 
com as emendas constitucionais. 
 
 
A Constituição é a norma jurídica superior, sendo o 
fundamento de validade das demais normas de 
Direito. Ela é produzida pelo poder constituinte 
originário. 
 
 
 
As leis complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas e as medidas provisórias 
são hierarquicamente inferiores, devendo, por isso, ser produzidas de acordo com os 
procedimentos previstos (processo legislativo), bem como ter o seu conteúdo em 
consonância com a Constituição, ou seja, para ser válida, a lei deve ser constitucional no 
aspecto formal e material. 
 
 
 
 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
MODALIDADE SIGNIFICADO 
Leis complementares Modalidade legislativa reservada a certas matérias, conforme previsão na 
Constituição Federal, apresentando quorum diferenciado para a aprovação (art. 69, 
da CF/1988: “As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta”). 
Leis ordinárias Decorrentes de projetos de leis aprovados pelo Poder Legislativo, com a sanção do 
Poder Executivo. 
Leis delegadas De mesma hierarquia das leis ordinárias, mas com a particularidade de serem 
elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao 
Congresso Nacional (art. 68 da CF/1988). 
Medidas provisórias As quais podem ser adotadas pelo Presidente da República, com força de lei, em 
caso de relevância e urgência, devendo submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional (art. 62 da CF/1988). 
Decretos legislativos Os quais são atos legislativos aprovados pelo Congresso Nacional, sobre matérias de 
sua exclusiva competência, como resolver definitivamente sobre tratados, acordos 
ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional (art. 49 da CF/1988). 
Resoluções Podem ser do Congresso Nacional e do Senado Federal, tratando de matérias 
próprias. 
 
 
Saiba mais sobre as leis acessando o link abaixo e assistindo aos vídeos. 
Disponível em: https://youtu.be/lzSzPHrFT3A 
 
1.6 Costumes 
 
Enquanto a lei é um processo intelectual que se baseia em fatos e expressa a opinião 
do Estado; o costume é uma prática gerada espontaneamente pelas forças sociais. Os 
costumes constituíam forma de expressão do Direito de grande destaque em antigas épocas. 
 
No Direito moderno, os costumes foram perdendo força para o Direito legislado, 
embora ainda se mantenham existentes. Ressalta-se que os costumes apresentam grande 
importância em certos ramos do Direito, como ocorre no Direito Internacional Público, com 
destaque para os costumes internacionais. 
 
Frisa-se que a formação do costume é lenta e decorre da necessidade social de 
fórmulas práticas para resolverem problemas. Para que o costume alcance força jurídica, é 
necessário, em primeiro plano, que esteja previsto no ordenamento jurídico como forma de 
expressão do Direito. 
 
https://youtu.be/lzSzPHrFT3A
 
 
 
 
 
Uma vez que o costume é incluído no elenco das fontes formais, torna-se 
indispensável a reunião dos elementos: material e psicológico. Faltando um destes 
elementos a norma social não apresentará valor jurídico. 
Segundo a doutrina, os costumes podem ser classificados em três espécies: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, o art. 140, do Código de Processo Civil, prevê que o juiz não se exime 
de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Costume secundum legem 
É aquele que está previsto na lei, a qual reconhece a sua força 
obrigatória. 
Por exemplo: na prestação de serviços, regulada pelo Código 
Civil, não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, 
fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do 
lugar, o tempo de serviço e sua qualidade (art. 596). 
A retribuição deve ser paga depois de prestado o serviço, se, por 
convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em 
prestações (art. 597). 
Costume praeter legem 
Reveste-se de caráter supletivo, podendo ser utilizado quando a lei for 
omissa. Ou seja, serve para a integração de lacunas. 
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
Costume contra legem 
É aquele que dispõe em sentido contrário ao previsto na lei. 
Nesse enfoque, não é admissível a 
aplicação de costume contra legem. 
 
 
 
 
 
Considerando que a norma costumeira é formada ao longo do tempo, discute-se a 
respeito da necessidade de sua prova por aquele que o alega. Isso significa dizer, que a parte 
que alega o direito costumeiro, deverá provar o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. 
 
É importante deixar claro que somente há o ônus de provar o Direito costumeiro se 
assim o determinar o juiz, caso este conheça a norma jurídica costumeira, fica autorizado a 
aplicá-la. 
 
 
 Quer saber mais sobre costumes? Veja ovídeo AGU- Formas de integração da norma 
jurídica no link abaixo: Disponível em: https://youtu.be/shVkb_OtzWk 
 
1.7 Jurisprudência 
 
A jurisprudência pode ser entendida como o conjunto de decisões uniformes e 
constantes dos tribunais, proferidas para a solução judicial de conflitos, envolvendo casos 
semelhantes. É “a forma de revelação do Direito” resultante do exercício da jurisdição, 
decorrente de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais. 
 
A jurisprudência se forma não apenas quando há lacunas na lei ou quando esta 
apresenta defeitos. Como critério de aplicação do Direito vigente, como interpretadora de 
normas jurídicas preexistentes, a jurisprudência reúne modelos extraídos da ordem jurídica, 
de leis suficientes ou lacunosas, claras ou ambíguas, normais ou defeituosas. 
 
A jurisprudência pode apresentar-se sob três espécies: secundum legem, praeter 
legem, contra legem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Secundum legem 
Limita-se a interpretar determinadas regras definidas 
na ordem jurídica. 
As decisões judiciais refletem o 
verdadeiro sentido das normas vigentes. 
Praeter legem 
É a que se desenvolve na falta de regras específicas, 
quando as leis são omissas. 
Com base na analogia ou princípios 
gerais de Direito, os juízes declaram o 
Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há o entendimento de que a jurisprudência inova matéria jurídica, estabelecendo 
normas que se diferenciam daquelas estritamente presentes nas leis, ao interpretar e aplicar 
diferentes preceitos normativos de forma lógica e sistemática. Ressalta-se que o Direito 
criado pela jurisprudência tem a sua obrigatoriedade restrita ao caso em que é proferida a 
decisão. 
 
Não se pode perder de vista que a jurisprudência exerce o importante papel de 
atualizar as disposições legais, tornando-as compatíveis com a evolução social. Nesse 
sentido, a jurisprudência deve ter certa estabilidade de forma a evitar mudanças bruscas, 
repentinas, injustificadas, para que seja respeitada a segurança jurídica. 
 
Outro ponto a ser considerado é que a jurisprudência deve atender à necessidade de 
coerência. Logo, questões iguais devem ser tratadas e decididas com isonomia substancial, 
aplicando-se a mesma tese aos casos que envolvam idêntica questão jurídica, como forma 
de concretização da justiça. 
 
Para finalizar, cabe registrar que os tribunais aprovam súmulas, enunciando, de 
forma resumida, o entendimento já firmado sobre certas matérias, após terem sido objeto 
de decisões reiteradas no mesmo sentido. As súmulas proporcionam maior estabilidade à 
jurisprudência, constituindo forma de expressão jurídica. 
 
 
 
 
Quer saber mais sobre jurisprudência? Veja o vídeo “AGU explica” no link abaixo: 
Disponível em: https://youtu.be/rH3IP_1Ld5E 
 
 
Contra legem 
Forma-se ao arrepio da lei, contra disposições desta. 
É prática não admitida no plano teórico. 
Contudo, é aplicada e surge quase 
sempre em face de leis anacrônicas ou 
injustas. 
Ocorre quando os precedentes judiciais contrariam a 
mens legis, o espírito da lei. 
 
 
 
 
 
1.8 Pessoa natural e pessoa jurídica 
 
 
 
 
 
O Código Civil disciplina as relações jurídicas privadas que 
nascem da vida em sociedade e se formam entre pessoas. 
Significa que tal relação não é entre pessoas e animais ou 
entre pessoas e coisas. Ou seja, são as relações sociais, de 
pessoa a pessoa, física ou jurídica, que produzem efeitos no 
âmbito do Direito. 
 
 
O Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406/ 2002) é dividido em duas partes: Parte Geral 
e Parte Especial. 
 
A Parte Geral do Código Civil contém três livros divididos da seguinte forma: 
 
 O primeiro sobre as pessoas naturais e jurídicas como sujeitos da relação 
jurídica; 
 O segundo, relativo aos bens, como objeto do direito, em torno dos quais se 
formam as diversas relações jurídicas; 
 O terceiro, a respeito dos fatos jurídicos, que estimulam o relacionamento 
humano e permitem criar, modificar ou extinguir direitos. 
 
A Parte Especial, por sua vez, divide-se em cinco livros: 
 
 O primeiro sobre Direito das Obrigações; 
 O segundo sobre Direito de Empresa; 
 O terceiro sobre Direito das Coisas; 
 O quarto sobre Direito de Família; 
 O quinto sobre Direito das Sucessões. 
 
Por curiosidade, cabe destacar que nesta unidade só iremos estudar o Livro I da Parte 
Geral concernente às pessoas, em dois títulos, das pessoas naturais, das pessoas jurídicas. 
Com relação à parte especial, por sua vez, iremos estudar o segundo livro que trata do 
Direito de Empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.8.1 Pessoa natural 
 
A nomenclatura “pessoa natural” revela-se, assim, a mais adequada, como reconhece 
a doutrina em geral, por designar o ser humano tal como ele é, com todos os predicados que 
integram a sua individualidade. 
 
Desta forma, pessoa física ou natural é o ser humano, considerado como sujeito de 
direitos e obrigações nos termos do artigo 1º, do Código Civil, quando dispõe que: “Toda 
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Para qualquer pessoa ser assim 
designada, basta nascer com vida e, desse modo, adquirir personalidade. 
 
Cabe mencionar que a pessoa física tem personalidade jurídica, o que não se 
confunde com a personalidade natural. Esta é individual, composta pelo complexo psíquico e 
físico da pessoa natural. Ou seja, é a aptidão que todos têm para adquirir direitos e 
obrigações. 
 
Logo, a personalidade natural é variável, de indivíduo para indivíduo, sendo pessoal e 
individualizada. Ter-se-ão tantas personalidades quantos foram os seres humanos 
existentes. Entretanto, a personalidade jurídica é igual para todos os seres humanos. Todos 
a tem na mesma medida. 
 
Ressalta-se que a pessoa física também tem capacidade jurídica, que não se 
confunde com a personalidade jurídica, nem com a capacidade natural. A capacidade 
jurídica é a medida jurídica das atribuições da personalidade jurídica. 
 
Enquanto todo ser humano tem, igualmente, personalidade jurídica (aptidão 
fundamental para ser sujeito de direitos e obrigações), nem todos têm a mesma capacidade 
jurídica. Nesse sentido, capacidade jurídica é uma medida limitadora ou delineadora da 
possibilidade de adquirir direitos e de contrair obrigações. 
 
1.8.2 Personalidade jurídica 
 
O conceito de personalidade está umbilicalmente ligado ao de pessoa. Todo aquele 
que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta é, portanto, 
qualidade ou atributo do ser humano (GONÇALVES, 2017, p.95). Personalidade jurídica é a 
aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações. É pressuposto para a inserção 
e atuação da pessoa na ordem jurídica. 
 
Adquirida a personalidade, o ente passa a atuar, na qualidade de sujeito de direito, 
praticando atos e negócios jurídicos dos mais diferentes matizes. A personalidade é, 
 
 
 
 
 
portanto, o conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os homens, 
consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida, liberdade e 
igualdade. 
 
Em outras palavras, a personalidade jurídica é qualidade jurídica que se revela como 
condição preliminar de todos os direitos e deveres. Ressalta-se que nem sempre, porém, foi 
assim. 
 
A título de curiosidade, no direito romano, o escravo era 
tratado como coisa, ou seja, era desprovido da faculdade 
de ser titular de direitos e ocupava, na relação jurídica, a 
situação de objeto, e não de sujeito. 
 
 
Hoje, essa qualidade é reconhecida a todo ser humano, o que de certa forma 
representa uma conquista da civilização jurídica. Isso permite a ilação de que a 
personalidade é atributo de toda e qualquer pessoa, seja natural ou jurídica, uma vez que a 
própria norma civil não faz tal distinção de acepções. 
 
O Código Civil, de 2002, reconhece os atributos da personalidade com esse sentido 
de universalidade ao proclamar, no art. 1º: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Frisa-se que o Direito também reconhece a personalidadea certas entidades morais, 
denominadas pessoas jurídicas, compostas de pessoas físicas ou naturais, que se agrupam, 
com observância das condições legais, e se associam para atingir os seus objetivos 
econômicos ou sociais. 
 
 
 
 
 
Art. 1º, do CC - Toda pessoa é 
capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. 
Não há distinção, de qualquer natureza, a toda 
pessoa, quer dizer, todo ser humano nascido 
com vida. 
Para qualquer pessoa ser assim designada, basta 
nascer com vida e, desse modo, adquirir 
personalidade. 
 
 
 
 
 
1.8.3 Aquisição da Personalidade Jurídica 
 
Para o Direito, a pessoa natural é o ser humano, enquanto sujeito destinatário de 
direitos e obrigações. A personalidade jurídica, segundo preceito legal, ocorre a partir do 
nascimento com vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O recém-nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, 
mesmo que venha a falecer minutos depois. Assim, o início da personalidade jurídica 
começa com a respiração, sendo irrelevante se posteriormente o nascituro venha a óbito, a 
entrada de ar nos pulmões é suficiente para a aquisição da personalidade. 
 
Com relação ao nascituro, o Código Civil não o considera explicitamente pessoa, 
coloca a salvo os seus direitos desde a concepção. Vejamos a segunda parte do artigo 2º, do 
Código Civil, “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” (grifo nosso). 
 
A lei não lhe concede personalidade, a qual só lhe será conferida se nascer com vida. 
A proteção de direito do nascituro é, na verdade, “proteção de expectativa, que se tornará 
direito, se ele nascer vivo”. 
 
Três teorias procuram explicar e justificar a situação jurídica do nascituro: 
 
Natalista: afirma que a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida. 
 
Personalidade condicional: sustenta que o nascituro é pessoa condicional, pois a 
aquisição da personalidade acha-se sob a dependência de condição suspensiva, o 
nascimento com vida, não se tratando propriamente de uma terceira teoria, mas de um 
desdobramento da teoria natalista, visto que também parte da premissa de que a 
personalidade tem início com o nascimento com vida. 
O art. 2º, do Código Civil, 
dispõe: “A personalidade civil 
da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, 
os direitos do nascituro”. 
De acordo com o sistema 
adotado, tem-se o nascimento 
com vida como o marco inicial 
da personalidade. 
Nos termos do artigo 1º, do CC, a pessoa que nasce com vida 
tem a possibilidade de contrair direitos e deveres na ordem 
civil. 
Teoria Natalista: nasceu 
com vida = respirou = é 
pessoa = adquiriu 
personalidade. 
 
 
 
 
 
 
 Concepcionista: admite que se adquire a personalidade antes do nascimento, ou seja, 
desde a concepção, ressalvado apenas os direitos patrimoniais, decorrentes de herança, 
legado e doação, que ficam condicionados ao nascimento com vida. 
 
No Brasil, a doutrina se manifesta de forma divergente, pois se por um lado 
estabelece que a personalidade civil tem início com nascimento com vida, o mesmo 
dispositivo a seguir assegura ao nascituro direitos desde a concepção. 
 
Apesar de toda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos termos da legislação em 
vigor, inclusive do Código Civil, o nascituro, embora não seja expressamente considerado 
pessoa, tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. 
 
 
DIREITOS DO NASCITURO 
 
a) o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à 
proteção pré-natal etc.); 
b) pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter 
vivos; 
c) pode ser beneficiado por legado e herança; 
d) o Código Penal tipifica o crime de aborto; 
e) como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro 
tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade. 
 
1.8.4 Capacidade jurídica e legitimação 
 
Todo ser humano tem capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade 
jurídica é atributo inerente à sua condição. Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa 
passa a ser capaz de direitos e obrigações. 
 
A capacidade é a medida da personalidade, pois para uns ela é plena e, para outros, 
limitada. Nem toda pessoa, porém, possui aptidão para exercer pessoalmente os seus 
direitos, praticando atos jurídicos, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas. 
 
É importante esclarecer que a capacidade que todos têm, e adquirem ao nascer com 
vida, é a capacidade de direito ou de gozo, também denominada capacidade de aquisição de 
direitos. Essa espécie de capacidade é reconhecida a todo ser humano, sem qualquer 
distinção. 
 
 
 
 
 
 
Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves (2017, p.96): 
 
Personalidade e capacidade completam-se: de nada valeria a personalidade sem a 
capacidade jurídica, que se ajusta assim ao conteúdo da personalidade, na mesma 
e certa medida em que a utilização do direito integra a ideia de ser alguém titular 
dele. Com este sentido genérico não há restrições à capacidade, porque todo 
direito se materializa na efetivação ou está apto a concretizar-se. 
 
Para o autor, a privação total de capacidade implicaria a frustração da personalidade, 
pois se ao homem, como sujeito de direito, fosse negada a capacidade genérica para adquiri-
lo, a consequência seria o seu aniquilamento no mundo jurídico. 
 
Frisa-se que nem toda pessoa possui aptidão para exercer pessoalmente os seus 
direitos, praticando atos jurídicos, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas. É por 
faltar alguns requisitos materiais a certas pessoas que a lei, com o intuito de protegê-las, não 
lhes nega a capacidade de adquirir direitos, mais sim o de se autodeterminarem, ou de 
exercer pessoal e diretamente, exigindo para tanto, a participação de outra pessoa, que as 
representa ou assiste. 
 
Por exemplo, os recém-nascidos e os amentais sob curatela possuem apenas a 
capacidade de direito, mas não têm a capacidade de fato ou de exercício, logo precisam ser 
representados pelos pais e curadores, respectivamente. 
 
Mas se puderem atuar pessoalmente, estas possuem, capacidade plena. No entanto, 
para quem só ostenta a de direito, tem capacidade limitada e necessita de outra pessoa que 
substitua ou complete a sua vontade. São, por isso, chamados de “incapazes”. 
 
Reunidos os dois atributos, fala-se em capacidade civil plena. 
 
CAPACIDADE DE FATO + CAPACIDADE DE DIREITO = CAPACIDADE PLENA 
 
 
 
A Capacidade não se confunde com legitimação. Nem toda pessoa capaz pode estar 
legitimada para a prática de determinado ato jurídico. A legitimação traduz uma capacidade 
específica. Por exemplo, o ascendente é genericamente capaz, mas só estará legitimado a 
vender a um descendente se o seu cônjuge e os demais descendentes expressamente 
consentirem. 
 
A falta de legitimação alcança pessoas impedidas de praticar certos atos jurídicos, 
sem serem incapazes, como por exemplo, o tutor, proibido de adquirir bens do tutelado; o 
 
 
 
 
 
casado, exceto no regime de separação absoluta de bens, de alienar imóveis sem outorga do 
outro cônjuge; os tutores ou curadores de dar em comodato os bens confiados à sua guarda 
sem autorização especial. 
 
 Leia mais sobre legitimidade nos artigos: 496, 1.749, I e 1.647, do Código Civil, 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm 
 
1.9 Das incapacidades 
 
No âmbito das relações civis, são considerados absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos (art. 3.º, do Código 
Civil). 
Os absolutamente incapazes não podem exercer por si mesmos quaisquer atos da 
vida civil, não sendo considerada pelo ordenamento jurídico a sua vontade. Nos termos do 
artigo 166, I, do Código Civil, “o ato ou negócio jurídico praticado pelo absolutamente 
incapaz é nulo”. Dessemodo, o absolutamente incapaz deve ser representado para o 
exercício de direitos e a prática de atos jurídicos, pelos pais, tutor ou curador. 
 
Ainda na esfera das relações civis, são incapazes, relativamente a certos atos, ou à 
maneira de os exercer (art. 4.º do Código Civil): 
 
Art. 4 
o 
São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. 
 
Na incapacidade relativa, permite-se a prática de atos jurídicos, desde que o 
relativamente incapaz seja assistido por pessoa plenamente capaz (pais, tutor ou curador). É 
anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente, nos termos do art. 171, I, do 
Código Civil. 
 
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à 
prática de todos os atos da vida civil (art. 5.º, do Código Civil). 
 
Art. 5 
o 
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
 
 
 
 
 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior. 
 
A maioridade civil passou a ser atingida aos dezoito anos a partir do Código Civil de 
2002, seguindo uma tendência já firmada em nossa sociedade, no sentido de chamar os 
jovens à responsabilidade mais cedo, igualando-a, nesse aspecto, à maioridade criminal e 
trabalhista. 
 
Também é possível a antecipação da capacidade plena, em virtude da autorização 
dos representantes legais do menor ou do juiz, ou pela superveniência de fato a que a lei 
atribui força para tanto. 
 
De acordo com a sua causa ou origem, a emancipação pode ser de três espécies: 
voluntária, judicial e legal. 
 
Tipos de emancipação (art. 5º, do CC) 
 
Emancipação voluntária 
 
Emancipação judicial 
 
Emancipação legal 
 
• Vontade dos pais; 
• Vontade do menor; 
• Realização conforme sua 
causa ou origem; 
• A emancipação pode ser 
de três espécies: 
voluntária, judicial e 
legal; 
• No cartório de registro 
público, independe de 
homologação judicial; 
• O menor precisa ter 16 
anos completos. 
• O menor possui um 
tutor; 
• O menor precisa ter 16 
anos completos; 
• O juiz ouvirá o tutor; e a 
emancipação é conferida 
pelo juiz, por sentença. 
 
• Casamento; 
• Exercício de emprego 
público efetivo; 
• Colação de grau em 
ensino superior; 
• Ou que o menor, com 16 
anos completos, tenha 
economia própria em 
função de: 
estabelecimento civil, 
comercial ou relação de 
emprego. 
 
 
A emancipação de menor gera alguns direitos para o emancipado. No entanto, a 
antecipação da capacidade ainda implica em algumas vedações. A emancipação de menor, 
portanto, implica em responsabilidades, direitos e deveres e deve ser bem pensada, uma vez 
que é irrevogável. 
 
 
 
 
 
 
 
1.10. Pessoa jurídica 
 
Ser humano não é a mesma coisa que pessoa, são ideias bem distintas. Ser humano é 
um conceito biológico. Já pessoa, para o direito, é o sujeito capaz de titularizar direitos e 
deveres. Logo, não há uma identidade entre a condição humana e a condição de pessoa. 
 
Já houve um tempo em que seres humanos eram considerados coisas como no caso 
dos escravos. Em oposição a esses fatos, reconhece-se a personalidade jurídica das 
chamadas pessoas morais ou pessoas jurídicas, que são entes jurídicos não biológicos. 
 
Historicamente, os romanos já reconheciam a unidade jurídica dos grupos humanos, 
a exemplo das corporações de operários, porém, não evoluíram para reconhecer a figura da 
pessoa jurídica, o que teria ocorrido no Direito Canônico, quando a igreja aceitou a 
autonomia das ordens religiosas, que não se confundiam com a Igreja, embora estivessem a 
ela vinculadas, tampouco se confundiam com as pessoas naturais. 
 
Para Mamede (2018, p. 38), a pessoa jurídica é um artifício jurídico: um conceito e um 
instrumento criado para otimizar as relações sociais. Assim, a personalidade jurídica não é 
condição que se identifica com o ser humano, mas uma qualidade jurídica que vai além, 
tornando outros entes sujeitos de relações jurídicas. 
 
De acordo com o Direito em vigor, pode-se concluir que as pessoas jurídicas são 
entes dotados de realidade, entendendo-se mais adequado o enfoque reconhecendo tratar-
se de uma realidade jurídica. 
 
Vale ressaltar, no Direito Brasileiro, que a pessoa jurídica já esteve vinculada à ideia 
de coletividade, ou seja, coletividade de pessoas, que podem estar organizadas para fins 
econômicos ou não. Sobre tais coletividades, o Direito fala da personalidade, fazendo com 
que sejam compreendidas como uma pessoa, como unidade subjetiva. 
 
Efetivamente começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a 
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações 
por que passar o ato constitutivo (art. 45 do Código Civil). 
 
As pessoas jurídicas, são entidades a que a lei empresta personalidade, isto 
é, são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade diversa da dos 
indivíduos que os compõem, capazes de serem sujeitos de direito e 
obrigações na vida civil (GARCIA, 2015, p.38). 
 
 
 
 
 
 
Por exemplo, se as pessoas João, José e Pedro constituem regularmente a pessoa 
jurídica Sociedade Exemplo Ltda., cuja existência começa com o registro regular (artigo 45, 
do Código Civil), nos negócios mantidos pela pessoa jurídica será ela, a sociedade, o sujeito 
de direitos e deveres, não os seus membros. 
 
As pessoas jurídicas podem ser classificadas da seguinte forma: de pessoas jurídicas 
de direito público e pessoas jurídicas de direito privado. 
 
 
 
 
 
De acordo com o que estabelece o art. 40, do Código Civil, “As pessoas jurídicas são 
de direito público, interno ou externo, e de direito privado”. As pessoas jurídicas de direito 
público, como o próprio nome indica, são dotadas de personalidade jurídica de direito 
público, sendo reguladas por regime de Direito público. 
 
As pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros e todas as 
pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional Público, nos termos do art. 42, do 
Código Civil. 
 
Já as pessoas jurídicas de direito público interno de acordo com art. 41, do Código 
Civil, são: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os Municípios, as 
autarquias, inclusive as associações públicas e as demais entidades de caráter público 
criadas por lei. 
 
Frisa-se que as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de 
direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas do 
Código Civil. 
 
Nos termos do art. 21, inciso I, da CF/1988, compete à União “manter relações com 
Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais”. Entende-se que a União é 
que representa a República Federativa do Brasil nas relações internacionais. 
 
Pessoas jurídicas Direito público 
pessoas jurídicas de 
direito público 
interno 
pessoas jurídicas de 
direito público 
externo 
 
 
 
 
 
 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são entes 
públicos que integram a chamada Administração Pública direta. De 
acordo com o art. 1.º, da Constituição Federal, a República Federativa 
do Brasil é “formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e 
do Distrito Federal”,constituindo-se em Estado Democrático de Direito. 
 
 
Em se tratando dos Territórios Federais, estes “integram a União, e sua criação, 
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei 
complementar” (§ 2.º, do art. 18, da CF). 
 
As autarquias e as fundações públicas são entes públicos que integram a 
Administração Pública indireta. Já às fundações públicas, registre-se o entendimento de que, 
mesmo sendo instituídas pelo Poder Público, podem apresentar personalidade jurídica de 
direito privado, devendo-se verificar a previsão constante de seu ato constitutivo. 
 
É importante deixar claro que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa” (§ 6.º, do art. 37, da CF/88). 
 
Destaca-se que as empresas públicas e as sociedades de economia mista também 
integram a Administração Pública indireta. No entanto, cabe à lei estabelecer o estatuto 
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que 
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de 
serviços públicos. Embora os referidos entes integrarem a Administração Pública indireta, 
eles apresentam personalidade jurídica de direito privado. 
 
Superado o tema sobre pessoa jurídica de direito público, passaremos agora a falar 
sobre as pessoas jurídicas de direito privado disciplinadas pelo art. 44, do Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Associações; 
• Sociedade; 
• Fundações; 
• Organizações religiosas; 
• Partidos políticos; 
• Empresas individuais de 
responsabilidade limitada. 
Pessoas jurídicas 
Direito 
privado 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com o artigo 53, do Código Civil, as associações são constituídas pela união de 
pessoas que se organizam para fins não econômicos. Ressalta-se que não há, entre os 
associados, direitos e obrigações recíprocos. Logo, nas associações não existe finalidade 
lucrativa, pois o seu objeto não tem fins econômicos, mas sim culturais, beneficentes, 
altruístas, religiosos, esportivos ou morais. 
 
Por sua vez, as sociedades são constituídas pela união de pessoas que se organizam 
para fins econômicos, com escopo de atingir lucro. Celebram contrato de sociedade as 
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício 
de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (art.981, do CC). 
 
 As sociedades podem ser assim classificadas em: sociedades simples e sociedades 
empresárias, podendo também ser classificas em sociedades personificadas e sociedades 
não personificadas. 
 
Salvo algumas exceções, é considerada “empresária” a sociedade que tem por objeto 
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro. São consideradas “simples” 
as demais sociedades. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a 
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados no 
Código Civil brasileiro. Já a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um 
desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. 
 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são entes 
públicos que integram a chamada Administração Pública direta. De 
acordo com o art. 1.º, da Constituição Federal, a República 
Federativa do Brasil é “formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal”, constituindo-se em 
Estado Democrático de Direito. 
 
Nesse sentido, resta esclarecer que a sociedade empresária é aquela que apresenta o 
elemento empresa, ou seja, realiza atividade econômica, de forma organizada, para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços. Isso significa dizer que, na sociedade 
empresária, a atividade econômica é realizada com a devida organização de todos fatores de 
produção, de modo a produzir ou operar a circulação de bens e serviços ao mercado. 
 
As fundações, por sua vez, são pessoas jurídicas que se constituem em torno de um 
patrimônio destinado a um fim. São criadas pelo seu instituidor, o qual faz, por escritura 
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, 
 
 
 
 
 
e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. A fundação somente pode se constituir 
para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. 
 
Já as organizações religiosas são de livre criação, organização, estruturação interna e 
funcionamento. Veda-se ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos 
constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 
 
Os partidos políticos previstos no art. 17, da Constituição Federal de 1988, devem ser 
organizados e funcionar conforme o disposto em lei específica. A Lei 9.096/1995 prevê em 
seu art. 1.º que o partido político é pessoa jurídica de direito privado e se destina a 
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e 
a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. 
 
Por fim, falaremos agora sobre a empresa individual de responsabilidade limitada 
que deve ser constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, 
devidamente integralizado, que não deve ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo 
vigente no País. A empresa individual de responsabilidade limitada, permite separar o 
patrimônio pessoal, de modo a não se confundir com o patrimônio que pertence à pessoa 
jurídica, para o exercício da atividade empresarial. 
 
Frisa-se que a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado se inicia “com a 
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações 
por que passar o ato constitutivo” (art. 45, do Código Civil). Do mesmo modo, a sociedade 
adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos 
seus atos constitutivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ato 
constitutivo 
Estatuto social 
Fundação (coletividade de bens) 
Associações 
 
 
Sociedades 
Sociedades por 
ações 
Sociedades anônimas 
Sociedades em 
comandita por ações 
Sociedades cooperativas 
Contrato social – só sociedades 
Sociedade simples comum 
Sociedade em nome coletivo 
Sociedade em comandita simples 
Sociedade limitada 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Mamende (2018, p. 42) 
 
A existência das pessoas jurídicas de direito privado termina com a sua dissolução e 
liquidação. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica, ou cassada a autorização para seu 
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
 
Frisa-se que a averbação da dissolução da pessoa jurídica deve ser feita no registro 
em que ela estiver inscrita. Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da 
inscrição da pessoa jurídica. 
 
Essas considerações bastam para a presente análise, na certeza de que iremos 
aprofundar nos assuntos pertinentes a pessoa jurídica e suas peculiaridades nas Unidades 
Temáticas II e III dessa disciplina. 
 
 
 Leia mais sobre direitos da personalidade e pessoa jurídica, disponível em: 
 (DANIEL QUEIROZ PEREIRA, 2012) https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/rfduerj/article/download/1536/3048 Acesso em: 10 ago. 2020. 
 
Observação: inserir webaula 1. 
 
 REFERÊNCIAS 
GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de direito civil: volume único. 3. ed. – São Paulo: 
Saraiva Educação, 2019. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. volume 1: parte geral. – 15. ed. – São 
Paulo: Saraiva, 2017. 
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Introdução ao estudo do direito: teoria geral do direito. 3. 
ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2015. 
MAMEDE,Gladston. Direito societário: sociedades simples e empresárias. 10. ed. rev. e 
atual. –São Paulo: Atlas, 2018. 
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 36.a ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. — São Paulo: Saraiva, 2002. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito.6. ed. – São Paulo: Atlas, 2019. 
 
 
 Observação: inserir a atividade de percurso 1 (questionário). 
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rfduerj/article/download/1536/3048
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rfduerj/article/download/1536/3048
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II: EMPRESA. EMPRESÁRIO (MEI E EIRELI, ME). SOCIEDADES EMPRESÁRIAS E 
REGISTRO DE EMPRESA. 
 
 
Prezado (a) aluno (a), 
 
Nesta segunda unidade temática, estudaremos empresas e empresário (MEI e EIRELI, 
ME); e sociedades empresárias e Registro de empresa. Ao final desta unidade temática, você 
será capaz de: 
 
 Assimilar os princípios que norteiam o Direito Empresarial; 
 Compreender a aplicação das regras de Direito Empresarial; 
 Conhecer o Direito de Empresa, segundo o Novo Código Civil. 
 
É importante destacar que o seu aprendizado dependerá do seu envolvimento e 
dedicação, quanto maior for o seu comprometimento melhor será o resultado. 
 
 
2. Teoria Geral do Direito Empresarial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcS3rze1wBuD31ZKA8oy7GhI3vkmRQF8R2roxQ&usqp=CAU 
 
 
Com o advento do Código Civil de 2002, houve a revogação quase integral do Código 
Comercial de 1850. Continuam em vigor apenas as normas relativas ao comércio marítimo 
(arts. 457 a 796). O que ensejou até a mudança de nomenclatura das disciplinas de grande 
parte dos cursos jurídicos. 
 
 
 
 
 
 
Frisa-se que este fato levou alguns doutrinadores a afirmarem que o direito 
comercial havia sido absorvido pelo direito civil, perdendo sua autonomia material. Para 
Fábio Tokars (2007, p. 15), esta questão merece uma análise mais cuidadosa, especialmente 
para que se reflita acerca dos princípios regentes do direito empresarial. 
 
É importante destacar que, no campo formal, a autonomia decorre da existência de 
um código próprio, por exemplo do que ocorre com o direito processual civil, com o direito 
penal, com o direito tributário e com outros ramos do direito. 
 
Já no campo material, o ramo do direito será autônomo, ou seja, regido por 
princípios próprios, com a aplicação das demais áreas da ciência jurídica. Isso significa dizer 
que a autonomia material é muito mais relevante do que a formal. 
 
Cabe destacar que o direito empresarial perdeu sua autonomia formal com a 
revogação de parte do Código Comercial de 1850. No entanto, a sua regulação é feita por 
um grande e esparso conjunto de leis, enquanto seus preceitos gerais e a tutela das 
sociedades contratuais encontram-se regulamentos no Código Civil. Além disso, devem ser 
referidas como fundamentos normativos no direito empresarial: 
 
 a Lei de Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404/76); 
 a Lei de Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/96); 
 a Lei Uniforme de Genebra; 
 sobre títulos de crédito (Decreto n. 57.663/66); 
 a Lei das Duplicatas (Lei n. 5474/1968, a Lei do Cheque (Lei n. 7.357/85); 
 a Lei de Registro Empresarial (Lei n. 8.934/94, regulamentada pelo Decreto n. 
1.800/96); 
 a Lei Antitruste (Lei n. 8.884/94); 
 a Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005); 
 o Código de 1850 (em relação ao comércio marítimo) e várias outras. 
 
O Direito Empresarial é o mesmo que o Direito Comercial, sendo que o Direito 
Empresarial é mais amplo, pois alcança todo exercício profissional de atividade econômica 
organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços (exceto a atividade 
intelectual). 
 
Já o Direito Comercial alcançava, em sua concepção inicial, apenas os comerciantes 
que compravam para depois revender e algumas outras atividades. O Direito Comercial é um 
ramo histórico do Direito, que surgiu pelas necessidades dos comerciantes não respaldadas 
pelas normas do Direito Civil. 
 
 
 
 
 
 
2.1 Objeto do Direito Empresarial 
 
 
 
 
 O objeto do Direito Empresarial segundo 
Teixeira (2018, p.51) é, essencialmente, regular as 
relações entre empresários e dispor sobre as regras das 
sociedades empresariais. Além de ser um disciplinador 
da circulação dos bens entre aqueles que os produzem e 
aqueles que os consomem. 
 
 
 
Destaca-se que, no Código Comercial de 1850, o objeto do Direito Empresarial era 
tido a partir da teoria dos atos de comércio. Com a vigência do Código Civil de 2002, o objeto 
passa a ser mais amplo, abrangendo toda e qualquer atividade econômica (art. 966, do 
Código Civil). Nesse sentido, é a lei que determina a matéria empresarial, por exemplo, a 
legislação dos títulos de crédito, da propriedade industrial, entre outras leis empresariais. 
 
As principais podem ser encontradas no que as editoras chamam “Código Comercial”. 
Para Teixeira (2018, p. 48), “o mais adequado seria chamá-las de consolidação das leis 
comerciais/empresariais, pois não contêm apenas o Código Comercial e, muito pelo 
contrário, a maior parte é de legislação extravagante”. 
 
Por fim, o Direito Empresarial veio evoluindo no tempo e chegou à atualidade como 
uma alavanca ao desenvolvimento dos negócios, em razão dos instrumentos que coloca à 
disposição para as operações, visando atender às necessidades dos empresários, com suas 
normas e diversos tipos de contratos. 
 
2.2 Princípios do Direito Empresarial 
 
O direito empresarial é o direito da empresa, ou seja, é o regime jurídico especial de 
direito privado que disciplina o exercício de atividade econômica organizada. É no direito 
empresarial que se encontram as regras jurídicas especiais para a disciplina do mercado. 
 
Para André Santa Cruz (2018, p. 47), é fundamental que essas regras, em função de 
sua especialidade, estejam assentadas em uma principiologia própria, que destaque a 
imprescindibilidade da empresa como instrumento para o desenvolvimento econômico e 
 
 
 
 
 
social das sociedades contemporâneas”. Assim, os princípios do direito empresarial podem 
ser classificados da seguinte forma: 
 
 Livre-iniciativa; 
 Livre concorrência; 
 Propriedade privada; 
 Preservação da empresa; 
 Função social da empresa. 
 
 Princípio da livre-iniciativa: é o princípio fundamental do direito empresarial. Em 
nosso ordenamento jurídico, constitui princípio constitucional da ordem econômica, 
conforme previsão expressa do art. 170, da CF/1988: 
 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios 
[...] 
 
 Princípio da liberdade de concorrência: princípio basilar do direito empresarial é a 
livre concorrência, também prevista expressamente no artigo 170, da CF/1988, como 
princípio constitucional da ordem econômica: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
[...] 
IV - livre concorrência; 
[...] 
 
Frisa-se que esse também é um princípio que não vem sendo respeitado no Brasil. E 
quem mais desrespeita a livre concorrência é justamente aquele ente que, em tese, deveria 
protegê-la, ou seja, o próprio Estado. 
 
 Princípio da propriedade privada: a propriedade privada também está elencada no 
art. 170, II, da CF/1988, como princípio constitucional da ordem econômica, 
formando, junto com a livre-iniciativa e a livre concorrência, a tríade que dá 
sustentação ao direito empresarial. 
 
 Garantir e defender a propriedade privada dos meios de produção é pressuposto 
fundamental do regime capitalista de livre mercado. Ausente a propriedade privada, não há 
também mercado(CRUZ, 2018, p. 53). 
 
 
 
 
 
Nas palavras de André Santa Cruz (2018), se não houver mercado, não há como 
precificar os bens e serviços em produção e circulação de forma legítima e eficiente. Assim, 
não existe outra alternativa senão o planejamento central da economia, situação na qual os 
preços são arbitrariamente fixados por burocratas, o que fatalmente leva ao colapso 
econômico e social. 
 
 Princípio da preservação da empresa: o princípio da preservação da empresa é um 
dos princípios do direito empresarial que vem sendo amplamente difundido, 
inspirando alterações legislativas como a Lei 11.101/2005 (Lei de Falência e 
Recuperação de Empresas), e fundamentando inúmeras decisões judiciais. 
 
O princípio da preservação da empresa também tem sido muito usado pelos tribunais 
pátrios para fundamentar decisões em matéria de dissolução de sociedades, falência, 
recuperação judicial. 
 
 Princípio da função social da empresa: este princípio decorre do conceito de função 
social da empresa que engloba a ideia de que esta não deve visar somente o lucro, 
mas também preocupar-se com os reflexos que suas atividades ou decisões têm 
perante a sociedade. 
 
A empresa é uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação 
de bens ou de serviços. Assim, quando se fala em função social da empresa faz-se referência 
à atividade empresarial em si, que decorre do uso dos chamados bens de produção pelos 
empresários. 
 
Por fim, a empresa não deve, segundo este princípio, apenas atender aos interesses 
individuais do empresário individual, do titular da EIRELI ou dos sócios da sociedade 
empresária, mas também aos interesses difusos e coletivos de todos aqueles que são 
afetados pelo exercício dela. 
 
 
Saiba mais sobre a função social da empresa, acessando o link a abaixo e lendo o 
artigo disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6915/A-
funcao-social-da-empresa-diante-da-constitucionalizacao-do-Direito 
 
2.3 Fontes do Direito Empresarial 
 
As Fontes do Direito são as maneiras pelas quais se estabelecem as regras jurídicas. A 
fonte é de onde nasce o Direito, é a origem das normas jurídicas. Assim, as fontes nutrem o 
operador do Direito das regras aplicáveis às relações jurídicas. 
No Direito Empresarial, as fontes podem ser dividas em primárias e secundárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Constituição Federal também se inclui entre as fontes primárias. Além disso, 
respeitadas as normas de ordem pública, tendo em vista que o contrato faz lei entre as 
partes (pacta sunt servanda), ele também é fonte do direito empresarial, bem como outras 
obrigações como os títulos de crédito. 
 
 
É importante esclarecer que as fontes são secundárias no sentido de que sua 
importância é subsidiária, não principal. No entanto, os usos e costumes em outros tempos 
já foram a principal fonte do direito empresarial. 
 
Nesse sentido, o operador do Direito deve primeiramente aplicar as fontes primárias, 
sendo que quando estas não tiverem respostas plenas ao caso, aí sim, socorrer-se-á das 
fontes secundárias. 
 
Frisa-se que as fontes secundárias só são aplicadas às relações jurídicas quando 
houver omissão das fontes primárias. 
 
 
Fontes primárias (ou diretas) 
Leis de franquia, de concessão 
mercantil, falimentar, de títulos de 
Crédito. 
Código Comercial (a parte não 
revogada de direito marítimo) 
O Código Civil 
etc. 
São as leis em geral, sobretudo as 
de conteúdo 
empresarial 
Fontes secundárias (ou 
indiretas) 
Analogia, equidade. 
Usos e costumes. 
São formadas pelos 
princípios gerais do direito 
 
 
 
 
 
2.4 Conceito de comerciante, empresário e empresa 
 
No Brasil, o conceito jurídico de comerciante surgiu com a edição do Código 
Comercial de 1850. Em seu art. 4ª, considerava comerciante a pessoa que praticava a 
mercancia. Esta, por sua vez, foi definida no artigo 19 do Regulamento n. 737, de 1851, 
como a prática profissional de atos de comércio. 
 
Da aplicação desta regra, surgiu um rol de atividades que, embora tivessem evidente 
caráter econômico, não eram consideradas comerciais, pelo simples fato de não constarem 
da listagem legal. 
 
Atividade comercial Atividade não comercial 
 Compra para posterior revenda 
(comércio em sentido estrito) 
 Compra para transformação e posterior 
revenda (indústria) 
 Transporte de mercadorias, espetáculos 
públicos 
 Incorporações imobiliárias 
 Seguros 
 Armação e expedição de navios 
 Atividade bancária 
 Prestação de serviços 
 Extrativismo 
 Atividade agropecuária 
 Mineração 
 Compra e venda de imóveis 
 Transporte de pessoas 
Daí o porquê de sociedades dedicadas à prestação de serviços, por exemplo, não serem 
consideradas comerciais, mas Civis (S/C). 
Fonte: Tokars, 2007, p. 17 
 
Em razão das críticas, a figura do comerciante foi extinta com a edição do Código Civil 
de 2002, que a substituiu pela do empresário. Esta substituição não se trata de uma simples 
modernização de nomenclatura. O conceito de empresário é distinto do de comerciante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comerciante Aquele que praticava profissionalmente atos de comércio. 
Empresário 
Foi fixado pelo art. 966, 
do Código Civil, de 2002. 
Segundo o qual se considera empresário 
quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens ou de serviços. 
 
 
 
 
 
Fonte: Tokars, 2007,p. 19 
 
O conceito de empresário é mais abrangente do que o de comerciante. Isso porque o 
enquadramento não mais se dá em razão da espécie de atividade desenvolvida, mas sim da 
forma organizada de exploração de atividade. 
 
2.4.1 Empresário 
 
Empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, de acordo com o art. 966, do Código 
Civil, de 2002. 
 
Do conceito de empresário, estabelecido no art. 966, do Código Civil, pode-se extrair 
as seguintes expressões, que nos indicam os principais elementos indispensáveis à sua 
caracterização: 
 
a) Profissionalmente; 
b) Atividade econômica; 
c) Organizada; 
d) Produção ou circulação de bens ou de serviços. 
 
 Profissionalmente: só será empresário aquele que exercer determinada atividade 
econômica de forma profissional, ou seja, que fizer do exercício daquela atividade a 
sua profissão habitual. 
 
Quem exerce determinada atividade econômica de forma esporádica, por exemplo, 
não será considerado empresário, não sendo abrangido, portanto, pelo regime jurídico 
empresarial. 
 
QUADRO SINÓTICO 
Comerciante Empresário 
Art. 4º, do Código Comercial, de 1850; 
Era quem desenvolvia profissionalmente atos 
de comércio; não era comerciante quem se 
dedicasse à prestação de serviços, dentre 
outras atividades não incluídas nos arts. 19 e 
20 do Regulamento n. 737, de 1851. 
Art. 966, do Código Civil, de 2002; 
É quem desenvolve atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação 
de bens ou de serviços. 
 
 
 
 
 
 Atividade econômica: significa que empresa é uma atividade exercida com intuito 
lucrativo. Trata-se de característica intrínseca das relações empresariais a 
onerosidade. 
 
Vale lembrar que não é só à ideia de lucro que a expressão atividade econômica 
remete. Ela indica também que o empresário, sobretudo em função do intuito lucrativo de 
sua atividade, é aquele que assume os seus riscos técnicos e econômicos. 
 
 Organizada: significa que o empresário é aquele que articula os fatores de produção 
(capital, mão de obra, insumos e tecnologia). 
 
Nesse contexto, o exercício de empresa pressupõe, necessariamente, a organização 
de pessoas e meios para o alcance da finalidade almejada. 
 
 Circulação de bens ou de serviços: demonstra a abrangência da teoria da empresa, 
em contraposição à antiga teoria dos atos de comércio, a qual restringia o âmbito de 
incidência do regime jurídico comercial a determinadas atividades econômicas 
elencadas na lei.Partindo da teoria da empresa, pode-se dizer que qualquer atividade econômica 
poderá, em princípio, submeter-se ao regime jurídico empresarial, bastando que seja 
exercida profissionalmente, de forma organizada e com intuito lucrativo. 
 
Logo, a expressão produção ou circulação de bens ou de serviços deixa claro que 
nenhuma atividade econômica está excluída, a priori, do âmbito de incidência do direito 
empresarial. 
 
Ainda pode-se dizer que o empresário funciona como um intermediário, pois de um 
lado estão os que oferecem capital e/ou força de trabalho e de outro os que demandam 
satisfazer suas necessidades. 
 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL 
INDIVIDUAL COLETIVO 
Empresário individual e Empresa individual 
de responsabilidade limitada – EIRELI (art. 
966 e Lei n. 12.441/2011). 
Empresa individual constituída sob forma 
de responsabilidade limitada (art. 1.052, § 
1º, alterado pela LLE) 
Sociedade empresária (art. 983). 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADES NÃO EMPRESARIAIS 
 
 
 
 
 
INDIVIDUAL COLETIVO 
Profissional autônomo ou exercício 
individual de atividade não empresarial sob 
a forma de limitada (art. 1.052, § 1º, 
alterado pela LLE): atividades intelectuais, 
científicas, literárias ou artísticas. 
Faculta-se, ainda, a constituição de 
empresa individual de responsabilidade 
limitada à atividade mencionada no art. 
980-A, § 5º. 
Associações – sem fins econômicos (art. 
53). 
Fundações – de fins religiosos, morais, 
culturais e de assistência (art. 62). 
Sociedade simples – atividade lucrativa não 
empresária (arts. 982 e 997 a 1.038). 
 
Assim, o conceito de empresário, a princípio, compreende a figura do empresário 
individual (uma só pessoa física) e da sociedade empresária (pessoa jurídica com dois ou 
mais sócios), que também pode ser denominada de empresário coletivo. Mais recentemente 
foi criada a figura da EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), a qual, 
segundo a doutrina, pode ser tida como a terceira espécie de empresário. 
 
2.4.2 Conceito de empresa 
 
A empresa se conceitua economicamente como a organização da atividade 
econômica, isto é, organização do capital e do trabalho destinada à produção ou mediação 
de bens ou serviços para o mercado. 
 
Para Fábio Ulhoa Coelho (2012, p. 20), a empresa é a “atividade econômica 
organizada de produção ou circulação de bens ou serviços. É entendida como a atividade 
econômica organizada, não se confundindo nem com o sujeito exercente da atividade, nem 
com o complexo de bens por meio dos quais se exerce a atividade, que representam outras 
realidades distintas. 
 
No aspecto jurídico, a empresa é tida como atividade econômica organizada de 
produção e circulação de bens e serviços para o mercado, exercida pelo empresário, em 
caráter profissional, por meio de um complexo de bens. 
 
Assim, a empresa é justamente a atividade econômica organizada, exercida 
profissionalmente. A empresa envolve a produção ou a circulação de bens ou de serviços 
(Exceto os de natureza intelectual). 
 
Quadro sinótico Empresário X Empresa 
Empresário Empresa 
É aquele que exerce profissionalmente Empresa é a atividade econômica 
 
 
 
 
 
atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de 
serviços (art. 966, do Código Civil). 
O empresário é o titular da empresa, seu 
sujeito. Em suma, aquele que a cria e que a 
dirige correndo os riscos e auferindo os 
lucros. 
organizada exercida pelo empresário. 
 
 
 
Nesse contexto, o Direito Empresarial trata da atividade empresarial exercida pelo 
empresário, individual ou por meio de sociedade empresarial, por intermédio do 
estabelecimento empresarial. 
 
2.4.3 Empresário individual 
 
 
 
De acordo com o artigo 966 do Código Civil, empresário 
é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada, não se referindo apenas à pessoa física que explora 
atividade econômica, mas também à pessoa jurídica. 
 
 
 
 
Nesse sentido, o empresário pode ser um empresário individual (pessoa física que 
exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou uma sociedade empresária 
(pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto social é a exploração de 
uma atividade econômica organizada). 
 
A palavra “empresário” é gênero do qual o empresário individual, a sociedade 
empresária e a empresa individual de responsabilidade limitada são espécies. O empresário 
individual é aquele que, independentemente do motivo, opta por desenvolver sua atividade 
econômica isolado, sem a participação de sócios. O empresário individual é a pessoa física 
titular de uma atividade empresarial que, por sua vez, não se confunde com o sócio da 
sociedade empresária. 
 
É importante esclarecer que quando se está diante de uma sociedade empresária, 
deve-se atentar para o fato de que seus sócios não são empresários, mas, sim, integrantes 
do quadro social de uma sociedade empresária. O empresário, nesse caso, é a própria 
 
 
 
 
 
sociedade, ente ao qual o ordenamento jurídico confere personalidade e, 
consequentemente, capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. 
 
Ao empresário individual é assegurado o direito à inscrição, à recuperação de 
empresas, à autofalência, a requerer a falência de outro empresário sendo credor de título 
extrajudicial, à utilização dos seus livros como prova em processo judicial, à proteção da sua 
identificação (nome empresarial). No entanto, o empresário individual não goza da limitação 
de responsabilidade e da separação patrimonial, princípios inerentes às sociedades 
empresárias e às EIRELIs. 
 
Um ponto a ser observado é que não se considera em separado o patrimônio da 
empresa e o patrimônio pessoal. Logo, a responsabilidade do empresário individual pelas 
obrigações firmadas em razão do seu negócio é ilimitada. Ele responde, inclusive, com seu 
patrimônio pessoal, ainda que sua empresa tenha patrimônio próprio. 
 
Cabe ressaltar que o empresário individual pode admitir sócios, neste caso deverá 
solicitar ao Registro Público das Empresas Mercantis a transformação de sua inscrição como 
empresário individual para sociedade empresária (CC, art. 968, § 3º). Também poderá 
solicitar sua transformação para EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. 
 
Frisa-se que em ambos os casos deverão ser respeitadas as regras firmadas pelo DREI 
(Departamento de Registro Empresarial e Integração), em especial a Instrução Normativa n. 
10, de 5 de dezembro de 2013, que fixa regras para a transformação de registro de 
empresário individual em sociedade empresária, contratual, ou em empresa individual de 
responsabilidade limitada e vice-versa. 
 
Outra observação a ser feita é acerca do empresário individual casado. Sobre isso, o 
Código Civil trouxe algumas regras especiais aplicáveis ao empresário casado, regras que se 
aplicam também ao empresário individual, haja vista que na sociedade empresária quem é o 
titular da empresa é a própria pessoa jurídica, a qual não pode casar. Vejamos o artigo art. 
978, do Código Civil: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da 
empresa ou gravá-los de ônus real ”. 
 
Já o art. 979 do Código Civil, por sua vez, determina que, “além de no Registro Civil, 
serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e 
declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens 
clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade”. 
 
 
 
 
 
 
 
2.4. 4 Sociedade empresária 
 
A sociedade empresária, como espécie do gênero empresário, é um contrato, ou 
seja, acordo de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma 
relação jurídica de direito patrimonial. 
 
Os sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Não existe sociedade que envolva 
apenas uma pessoa. Uma sociedade pressupõe no mínimo duas partes. As partes

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