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Teoria Geral do Processo do Trabalho

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Teoria Geral
do Processo
do Trabalho
Prof. Marcos Dias de Castro
Descrição
Os fundamentos do Processo do Trabalho e sua teoria geral.
Propósito
Conhecer os fundamentos do Processo do Trabalho é aspecto relevante
para os profissionais que atuam na Justiça do Trabalho. É preciso que
os operadores do Direito saibam os princípios e fundamentos do Direito
Processual do Trabalho, bem como a competência desse ramo do Poder
Judiciário, para que possam atuar de forma segura na efetivação dos
direitos sociais dos trabalhadores e na defesa dos interesses
empresariais.
Preparação
Antes de iniciar o nosso estudo, tenha em mãos a Consolidação das
Leis do Trabalho e o Código de Processo Civil.
Objetivos
Módulo 1
Princípios fundamentais do Direito
Processual do Trabalho
Reconhecer os princípios fundamentais que regem o Processo do
Trabalho e a eficácia das normas processuais trabalhistas no tempo
e no espaço.
Módulo 2
Competência da Justiça do Trabalho
Reconhecer a competência da Justiça do Trabalho em seus aspectos
mais relevantes.
Módulo 3
Partes e terceiros
Identificar partes e terceiros que atuam na Justiça do Trabalho.
Introdução
Ao longo deste material, analisaremos os fundamentos do Direito
Processual do Trabalho. Iniciaremos pelo estudo dos princípios
fundamentais que regem a disciplina, bem como a eficácia das
normas processuais trabalhistas no tempo e no espaço.
Em seguida, abordaremos a competência da Justiça do Trabalho,
tema essencial para todos aqueles que militam nesse ramo do
Poder Judiciário. Conhecer os limites de atuação da Justiça do
Trabalho é fundamental para todos aqueles que operam na seara,
em parte, pelas polêmicas que o instituto ainda provoca na
doutrina e na jurisprudência.
Por fim, abordaremos os conceitos de “parte” e de “terceiros”
para o Direito Processual do Trabalho, assim como os limites e as
possibilidades de ação na Justiça do Trabalho. Todos os temas
são essenciais para um trabalho de excelência na área. Vamos
saber mais sobre eles?

1 - Princípios fundamentais do Direito Processual do Trabalho
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os princípios fundamentais que regem o
Processo do Trabalho e a e�cácia das normas processuais trabalhistas no tempo e no espaço.
A e�cácia das normas no tempo e no
espaço
O Direito Processual do Trabalho pode ser definido como o conjunto de
princípios e normas destinados a regular a atuação jurisdicional da
Justiça do Trabalho. Esse conjunto de princípios e normas visa reger a
solução dos conflitos individuais e coletivos que a Constituição atribui
como de competência da Justiça do Trabalho, tendo como norte a
obtenção da pacificação social entre capital (representado pela gama
de empresas e empreendimentos econômicos) e trabalho (representado
pela massa de trabalhadores, em geral, regidos pela Consolidação das
Leis de Trabalho).
Em Brasília, a sede do TST, instância superior de julgamento para temas que envolvem o direito do
trabalho no Brasil.
Fundamental para compreender o caráter específico da disciplina é
entender que, como todos os ramos do Direito, há uma série de
princípios que a permeiam e influenciam. Mas o que poderíamos
entender por princípio?
A palavra princípio remonta etimologicamente à noção
de “começo”, “início” ou ainda, de “primeiro momento
da existência de algo”. Em tempos mais modernos,
adquiriu-se a ideia de fundamento norteador, ou ainda,
de alicerce de um sistema (como o jurídico) que
delimita a compreensão de diferentes normas que o
compõem.
Assim, poderíamos compreender os princípios como esses
mandamentos que formam o núcleo do sistema jurídico, expondo sua
lógica e racionalidade internas e, ao mesmo tempo, conferindo
harmonia e higidez. Em apertada síntese, os princípios desempenham
tríplice função para o Direito Processual do Trabalho:
Essa última função tem sido muito utilizada pelos tribunais, inclusive,
trabalhistas, não apenas para preencher o “vazio legislativo”, mas para
levar soluções concretas a diversos casos submetidos ao Judiciário,
como é expressamente autorizado pelo art. 8º da CLT.
Princípios em espécie
Princípios do processo do trabalho
 Função informativa
Na medida em que podem inspirar soluções de
forma direta ou indireta ao aplicador da lei, além de
se dirigir ao legislador no momento da criação de
novas leis.
 Função interpretativa
Já que orienta o intérprete no momento de entender
o significado das normas jurídicas já existentes.
 Função normativa
Na medida em que ajuda na resolução dos casos
que não possuem expressa previsão legal.

Compreenda os conceitos relacionados aos princípios do processo do
trabalho.
Princípio da proteção
Não há dúvida de que o princípio protetor deriva da própria razão de ser
do Direito do Trabalho. Existe, contudo, controvérsia quanto à sua
aplicabilidade na disciplina que estudamos. Há quem defenda que o
princípio em análise não é próprio do Direito Processual do Trabalho, em
razão de seu caráter eminentemente processual, sendo o princípio
próprio para equilibrar desigualdades específicas do direito material.
Contudo, o princípio da proteção é próprio do Processo do Trabalho, em
razão de alguns aspectos relevantes:
A desigualdade econômica entre as partes (que é a regra, pois, em
geral, o trabalhador está em desvantagem econômica em relação a
seu empregador).
O desequilíbrio na produção de provas (em geral, o trabalhador só
possui testemunhas, meio de prova sempre incerto e inseguro, ao
contrário do empregador, que dispõe de meios de prova mais
amplos, como regra geral).
A ausência de um sistema de proteção contra despedida imotivada
(já que o inciso I do art. 7º da Constituição não se encontra
regulamentado até hoje, sendo um risco para o trabalhador
ingressar com ação trabalhista enquanto vigente sua relação de
emprego).
O desnível cultural entre os sujeitos da lide (realidade prática do
cotidiano forense irrefutável, embora também comporte exceções).
Podemos afirmar, portanto, que o princípio da proteção compõe o
conjunto de princípios que regem o Processo do Trabalho, com várias
evidências na CLT, por exemplo:
I
Diferença de tratamento prevista noart. 844 da CLT em razão da
ausência à audiência inicial(arquivamento x revelia).
II
Exigência de depósito recursal como pressuposto recursal
objetivo,segundo consta no (art. 899 da CLT).
III
Definição da competência territorial fixada pela localidade da
prestação de serviços (art. 651 da CLT), ou seja, clara tentativa de
facilitar o acesso à justiça.
Merece ressalva o princípio do in dubio pro operario. Embora seja
corolário do princípio da proteção, há consenso substancial que tal
princípio não se aplica ao direito probatório, vale dizer, na avaliação da
prova produzida pelas partes. Em casos de prova “dividida”, “empatada”,
“dúbia” ou “falha”, seria uma decisão muito simplista o magistrado se
inclinar para o trabalhador valendo-se desse princípio.
Tanto o Direito Processual do Trabalho quanto o Direito Processual Civil
em casos como os narrados acima impõem ao juiz a decisão conforme
o ônus da prova (arts. 818 da CLT e 373 do CPC), que deve ser sopesado
no caso concreto. Se a prova é pouco convincente ou deixa o juiz em
dúvida, deve este decidir contra quem tinha o ônus da prova no caso
concreto. Desse modo, o princípio deve ser utilizado apenas na
intepretação da lei existente ou para inspirar o legislador, mas nunca em
matéria probatória.
Princípio da oralidade
O Direito Processual do Trabalho é marcado por um procedimento
essencialmente oral, no qual encontramos a primazia da palavra. Desde
suas origens, esse ramo do Direito Processual notabilizou-se por maior
interatividade entre partes e juiz, por uma concentração dos atos
processuais na audiência e pela simplificação dos atos processuais.
A Lei nº 5.584/70 e os procedimentos que se desenvolvem no rito
sumaríssimo, por exemplo, dispensam a transcrição dos depoimentos,
dando máxima ênfase à “palavrafalada”, bastando ao juiz reduzir a
termo a conclusão a que chegou a partir desses depoimentos (art. 2º,
§3º da Lei nº 5584/70 e art. 852-F da CLT).
A oralidade é parte essencial em uma audiência, por exemplo.
Tal oralidade atingiu o ápice com as audiências telepresenciais, que são
inteiramente gravadas e dispensam a transcrição dos depoimentos das
partes e testemunhas (Resolução 105 de 2010 do Conselho Nacional de
Justiça e Resolução 185 de 2017 do Conselho Superior da Justiça do
Trabalho). São consequências diretas do princípio da oralidade (que se
opõe ao princípio da escritura), os princípios da imediatidade, da
concentração dos atos processuais em audiência e da irrecorribilidade
imediata das decisões interlocutórias.
Exemplo de audiência telepresencial, que conta com a facilidade de ser gravada.
Princípio da irrecorribilidade imediata
Um dos princípios mais próprios do Direito Processual do Trabalho é a
irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. A doutrina mais
clássica enxerga nesse princípio decorrência própria da oralidade
marcante de tal ramo do Direito. Com sede no art. 893, §1º da CLT, por
tal princípio não se admite recurso imediato das decisões interlocutórias
proferidas por juízes em processos de competência da Justiça do
Trabalho.
Irrecorribilidade é um dos princípios mais importantes do Direito.
Assim, se um magistrado trabalhista indeferea produção de uma prova
pericial, por exemplo, entendendo-a desnecessária e passando à oitiva
de testemunhas, somente apósa prolação da sentença poderá a parte
prejudicada suscitar, em recurso ordinário, a nulidade do ato judicial por
cerceamentode defesa.
Nos termos da lei, “o merecimento das decisões interlocutórias” só pode
ser avaliado quando do recurso da decisão definitiva (sentença). Por fim,
vale destacar que o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões
interlocutórias possuem algumas exceções. Vamos conferi-las?
I
As decisões prolatadas em incidentes de desconsideração da
personalidade jurídica na fase de execução ou recursal (art. 855-A,
incisos II e III da CLT).
II
As decisões denegatórias da admissibilidade de recursos (que podem
ser atacadas por agravo de instrumento, nos termos do art. 897, “b” da
CLT).
III
Decisões interlocutórias de Tribunal Regional do Trabalho que
contrariem Súmula ou OJ do TST (Súmula 214,I do TST).
IV
Decisões suscetíveis deimpugnação medianterecurso para o mesmo
tribunal (conforme item II da Súmula 214do TST, casos de hipótesesde
uso do agravo regimental).
V
Decisão que acolhe exceção de incompetência territorial com remessa
dos autos a tribunal regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado (Súmula 214, III do TST em interpretação lógica do art.
799, §2º da CLT).
Princípio da simplicidade do procedimento
A ideia de uma informalidade ou simplicidade do procedimento
trabalhista remonta à sua própria origem. Ou seja, ressaltar que o Direito
Processual do Trabalho nasceu quando ainda vigorava o CPC de 1939,
que era marcado por um formalismo excessivo, do qual o legislador
trabalhista quis fugir de forma clara.
Basta observar o teor do art. 769 da CLT, a fim de verificar que a
exigência de compatibilidade principiológica para aplicação subsidiária
das normas processuais civis não tinha outro escopo. De fato, o Direito
Processual do Trabalho é claramente informal, orientando-se por
normas menos formais com o propósito de conferir celeridade à
resolução dos conflitos na Justiça do Trabalho.
Direito Processual tem foco em resolver conflitos com agilidade.
Os sintomas desse princípio se encontram em várias circunstâncias
próprias da nossa disciplina, por exemplo:
Princípio da ampliação dos poderes instrutórios do juiz
Princípio expresso no art. 765 da CLT, a ampliação dos poderes
instrutórios do magistrado trabalhista, em certa medida, decorre de
certo protagonismo conferido ao juiz pelas regras de Direito Processual
 I
A notificação inicial é efetuada pelo cartório (art.
841 da CLT) logo após a distribuição do processo.
 II
A inexistência de despacho liminar ou de despacho
saneador como regra, sendo o primeiro contato do
magistrado com o processo na audiência, salvo
exceções.
 III
A existência de procedimentos ainda mais
abreviados (como aquele previsto no art. 2º da Lei
nº 5.584/70, que dispensa, inclusive, transcrição de
depoimentos colhidos em juízo).
 IV
A inaplicabilidade de uma série de regras do CPC
por conta de prejuízo à celeridade própria do
Processo do Trabalho (vide, por exemplo, o teor da
OJ 310 da SDI-1 do TST).
do Trabalho. Se também na seara trabalhista não se admite que o início
do processo se dê por ato ex officio, uma vez instaurada a relação
jurídica processual, exige-se do juiz uma postura ativa.
CLT ampliou poderes instrutórios do magistrado trabalhista.
Contudo, não há que se concluir que a CLT adotou procedimento
inquisitivo, instaurado de ofício e sem a possibilidade de ampla
participação das partes. Trata-se de um procedimento permeado pelo
contraditório, mas que, uma vez instaurado, permite ao magistrado
maiores poderes na direção do processo na formação do seu
convencimento e na busca pela verdade.
É nesse sentido que temos o art. 878 da CLT (admitindo a execução de
ofício quando não assistido o reclamante por advogado), o art. 114, VIII
da Constituição e o art. 43 da Lei nº 8.212 de 1991 (determinam a
execução de ofício das contribuições previdenciárias sobre os valores
que forem objeto de condenação na Justiça do Trabalho).
Princípio da conciliação
O princípio da conciliação (ou da conciabilidade) é tão antigo quanto a
instituição da Justiça do Trabalho, que já foi, por isso, tida por muitos
como a “Justiça da Conciliação”. Desde o seu nascedouro, com as
antigas Juntas de Conciliação e Julgamento, esse ramo do Judiciário
sempre foi marcado pela conciliação a ponto de o parágrafo primeiro,
art. 764 da CLT, expressamente determinar que os juízes enviem “seus
bons ofícios e persuasão” para obter a conciliação.
Nesse passo, é importante frisar que a tentativa de conciliação é um
dever para os magistrados trabalhistas, nos termos do caput do art. 764
da CLT. Sendo a conciliação, em última análise, solução da lide que tem
origem nas partes, parece-nos a melhor forma de resolução de conflitos,
ainda que haja a intermediação do juiz.
A conciliação é um dever para os magistrados trabalhistas.
Salienta-se que a CLT prevê expressamente dois momentos para a
tentativa de conciliação:
Primeiro momento
Antes do recebimento
da contestação em
audiência (art. 846 da
CLT).
Segundo momento
Após as razões finais
(art. 850 da CLT).
Tal previsão legal é amparada na circunstância de que os ânimos para
negociação variam de acordo com o resultado prático da instrução.
Após o encerramento desta e as razões finais das partes, o magistrado
tem uma ideia melhor das possibilidades de ajuste entre as partes. Por
fim, precisamos ressaltar dois aspectos importantes:

1. O primeiro é que, malgrado a previsão legal para momentos
específicos para a conciliação, nada impede que a conciliação seja
proposta em qualquer fase ou momento processual. A dicção do
caput do art. 764 da CLT deixa evidente a possibilidade de
tentativas de conciliação na fase recursal, na fase de liquidação de
sentença, ou até mesmo na fase de execução (fato muito comum
no cotidiano forense trabalhista).
2. Outro aspecto relevante é que parte da doutrina tem entendido que
a falta das tentativas conciliatórias previstas nos arts. 846 e 850 da
CLT levaria à nulidade do processo, já que o juiz do Trabalho deve,
ao menos, tentar a última proposta conciliatória (aquela descrita no
art. 850 da CLT). Não pensamos assim, alinhando-nos com a
doutrina mais moderna.
É preciso enxergar a questão à luz do princípio da transcendência ou do
prejuízo. Se a conciliaçãopode ser viabilizada a qualquer tempo no
processo, como já dito, nada impediria sua efetivação em grau recursal,em qualquer instância, sanando eventual nulidade que apenas retardaria
a soluçãoda demanda.
E�cácia da norma processual
trabalhista no tempo e no espaço
O tema “eficácia” pode ser usado em dois sentidos usuais:
1. Como um problema a ser investigado pela Sociologia do Direito,
para concluir se a norma tem cumprimento por parte dos
destinatários ou se não possui qualquer reverberação (eficácia
social da norma).
2. Como uma questão de exame da aptidão da norma para a
produção de efeitos jurídicos (eficácia técnica).
A seguir, passamos a investigar a eficácia jurídica ou técnica,
considerando sua aplicação no tempo e no espaço. A eficácia da norma
processual no tempo é guiada por dois princípios fundamentais:
Princípio I
O princípio da
irretroatividade, previsto
no art. 5º, XXXVI da
Constituição
(inviabilizando a
retroação da norma em
prejuízo do ato jurídico
perfeito, do direito
Princípio II
O princípio do efeito
imediato, previsto nos
art. 912 e 915 da CLT,
permitindo a
aplicabilidade, desde
logo, das novas normas
processuais
trabalhistas aos
processos pendentes.

adquirido e da coisa
julgada).
É de se notar que o art. 14 do CPC, de plena aplicabilidade do Direito
Processual do Trabalho (conforme art. 1º da Instrução Normativa 41 de
2018 do TST), sintetiza tais princípios ao impingir que a norma
processual não pode retroagir e é aplicável imediatamente aos
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Nesse passo, a melhor doutrina defende que adotamos no Direito
Processual do Trabalho a teoria do isolamento dos atos processuais,
restando claro que a lei nova regula apenas os atos processuais que se
praticarão sob sua vigência, mantendo os atos processuais praticados
sob o império da lei anterior, sua validade e seus efeitos.
No que diz respeito à eficácia da lei processual
trabalhista no espaço, o princípio que prevalece é o da
territorialidade. Em outras palavras, conforme o
disposto no art. 1º da CPC, a lei processual trabalhista
vigora em todo o território nacional e tem por
destinatários tanto os trabalhadores brasileiros quanto
os estrangeiros residentes no Brasil.
Por fim, merece ser sublinhado que sentenças estrangeiras (mesmo que
versem sobre matérias trabalhistas), dependem de homologação por
parte do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “i” da Constituição) e
não por parte do Tribunal Superior do Trabalho. A execução dessas
sentenças, portanto, será realizada em Vara Federal, não em Varas do
Trabalho, diante do expresso comando constitucional.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O fato de a notificação inicial ser efetuada pelo cartório logo após a
distribuição do processo espelha qual princípio do Direito
Processual do Trabalho?
A Oralidade
B Proteção
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20Direito%20Processual%20do%20Trabalho%20%C3%A9%20marcado%20pela%20informalid
Questão 2
Em execução que tramita na 18ª Vara do Trabalho do Rio de
Janeiro, após várias tentativas de encontrar bens da empresa Bem
Viver S/A, o trabalhador solicitou ao juízo a instauração de IDPJ
(incidente de desconsideração da personalidade jurídica).
Instaurado o incidente, o juiz indeferiu a inclusão de sócios na lide,
sob a alegação de que não foram comprovados os requisitos do art.
50 do Código Civil. Sabendo o trabalhador que a jurisprudência
majoritária trabalhista aplica a teoria menor aos casos de
desconsideração da personalidade jurídica, indaga-se: o que deve
fazer o advogado do exequente?
Parabéns! A alternativa C está correta.
C Informalidade
D Conciliação
E
Irrecorribilidade imediata das decisões
interlocutórias
A
Não há nada a fazer, pois a decisão é interlocutória,
nos termos do §1º do art. 893 da CLT.
B
Deve ingressar com pedido de reconsideração, já
que a decisão contraria a jurisprudência dominante
dos tribunais trabalhistas.
C
Deve ingressar com recurso imediato (agravo de
petição), eis que estamos diante de exceção ao
princípio da irrecorribilidade imediata das decisões
interlocutórias.
D
Deve pedir pauta de conciliação, para tentar um
acordo com a pessoa jurídica, ante o princípio da
conciabilidade.
E
Deve ingressar com mandado de segurança, pois a
decisão do juiz violou direito líquido e certo da parte.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EEstamos%20diante%20de%20exce%C3%A7%C3%A3o%20ao%20princ%C3%ADpio%20da%20irre
B%2C%20II%20da%20CLT%2C%20cabendo%20agravo%20de%20peti%C3%A7%C3%A3o%20de%20forma%20im
2 - Competência da Justiça do Trabalho
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a competência da Justiça do Trabalho
em seus aspectos mais relevantes.
Competência da Justiça do Trabalho
Noções preliminares
A palavra “competência” deriva do latim competentia, que significa
“proporção”, “simetria”. Nesse sentido, a doutrina clássica conceitua
competência como a “medida da jurisdição”, significando que, por esse
termo, designa-se uma porção ou um segmento da jurisdição. Muitas
críticas foram feitas a essa conceituação sob a alegação de que a
jurisdição é una e indivisível, sendo que não ser poderia “medir” a
“quantidade” de jurisdição.
Sede do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo.
Muitas críticas foram feitas a essa conceituação sob a alegação de que
a jurisdição é una e indivisível, sendo que não ser poderia “medir” a
“quantidade” de jurisdição. Parece então mais adequado entender a
competência como o poder de ação e atuação atribuído ao órgão do
Judiciário para exercer legitimamente a jurisdição.
Melhor seria até falar em poder-dever, já que o Judiciário é obrigado a se
pronunciar, dentro dos limites que lhes são traçados, não se admitindo
mais o non liquet (faculdade do Direito romano que permitia que o juiz
“deixasse de julgar”). Fato é que a competência é dividida segundo três
critérios, conforme a doutrina mais abalizada. Confira!
Critério objetivo 
Considera partes, pedido, causa de pedir envolvidos na relação
processual, englobando as competências em razão da matéria,
em razão das pessoas e em razão do valor da causa.
Considera as funções de cada magistrado no processo, levando
à distinção entre competência originária e recursal, por exemplo.
Leva em conta a área geográfica atribuída por lei a cada órgão
jurisdicional.
É importante destacar que as competências em razão da matéria e em
razão do território, que serão objeto de estudo detalhado nas próximas
seções, assumem maior relevo no cotidiano processual trabalhista.
Competência material da justiça do
trabalho
Compreenda agora os conceitos relacionados à competência material
da justiça do trabalho.
Competência material
Prevista no art. 114 da Constituição, a competência em razão da
matéria na Justiça do Trabalho encontra relevo em razão de sua
natureza especial. Em razão de sua especialização, determinar a sua
competência material é tarefa primordial para qualquer agente do
direito, quando se depara com os conflitos a serem resolvidos pelo
Estado-Juiz.
A maior parte da doutrina enxerga nos incisos do art. 114 da
Constituição apenas critérios ratione materiae e, com esse
Critério funcional ou hierárquico 
Critério territorial 

posicionamento, passaremos a analisar os principais aspectos que
regem a competência da Justiça do Trabalho em seu arcabouço
constitucional e infraconstitucional.
Competência matriz
O inciso I do art. 114 da Constituição atribui à Justiça do Trabalho
competência para processar e julgar as ações oriundas da relação de
trabalho. Menciona ainda o dispositivo legal que estão abrangidos os
entes de direito público externo e a administração pública direta e
indireta de todos os entes federativos do país. O primeiro aspecto
importante é estabelecer qual o conceitode relaçãode trabalho.
Há unanimidade em dizer que esta é gênero, ao passo
que a relação de emprego é espécie. Essa última
caracteriza-se como a relação jurídica entre uma
pessoa física, empregado, e uma pessoa física ou
jurídica, empregador, caracterizada pela prestação de
serviços com subordinação, pessoalidade, onerosidade
e habitualidade, elementos que podem ser colhidos
dos arts. 2º e 3º da CLT.
Pode-se dizer, portanto, que as ações que tenham origem na relação de
emprego são de competência da Justiça do Trabalho, mesmo que
envolvam terceiros, por exemplo, as questões que envolvem a
habilitação/indenização referente ao seguro-desemprego (Súmula 389
do TST) ou que digam respeito ao cadastramento no PIS ou indenização
substitutiva (Súmula 300 do TST).
Ações empregatícias são de competência da Justiça do Trabalho.
Contudo, a Constituição não limitou a competência da Justiça do
Trabalho às relações de emprego. Como conceituar, então, relação
de trabalho?
A doutrina prevalecente estabeleceu que, na relação de trabalho, existe
uma pessoa física, prestador de serviços; e uma pessoa física ou
jurídica, tomador, na qual existe labor em situação de vulnerabilidade.
Isto é: é necessário que o prestador de serviços esteja em uma situação
de desigualdade em face do tomador, a exemplo do que ocorre na
relação de emprego, em que a subordinação é o elemento de
desequilíbrio.
Na relação trabalhista, existe um prestador de serviço e, uma pessoa física ou jurídica, tomador.
Há exemplos na própria legislação infraconstitucional, onde a CLT
elenca na competência da Justiça do Trabalho:
O operário ou artífice nos casos de “pequena empreitada”,
conforme art. 652, “a”, III da CLT.
O caso dos trabalhadores portuários (avulsos) em face dos
operadores portuários ou do OGMO, nos termos do art. 652, “a”, V
da CLT.
Seguindo a lógica do conceito, seriam da competência da Justiça do
Trabalho:
Os trabalhadores eventuais, sem habitualidade, mas submetidos às
ordens de seus tomadores.
Os trabalhadores autônomos, desde que apurada sua vulnerabilidade
em face de uma “parassubordinação” ou de uma acentuada
dependência econômica.
As diaristas domésticas, marcadas pela ausência de continuidade.
Fundamental é que a hipossuficiência do prestador, pessoa física, esteja
evidenciada. Finalmente, ressalta-se que estão excluídos do conceito,
em razão da jurisprudência dos Tribunais Superiores:
Os profissionais liberais, já que, neste caso, não há vulnerabilidade
do prestador de serviços, conforme Súmula 363 do STJ.
As relações de consumo, mesmo que o fornecedor de serviços seja
pessoa física, (art. 3º, §2º do CDC).
O representante comercial (STF, Tema 550 de repercussão geral, RE
606.003).
O transportador de cargas autônomo (STF, ADC 48).
O cabelereiro parceiro (STF, ADI 5625, salvo se o parceiro alegar
fraude e sustentar a existência de uma relação de emprego).
Servidores públicos
Embora o art. 114 em seu inciso I da Constituição mencione
expressamente a administração pública direta e indireta, doutrina e
jurisprudência fixaram limites para a competência material da Justiça
do Trabalho em relação aos servidores públicos. Utilizando a
classificação de Maria Sylvia Di Pietro (2016), podemos elencar na
categoria genérica de servidores públicos:
Servidores estatutários
Em relação aos servidores estatutários, não há dúvida quanto à
incompetência absoluta da Justiça do Trabalho, conforme fixado
pelo STF no julgamento da ADI 3.395. Assim, aqueles servidores
regidos por estatuto jurídico único possuem uma relação
administrativa com o Estado, e a competência será da Justiça
Federal ou da Justiça Estadual, conforme o ente federativo a que
pertencerem (Súmulas 137 e 218 do STJ).
Empregados públicos
Quanto aos empregados públicos, assim considerados aqueles
que são regidos pela CLT, por conta do disposto no art. 173, §1º,
II da Constituição, a competência será da Justiça do Trabalho.
Ressalta-se que, mesmo aqueles que prestam serviços para a
administração pública direta, quando o regime jurídico único
eleito for a CLT, deverão propor suas demandas perante a Justiça
do Trabalho, conforme já fixado pelo STF (ex.: ARE 906.941).
Servidores temporários
Quanto aos servidores públicos temporários (art. 39, IX da
Constituição), firmou-se o entendimento de que a competência
será da Justiça Comum, Federal ou Estadual. O entendimento do
STF caminhou no sentido de que esses servidores também
teriam uma relação jurídico-administrativa com o Estado, e não
meramente contratual. Em razão desse entendimento, o TST
cancelou a OJ 205 da SDI-1.
Finalmente, ressalta-se que o STF também pacificou que questões pré-
contratuais que envolvem os empregados públicos não se inserem na
competência da Justiça do Trabalho. No Tema 922 de repercussão geral
(RE 960.429), ficou expresso que as fases de seleção e admissão de
pessoal e eventual nulidade de concurso público representam questões
administrativas que devem ser dirimidas pela Justiça Comum, mesmo
que esses empregados se submetam a regime celetista após a posse.
Con�itos sindicais
Compete à Justiça do Trabalho, também, dirimir os conflitos que
envolvem o Direito Coletivo do Trabalho. Nem sempre foi assim, mas,
após a Emenda Constitucional 45 de 2004, os incisos II e III inseridos no
art. 114, passaram a atribuir à Justiça do Trabalho a competência para
resolver conflitos sindicais, inclusive os decorrentes do exercício do
direito de greve.
Registro de manifestação sindical na cidade de São Paulo.
Duas posições se formaram acerca da interpretação do disposto nos
incisos mencionados. Uma primeira, restritiva, que enxergava
competência apenas para as demandas que envolvessem as questões
de representação sindical, vale dizer, disputas entre sindicatos acerca da
legitimidade, para falar em nome de determinada categoria, em
determinado âmbito territorial.
Contudo, prevaleceu posição ampliativa, de modo a interpretar os dois
incisos de maneira mais expansiva. Pode-se dizer que compete à
Justiça do Trabalho, com base na norma constitucional, processar e
julgar:
Ações que visem à garantia do exercício do direito de greve
(inclusive as que visem às tutelas inibitórias e obrigações de fazer).
Os dissídios coletivos de greve (de competência originária dos
Tribunais e que versam sobre a legalidade ou abusividade do
movimento paredista).
As ações indenizatórias decorrentes do exercício abusivo do direito
de greve (Súmula 189 do TST e Precedente 29 da SDC/TST).
As ações possessórias (conforme Súmula Vinculante 23 do STF).
As ações que envolvem a (ir)regularidade das eleições sindicais.
As ações que envolvem a representação sindical.
As ações que envolvem a cobrança de contribuições sindicais (STF,
Tema 944 de repercussão geral, RE 1.089.282).
Ações que envolvem a intervenção em sindicatos irregulares, em
geral, propostas pelo Ministério Público do Trabalho, para assegurar
a garantia da liberdade sindical.
Dissídios coletivos de natureza jurídica ou econômica, competência
existente desde a fundação da Justiça do Trabalho no Brasil.
Uma palavra final sobre este item específico: muito se questionou
quanto à competência para apreciação da greve dos servidores
públicos. Afinal, só a Justiça do Trabalho dispunha de um instrumento
específico, próprio, para resolver a greve, o “dissídio coletivo de greve”.
Contudo, tanto a Súmula Vinculante 23 do STF (que alude à greve dos
trabalhadores da iniciativa privada), quanto o julgamento do Tema 544
de repercussão geral (RE 846.854), estabeleceram que a competência
da Justiça do Trabalho se limita à greve dos empregados públicos da
administração pública indireta, não atingindo, em nenhuma hipótese os
servidores da administração pública direta.
Danos morais e patrimoniais
Nota marcante da competência da Justiça do Trabalho, que mereceu
distinção específica entre os incisos do art. 114 da Constituição, é a
possibilidade de exame das demandas que envolvam danos
patrimoniaise morais decorrentes das relações de trabalho.
Danos de diversas naturezas são analisados pela Justiça.
Primeiro ponto é que, malgrado a remissão constitucional mencione
apenas os “danos morais”, fato é que a competência da Justiça do
Trabalho engloba também postulações que envolvam danos estéticos,
danos existenciais, danos morais coletivos, danos biológicos, perda de
uma chance, vale dizer, qualquer dano que possua natureza
extrapatrimonial e atinja a honra, imagem, intimidade, autoestima,
saúde, integridade física, ou qualquer bem imaterial, desde que o nexo
causal seja a relação de trabalho.
Outro ponto relevante diz respeito à competência para as lides que
envolvam acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A questão
encontra-se dirimida pela Súmula Vinculante 22 do STF, que deixa clara
a competência da Justiça do Trabalho para apreciar ações que
envolvam danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho, desde que proposta por empregado contra empregador.
Não está a se falar da ação acidentária, de natureza previdenciária, que
o trabalhador propõe em face do INSS, quando este não reconhece o
nexo causal com a atividade laborativa. Essa última demanda deve ser
proposta em face da Justiça Estadual, por aplicação do disposto no
inciso I do art. 109 da Constituição.
Compete à Justiça do Trabalho apreciar ações que envolvam danos decorrentes de acidente de
trabalho.
Por fim, deve-se ressaltar que, no caso de acidentes de trabalho típicos
ou atípicos, a competência para apreciação de demandas onde se
postulem danos indiretos ou em ricochete, também incumbe à Justiça
do Trabalho. Nesse sentido, a Súmula 392 do TST consolidou o
entendimento de que os dependentes/sucessores do falecido devem
buscar tal reparação na Justiça do Trabalho.
Execução das contribuições sociais
Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, das contribuições
sociais previstas no art. 195, I, “a” e II da Constituição, eis a dicção do
inciso VIII do art. 114 da Lei Maior. Tal competência é repetida também
pelo art. 43 da Lei 8.212/91. Duas questões ocuparam o centro da
controvérsia acerca da interpretação do mencionado dispositivo
constitucional:
Questão I
Qual seria o alcance desta competência.
Questão II
Qual seria a sua amplitude.
No que diz respeito ao primeiro aspecto, a jurisprudência firmou-se no
sentido de que apenas sentenças condenatórias, em relação aos valores
em pecúnia integrantes da condenação, comportariam a execução de
ofício. Nesse sentido, a Súmula 368, item I do TST e a Súmula
Vinculante 53 do STF.
Assim, sentenças meramente declaratórias, que reconhecessem
vínculos de empregos pretéritos, não dariam ensejo à execução das
contribuições previdenciárias que deveriam ter sido recolhidasa tempo e
modo. Esse encargo incumbe ao INSS, entidade autárquica destinatária
detais contribuições, e em juízo adequado, não o trabalhista.
Quanto ao segundo aspecto, por contribuições previdenciárias
executáveis, deve-se excluir contribuições de terceiros e salário-
educação, limitando-se àquelas descritas no art. 195, I, “a” e II da
Constituição (cota parte do empregado e do empregador). A única
exceção diz respeito ao RAT (antigo SAT), que, por representar
percentual que mede o risco da atividade econômica do empregador e
que serve para financiar benefícios previdenciários decorrentes de
acidente de trabalho, houve uma interpretação analógica permitindo sua
execução de ofício, conforme Súmula 454 do TST.
Competência penal da Justiça do Trabalho
Parte da doutrina enxergou competência penal para a Justiça do
Trabalho, em razão de interpretação sistemática dos incisos I e IV do
art. 114 da Constituição.
Ora, se o legislador conferiu competência para
apreciação de habeas corpus (inciso IV), que é uma
ação tipicamente penal, e se conferiu competência
para ações oriundas da relação de trabalho (inciso I),
sem distinguir se cíveis ou penais, seria consequência
lógica a competência penal para crimes que
envolvessem a “organização do trabalho” ou “a
administração da Justiça” (do Trabalho), ambos
previstos no Código Penal.
Contudo, o STF, no julgamento da ADI 3684, fixou entendimento que
competência penal não pode ser “deduzida” ou “implícita”, necessita ser
expressamente prevista, o que não foi o caso da Justiçado Trabalho.
Competência territorial da Justiça do
Trabalho
A regra geral
A regra geral da competência territorial prevista no art. 651 da CLT é o
do lugar da prestação de serviços. O caput do art. 651 da CLT deixa
evidente que o trabalhador deve ajuizar a demanda utilizando o critério
da localidade onde o contrato é executado, e as razões tem claro intuito
de propiciar o acesso à justiça. É lição comezinha entre os
doutrinadores que a opção do legislador pela localidade da prestação de
serviços levou em conta:
O acesso mais fácil aos meios de prova por parte do trabalhador.
O comparecimento do empregado sem maiores gastos de
locomoção (como regra, embora, na prática, haja exceções).
A exceção do §1º do art. 651 da CLT
Exceção à regra geral é o §1º do art. 651 da CLT, que trata do agente ou
viajante comercial de forma expressa, embora possa ser aplicado a todo
aquele trabalhador que tenha uma “zona” ou “área” que englobe vários
municípios simultaneamente.
Exemplo
Um trabalhador que preste serviços nos munícipios que compõem a
zona da mata mineira ou o ABC paulista deve ajuizar a demanda em
qual localidade? A resposta se dá pela conjugação de duas regras
inscritas no dispositivo em comento:
Em primeiro lugar, será competente a vara da localidade em que a
empresa tenha agência ou se filiar, e a esta o empregado esteja
subordinado.
Em segundo lugar, sucessivamente, se não existir agência ou filial,
será competente a vara do local do domicílio do autor ou da
localidade mais próxima de seu domicílio.
A exceção do §2º do art. 651 da CLT
Outra regra que se consubstancia em exceção à regra geral é aquela
disposta no §2º do art. 651 da CLT. Afinal, se o trabalhador presta
serviços no exterior, se a Justiça do Trabalho brasileira possui
competência para dirimir o litígio, a regra geral perde a razão de ser.
Questão relevante e polêmica diz respeito ao critério que deveria então
substituir a regra geral. A posição dominante, que é a majoritária,
defende que seria a localidade da sede da empresa no Brasil (ou da
agência ou filial).
Tal posição fundamenta-se no fato de que os termos
do §2º do art. 651 da CLT, a contrario sensu, se o autor
é transferido para filial ou agência no exterior, é porque
esta empresa encontra-se no Brasil.
Defende-se, portanto, que não haveria possibilidade de ajuizamento da
demanda no Brasil se a empresa não tivesse sede/agência/filial no país.
Esse tem sido o posicionamento dominante nas cortes trabalhistas.
Flexibilização jurisprudencial da regra geral
Por fim, merece ser ressaltado que a jurisprudência, com o passar do
tempo, passou a flexibilizar a regra geral. Podemos fixar três etapas
dessa mitigação a partir da construção jurisprudencial do próprio TST.
Trabalhadores circenses são considerados itinerantes.
A primeira etapa consistiu na interpretação ampliativa do §3º do art.
651 da CLT. Esse dispositivo, originariamente, dizia respeito a
trabalhadores que não tinham um lugar de prestação de serviços
previamente fixado. Pensemos nos trabalhadores de circo, itinerantes
por natureza, ou engenheiros que fossem empregados de uma empresa
especializada em pavimentação de estradas.
Contudo, tal norma que tinha destinação específica, acabou por ser
ampliada para todos os trabalhadores contratados em uma localidade,
mas que prestavam serviços em outra localidade. Isso ficou claro na OJ
149 da SDI-2, que deixou evidente a faculdade do empregado na escolha
de um ou outro foro, com base na dicção do §3º do art. 651 da CLT.
A segunda e terceira etapas de mitigação da regra geral foram
consubstanciadas em vários julgados do TST, como os constantes nos
Informativos 198(TST-E-ED-RR-278-87.2015.5.20.0003, SDI-1), 206 (TST-
RO-679-10.2018.5.05.0000, SDI-2) e 214 (TST-CC-7301-
46.2018.5.00.0000, SDI-2), os quais admitiram:
O ajuizamento da reclamação trabalhista no foro em que foi
proposta a relação de emprego (para evitar o recrutamento de
trabalhadores em regiões longínquas do país).
O ajuizamento de reclamação trabalhista no foro do domicílio do
autor, quando se tratar de empresa de atuação nacional ou regional
que tenha sede/filial na localidade onde o autor reside, viabilizando
o pleno exercício do direito de defesa da reclamada.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O Ministério Público do Trabalho ajuíza dissídio coletivo de greve na
Justiça do Trabalho em razão da greve dos policiais civis do estado
do Pará, sustentando que tal greve trará sérios prejuízos aos
cidadãos do estado, além de ser inconstitucional. Em sua opinião
A
a competência é da Justiça do Trabalho, em razão
do disposto no inciso II do art. 114 da Constituição,
que não fez qualquer distinção entre os sujeitos da
greve.
B
a competência é da Justiça Federal, em razão do
autor ser instituição federal (MPT), o que atrai o
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20compet%C3%AAncia%20%C3%A9%2C%20sem%20sombra%20de%20d%C3%BAvida%2C%2
Questão 2
O juiz da 18ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro recebeu ação
penal ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho requerendo a
condenação de ex-sócios de uma organização social em razão de
crimes contra a organização do trabalho. Indaga-se: o que deve
fazer o magistrado?
disposto no inciso I do art. 109, da Constituição.
C
a competência é da Justiça Estadual, por se tratar
de greve de servidores públicos estaduais existindo
RJU (Lei nº 5.810/1994).
D
a competência é da Justiça Militar, já que os
policiais civis se equiparam aos policiais militares, o
que atrai a competência dessa Justiça
Especializada.
E
a competência é do TST, já que policiais se
constituem em carreira de Estado e o conflito de
natureza trabalhista deve ser julgado pela corte
máxima nessa matéria.
A
Declarar de ofício a incompetência absoluta da
Justiça do Trabalho, pois esta não possui
competência penal.
B
Prosseguir no processamento da ação penal, pois a
Justiça do Trabalho tem competência específica
para julgar crimes contra a organização do trabalho.
C
Declarar de ofício a incompetência absoluta da
Justiça do Trabalho, pois esta só possui
competência penal no caso de crimes contra a
administração da Justiça do Trabalho.
D
Prosseguir no processamento da ação penal, pois,
embora a Justiça do Trabalho não tenha
competência penal, tal fato tem que ser suscitado
pelos réus.
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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3 - Partes e terceiros
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car partes e terceiros que atuam na Justiça
do Trabalho.
Partes no Processo do Trabalho
Conceito
Pode-se conceituar “parte” como todo aquele que participa do processo,
assumindo as prerrogativas e posições processuais com parcialidade.
São conhecidos como autor e réu, em síntese, poderíamos defini-los
como aqueles que pedem a tutela jurisdicional do Estado (autor) e como
aquele contra quem é pleiteada a respectiva tutela e que resiste à tal
pretensão (réu). O Direito Processual do Trabalho, dependendo do tipo
de ação, adota denominações diferentes:
No inquérito judicial (art. 853 da CT) denomina-se “requerente” e
“requerido” a autor/réu.
Nos dissídios coletivos, encontramos “suscitante” e “suscitado”.
E principalmente na própria reclamação trabalhista, onde é comum
a denominação “reclamante” e “reclamado”. Isso ocorre em razão
da origem administrativa da Justiça do Trabalho. Fato é que essa
última denominação tem sido prestigiada para sublinhar a
autonomia do Direito Processual do Trabalho.
E
Prosseguir no processamento da ação penal, pois a
Justiça do Trabalho tem ampla competência penal
nos termos do art. 114, I c/c IV da Constituição.
Por fim, resta-nos diferenciar o conceito de “partes no processo” e de
“partes na demanda”.
Parte em sentido
material é aquele que
suscita em nome
próprio direito que lhe
pertence, em face do
devedor originário da
relação jurídica de
direito material.
Parte em sentido
processual é aquele que
se afigura como sujeito
do processo, mas que
não necessariamente
se identifica com os
sujeitos da res in iuditio
deducta.
Nem sempre os conceitos coincidem, como é o caso da substituição
processual, em que o substituto é parte em sentido processual, mas não
o é em sentido material.
Substituição processual por
sindicatos
Compreenda os aspectos importantes da substituição processual por
sindicatos.
Substituição processual no Processo do Trabalho
Por substituição processual, temos o instituto jurídico no qual a parte
que comparece em juízo (parte em sentido processual) o faz em nome
próprio para defender direito alheio. É prevista expressamente no
parágrafo único do art. 18 do CPC.
A questão mais polêmica na Justiça do Trabalho diz
respeito à substituição processual por parte do
sindicato. Depois de uma interpretação mais restritiva,
em que se admitia a substituição processual apenas
nos casos do §2º do art. 195 da CLT (OJ 121 da SDI-1,
TST), do art. 872, parágrafo único da CLT, do art. 25 da
Lei 8.036/90, vale dizer em hipóteses específicas.


Contudo, o STF, em vários julgados (RE 555-720-AgR, RE 363.860-AgR,
RE 210.029, mandado de injunção 20936), passou a interpretar o
disposto no art. 8º, inciso III da Constituição de forma ampla.
O próprio TST curvou-se ao entendimento do Excelso Supremo,
cancelando o antigo Enunciado 310 e entendendo que o sindicato tem
plena legitimidade para atuar na defesa dos interesses da categoria, o
que inclui direitos difusos, coletivos e também individuais,
independentemente de autorização ou lista (indicação nominal) de
substituídos.
Sindicatos podem atuar em defesa dos trabalhadores.
Em verdade, a única questão que ainda remanesce diz respeito aos
direitos individuais:A legitimidade extraordinária do sindicato
prevista no inciso III do art. 8º da Constituição inclui apenas os
direitos individuais “homogêneos”, ou inclui também a defesa dos
direitos individuais “puros” ou “heterogêneos”?
Uma primeira posição entende que apenas os direitos individuais
homogêneos (aqueles de origem comum, com titulares determinados,
em que há o predomínio da questão comum sobre as questões
individuais) poderiam ser objeto de substituição processual. Isso porque
a missão constitucional e institucional do sindicato é defender a
categoria como um todo, sendo certo que, para a defesa de um único
trabalhador, já existe a figura da representação processual (§1º do art.
791 da CLT) e da assistência judiciária, na qual o sindicato fornece
advogados para postular em juízo pelo trabalhador.
Manifestação sindical no centro da cidade de São Paulo.
Não nos parece ser este o melhor entendimento. A leitura do inciso III do
art. 8º da CLT, não deixa dúvida de que não ocorreu qualquer
condicionamento à substituição de direitos individuais homogêneos,
classificação, diga-se de passagem, que só surgiu no ordenamento
jurídico com o CDC de 1990.
Nesse sentido, a OJ 359 da SDI-1 do TST aponta para tal
posicionamento, pois admite que a ação movida por sindicato, como
substituto processual, interrompe a prescrição de ações individuais pelo
trabalhador, ainda que seja declarada sua ilegitimidade. Por fim, merece
ser bem delineada a distinção entre litisconsorte, substituto processual
e representante. Em apertada síntese, podemos explicitar que:
 Litisconsorte
É parte no processo e parte na demanda, que
defende interesse próprio, em nome próprio.Capacidade postulatória na Justiça do Trabalho
Costuma-se definir a capacidade postulatória como a aptidão para
postular em juízo, ou seja, de fazer petições ao Estado-Juiz. Para o
direito processual civil, a regra é que a capacidade postulatória é
privativa do advogado (art. 1º, Lei nº 8.906/94), mas, no Direito
Processual do Trabalho, há regra específica. Diante da previsão
expressa no art. 791 da CLT, empregados e empregadores podem
reclamar pessoalmente e acompanhar suas reclamações até o final. Tal
circunstância tem sido conhecida como jus postulandi da parte e
também encontra previsão no art. 4º da Lei 5.584 de 1970.
Contudo, tal comando seria constitucional, diante do art. 133 da
Constituição, que prevê o advogado como indispensável à
administração da justiça? Mesmo do ponto de vista
infraconstitucional, tal dispositivo não violaria o disposto no art. 1º,
inciso I da Lei nº 8.906/94 (prevê a postulação a qualquer órgão do
Poder Judiciário como privativa da advocacia)?
Sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
Em verdade, a questão já se encontra pacificada pelo STF. Em vários
julgados, desde o paradigmático HC 673902 (julgado em 06 de abril de
1990), passando pelas ADIs 1.127-8 e 3.168, a Corte Suprema já definiu
que são constitucionais as normas especiais que garantam às partes a
prática de atos processuais sem advogado, sendo perfeitamente
compatível com a Lex Maior, o disposto no art. 791 da CLT.
Registre-se, por fim, que existem algumas limitações ao jus postulandi,
que foram consagradas na Súmula 425 do TST e no art. 855-B da CLT.
Assim, podemos condensar as exceções nos seguintes casos:
Caso I
 Substituto processual
É parte no processo, mas não é parte na demanda,
que defende interesse alheio, mas em nome
próprio.
 Representante processual
Não é parte no processo, nem da demanda, pois
fala em nome da parte e defende os seus
interesses, ou seja, comparece no processo em
nome alheio para defender interesses do
representado (como é o caso do disposto no art.
793 da CLT).
Ações civis aplicáveis ao Direito Processual do Trabalho, regidas
pelas normas de origem, como a ação rescisória e o mandado de
segurança (possuem legislação específica que afasta a
capacidade postulatória das partes).
Caso II
Recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho,
considerando que, em geral, esses recursos exigem
prequestionamento e um debate jurídico sobre a sentença
(princípio da dialeticidade).
Caso III
Ações de homologação de acordo, pois há a exigência de que
ambas as partes estejam assistidas por advogado nos termos da
lei.
Litisconsórcio e intervenção de
terceiros
Conceitos
O conceito de “terceiro” está diretamente relacionado ao conceito de
“parte”. Terceiro é quem não é parte, logo a intervenção de terceiros
pode ser conceituada pelo ingresso na relação processual de quem não
é parte. Já o litisconsórcio é uma das situações em que o esquema
mínimo da relação processual é alterado. Nessa hipótese, há em um
processo pluralidade de autores ou de réus. Todas as vezes que, em um
processo, mais de uma pessoa pleiteia em seu favor, a tutela
jurisdicional, ou tal tutela é direcionada a mais de um demandado, tem-
se o litisconsórcio.
Em outras palavras, o litisconsórcio consiste na
cumulação subjetiva na relação processual em que
duas ou mais pessoas litigam em conjunto, ativa ou
passivamente. Seu objetivo é a busca de harmonia
processual (evitar decisões conflitantes) e a economia
processual.
Vejamos a seguir, as principais hipóteses de litisconsórcio e intervenção
de terceiros aplicáveis ao Direito Processual do Trabalho.
Cabimento das intervenções de terceiro
Vimos que terceiros são sujeitos estranhos à relação jurídica
processual, que se tornam partes a partir do momento em que
intervenham no processo. Por certo, releva salientar que o acréscimo de
sujeitos ao processo, em qualquer modalidade de intervenção de
terceiros, importa na criação de processo novo, ainda que o terna mais
complexo. Questão importante diz respeito ao cabimento ou não das
intervenções previstas nos arts. 119 a 138 do CPC ao Direito Processual
do Trabalho. Basicamente três posições se formaram na doutrina:
A primeira entende pela plena inaplicabilidade das intervenções
de terceiro ao Direito Processual do Trabalho, defendida por
Campos Batalha (1995). Os fundamentos residiriam na
simplicidade/informalidade das normas processuais
trabalhistas, que repeliriam a complexificação das causas na
seara laboral, mas também a aplicação subsidiária do art. 10 da
Lei nº 9.099/95. A intervenção de terceiros criaria complicadores
ao procedimento, que representariam óbices para que o
processo se concentrasse no seu foco central: a efetividade do
crédito trabalhista.
A segunda posição, defendida por Schiavi (2022), concentra-se
na ideia de que apenas no rito sumaríssimo seria inviável a
intervenção de terceiros. Apenas neste rito abreviado, que tem a
peculiaridade de não admitir incidentes processuais que
impliquem prolongamento do procedimento (vide o disposto no
art. 852-G da CLT), poder-se-ia rechaçar as intervenções de
terceiros.
Contudo, a posição dominante é a de plena aplicabilidade do
instituto. Em primeiro lugar, porque o art. 769 da CLT permite a
aplicação subsidiária, já que as intervenções de terceiro trazem
economia e celeridade processual, evitam decisões conflitantes
e trazem maior efetividade para a legislação trabalhista, pois
alcança mais sujeitos que, originariamente, não seriam
alcançados pela coisa julgada, como regra geral. O que tem se
admitido, contudo, é que a intervenção de terceiros seja
analisada e subordinada ao interesse do autor, tendo em vista a
utilidade do provimento final de mérito. Nesse sentido, vários
julgados do TST e também o Enunciado 68, da 1ª Jornada de
Direito Material e Processual do Trabalho.
Assistência
Posição I 
Posição II 
Posição III 
A assistência é uma intervenção ad coadjuvandum, pela qual um terceiro
(assistente), integra a relação processual com o fim de auxiliar uma das
partes da demanda (assistido). Divide-se em assistência simples (ou
comum), em que o terceiro é uma espécie de parte auxiliar e assistência
adesiva (qualificada ou litisconsorcial), em que o terceiro intervém
porque a sentença tem o condão de influir na relação jurídica entre ele e
o adversário do assistido.
A assistência é perfeitamente compatível com as regras processuais
trabalhistas, sendo expressamente mencionada no art. 896-C, §8º da
CLT e admitida pela Súmula 82 do TST. Podemos citar como exemplos
de assistência:
Exemplo I
A intervenção de empresa sucedida (arts. 10 e 448 da CLT),
quando há cláusula de responsabilização da empresa sucedida
em caso de condenação do sucessor (assistência simples).
Exemplo II
Sindicato patronal que intervém em uma ação coletiva movida
pelo sindicato dos trabalhadores em face de empresas
determinadas da categoria econômica (Precedente RE 550.769
QO/RJ, Informativo 496, STF).
Exemplo III
Empregados que ingressam como assistentes litisconsorciais em
demanda movida pelo sindicato como substituto processual em
face do empregador (caso de assistência litisconsorcial).
Denunciação da lide
Trata-se de intervenção de terceiros que se constitui em verdadeira ação
regressiva in simultaneus processus. A denunciação da lide em verdade,
na metáfora conhecida na doutrina, representa um “enxerto” no
processo de uma nova lide, entre denunciante e denunciado, em torno
do direito de garantia ou de regresso do primeiro em face do segundo. É
prevista no art. 125 do CPC. Seria possível a aplicação ao Direito
Processual do Trabalho?
Depois do cancelamento da OJ 227 da SDI-1 do C. TST, a posição
dominante passou a ser pela resposta afirmativa. A doutrina, em geral,
aponta como casos possíveis:
 I
Os casos de sucessão trabalhista, em que o
sucessor apontado no polo passivo denuncia a lide
ao sucedido (art. 10 e 448 da CLT), quando há, no
contratoentre as empresas, cláusula de
responsabilização exclusiva do sucedido, com
previsão do direito de regresso.
Contudo, importante ressalva merece ser feita neste particular. A
jurisprudência trabalhista tem entendido que, como o novo CPC não
mais declara a perda do direito de regresso quando não efetuada a
denunciação da lide, esta intervenção de terceiros deve ser deferida
tendo em vista os interesses dos trabalhadores.
Se o deferimento da intervenção se constituir em óbice para uma rápida
solução do litígio, o indeferimento da denunciação não representará
nulidade, já que não há perda do direito de regresso (vide, por exemplo,
os acórdãos proferidos pela 8ª Turma do TST, RR-1440-
68.2012.5.22.0003 e 5ª Turma do TST, RR-3500-16.2006.5.01.0421).
Chamamento ao processo
Trata-se de intervenção prevista no art. 130 do CPC. Constitui-se no ato
pelo qual o réu postula a integração de terceiro ao processo, para que,
em caso de procedência, também este terceiro seja condenado e a
sentença lhe seja atribuível como título executivo. Estamos diante,
portanto, de intervenção para solidarização no resultado da demanda.
Tal intervenção é aplicável ao Direito Processual do Trabalho?
Existe certo consenso de que os casos do inciso III do art. 130 do CPC,
em tese, admitiriam a ampliação subjetiva da demanda. Assim,
poderíamos elencar os seguintes casos:
Subempreiteira que pode chamar a empreiteira principal (art. 455 da
CLT).
Empresas integrantes de um mesmo grupo econômico (art. 2º, §2º
da CLT).
O caso previsto no art. 16 da Lei 6.019/74, quando há a falência de
empresa de trabalho temporário.
 II
Os casos de responsabilização do empregador por
atos de preposto (art. 932, III do Código Civil), como
assédio moral ou sexual, em que o empregador
exerce o direito de regresso nos próprios autos em
que o trabalhador assediado postula indenização
por danos morais.
 III
Os casos em que os agentes de integração são
responsáveis civilmente nos contratos de estágio
(art. 5º, §3º da Lei nº 11.788/2008).
São casos em que os réus poderiam chamar devedores solidários para
que também sobre eles incida os efeitos da coisa julgada.
Amicus curiae
Trata-se do terceiro que, espontaneamente, ou a requerimento (da parte
ou de determinado órgão judicial), intervém no processo com o objetivo
de fornecer subsídios ou elementos que possam ajudar o magistrado a
compreender melhor a situação de fato e/ou de direito, de modo a
proferir decisão com qualidade mais acurada. É previsto no art. 138 do
CPC.
Comentário
Não é um instituto que seja novidade no direito brasileiro, eis que o art.
31 da Lei nº 6.385/76 ou o art. 118 da Lei nº 12.529/2011 já previam a
possibilidade, bem como a de terceiros auxiliarem em processos
administrativos.
Registre-se que não há qualquer dúvida quanto à aplicabilidade do
instituto na seara trabalhista. A Instrução Normativa 39 de 2016, em seu
art. 3º, inciso II, expressamente admitiu a adoção do instituto, sendo
certo que é o juiz quem vai fixar os poderes do amigo da corte
(conforme o disposto no art. 138, §2º do CPC). Por fim, registre-se que
também no processo trabalhista, o amicus curiae, no mínimo, terá
poderes para:
Manifestar-se no prazo de 15 dias.
Opor embargos de declaração.
Recorrer nos casos de julgamento de incidente de resolução de
demandas repetitiva, que, no nosso sentir, incluir o julgamento dos
recursos de revistas repetitivos pelo TST, por razões lógicas.
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ) é
modalidade de intervenção de terceiros expressamente prevista na CLT.
O art. 855-A da CLT expressamente autoriza a aplicação do disposto no
art. 133 a 137 do CPC aos processos trabalhistas. A questão relevante
que envolve o IDPJ diz respeito aos recursos cabíveis em face das
decisões proferidas pela Justiça do Trabalho. Se todas as regras
procedimentais previstas no CPC se aplicam na seara laboral, fato é que,
nas causas trabalhistas, as regras recursais são específicas.
Desse modo, vale salientar que, na fase de
conhecimento, a decisão proferida no IDPJ não
comporta recurso, em razão do princípio da
irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
(§1º do art. 893 da CLT).
Na fase de execução, o recurso cabível é o agravo de petição, com base
no art. 897, “a” da CLT, ainda que se trate de decisão interlocutória. Já,
na fase recursal, cabe agravo interno se proferida pelo relator. Ressalta-
se que a instauração do incidente suspenderá o processo, embora seja
possível a concessão de tutela de urgência de natureza cautelar nos
termos do art. 301 do CPC. Em outras palavras, é permitido o
arresto/bloqueio de bens do sócio, mesmo antes da instauração do IDPJ
ou de sua decisão final, caso presentes os requisitos específicos para a
concessão da tutela provisória.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
São exceções ao jus postulandi na Justiça do Trabalho:
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3ENos%20termos%20da%20S%C3%BAmula%20425%20do%20TST%2C%20os%20recursos%20de%
se%20de%20recurso%20t%C3%A9cnico%2C%20de%20fundamenta%C3%A7%C3%A3o%20vinculada%2C%20e%
A
A apresentação de defesa em audiência trabalhista,
o que somente pode ser feito por advogado.
B
A celebração de acordo em demanda trabalhista
ajuizada pelo empregado, sem advogado, pois,
nesse caso, a presença de advogado é obrigatória.
C
A apresentação de recurso de revista para o Tribunal
Superior do Trabalho.
D
A apresentação de petição nomeando bens à
penhora, conforme art. 882 da CLT.
E
O oferecimento de embargos de declaração em face
de sentença proferida por juiz de Vara do Trabalho.
Questão 2
O juiz da 18ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro instaurou IDPJ na
fase de execução a requerimento do exequente. Após incluir o sócio
da empresa no polo passivo da execução, qual seria o recurso
cabível para que o sócio possa reformar a decisão da 1ª instância?
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20IDPJ%20quando%20decidido%20na%20execu%C3%A7%C3%A3o%2C%20comporta%20im
A%2C%20%C2%A71%C2%BA%2C%20inciso%20II%20da%20CLT.%3C%2Fp%3E%0A%20%20%20%20%20%20%2
Considerações �nais
Como tivemos a oportunidade de estudar, conhecer os fundamentos do
Direito Processual do Trabalho, é de fundamental importância. Tivemos
a oportunidade de examinar os princípios fundamentais que regem o
processo trabalhista, bem como a competência da Justiça do Trabalho
em seus aspectos mais relevantes.
Por igual, as circunstâncias que envolvem as partes e os terceiros na
Justiça do Trabalho foram objeto de análise escorreita, possibilitando
àqueles que militam na área laboral o pleno domínio dos institutos
apresentados para uma atuação segura e precisa na defesa dos direitos
e interesses de trabalhadores e empregadores.
A
Nenhum recurso seria cabível, ante o princípio da
irrecorribilidade das decisões interlocutórias (art.
893, §1º da CLT).
B
O recurso cabível seria o agravo de instrumento,
pois a decisão tem natureza interlocutória.
C
O recurso cabível seria o agravo de petição, já que
se trata de uma decisão em execução.
D
O recurso cabível seria o recurso ordinário,
considerando que o IDPJ é uma intervenção de
terceiros que implica cognição.
E
Deveria ingressar com embargos à execução após a
garantia do juízo.
Podcast
Para encerrar, ouça mais sobre os princípios fundamentais do Processo
do Trabalho, assim como sobre a eficácia da lei processual trabalhista
no tempo e no espaço.
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Confira as indicações que separamos especialmente para você!
• Pesquise os acórdãos da 8ª Turma do TST, RR-1440-68.2012.5.22.0003
e da 5ª Turma do TST, RR-3500-16.2006.5.01.0421.
• Assista à gravação do julgamento público da ADI 5625 (Lei do SalãoParceiro, Lei nº 13.352/2016) do STF, disponível no YouTube.
Referências
ALMEIDA, C. L. de. Direito Processual do Trabalho. 7. ed. Salvador:
Juspodivm, 2019.
BATALHA, W. de S. C. Tratado de Direito Judiciário do Trabalho -
volumes I e II. São Paulo: LTr, 1995.
BERNARDES, F. Manual de Processo do Trabalho. 4. ed. Salvador:
Juspodivm, 2022.
CAIRO JR., J. Curso de Direito Processual do Trabalho. 13. ed. Salvador:
Juspodivm, 2019.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
SCHIAVI, M. Manual de Direito Processual do Trabalho. 18. ed. São
Paulo: LTr, 2022.
SILVA, H. B. M. da S. Curso de Direito do Trabalho Aplicado - volume 9.
3. ed. São Paulo: RT, 2016.
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