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Responsabilidade_civil_objetiva_subjetiva_culpa

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RESPONSABILIDADE
CIVIL
Luciana Tramontin Bonho
Responsabilidade civil 
subjetiva, objetiva (teoria 
do risco) e culpa presumida
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Verificar a evolução histórica das espécies de responsabilidade civil.
  Explorar as espécies de responsabilidade civil.
  Analisar a aplicação da responsabilidade civil pelas Cortes Superiores.
Introdução
A responsabilidade civil pressupõe a reparação de um dano causado à 
vítima por meio de uma indenização. Neste capítulo, você vai aprender 
sobre os tipos de responsabilidade civil. Estudará a evolução histórica 
do conceito, dos primórdios até os dias atuais, com enfoque na culpa 
como o seu elemento subjetivo. Verá os tipos de responsabilidade civil, 
os quais são definidos com base na análise da existência ou não do 
elemento subjetivo, ou seja, a culpa. Assim, a culpa define o tipo de 
responsabilidade, que pode ser subjetiva, objetiva e de culpa presumida. 
Além disso, como muitos temas novos surgem com o desenvolvimento 
da sociedade, você estudará o tratamento dado à responsabilidade civil 
pelas Cortes Superiores brasileiras.
Evolução histórica das espécies 
de responsabilidade civil
O instituto da responsabilidade civil se baseia em uma concepção moderna 
da reparação de danos. Nos primórdios da civilização, não existia a noção 
de responsabilidade civil como hoje conhecemos e não se avaliava o seu 
elemento subjetivo: a culpa. 
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As concepções de justiça que regiam as sociedades antigas embasavam o 
pensamento de que o dano injusto, decorrente do descumprimento de um de-
ver contratual ou pela desobediência a um preceito legal, deveria acarretar ao 
devedor o dever de indenizar o ofendido. Embora sejam essas as mesmas ideias 
que perpassam o Direito atual, nem sempre o dever de indenizar recaía sobre o 
patrimônio do devedor. Nesse sentido, a Lei de Talião — “olho por olho, dente 
por dente” — transmitiu ao Direito Romano clássico a concepção de que o credor 
tinha direito de exigir corporalmente do devedor a satisfação da ofensa à obrigação 
contratual ou a lesão a preceito legal (TEPEDINO, 2006). Em contrapartida, a 
Lei de Talião traz a primeira ideia de proporcionalidade na reparação do dano. 
Posteriormente, passou-se à chamada fase da composição tarifada, na qual 
a Lei das 12 Tábuas fixava, em casos concretos, o valor da pena a ser paga pelo 
ofensor, a qual deveria ser proporcional àquele sofrido por ela. Nesse momento, 
o Estado passou a ocupar a posição da vítima, suprindo a sua vontade ao dosar 
a pena a ser paga pelo agente ofensor, substituindo a composição voluntária por 
uma composição obrigatória e, inclusive, tarifada, sendo estipulados valores 
para as diversas espécies de lesão ou dano. Essa evolução teve o seu marco 
histórico quando, ao assumir a função de punir, o Estado se tornou responsável 
pela ação repressiva, dando origem à ação de indenização.
 Prevaleceu no Direito Romano, inicialmente, a responsabilidade civil 
objetiva, pois não havia a exigência de comprovação do elemento subjetivo 
“culpa” para a exigência das cruéis penas impostas. Porém, a comprovação da 
culpa passou a ser necessária a partir da percepção de que as penas corporais 
constituíam meio impróprio de satisfação do direito lesado e que a sua não 
exigência acarretava situações injustas (TARTUCE, 2011).
A maior evolução da responsabilidade civil ocorreu com o advento da Lex 
Aquilia, que deu origem à denominação da responsabilidade civil delitual ou 
extracontratual, também chamada de responsabilidade aquiliana. Nasceu, 
nesse momento, um princípio geral regulador da reparação do dano, trazendo 
as primeiras ideias de culpa. Foi também nesse momento que surgiram as 
primeiras divisões entre responsabilidade civil e responsabilidade penal.
Com o advento da Lei Poetelia Papiria (326 a.C.), a responsabilidade civil 
passou a ser um vínculo jurídico, isto é, imaterial, sendo que o devedor passou 
a responder pelo débito não mais com seu corpo, mas com o seu patrimônio. 
Essa é a evolução mais próxima do que atualmente se entende por reparação 
civil, que é a compensação do dano em valor pecuniário correspondente. 
Com a criação do código de Napoleão, em 1804, temos o nascimento de um 
modelo da legislação moderna. Ele buscava impedir a interferência abusiva do 
Estado na vida dos cidadãos, trazendo o preceito básico da responsabilidade 
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civil extracontratual, com fundamento na culpa efetiva e provada. O art. 
1.382 do Code é claro ao exigir a culpa como elemento da responsabilidade 
civil, enunciando que todo ato de homem que cause dano a terceiro obriga 
o responsável que agiu com culpa a repará-lo (PEREIRA, 1994). Assim, o 
código francês instituiu um princípio geral, “[...] obrigando a reparar todos os 
danos que uma pessoa causar a outra por sua culpa” (PEREIRA, 1994, p. 6). 
A culpa, como condição essencial do dever de indenizar, foi, assim, durante 
muito tempo ao longo da história, a única regra — e cumpria satisfatoriamente a 
sua função na responsabilidade civil. Porém, com o passar dos tempos, percebe-
mos que a culpa sozinha não poderia embasar todo o instituto da responsabilidade 
civil, pois existiam situações que exigiam uma reparação de danos mesmo 
sem a análise do elemento subjetivo culpa. Surgiu, então, a responsabilidade 
objetiva. No ano de 1897, Louis Josserand apontou a responsabilidade objetiva 
como marco evolutivo do tema da responsabilidade civil (PEREIRA, 1994).
A visão de Josserand era diferenciada e inovadora para a sua época, pois, para ele, o 
dano levaria em conta o sujeito passivo do prejuízo, ou seja, a vítima. Como aponta 
Almeida (2007, p. 62), analisando a responsabilidade civil e a obra de Josserand: 
É verdade que a relevância da matéria está intimamente ligada ao 
progresso da humanidade. Tal fato não passou despercebido a Louis 
Josserand, que, já em 1936, observava a existência de causas profundas, 
ao mesmo tempo de ordem social e mecânica, científica e material, 
responsáveis pela prodigiosa e acelerada evolução do instituto da res-
ponsabilidade civil. O desenvolvimento científico, gerador de conforto 
por um lado, mas de perigos e acidentes, por outro, tornou-se fonte 
relevante da responsabilidade civil.
Mais adiante, o autor (ALMEIDA, 2007) refere que a responsabilidade civil, a partir dos 
estudos de Josserand, foi redimensionada para se preocupar mais com a reparação 
do lesado, chegando-se até a excessos nesse sentido.
Da evolução do Direito francês, surgiram dois campos distintos na área da res-
ponsabilidade civil. Na maioria dos casos, continuava-se a examinar a conduta 
do autor do dano e a responsabilidade civil dependia da prova da culpa ou da 
sua presunção. Porém, em outras situações, surgiu a teoria da responsabilidade 
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objetiva, na qual se visava garantir a segurança da vítima com base na teoria do 
risco ou na desigualdade de condições entre o autor do dano e a vítima.
Josserand (1941), defensor da teoria do risco desenvolvida por Raymond 
Saleilles, traz como causas da evolução da responsabilidade civil o caráter 
sucessivamente mais perigoso da então vida moderna, na qual o perigo havia se 
intensificado diante da Revolução Industrial, aliada ao aumento da preocupação 
com a reparação do dano e com a vítima do prejuízo. A teoria do risco surge 
como base para a responsabilidade objetiva, na qual os autores defendem que 
todos devem ser responsáveis não somente por seus atos culposos, mas por 
todos aqueles atos que causem dano a terceiros. 
No Brasil, as primeiras noções
de responsabilidade civil objetiva surgiram 
com o Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), o qual prevê algumas 
hipóteses de proteção do consumidor contra produtos e serviços que lhe ofereces-
sem riscos, sem a análise da existência da culpa por parte do causador do dano.
Com o Código Civil de 2002 (BRASIL, 2002), a responsabilidade objetiva 
ingressou efetivamente no ordenamento jurídico brasileiro. A prevalência 
da culpa (responsabilidade subjetiva) continua sendo a regra, mas com a 
previsão da responsabilidade objetiva em várias situações. A preocupação do 
ordenamento jurídico, assim, passa a ser a reparação do dano, estabelecendo 
que cada um deve suportar os riscos da sua atividade.
Espécies de responsabilidade civil 
A responsabilidade civil prevê que um dano causado a alguém deve ser in-
denizado pelo agente causador. Assim, no tocante ao elemento subjetivo, a 
responsabilidade civil tem como espécies a subjetiva e a objetiva, sendo a 
culpa um elemento integrante ou não da obrigação de reparar o dano. Dessa 
forma, para que haja obrigação de reparação do dano, há a necessidade da 
demonstração de culpa do agente ofensor. 
A culpa é a não observância de um dever que o agente podia conhecer e 
observar. Se efetivamente o conhecia e deliberadamente o violou, ocorre o delito 
civil, ou, em matéria de contrato, o dolo contratual. Se a violação do dever, 
podendo ser conhecida e evitada, é involuntária, constitui culpa simples (DIAS, 
2006). Assim, na responsabilidade civil subjetiva, a culpa se caracteriza quando 
o causador do dano não tinha intenção de provocá-lo, mas, por imprudência, 
negligência, imperícia, causa dano, gerando a obrigação de repará-lo.
Entre as modalidades de culpa, destacamos que a imprudência ocorre por 
precipitação, consistindo em praticar uma ação sem as necessárias precauções. 
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Ou seja, o agente age com precipitação, inconsideração, ou inconstância no 
cumprimento de determinado ato, causando dano. A negligência se dá quando 
o agente não toma os devidos cuidados, não acompanha a realização do ato 
com a devida atenção e diligência, não agindo com zelo. O agente, por sua 
omissão voluntária de cuidado, acarreta a falta ou demora no prevenir ou obstar 
um dano. A imperícia, por sua vez, ocorre quando o agente acredita estar 
apto e possuir conhecimentos suficientes para a prática de um ato; entretanto, 
não está de fato preparado por falta de conhecimento, aptidão, capacidade 
ou competência. Ela ocorre pela falta de especial habilidade, experiência ou 
previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício.
Para entender melhor as modalidades de culpa, vejamos alguns exemplos.
  Imprudência: ocorre muito no trânsito, como, por exemplo, quando o condutor 
trafega pelo acostamento.
  Negligência: deriva da ausência de um dever de cuidado, como, por exemplo, uma 
criança que foge da creche. Nesse caso, as pessoas que tinham o dever de cuidar 
foram negligentes com esse dever.
  Imperícia: resulta da falta de um conhecimento que o agente acredita ou diz ter. Por 
exemplo, um médico clínico geral que realiza uma cirurgia plástica. Esse médico 
não tem conhecimento técnico para realizar o ato e está agindo com imperícia.
A responsabilidade civil subjetiva ocorre quando o agente age com culpa. 
Assim, quando restar comprovada a presença de um dos três elementos (ne-
gligência, imperícia ou imprudência), fica caracterizada a culpa do agente, 
surgindo o dever de reparação, pois, mesmo sem intenção, mas com culpa, o 
agente causou dano.
Para a caracterização da culpa, é necessário que ela seja demonstrada por 
meio de provas. Entretanto, existe a teoria da culpa presumida, que resulta 
na hipótese da responsabilidade subjetiva com culpa presumida. Nesse caso, 
ocorre uma inversão do ônus da prova quanto à culpabilidade. Segundo Ca-
valieri Filho (2008, p. 39):
[...] diante da complexidade e dificuldade em provar a culpa em determinadas 
situações e da objeção da doutrina subjetivista em reconhecer a necessidade 
de imposição da teoria da responsabilidade objetiva, o instituto da culpa 
presumida foi a ferramenta utilizada para facilitar a situação da vítima quanto 
à prova da culpa do agente causador do dano. 
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Gonçalves (2003, p. 18) afirma que “[...] quando a culpa é presumida, 
inverte-se o ônus da prova. O autor da ação só precisa provar a ação ou omis-
são e o dano resultante da conduta do réu, porque sua culpa já é presumida”. 
Por fim, temos a responsabilidade objetiva, a qual não depende da com-
provação da culpa do agente causador do dano, apenas do nexo de causalidade 
entre a sua conduta e o dano causado à vítima. Ou seja, mesmo que o agente 
causador não tenha agido com dolo ou culpa, deverá indenizar a vítima. Por 
responsabilidade objetiva, enfim, entendemos aquela que dispensa a culpa, 
bastando a ocorrência do dano. Ela é justificada com base na teoria do risco, a 
qual defende que, se alguém exerce uma atividade criadora de perigos especiais, 
deve responder pelos danos que ocasionar a terceiros. Assim, a responsabilidade 
é decorrente do risco criado pela atividade e não da culpa. 
Em suma, no ordenamento jurídico atual, há necessidade de demonstração 
da culpa para configuração da responsabilidade civil, que tem como regra a 
responsabilidade subjetiva. Entretanto, em detrimento da teoria da culpa, a 
teoria do risco ganha o seu espaço, estabelecendo também a responsabilidade 
objetiva, que independe de culpa. 
A teoria do risco (responsabilidade objetiva) é apresentada em diversas modalidades 
(PEREIRA, 1994):
  Risco proveito — Responsabiliza aquele que busca tirar proveito da atividade da-
nosa, baseando-se no preceito de que quem aufere o bônus, deve suportar o ônus.
  Risco profissional — Aqui, o dever de indenizar ocorre sempre que o fato prejudicial de-
corre da atividade ou profissão do lesado. Justifica a reparação dos acidentes de trabalho. 
  Risco excepcional — Ocorre quando o dano decorre de situação anormal, es-
capando da atividade comum da vítima, ainda que estranho ao trabalho que 
normalmente exerça.
  Risco integral — É admitida no âmbito do Direto Administrativo. A responsabilidade 
decorre da própria atividade, sendo uma forma de repartir por todos os membros 
da coletividade os danos atribuídos ao Estado, ainda que o dano seja decorrente da 
atividade da vítima.
  Risco criado — Ocorre quando aquele que, em razão de sua atividade ou profissão, cria 
um perigo, estando assim a reparar o dano que causar, salvo prova de haver obedecido 
a todas as medidas idôneas a evitá-lo. Conforme destaca Caio Mário, a teoria do risco 
criado é a que melhor se adapta às condições de vida social, fixando-se na ideia de 
que, se alguém põe em funcionamento qualquer atividade, responde pelos eventos 
danosos que essa atividade gera para os indivíduos, independentemente de determinar 
se em cada caso, isoladamente, o dano é devido à imprudência, a um erro de conduta.
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Aplicação da responsabilidade civil 
pelas Cortes Superiores 
Quando falamos em aplicação das teorias do Direito e da legislação, devemos 
focar o estudo nos tribunais de um país. A jurisprudência, assim, surge como 
refl exo do entendimento e aplicação de institutos e conceitos jurídicos, como 
no caso em estudo da responsabilidade civil. Assim, a jurisprudência resulta 
do entendimento e da aplicação em determinado sentido da legislação, sendo 
que os Tribunais Superiores é que formam a jurisprudência que deve ser se-
guida pelos tribunais
inferiores e por juízes no país. Os Tribunais Superiores 
devem observar a aplicação da legislação em consonância com os princípios 
constitucionais de forma que o ordenamento jurídico se mantenha harmonioso 
com o que determina a Constituição.
Nesse sentido, é importante que analisemos como as Cortes Superiores 
têm entendido e aplicado o instituto da responsabilidade civil nas modalidades 
da responsabilidade subjetiva, objetiva e ainda a culpa presumida aos novos 
conflitos que surgem com o desenvolvimento social, como a tecnologia, por 
exemplo. Além disso, na busca pela defesa de interesses e bens que importem 
à coletividade, como o meio ambiente.
No link a seguir, “Tribunais Superiores: quais são? O que 
fazem?”, você verá a divisão de competências dos Tribunais 
Superiores do País, como são compostos e quais matérias 
cada Tribunal julga:
http://goo.gl/69AVWw 
Para compreender melhor essa ideia, vamos destacar alguns casos que 
movimentaram as decisões recentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e 
do Supremo Tribunal Federal (STF), que compõem a Corte Superior do Brasil.
Muito se discutiu sobre o tipo de responsabilidade a ser decretada sobre 
os provedores de aplicação pelo conteúdo gerado por terceiros e armazenados 
ou viabilizados pelo provedor. Em acórdão proferido em 12 de dezembro de 
2017, a 3ª Turma do STJ, ao julgar o Recurso Especial (REsp) nº. 1.501.603 
(BRASIL, 2017a), reiterou que provedores de aplicação somente poderão ser 
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responsabilizados se, após avisados sobre conteúdo ofensivo por ordem judicial, 
não tomarem providências para a retirada do referido conteúdo.
Sobre a matéria, está aguardando julgamento no STF do mérito, com reper-
cussão geral reconhecida para todas as instâncias, o Recurso Extraordinário 
(RE) nº. 1.037.396, com base no qual a Corte vai dizer se é constitucional o art. 
19 do Marco Civil da Internet (Lei nº. 12.965, de 23 de abril de 2014), referente 
à responsabilidade de websites e gestores de aplicativos de redes sociais, por 
danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.
Outro assunto de grande importância na atualidade é a proteção do meio 
ambiente, as multas e o tipo de responsabilidade ambiental em caso de dano. 
Sobre o assunto, no ano de 2016, a 2ª Turma do STJ decidiu, no julgamento do 
REsp nº. 1.401.500 (PR) (BRASIL, 2016a), que a responsabilidade administra-
tiva em matéria ambiental é subjetiva. O ministro Antônio Herman Benjamin, 
relator do citado processo, votou pelo provimento do recurso especial ao 
pugnar pela necessidade de comprovação de culpa, no que foi acompanhado 
pelos demais julgadores (BRASIL, 2016a):
2. A insurgente opôs Embargos de Declaração com intuito de provocar a 
manifestação sobre o fato de que os presentes autos não tratam de respon-
sabilidade ambiental civil, que seria objetiva, mas sim de responsabilidade 
ambiental administrativa, que exige a demonstração de culpa ante a sua 
natureza subjetiva. Entretanto, não houve manifestação expressa quanto ao 
pedido da recorrente.
3. Cabe esclarecer que, no Direito brasileiro, e de acordo com a jurisprudência 
do Superior Tribunal de Justiça, a responsabilidade civil pelo dano ambiental, 
qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, 
proprietário ou administrador da área degradada, é de natureza objetiva, 
solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da 
reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura e do favor debilis.
4. Todavia, os presentes autos tratam de questão diversa, a saber, a natureza 
da responsabilidade administrativa ambiental, bem como a demonstração de 
existência ou não de culpa, já que a controvérsia é referente ao cabimento ou 
não de multa administrativa. 
A decisão do REsp nº. 1.401.500 (PR) é considerada um marco da consolida-
ção do entendimento jurisprudencial sobre o assunto, em razão da importância 
e da repercussão do caso, bem como do porte das empresas envolvidas e do 
valor da multa. No entanto, é importante destacar que já havia na Corte outras 
decisões nesse sentido, a exemplo do REsp nº. 1.251.697 (PR) e do Agravo 
Regimental (AgRg) no Agravo em Recurso Especial (AREsp) nº. 62.584 
(RJ), de forma que, no STJ, existe um processo adiantado de consolidação 
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da jurisprudência a esse respeito. Porém, como visto no julgado, outro é o 
entendimento do STJ em caso de responsabilidade civil. 
Dessa forma, com vistas à responsabilidade civil decorrente de um dano 
ambiental, a responsabilidade pela reparação do dano é objetiva, ou seja, 
independe de culpa, e solidária, pois alcança os poluidores diretos e indi-
retos. É entendida sob a modalidade do risco integral, sendo que não são 
admitidos excludentes de responsabilidade, como caso fortuito, força maior, 
fato ou ato de terceiro. Tais critérios estão definidos pela jurisprudência nos 
julgados: REsp nº. 1.307.938 (GO), AgRg no REsp nº. 1.494.995 (RS), REsp 
nº. 1.374.284 (RJ), REsp nº. 1.175.907 (MG), AgRg no AResp nº. 381.567 
(SP). Inclusive sobre o rito dos recursos repetitivos, no julgamento do REsp 
nº. 1.374.284 (MG), ficou decidido que “[...] a responsabilidade por dano 
ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo 
de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na 
unidade do ato” (BRASIL, 2014).
Na esfera administrativa, pode estar sujeito à multa aquele que cometeu, 
diretamente, a infração, sendo que, para que ocorra a responsabilização do 
poluidor indireto, deve ser examinada a sua responsabilidade subjetiva, ou 
seja, se ele agiu com culpa. Assim, o poluidor indireto somente responde na 
medida de sua culpabilidade e de forma proporcional à sua conduta. Exemplo: 
autuações de empresas e fixação de multas administrativas sem exame da 
culpa não poderão mais ocorrer.
Outro caso sobre a análise do tipo de responsabilidade civil aplicável foi 
objeto do julgamento pelo STF do RE nº. 635.336 (BRASIL, 2016b), no qual 
foi fixada a tese sobre o cultivo ilegal de plantas psicotrópicas e a natureza da 
responsabilidade civil do proprietário das terras, em decorrência da previsão 
do confisco das terras cultivadas como pena sancionatória. Sendo fixada 
a tese: “A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal (CF) 
pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em 
culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo” (BRASIL, 2016b). Assim, o 
STF decidiu que a responsabilidade do proprietário é subjetiva, dependendo 
da prova da culpa.
Sobre a responsabilidade objetiva, o STJ tem entendimento sumulado no 
que tange à responsabilidade das instituições bancárias sobre atos e fraudes 
praticados por terceiros aos seus correntistas que ocasionarem na sua inclusão 
indevida nos cadastros restritivos de crédito: “Súmula 479: As instituições 
financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno 
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações 
bancárias” (BRASIL, 2017b).
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Sobre a culpa presumida, verificamos também a existência de uma súmula 
do STF sobre o assunto: “Súmula 341: É presumida a culpa do patrão ou 
comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto” (BRASIL, 2017c).
 O STJ já se manifestou em alguns julgados (Agravo Interno [AgInt] no 
AREsp nº. 1.162.733, AgInt no AREsp nº. 483.170 [SP], AgRg no AREsp 
nº. 572.430 [SP]) sobre a presunção da culpa daquele que colide na traseira 
de outro veículo, em um acidente de trânsito. Esse exemplo é corriqueiro
nos tribunais, mas a presunção da culpa não é a sua certeza, da forma que 
quem sofreu a batida na sua traseira nada precisa provar. Em contrapartida, 
quem bateu na traseira terá que provar que não teve culpa para se eximir 
da responsabilidade pelos danos sofridos pelo outro, bem como para res-
ponsabilizar o verdadeiro culpado pelos danos que também sofreu. Dessa 
forma, a questão posta aos Tribunais Superiores da definição quanto ao tipo 
de responsabilidade civil é aplicável em cada caso nem sempre é óbvia e 
está prevista na lei. Muitas vezes somente após um grande debate jurídico 
é possível definir se o agente ou responsável por um dano responderá de 
forma subjetiva ou objetiva por ele.
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