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Responsabilidade contratual e extracontratual

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Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE 
CIVIL
Luciana Tramontin 
Bonho
 
Responsabilidade civil 
contratual e extracontratual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Diferenciar a responsabilidade civil contratual da extracontratual.
  Avaliar as implicações da responsabilidade contratual e da 
extracontratual.
  Entender a responsabilidade civil nos contratos públicos.
Introdução
A responsabilidade civil surge como o dever de reparação do prejuízo 
sofrido em decorrência da violação de deveres jurídicos. A origem do 
dever violado pode advir de relação jurídica obrigacional existente en-
tre as partes ou de dever jurídico imposto pelo ordenamento a todos, 
sendo que, dessa divisão, a responsabilidade civil pode ser contratual e 
extracontratual, respectivamente. 
Neste capítulo, você vai estudar a responsabilidade civil contratual 
e a extracontratual. Você verá as diferenças e implicações da respon-
sabilidade civil contratual e da extracontratual, bem como estudará a 
responsabilidade civil nos contratos públicos.
Diferença responsabilidade civil contratual 
e extracontratual
O instituto da responsabilidade civil se baseia na ideia de que aquele que causar 
dano a outrem deve repará-lo. O Código Civil (BRASIL, 2002) distingue as 
duas espécies de responsabilidade, disciplinando genericamente a responsabi-
lidade extracontratual nos arts. 186 a 188 e 927 a 954 e a contratual nos arts. 
389 e seguintes e 395 e seguintes, omitindo qualquer referência diferenciadora.
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Como adverte Dias (2012, p. 129), “[...] a responsabilidade extracontratual 
e a contratual regulam-se racionalmente pelos mesmos princípios, porque 
a ideia de responsabilidade é una”. Com efeito, o autor afirma que, quando 
ocorre a inexecução, não é a obrigação contratual que movimenta o mundo da 
responsabilidade (DIAS, 2012). O que se estabelece é uma obrigação nova que 
substitui à obrigação preexistente no todo ou em parte: a obrigação de reparar 
o prejuízo consequente à inexecução da obrigação assumida.
Quando a responsabilidade não deriva de contrato, dizemos que ela é 
extracontratual. Nesse caso, aplicamos o disposto no art. 186 do Código Civil 
(BRASIL, 2002). Todo aquele que causa dano a outrem, por culpa em sentido 
estrito ou dolo, fica obrigado a repará-lo. É a responsabilidade derivada de 
ilícito extracontratual, também chamada de aquiliana.
Nas palavras de Diniz (2005, p. 24), “[...] contrato é o acordo de duas ou 
mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma 
regulamentação de interesses entre as partes, com escopo de adquirir, modificar 
ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”. Na responsabilidade 
extracontratual, o agente infringe um dever legal e, na contratual, descumpre 
o avençado, tornando-se inadimplente. Nesta, existe uma convenção prévia 
entre as partes que não é cumprida. Na responsabilidade extracontratual, 
nenhum vínculo jurídico existe entre a vítima e o causador do dano quando 
este pratica o ato ilícito. 
A primeira diferença, segundo Gonçalves (2017, p. 45), entre os dois 
tipos de responsabilidade civil diz respeito ao ônus da prova. Se a res-
ponsabilidade é contratual, o credor só está obrigado a demonstrar que a 
prestação foi descumprida. O devedor só não será condenado a reparar o 
dano se provar a ocorrência de alguma das excludentes admitidas na lei: 
culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. O ônus da prova, 
portanto, é do devedor. No entanto, se a responsabilidade for extracon-
tratual, prevista no art. 186 do Código Civil (BRASIL, 2002), o autor da 
ação (vítima) é que fica com o ônus de provar que o fato se deu por culpa 
do agente causador do dano. 
Outra diferenciação estabelecida entre a responsabilidade contratual e 
a extracontratual diz respeito às suas fontes. A responsabilidade contratual 
tem a sua origem na convenção ou no contrato, enquanto a extracontra-
tual tem a sua fonte na inobservância do dever genérico de não lesar, de 
não causar dano a ninguém, previsto na lei, em especial no referido artigo 
(GONÇALVES, 2017).
Responsabilidade civil contratual e extracontratual2
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Comentando as fontes das obrigações, de acordo com a teoria dualista, 
pautada em lei ou contrato como elementos geradores, Pereira (1990, p. 26) 
assim se posiciona: 
[...] podemos mencionar duas fontes obrigacionais, tendo em vista a prepon-
derância de um ou de outro fator: uma, em que a força geratriz imediata é à 
vontade, outra, em que é a lei. Não seria certo dizer que existem obrigações 
que nascem somente da lei, nem que há as oriundas só da vontade. Em ambas 
trabalha o fato humano, em ambas atua o ordenamento jurídico, e, se de nada 
valeria a emissão volitiva sem a lei, também de nada importaria essa sem uma 
participação humana, para a criação do vínculo obrigacional. Quando, pois, 
nos referimos à lei como fonte, pretendemos mencionar aquelas a que o reus 
debendi é subordinado, independentemente de haver, neste sentido, feito uma 
declaração de vontade: são obrigações em que procede a lei, em conjugação 
com o fato humano, porém fato humano não volitivo. Quando, ao revés, falamos 
na vontade como fonte e discorremos de obrigações que provêm da vontade, 
não queremos significar a soberania desta ou a sua independência da ordem 
legal, senão que há obrigações em que o vínculo jurídico busca mediatamente 
a sua explicação na lei, nas quais, entretanto, a razão próxima, imediata ou 
direta é a declaração de vontade.
Outro elemento de diferenciação entre as duas espécies de responsabilidade 
civil refere-se à capacidade do agente causador do dano. Segundo Josserand 
(1950-1951), a capacidade civil sofre limitações no terreno da responsabilidade 
contratual, sendo mais ampla no campo da responsabilidade extracontratual. 
O contrato exige que os agentes sejam plenamente capazes ao tempo da sua 
celebração, sob pena de nulidade e de que ele não produza efeitos indenizatórios. 
Na hipótese de obrigação derivada de um ilícito, o ato do incapaz pode dar 
origem à reparação por aqueles que legalmente são encarregados da sua guarda. 
É o que prevê o art. 928 do Código Civil (BRASIL, 2002), que responsabiliza 
os incapazes em geral pelos prejuízos que causarem a outrem. Ressaltamos 
que, segundo o Código Civil (BRASIL, 2002), o menor de 18 anos é, em 
princípio, irresponsável, mas poderá responder pelos prejuízos que causar se 
os seus responsáveis não dispuserem de patrimônio suficiente. 
No campo contratual, esse mesmo menor somente estará vinculado se, 
ao assinar o contrato, estiver devidamente representado ou assistido pelo seu 
representante legal. Josserand (1950-1951) considera a capacidade jurídica 
bem mais restrita na responsabilidade contratual do que na derivada de atos 
ilícitos, porque estes podem ser perpetrados por amentais e por menores e 
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podem gerar o dano indenizável, ao passo que somente as pessoas plenamente 
capazes são suscetíveis de celebrar contratos válidos.
Mais um elemento de diferenciação entre a responsabilidade contratual 
e a extracontratual é no que tange à gradação da culpa. De regra, ambas as 
responsabilidades se fundam na culpa. A obrigação de indenizar, tratando-se 
de ilícito, nasce da lei, sendo, consequentemente, a sua apuração mais rigorosa, 
enquanto na responsabilidade contratual o valor da indenização varia conforme 
os diferentes casos, sem, contudo, alcançar os padrões da extracontratual. No 
setor da responsabilidade contratual, a culpa obedece a um certo escalonamento, 
de conformidade com os diferentes casos em que ela se configure, ao passo que, 
na delitual, ela iria mais longe, alcançando a falta ligeiríssima.
É o fato gerador que define a responsabilidadecomo contratual ou extracontratual 
(aquiliana ou legal). Assim:
Na responsabilidade extracontratual, o agente infringe um dever legal, 
e, na contratual, descumpre o avençado, tornando-se inadimplente. 
Nesta, existe uma convenção prévia entre as partes, que não é cum-
prida. Na responsabilidade extracontratual, nenhum vínculo existe 
entre a vítima e o causador do dano quando este pratica o ato ilícito 
(GONÇALVES, 2008, p. 27).
Implicações da responsabilidade civil 
contratual e extracontratual
Regra geral: tanto na responsabilidade contratual quanto na extracontratual 
são necessários a existência do dano, a culpa do agente e o nexo de causalidade 
entre o comportamento do agente e o dano experimentado pela vítima ou pelo 
outro contratante. Quer a culpa parta de uma infração à lei ou ao contrato, 
surge a obrigação de indenizar a vítima. É o chamado princípio da unidade 
da culpa, defendido pela maioria dos escritores autorizados, segundo o qual 
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as diferenças técnicas entre a responsabilidade contratual e a extracontratual 
seriam periféricas, aparentes e sem importância (PEREIRA, 2002). 
A responsabilidade contratual geralmente decorre de uma conduta culposa, 
que corresponde ao inadimplemento total ou parcial do contrato. Nesse sentido, 
a culpa contratual se difere da extracontratual: aquela tem uma conotação 
objetiva, correspondendo ao inadimplemento ou ao adimplemento imperfeito. 
Na avaliação da culpa para a responsabilização civil, é necessário saber quem 
deu causa ao inadimplemento ou ao adimplemento imperfeito do contrato. A 
culpa, nesse caso, será presumida, podendo ser ilidida por prova em contrário.
Cavalieri Filho (2010, p. 29) distingue as duas modalidades de responsa-
bilidade com base na culpa:
[...] na culpa contratual há a violação de um dever positivo de adimplir, que 
constitui o próprio objeto da avença, ao passo que na culpa aquiliana viola-
-se um dever negativo, isto é, a obrigação de não prejudicar, de não causar 
dano a ninguém.
Na responsabilidade contratual, o descumprimento injustificado de uma 
prestação avençada resulta, para a parte lesada, na possibilidade de reparação 
do dano que, em regra, substitui a prestação. É mister a existência de culpa 
na responsabilidade que decorre de um contrato. Portanto, agindo o devedor 
com culpa ou mesmo dolo, a reparação do prejuízo abrangerá não apenas a 
prestação devida, mas também todos os danos que surgirem dessa inexecução, 
como danos emergentes lucros cessantes.
Para Pereira (2002), o que importa, na realidade, é que um dano foi causado 
e deve ser reparado de acordo com as normas regentes da responsabilidade 
civil. O efeito principal, portanto, de ambas as responsabilidades é a obri-
gação de indenizar a vítima. O que as diferencia é o ônus da prova. Assim, 
na responsabilidade contratual, o ônus da prova se transfere para o devedor 
quanto ao dano causado, que terá de provar a sua ausência de culpa, como, por 
exemplo, provando a hipótese de caso fortuito, força maior ou ainda qualquer 
outro fator excludente de sua responsabilidade. Na responsabilidade extra-
contratual, incumbe à vítima demonstrar os seus requisitos caracterizadores, 
quais sejam: a existência do dano, a culpa do agente e o nexo de causalidade 
entre o comportamento do agente e o dano sofrido pela vítima. 
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Uma consequência significativa que diferencia os tipos de responsabilidade é que a 
vítima tem maiores probabilidades de obter a condenação do agente ao pagamento 
da indenização quando a sua responsabilidade deriva do descumprimento do contrato, 
ou seja, quando a responsabilidade é contratual, porque não precisa provar a culpa 
do agente, bastando provar que o contrato não foi cumprido e, em consequência, 
que houve o dano.
Além disso, a doutrina que defende a diferenciação entre os dois tipos 
de responsabilidade justifica que, pelo fato da responsabilidade civil con-
tratual vincular-se à resolução de conflitos “[...] circunscritos a um risco 
específico de dano, criado em razão da particular relação que se constitui 
entre dois ou mais particulares contratantes [...]”, bem como “[...] em razão 
das circunstâncias materiais dessa relação preexistente, surgem diversas 
questões que não podem ser abordadas de maneira uniforme em relação às 
soluções propugnadas para os casos de responsabilidade civil extracontratual” 
(LEONARDO, 2004, p. 265).
Implicações jurídicas existem também na diferenciação entre a responsa-
bilidade contratual e a extracontratual, tais como: a diferença entre os prazos 
prescricionais, que é de 10 anos para a pretensão derivada de um inadimple-
mento contratual, prevista no art. 205 do Código Civil (BRASIL, 2002), e 
de ou de três anos para a decorrente de ilícito absoluto, prevista no art. 206, 
§ 3º, do Código Civil (BRASIL, 2002). Além disso, há a necessidade de se 
constituir o devedor em mora na responsabilidade contratual prevista no art. 
397 do Código Civil (BRASIL, 2002). 
Ainda a data para o início do cômputo dos juros de mora diverge nas duas 
modalidades de responsabilidade civil. Nas relações contratuais, os juros 
correm da citação, e isso porque é nesse momento que se tem constituído o 
devedor em mora, aplicando-se, assim, integralmente o disposto no art. 405 
do Código Civil (BRASIL, 2002). Já a correção monetária contamos a partir 
da data do efetivo prejuízo, na forma da Súmula 43 do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) (BRASIL, 1992b), uma vez que é nesse instante em que se inicia 
a desvalorização da moeda em relação ao montante devido. 
Já nas relações extracontratuais, os juros moratórios contam-se da data 
do evento danoso, na forma da Súmula 54 do STJ (BRASIL, 1992a), porque 
é então que nasce para o credor a pretensão de ver o dano ressarcido e, por-
tanto, é a partir daí que estará o devedor em mora. Do mesmo modo, incidirá 
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a correção monetária a partir da data em que efetivamente ocorreu o dano 
material, pois é quando o devedor precisa ressarcir o credor, na forma do art. 
398 do Código Civil, de modo a também se aplicar, nesse caso, a Súmula 43 
do STJ (NEVES, 2018).
Ressaltamos a interpretação dada pelo STJ ao julgar um caso de indenização 
com pagamento em parcelas sucessivas. O STJ afastou o entendimento de que 
os juros de mora devam ser aplicados a partir do evento danoso, ainda que haja 
determinação para constituição de capital, visando assegurar o pagamento da 
pensão mensal à vítima. O argumento é de que se a parcela mensal não estiver 
vencida, não há que se falar em incidência de juros moratórios, na medida 
em que não faz sentido a aplicação de juros sobre parcelas vincendas, posto 
que ainda inexigíveis. Nesse sentido, inclusive, é o que estabelece o art. 397 
do Código Civil (BRASIL, 2002), ao determinar que o devedor somente se 
constitui em mora quando deixa de adimplir a obrigação positiva e líquida 
na data do seu vencimento. 
No caso concreto, o STJ, ao julgar o Recurso Especial 1.270.983 (SP), 
deu parcial provimento para afastar a incidência de juros moratórios, “[...] 
a partir da ocorrência de ato ilícito — por não se tratar de pagamento de 
quantia singular — tampouco da citação — por não configurar obrigação 
ilíquida” (COCUZZA, 2016), e concluiu que os juros “[...] devem ser contabi-
lizados a partir do vencimento de cada prestação, que ocorre mensalmente” 
(BRASIL, 2016).
Súmula 43 do STJ (BRASIL, 1992b): “Incide correção monetária sobre dívida por ato 
ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.”
Súmula 54 do STJ (BRASIL, 1992a): “Os juros moratórios fluem a partir do evento 
danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”.
Responsabilidade civil nos contratospúblicos
O Estado, muitas vezes, necessita contratar terceiros para a realização de 
obras e serviços, pois nem sempre dispõe de funcionários públicos que façam 
certas funções. Entretanto, ao contrário do que ocorre entre particulares, que 
podem contratar livremente, a administração pública deve seguir o estipulado 
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em lei para ofi cializar essa contratação. Esse procedimento de contratação de 
terceiros pela administração pública é denominado licitação pública, o qual 
não permite que o poder público escolha os seus contratados, obrigando-o 
a respeitar as regras e procedimentos que inviabilizam qualquer opção ou 
preferência entre eles.
Meirelles (1999) conceitua licitação como o procedimento administrativo 
mediante o qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa 
para o contrato do seu interesse. Tem como objetivo propiciar oportunidades 
iguais a todos os que desejam contratar com o poder público, dentro dos pa-
drões previamente estabelecidos pela administração, atuando como fator de 
eficiência e moralidade nos negócios administrativos. É o meio técnico-legal 
de verificação das melhores condições para a execução de obras e serviços, 
compra de materiais e alienação de bens públicos. A licitação se realiza por 
intermédio de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a administração 
e para os licitantes, sem a observância dos quais são nulos o procedimento 
licitatório e, consequentemente, o contrato por ele firmado.
A Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993, contempla cinco modalidades de licitação:
1. Concorrência — É a modalidade de licitação que se realiza com ampla publici-
dade para assegurar a participação de quaisquer interessados que preencham os 
requisitos previstos no edital. Do conceito, decorrem duas características básicas: 
a ampla publicidade e a universalidade. 
2. Tomada de preços — É a modalidade de licitação realizada entre interessados já 
previamente cadastrados ou que preencham os requisitos para cadastramento até 
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas licitatórias, observada 
a necessária qualificação
3. Convite — É a modalidade de licitação entre, no mínimo, três interessados do ramo 
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados pela uni-
dade administrativa, e da qual podem participar também aqueles que, não sendo 
convidados, estiverem cadastrados na correspondente especialidade e manifesta-
rem seu interesse com antecedência de 24 horas da apresentação das propostas.
4. Concurso — Tem o objetivo de selecionar trabalho técnico ou artístico, que exige 
habilidade físico-intelectual ou revelador de certas capacidades personalíssimas. 
5. Leilão — É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda 
de bens móveis inservíveis para a administração ou que tenham sido legalmente 
apreendidos ou empenhados, ou de bens imóveis adquiridos em procedimentos 
judiciais ou de dação em pagamento.
Fonte: Oliveira (2013). 
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C04_Responsabilidade_civil_contratual.indd 8 04/04/2018 09:57:28
Da relação jurídica estabelecida entre o ente público e pessoa física ou 
jurídica, nascem os contratos administrativos. O regime jurídico ao qual se 
sujeitam os contratos administrativos é identificado por meio da verificação 
dos princípios que lhe dizem respeito, os quais devem ser extraídos do pró-
prio ordenamento jurídico (SUNDFELD, 1996). Além disso, aos contratos 
administrativos também se aplicam, subsidiariamente, os princípios da teoria 
geral dos contratos e as regras do Direito Privado. 
Assim, os contratos administrativos são firmados após a realização dos 
procedimentos licitatórios ou em casos de dispensa ou inexigibilidade de lici-
tações. Caso não seja observada essa regra, como, por exemplo, o contrato seja 
firmado sem licitação quando exigida, ou resultante de licitação irregular, ou, 
ainda, fraudada no julgamento, o contrato administrativo é nulo, como também 
ocorre quando ele for omisso em pontos fundamentais (MEIRELLES, 1999).
Os contratos públicos têm as seguintes características: 
  formalidade;
  consensualidade;
  onerosidade;
  comutatividade;
  pessoalidade. 
É formal porque deve ser formulado por escrito e nos termos previstos em 
lei. É consensual por ser expresso de forma escrita e com requisitos especiais. 
É oneroso porque há remuneração relativa à contraprestação do objeto do 
contrato. É comutativo por estabelecer compensações recíprocas e equivalentes 
para as partes. A pessoalidade consiste na exigência para execução do objeto 
pelo próprio contratado.
Ressaltamos que o princípio da responsabilidade civil do Estado é próprio e possui 
conotação própria e mais extensa que a responsabilidade aplicável ao Direito privado. 
Assim, para o Estado, são previstas regras mais rígidas, visto que toda avença adminis-
trativa decorre do interesse público e visa ao bem geral da coletividade.
A responsabilidade estatal passou pelos vários tipos de responsabilidade 
civil. Inicialmente, baseava-se no princípio da irresponsabilidade do Estado. 
9Responsabilidade civil contratual e extracontratual
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Posteriormente, o Estado surgiu como sujeito responsável, de forma tênue e 
lenta. Em um primeiro momento, a responsabilidade passou a ser reconhecida 
em situações pontuais, não era absoluta e se regulava por regras específicas, 
em um segundo momento, por meio da responsabilidade subjetiva.
A fase atual da responsabilidade estatal é a da responsabilidade objetiva, na 
qual não é necessária a prova da culpa, bastando a prova da conduta estatal, do 
dano e do nexo causal. Como excludentes da responsabilidade, temos duas teorias: 
  a teoria do risco integral;
  teoria do risco administrativo. 
Carvalho Filho (2009, p. 524) distingue:
No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscrimi-
nada: se houver participação total ou parcial do lesado para o dano, o Estado 
não será responsável no primeiro caso e, no segundo, terá atenuação no que 
concerne à sua obrigação de indenizar. Por conseguinte, a responsabilidade 
civil decorrente do risco administrativo encontra limites. Já no risco integral a 
responsabilidade sequer depende de nexo causal e ocorre até mesmo quando 
a culpa é da própria vítima. Assim, por exemplo, o Estado teria que indenizar 
o indivíduo que se atirou deliberadamente à frente de uma viatura pública. É 
evidente que semelhante fundamento não pode ser aplicado à responsabilidade 
do Estado, só sendo admissível em situações raríssimas e excepcionais. Em 
tempos atuais, tem-se desenvolvido a teoria do risco social, segundo a qual 
o foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo 
que a reparação estaria a cargo de toda a coletividade, dando ensejo ao que 
se denomina socialização dos riscos — sempre com o intuito de que o lesado 
não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido.
Assim, na teoria do risco administrativo, o que se exige é a ocorrência 
do dano sem a concorrência de um particular, por exemplo. Essa teoria admite 
a excludente quando estiver ausente qualquer dos elementos definidores da 
responsabilidade. São exemplos de hipóteses de exclusão: culpa exclusiva da 
vítima, caso fortuito e força maior (MEIRELLES, 2000). O Brasil adota a 
teoria do risco administrativo como regra. Porém, em situações especiais, em 
razão da natureza da atividade e da extensão dos possíveis danos que venham 
a ocorrer, adotamos a responsabilidade pelo risco integral, como nos casos de 
danos nucleares e ambientais.
O Código Civil de 2002 (BRASIL, 2002) traz, no art. 43, matéria relativa 
à responsabilização estatal por atos dos seus agentes, nos seguintes termos: 
“As pessoas jurídicas de Direito público interno são civilmente responsáveisResponsabilidade civil contratual e extracontratual10
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por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, 
ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por 
parte destes, culpa ou dolo”. 
O Código (BRASIL, 2002), em consonância com a Constituição de 1988, 
reconhece a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de Direito público 
interno, consagrando a teoria do risco administrativo e possibilitando à ad-
ministração pública o direito de regresso contra o agente causador do dano, 
no caso de culpa ou dolo. O art. 37, § 6º, da Constituição de 1988 (BRASIL, 
1988) dispõe: “As pessoas jurídicas de Direito público e as de Direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra 
o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Essa previsão legal tem o intuito de igualar as pessoas jurídicas de Direito 
Público às de Direito Privado que executem funções que, em princípio, caberiam 
ao Estado, igualando a sua responsabilidade civil. Assim, respondem objetiva-
mente pelos danos decorrentes da sua atuação as pessoas jurídicas de Direito 
privado da administração indireta (empresas públicas, sociedades de economia 
mista e fundações públicas de Direito privado), quando atuam na prestação de 
serviços públicos, bem como os concessionários e permissionários de serviços 
públicos, na forma do art. 175 da Constituição (MEIRELLES, 2000).
A responsabilidade estatal nos contratos administrativos decorre muitas 
vezes da concessão de serviços públicos a terceiro. O contrato de concessão é 
aquele em que a administração pública (concedente) transfere a um particular 
(concessionário) a execução de determinado serviço público. Essa obrigação 
assumida pelo concessionário deverá ser fiscalizada pela concedente. 
O concessionário responde de forma objetiva, no que diz respeito aos serviços objeto 
da concessão. Assim, mesmo sendo pessoa jurídica de Direito privado, ele assume a 
possibilidade de ser sancionado no âmbito do Direito público, exatamente por ser 
executor de serviço do qual o Estado é titular.
Ressaltamos que o Estado, ao conceder serviços dos quais é responsável 
pela execução, assume a responsabilidade de fiscalizar a execução desses 
serviços exercidos pelo concessionário, decorrendo disso a responsabilidade 
solidária do Estado para com os danos causados por terceiros por ele contratado. 
11Responsabilidade civil contratual e extracontratual
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