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UNIVERSIDADE PAULISTA-UNIP
GUSTAVO MIGLIARI
IMPOSTO SOBRE VALOR AGREGADO- IVA
SÃO PAULO
2024
IMPOSTO SOBRE VALOR AGREGADO- IVA
RESUMO
Há algum tempo, as questões relacionadas ao sistema tributário nacional têm sido um tema frequente de discussão em toda a sociedade. Em um cenário internacional em constante evolução, com novas formas de economia emergindo, incluindo o digital, e uma crescente integração econômica global, é evidente a necessidade de atualizar a tributação sobre o consumo no Brasil para refletir essa evolução da sociedade, ao mesmo tempo em que se consideram os desafios internos do modelo tributário nacional.
A União Europeia já implementou um sistema de tributação conhecido como IVA, que é uniforme em todos os países membros, promovendo assim uma maior harmonização fiscal entre os estados membros.
O Código Tributário Nacional foi introduzido em 1966 e passou por várias reformas até a promulgação da Constituição de 1988. Esta Constituição ampliou as restrições sobre o poder de tributação dos diferentes níveis de governo, redistribuindo as competências tributárias. Ao mesmo tempo, buscou-se equilibrar os interesses dos estados federados, concedendo-lhes mais autonomia na esfera tributária.
No entanto, a redução das transferências fiscais, aliada à competição entre os estados por investimentos, resultou em uma "guerra fiscal". Esse sistema tributário, originalmente concebido para atrair empresas, acabou interferindo na eficiência econômica ao reduzir os custos privados de produção e aumentar os custos sociais.
O Brasil enfrenta agora um dilema complexo. Após adiar por muitos anos a discussão sobre a modernização do sistema tributário, agora precisa lidar com desafios ainda maiores para evitar prejudicar a arrecadação dos diferentes níveis de governo.
Portanto, a simplificação do sistema tributário e o fim da "guerra fiscal" são prioridades nas discussões sobre a modernização. Para alcançar esses objetivos, a implementação de um IVA deve se inspirar no modelo europeu bem-sucedido, mas também deve levar em consideração as peculiaridades do sistema federativo brasileiro.
Palavras-Chave: Imposto; Consumo; Brasil: Perspectiva; Federação.
1. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
1.1 CONCEITO 
	O Código Tributário Nacional, regido pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, é o arcabouço legal que engloba os diversos tributos vigentes no Brasil, todos respaldados pela Constituição Federal do país. De acordo com Cretella Júnior, o sistema tributário é conceituado como o conjunto de normas jurídico-tributárias que estão devidamente relacionadas e coordenadas entre si, todas subordinadas aos princípios fundamentais que conferem coesão ao sistema (Cretella Júnior, ano da citação).
	Essas normas são organizadas conforme os preceitos constitucionais e têm como objetivo suprir a demanda por recursos financeiros destinados a sustentar as atividades de interesse público. Segundo a perspectiva de Hugo de Brito Machado, os sistemas tributários podem ser categorizados como rígidos ou flexíveis, assim como racionais ou históricos (Machado,2014).
	O sistema tributário nacional é caracterizado como um sistema racional, em que os tributos são projetados para produzir efeitos fiscais em conformidade com a política financeira almejada pelo Estado, proporcionando assim um controle eficaz sobre a instituição e a arrecadação de tributos.
	O Estado detém o poder de instituir, aumentar, reduzir ou extinguir tributos com o intuito de angariar recursos necessários para suas finalidades, em consonância com o ordenamento jurídico, incluindo os princípios constitucionais como a imunidade tributária, estabelecida em um capítulo específico do Código Tributário Nacional oriundo da Constituição Federal.
	Os limites do sistema tributário e sua competência impositiva estão explicitamente delineados na Constituição, configurando assim um sistema tributário rígido, pois a Carta Magna não apenas confere poderes ao Estado, mas também estabelece salvaguardas para evitar abusos de poder.
	Portanto, o sistema tributário nacional é essencialmente constitucional, determinado pela Constituição Federal, que atribui as competências tributárias à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal.
1.2 CONCEITO DE TRIBUTO
	De acordo com Amaro, um tributo é uma obrigação financeira imposta por lei, destinada a custear despesas coletivas do Estado e entidades de interesse público, sem caráter sancionatório e instituída legalmente (Amaro,2014). Esta definição pode ser resumida como uma "prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público.
	A Constituição Federal determina que as normas gerais em matéria tributária devem ser estabelecidas por lei complementar, incluindo a definição de tributos e suas características específicas, como os fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (Constituição Federal, artigo 146,2003). Esta definição não é apenas uma formalidade, mas também é crucial para determinar se uma determinada obrigação será considerada dentro do âmbito do direito tributário.
	O Código Tributário Nacional apresenta a definição de tributo em seu artigo 3º, descrevendo-o como uma prestação compulsória em dinheiro, estabelecida por lei e cobrada de acordo com procedimentos administrativos vinculados. Segundo Ruy Barbosa Nogueira, os tributos são receitas que o Estado obtém do patrimônio dos indivíduos, baseado em seu poder de tributar, porém regulamentado por normas que constituem o Direito Tributário.
1.2.1 Classificação dos Tributos
	O artigo 3º do Código Tributário Nacional define tributo como uma prestação pecuniária compulsória, em moeda ou que possa ser expressa em moeda, que não constitua uma penalidade por ato ilícito, estabelecida por lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Este tributo é compulsório, ou seja, uma vez que o fato gerador ocorre, torna-se obrigatório de acordo com a imposição legal, independentemente da vontade das partes envolvidas. A legislação aplicável deve especificar claramente a hipótese de exigência, a base de cálculo, a alíquota e os sujeitos de direito e deveres desta obrigação tributária.
	Machado (2004) discute os objetivos do tributo, dividindo-os em três categorias:
- Fiscal, quando visa principalmente à arrecadação de recursos financeiros para o Estado.
- 	Extrafiscal, quando tem como objetivo principal interferir na atividade econômica, buscando efeitos além da simples arrecadação de recursos financeiros.
- Parafiscal, quando tem como objetivo a arrecadação de recursos para custear atividades que, a princípio, não são próprias do Estado, mas são realizadas por entidades específicas.
	Esses tributos são classificados em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria (de acordo com o artigo 145 da Constituição Federal), empréstimos compulsórios e contribuições (nos artigos 148 e 149, respectivamente). 	A Constituição Federal adota uma classificação pentapartite nos seus artigos 145, 148 e 149, enquanto o Código Tributário Nacional adota uma classificação tripartite em seu artigo 5º. No entanto, essa divisão é considerada contraditória pela doutrina, uma vez que a própria Constituição prevê a existência de empréstimos compulsórios e contribuições especiais, que não se encaixam em nenhuma das outras classificações.
	O Código Tributário Nacional, em seu artigo 4º, estabelece que a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para essa qualificação a denominação e outras características formais adotadas pela lei, bem como a destinação legal do produto da sua arrecadação.
	Embora existam várias espécies tributárias, cada uma possui suas próprias peculiaridades, embora todas estejam sujeitas ao regime jurídico do direito tributário.
2 IMPOSTO SOBRE O VALOR AGREGADO- IVA 
2.1 A origem
	Eduardo Saldanha (2001) observa que, na França, em 1917, foram introduzidas algumas medidaspara controlar o volume de negócios, incluindo a instituição da "taxa sobre os pagamentos", um imposto geral sobre despesas. Esse imposto, após uma série de reformas e melhorias, evoluiu para o atual modelo do IVA. Ebrill sugere que o imposto francês, originalmente aplicado apenas a atividades industriais, foi estabelecido em 1948.
	Inicialmente adotado como uma forma de harmonização das leis tributárias internacionais para simplificar o processo de tributação, o IVA foi ampliado por Maurice Lauré, um inspetor de finanças, para incluir o comércio e serviços, tornando-se um verdadeiro imposto sobre o consumo.
	Ao longo do tempo, o imposto adquiriu os elementos essenciais que caracterizam o IVA, como a hipótese de incidência, a base de cálculo, o campo de aplicação, a definição do contribuinte e a criação de mecanismos de deduções. No entanto, inicialmente não abrangia vendas no varejo. André Mendes Moreira (ano da citação) menciona que em 1968 o imposto foi aprimorado, passando a incluir operações com bens e serviços em geral.
	O sucesso do IVA na França levou à sua adoção por outros países da União Europeia, tornando-se até mesmo uma condição para a adesão ao Bloco Econômico Europeu. Ele passou a ser considerado um instrumento de política tributária capaz de aumentar a arrecadação governamental e, ao mesmo tempo, modernizar e tornar mais justa a estrutura tributária, promovendo eficiência e justiça social.
2.2 Princípios estruturantes do IVA
	Os princípios que fundamentam o IVA são essenciais para sua estrutura e constituem os requisitos básicos para considerar sua configuração como um imposto desse tipo. No entanto, esses princípios não se referem necessariamente a valores mensuráveis ou a transgressões das regras, nem são derivados dos princípios gerais do direito.
	Conforme explicado por Paulo Caliendo, os tributos indiretos são aqueles em que ocorre uma transação comercial envolvendo dois sujeitos de direito e uma transferência do ônus financeiro para o consumidor final. Portanto, as operações relacionadas ao consumo estão associadas aos tributos indiretos, como é o caso do IVA.
2.2.1 Incidência Plurifásica
	Nem todos os tributos sobre consumo seguem um modelo plurifásico, onde cada etapa da cadeia produtiva é tributada. Além disso, há também a tributação monofásica, que se restringe a uma única fase da cadeia produtiva.
	A tributação plurifásica é defendida por proporcionar uma fiscalização mais eficaz das transações, facilitando a identificação de possíveis inadimplências. Isso ocorre porque, com a tributação em várias etapas, o governo consegue monitorar mais de perto as transações, e os adquirentes exigem faturamento para se beneficiarem do crédito do IVA, reduzindo a evasão fiscal.
2.2.2 Não Cumulatividade Tributária
	O IVA, comumente adotado internacionalmente, geralmente é não cumulativo, o que significa que o imposto incide apenas sobre o valor adicionado em cada etapa da cadeia de produção e circulação. Esse princípio busca limitar a tributação nas cadeias de produção e circulação, garantindo que o imposto seja cobrado apenas uma vez sobre o valor adicionado em cada etapa da cadeia.
	A não cumulatividade visa assegurar a neutralidade tributária, evitando a integração vertical dos processos empresariais e impedindo uma tributação excessiva sobre produtos com cadeias de produção mais longas. Isso é especialmente importante em sistemas tributários com cadeias plurifásicas cumulativas, onde a tributação em várias etapas pode resultar em uma carga tributária maior sobre determinados produtos.
2.2.3 Neutralidade Tributária**
	A não cumulatividade é fundamental para garantir a neutralidade tributária, um princípio essencial para o funcionamento adequado de um imposto sobre o valor agregado. Um tributo é considerado neutro quando não há diferenciação no tratamento dado aos fornecedores, na categorização dos produtos ou na aplicação de alíquotas.
	De acordo com Kolozs, um tributo é considerado neutro quando não há distinção entre bens nacionais e importados, e as alíquotas são idênticas para todos os bens tributados. A neutralidade tributária é essencial para garantir que o imposto não distorça a competição entre bens ou serviços que desempenham a mesma função.
2.3 Hipóteses Tributárias do IVA
	O IVA busca uma base tributável ampla, de modo a garantir que a carga tributária seja suportada por um grande número de contribuintes, de maneira neutra e não cumulativa. Esse imposto incide sobre todas as transações e operações que envolvem a transferência de riqueza.
	Segundo Paulo de Barros Carvalho, a hipótese tributária é o evento que desencadeia a obrigação tributária, sendo determinado pelo exercício de qualquer atividade que envolva a produção, comercialização ou prestação de serviços passíveis de agregação de valor.
2.3.1 Critério Material
	O critério material dos IVAs define as operações que são passíveis de valor agregado, ou seja, as operações comerciais que tendem a gerar valor adicional para o fornecedor do objeto transacionado.
	O conceito de valor agregado refere-se ao valor que uma empresa adiciona aos seus produtos ou serviços ao longo da cadeia de produção ou comercialização. As técnicas de cálculo do IVA são simples, envolvendo a soma e subtração dos valores já tributados e o valor que será tributado na próxima etapa da cadeia produtiva.
2.3.2 Critério espacial
	O critério espacial tributário determina o local onde ocorre o fato gerador do imposto, ou seja, o local onde a transação é considerada realizada para fins de tributação. Isso está relacionado ao território onde o consumo efetivo ocorre, estabelecendo o destino do bem ou serviço transacionado.
	No contexto internacional, a aplicação do critério espacial é debatida em transações internacionais, onde é necessário definir a autoridade competente para recolher o imposto. A interpretação mais comum é que o critério espacial está relacionado ao local onde ocorre o consumo efetivo, determinando o destino final do bem ou serviço transacionado.
2.3.3 Critério Temporal
	O critério temporal da hipótese tributária refere-se ao momento em que ocorre o fato imponível, ou seja, quando a obrigação tributária é desencadeada. No caso do IVA, isso ocorre quando o bem é entregue ou o serviço é efetivamente prestado.
	Assim, os critérios sobre as hipóteses de incidência tributária do IVA são definidos, predominantemente, pelo critério material, espacial e temporal, que estabelecem a atividade tributável, o local da transação e o momento do fato gerador.
3. A PERSPECTIVA DE ADOÇAO DE UM IVA SOBRE O CONSUMO NO BRASIL 3.1 A Tributação Sobre o Consumo no Brasil
	A tributação sobre o consumo no Brasil teve início na mesma época em que o IVA surgiu na França, marcando o desenvolvimento de uma tributação não cumulativa. Em 1956, o Imposto de Consumo de Mercadorias já adotava essa sistemática, iniciando com a competência da União.
	O princípio da não cumulatividade foi estabelecido constitucionalmente em 1965, com a Emenda Constitucional 18/1965, que instituiu o Imposto Estadual sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICM) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A Constituição de 1988 consolidou o modelo tripartido de competência para tributar o consumo entre União, Estados e Municípios.
	Atualmente, os principais tributos sobre o consumo no Brasil incluem o IPI, o ICMS, o ISS, o II, o IE, o PIS/PASEP, a COFINS e o IOF.
	A implementação de um imposto sobre o valor agregado no Brasil enfrenta desafios relacionados à resolução de problemas regionais, federativos, administrativos e financeiros. Uma das principais questões é o tratamento das desigualdades regionais na tributação.
	O Fundo de Participação para Estados, Distrito Federal e Municípios, criado em 1967, desempenhou um papel importante na redistribuição das receitas fiscais entre os entes federativos. No entanto, é evidente que essa solução está se aproximando do esgotamento, exigindo uma revisão de suas bases e critérios de distribuição.
	A complexidade administrativados procedimentos de fiscalização e controle também é um desafio, gerando custos elevados para contribuintes e órgãos fiscais. A adoção do princípio do destino pelo IVA poderia simplificar essa questão, incentivando a cooperação entre os Estados e o governo federal na fiscalização e arrecadação dos tributos.
	A colaboração entre os Estados e o governo federal, especialmente na integração das atividades de administração fiscal, pode reduzir custos e melhorar a eficiência dos procedimentos. A participação dos Estados na receita federal por meio dos Fundos de Participação reforça a importância dessa cooperação para combater a sonegação e melhorar os níveis de arrecadação.
3.2 A Adoção do IVA no Brasil: Rumo à Modernização Tributária
	A implementação do IVA no sistema tributário brasileiro tem sido motivo de preocupação, pois alguns temem que isso possa levar ao fim do federalismo, indo de encontro ao que estabelece a Constituição Federal. No entanto, é necessário compreender que não se trata de extinção, mas sim de uma reestruturação do modelo tributário para melhor se adequar à realidade econômica e social atual, marcada pela constante globalização.
	O federalismo, entendido como uma aliança, uma comunidade, demanda cooperação entre os entes federativos, o que muitas vezes é negligenciado no atual sistema tributário brasileiro. A implementação do IVA pode ser vista como um passo em direção a um federalismo mais alinhado com a realidade globalizada.
	Apesar das discussões e adiamentos em torno da implementação do IVA no Brasil, é possível aprender com exemplos bem-sucedidos de países federados, como a Alemanha. Não se deve permitir que questões políticas ou a insistência dos municípios em manter o ISSQN impeçam o aperfeiçoamento do sistema tributário brasileiro.
	A reforma tributária brasileira é urgente e precisa acompanhar não apenas a evolução dos mercados internos, mas também as mudanças nas leis tributárias internacionais. É essencial buscar uma modernização tributária que respeite o federalismo brasileiro, unificando tributos horizontalmente por nível federativo, mesmo que com bases de incidência diferentes, em vez de buscar uma unificação vertical por bases de incidência iguais em níveis federativos distintos.
4. Conclusão
	Esta pesquisa se dedicou a analisar os problemas do sistema tributário brasileiro, com foco nos tributos sobre o consumo, embora a complexidade do tema seja vasta demais para abordar por completo em um único estudo.
	Apesar dos diversos esforços institucionais para resolver esses problemas, persistem disfunções causadas pela estrutura tributária atual, especialmente no que se refere à concorrência entre os entes federativos por benefícios fiscais, resultando na chamada "guerra fiscal", que prejudica as receitas estaduais e municipais e deteriora as relações federativas.
	Os investimentos federais têm sido cruciais para mitigar as desigualdades regionais decorrentes dessa competição fiscal. No entanto, o Sistema Tributário Nacional é conhecido por sua complexidade e pela alta quantidade de tributos, o que gera uma série de demandas judiciais.
	É fundamental repensar os tributos que causam distorções na ordem econômica, com destaque para os tributos sobre o consumo, que geram conflitos federativos de difícil resolução. Inspirados na experiência da União Europeia, é necessário modernizar o sistema tributário nacional, especialmente no que diz respeito à tributação sobre o consumo, visando a possível criação de um imposto sobre valor agregado não cumulativo, com uma base de incidência ampla.	
	Essa modernização deve buscar substituir os principais tributos sobre o consumo, como ICMS, IPI, ISS, PIS e COFINS, observando as competências tributárias atuais para não prejudicar a arrecadação de nenhum ente federativo.
	Conclui-se que a modernização da tributação sobre o consumo é necessária para dotar o sistema tributário brasileiro de maior simplicidade, transparência e neutralidade, princípios essenciais para uma tributação eficaz. No entanto, o maior desafio permanece no federalismo fiscal, onde Estados e Municípios relutam em abrir mão de suas competências tributárias e discutir mudanças, favorecendo a concessão de vantagens fiscais como instrumento de desenvolvimento regional.
Referências Bibliográficas: 
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 CRETELLA Junior, José. Curso de direito tributário constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1993; 
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 HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2008; 
 ICHIARA, Yokiashi. Direito tributário: atualizado pela nova constituição. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1989; 
 PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário. 4 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012; 
 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2014; 
 NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1995; 
 SALDANHA, Eduardo. Imposto sobre o Valor Agregado: O Modelo da União Europeia e as Perspectivas de Harmonização Legislativa para o Mercosul. 2001;
 BALTHAZAR, Ubaldo César. A Gênese do imposto sobre o valor agregado. 2008; 
 MOREIRA, André Mendes. Não-cumulatividade tributária no Brasil e no mundo: Origens, conceitos e pressupostos. 2009; 
 CALIENDO, Paulo. Curso de Direito Tributário. 3 ed. São Paulo: Saraiva Educação. 2020; CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019; 
 QUADROS, Waldemir Luiz de. In Reforma Tributária e Federação.1995; 
 DAIN, Sulamis. Federalismo Fiscal, revisão da equalisação fiscal. In Reforma Tributária e Federação. São Paulo: UNESP, 1995; 
 DERZI, Misabel Abreu Machado. A Necessidade da instituição do IVA no Sistema Constitucional Tributário Brasileiro. 1995;
 CINTRA, Marcos. Reforma tributária só terá alguma chance se não agredir pacto federativo. 2023.

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