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QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. DIREITO AMBIENTAL QUESTÃO 36 Município Alfa criou regularmente uma Unidade de Conservação (UC), por meio de decreto do Prefeito. Três anos depois, mediante a realização de novos estudos técnicos e de consulta pública, o chefe do Executivo municipal se convenceu de que deveria reduzir os limites geográficos da Unidade de Conservação. Sabendo que o Prefeito está prestes a assinar novo decreto promovendo a supressão e a desafetação de uma parte dessa Unidade de Conservação, um grupo de ambientalistas procurou você como advogado(a). Nesse contexto, assinale a opção que apresenta, corretamente, sua orientação acerca do novo decreto. A) O decreto em questão não pode ser considerado válido, pois quaisquer alterações na UC devem ser precedidas de autorização dos órgãos ambientais estadual e federal. B) Não há qualquer mácula no aludido decreto, uma vez que foram realizados novos estudos técnicos e consulta pública, que são imprescindíveis para quaisquer alterações na UC. C) É inviável a alteração pretendida por decreto, haja vista que a desafetação ou redução dos limites de uma Unidade de Conservação só pode ser feita mediante lei específica. D) O decreto em análise está em consonância com o ordenamento jurídico, na medida em que, se a criação da UC se deu por tal via, sua redução pode ser realizada pelo mesmo instrumento normativo LETRA “C” CORRETA. FUNDAMENTO: ART. 22, §7° DA LEI N° 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000 (REGULAMENTA O ART. 225, § 1O, INCISOS I, II, III E VII DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, INSTITUI O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS). Vejamos: Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. § 1o (VETADO) § 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento. § 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas. § 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta de que trata o § 2o deste artigo. § 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. § 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. § 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica. Conforme disposição do artigo 22, §7° da Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que regula o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, a desafetação ou redução dos limites de uma Unidade de Conservação (UC) somente pode ser efetivada mediante lei específica. Portanto, a alteração proposta pelo Prefeito para suprimir ou desafetar parte da UC não pode ser realizada por meio de decreto, demandando um procedimento legislativo específico para sua concretização. É imprescindível que o grupo de ambientalistas assegure que esse processo seja conduzido de acordo com os trâmites legais estabelecidos pela legislação ambiental em vigor. Lembrando que a afetação consiste na atribuição de um destino específico a um bem público, seja para uso comum da população ou para uma finalidade especial determinada. Por outro lado, a desafetação refere-se à retirada dessa destinação, permitindo que o bem retorne ao domínio privado do Estado ou seja direcionado para uma nova finalidade.