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DIREITO PENAL IV Anna Carolina Gomes dos Reis Dos crimes contra a fé pública Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o crime de moeda falsa. Classificar o crime de falsificação de papéis públicos. Descrever o crime de falsidade documental e outras falsidades. Introdução Os principais crimes contra a fé pública encontram-se tipificados entre os arts. 289 e 311 do Código Penal (BRASIL, 1940). Esses delitos têm como objetivo tutelar a confiança depositada nas relações jurídicas e a auten- ticidade dos diversos instrumentos utilizados. Neste capítulo, você vai ler sobre os crimes de moeda falsa. Em se- guida, serão tratados os crimes relacionados à falsificação de documentos, os aspectos legais e a interpretação de diversos casos concretos pelos Tribunais Superiores. Por fim, você vai estudar o art. 311, que trata do crime de adulteração de sinal identificador de veículos automotores, introduzido pela Lei nº. 9.429, de 26 de dezembro de 1996, cujo principal objetivo é combater a comercialização ilegal de veículos e suas peças no mercado brasileiro. Moeda falsa O crime de moeda falsa e suas características constam no art. 289 do Código Penal: Art. 289 Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel- -moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena — reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou al- terada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I — de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II — de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja cir- culação não estava ainda autorizada (BRASIL, 1940, documento on-line). Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime (crime comum), exceto em relação à conduta tipificada no art. 289, § 3º, do Código Penal, uma vez que, nesse caso, o sujeito ativo deverá ser funcionário público, gerente, diretor ou fiscal de banco de emissão, que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda (BRASIL, 1940). Os sujeitos passivos são o Estado e a pessoa diretamente prejudicada pelo sujeito ativo. O objeto material são os papéis-moedas e as moedas metálicas em curso no Brasil ou em país estrangeiro, cuja conduta nuclear do tipo é falsificar. O agente deverá realizar a falsificação mediante duas formas: fabricação — a produção de nota ou moeda metálica semelhante à moeda original e vigente no País; alteração — utiliza-se moeda original para transformar o seu valor. Não são condutas criminosas as fabricações e alterações grosseiras, como moedas cujo valor não existe ou de tamanhos muito diferentes daqueles fabricados e emitidos pelo Estado. Por exemplo, moedas de R$ 3,00, notas muito pequenas ou grandes, entre outras. O crime de moeda falsa tem como elemento subjetivo o dolo; ou seja, a ação do agente deve ser consciente e intencionada à falsificação de moeda por meio de fabricação ou alteração. No caso do tipo previsto, não é necessária Dos crimes contra a fé pública2 finalidade específica para cometimento desse tipo penal, como, por exemplo, fabricar com intuito de distribuir a moeda no mercado. Assim, basta a mera fabricação ou alteração da moeda, e o agente responderá por crime de moeda falsa. O crime não admite a forma culposa. A consumação ocorre no exato momento em que o agente fabrica ou altera a moeda. Essa falsificação, porém, deve ser, de fato, capaz de ludibriar outrem. O crime admite a tentativa. A comprovação de materialidade desse delito exige perícia técnica. O art. 289 (BRASIL, 1940), § 1º, apresenta forma equiparada do previsto no caput, mas impõe a mesma pena. Isso porque, enquanto no caput a consumação vai ocorrer somente com a fabricação ou alteração, no § 1º, há a necessidade de que o agente adote meios que possibilitem a circulação da moeda falsa, seja por meio de exportação, importação, venda, troca, compra, empréstimo, guarda ou introdução da moeda falsa na circulação. O art. 289, § 2º, do Código Penal apresenta a forma privilegiada e im- põe a diminuição de pena àqueles que receberam de boa-fé a moeda falsa e repassaram-na adiante, punindo-os com detenção de 6 meses a 2 anos e multa (BRASIL, 1940). O fundamento desse privilégio está no fato de que o agente não tem intenção primária de lesar a fé pública ou enriquecer ilicitamente, apenas recompor o prejuízo que sofreu com a chegada da moeda falsa em suas mãos (MASSON, 2018). O agente deve repassar a moeda falsa de modo consciente, pois isso é elemento subjetivo imprescindível para configuração do crime. Portanto, não havendo dolo, não há crime. O art. 289, § 3º, trata desse crime de forma mais grave (qualificada), comi- nando a pena em reclusão de 3 a 15 anos e multa quando o crime for cometido por funcionário público, diretor, gerente ou fiscal de banco de emissão de moeda (crime próprio) que fabrica, emite ou autoriza a fabricação e emissão de moeda falsa (BRASIL, 1940). O art. 289, § 4º, pune aquele que pratica as condutas de desviar e fazer cir- cular a moeda (BRASIL, 1940). Nesse caso, a moeda é original e com emissão autorizada, mas o agente, ilegal e abusivamente, desvia e coloca a moeda em circulação antes da devida autorização. A consumação ocorre no momento da efetiva circulação. Admite-se tentativa quando o agente consegue desviar a moeda, mas, antes que a coloque em circulação, é descoberto. Sobre a aplicação da Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995 (BRASIL, 1995), apenas a sanção cominada no art. 289, § 2º, do Código Penal tem a possibilidade de transação penal e suspensão condicional do processo. Lado outro, ao delito previsto no art. 289, caput, §§ 1º, 3º e 4º do Código Penal (BRASIL, 1940), é inadmissível qualquer benefício previsto na 3Dos crimes contra a fé pública respectiva lei. A ação penal será pública incondicionada. A competência para julgamento será da Justiça Federal. Por fim, de acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 289 se enquadra como crime simples, comum (qualquer um pode ser sujeito ativo) nas condutas do caput, §§ 1º, 2º e 4º, e crime próprio no § 4º (sujeito ativo é o funcionário público, diretor, gerente ou fiscal), formal, de perigo concreto, executado de forma livre, não transeunte, instantâneo, unissubjetivo, comissivo (regra) e plurissubsistente (regra). O princípio da insignificância não é aplicável em nenhum dos crimes contra a fé pública. No caso do crime de moeda falsa, ainda que os objetos materiais sejam de pequeno valor, como moedas de R$ 0,05 ou notas de R$ 2,00, continuará inaplicável o princípio da insignificância (MASSON, 2018). Falsificação de papéis públicos A falsifi cação de papéis públicos consta no art. 293 do Código Penal: Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I — selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; II — papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III — vale postal; IV — cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; V — talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo à arre- cadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI — bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena — reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena quem: I — usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; II — importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; Dos crimes contra a fé pública4 III — importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, fal- sificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. § 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências (BRASIL, 1940, documento on-line). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Contudo, caso o agente seja funcionário público e use o cargo para cometer o delito, terá sua pena aumentada de sexta parte, consoante o art. 295 do Código Penal (BRASIL, 1940). Nos casos do § 1º do art. 293 (BRASIL, 1940), as condutas ali dispostas somente serão consideradas crimes se cometidas por quem exerce atividade comercial ou industrial, portanto, trata-se, quanto ao sujeito ativo, de crime próprio. O sujeito passivo é o Estado; se for possível determinar, é também sujeito passivo a pessoa diretamente prejudicada. O objeto material desse delito são os papéis públicos. O dispositivo menciona as seguintes espécies de papel: selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; vale postal (foi revogado pela Lei nº. 6.538, de 22 de junho de 1978); cautela de penhor; caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; talão; recibo; guia; 5Dos crimes contra a fé pública alvará ou qualquer outro documento relativo à arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução pelo qual o Poder Público é responsável; bilhete/passe; conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por município. Esse rol é taxativo, não se admitindo interpretação extensiva. Caso haja falsificação de outros documentos públicos não mencionados nos incisos do art. 293, o agente responderá pelo crime previsto no art. 296 do Código Penal (falsificação de documento público) (BRASIL, 1940). A conduta nuclear desse tipo penal é falsificar, seja para fabricar (criar um papel falso) ou alterar (modificar papel verdadeiro). O elemento subjetivo é o dolo. Em relação às condutas praticadas nos §§ 1º e 2º, o dolo é específico, em face da finalidade específica de agir. No art. 293, § 1º, o agente deverá ter a finalidade de obter proveito próprio ou alheio; já no § 2º, o agente almejará tornar os papéis novamente utilizáveis (BRASIL, 1940). O crime consuma-se com a falsificação de quaisquer dos objetos materiais mencionados no art. 293, independentemente se colocou tais papéis em circu- lação, obteve vantagem para si ou outrem ou tenha causado prejuízos. Assim, a falsificação deve estar apta a enganar; para as falsificações grosseiras, resta configurado crime impossível. O crime admite a tentativa. O art. 293, § 4º, traz a possibilidade de redução da pena, que será de detenção de 6 meses a 2 anos e multa para quem, de boa-fé, recebe papel falsificado e, ao descobrir o engano, repassa a terceiro para evitar prejuízo (BRASIL, 1940). Sobre a aplicação da Lei nº. 9.099/1995 (BRASIL, 1995), em relação à conduta tipificada no art. 293, § 1º, não se admite a concessão de seus benefícios. Em relação à previsão contida no art. 293, §§ 2º a 4º, é possível aplicar a transação penal, caso não incida a majorante prevista no art. 295 (praticado por funcio- nário público) (BRASIL, 1940). A ação penal é pública incondicionada, cuja competência para processar e julgar é da Justiça Estadual. Caso envolva emissão de papéis cuja emissão é de competência da União, caberá à Justiça Federal. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 293 se enquadra como crime simples, comum (regra), formal, de execução livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Dos crimes contra a fé pública6 Falsificação de documento público O crime de falsifi cação de documento público e suas características constam no art. 297 do Código Penal: Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar do- cumento público verdadeiro: Pena — reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endos- so, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I — na folha de pagamento ou em documento de informações que seja des- tinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II — na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III — em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços (BRASIL, 1940, docu- mento on-line). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Contudo, se o agente é funcionário público e usar o cargo para cometer o delito, terá sua pena aumentada de sexta parte, devendo haver demonstração efetiva de que o cargo proporcionou facilidade para a execução do crime para que seja aplicada a majorante. O Estado será o sujeito passivo; se for possível determinar, é também sujeito passivo a pessoa diretamente prejudicada. O objeto material é o documento público falsificado total ou parcialmente. 7Dos crimes contra a fé pública O documento público é a peça escrita, emanada de agente público determinado, com relevância jurídica e eficácia probatória. Existem duas classificações para documento público: documento formal e substancialmente público — emanado por agente público e com interesse público (por exemplo, atos legislativos); documento formalmente público e substancialmente privado — emanado por agente público e com interesse privado (por exemplo, atos praticados por tabelião). As seguintes orientações servem tanto para documentos públicos quanto particulares: documento escrito a lápis não é documento; cópia de documento sem autenticação não é documento. Assim, se não é documento, não pode ser objeto de crime de falsificação de docu- mento (CUNHA, 2018). As condutas nucleares são falsificar — no sentido de fabricar o documento público em sua íntegra — ou alterar — equivalente a modificar documento público, substituindo conteúdo verdadeiro por conteúdo falso. Para fins de cometimento desse delito, é imprescindível o elemento dolo e consuma-se no momento da falsificação total ou parcial ou da alteração do documento público. O crime admite a tentativa. Para prova de materialidade do delito de falsificação de documento público, exige-se a realização de perícia técnica. O art. 297, § 1º, trata de causa de aumento de pena quando o crime é prati- cado por funcionário público, valendo-se do cargo que ocupa (BRASIL 1940). O § 3º do art. 297 do Código Penal (BRASIL, 1940) equipara a conduta de falsificação de documentos previdenciários, fazendo incidir a mesma sanção penal aplicada no caput. As figuras apresentadas nesse parágrafo, na verdade, tratam de falsidade ideológica, pois o documento em si é verdadeiro, mas seu conteúdo é falso. Para a maioria dos doutrinadores, trata-se de uma inconsistência do legislador. A falsidade material é a parte física do documento, a coisa em si. Já a falsidade ideológica é o conteúdo do documento, como dados e anotações. Dos crimes contra a fé pública8 O § 4º do art. 297 do Código Penal (BRASIL, 1940) tipifica a conduta de omissão nos documentos constante no § 3º, para a qual também é aplicada a pena cominada no caput. Por se tratar de crime de elevado potencial ofensivo, não é possível a concessão dos benefícios previstos na Lei nº. 9.099/1995 (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada, cuja regra de competência, segundo a Súmula nº. 545 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é definida em razão da entidade ou do órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor (BRASIL, 2015). Há ainda outras decisões específicas proferidas e sumuladas pelos Tribunais Superiores: Súmula nº. 104 do STJ — compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino (BRASIL, 1994). Súmula nº. 62 do STJ — compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada (BRASIL, 1992). Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsificação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH), pois é a autoridade estadual responsável pela emissão da CNH. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 297 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime simples, comum, formal, não transeunte, de execução livre, comissivo (regra), instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente (regra). Falsificação de documento particular O crime de falsifi cação de documento particular e suas características constam no art. 298 do Código Penal: Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena — reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito (BRASIL, 1940, documento on-line). 9Dos crimes contra a fé pública O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O Estado será o sujeito passivo; se for possível determinar, é também sujeito passivo o indivíduo diretamente prejudicado. O objeto material recai sobre o documento particular, ou seja, qualquer documento que não tenha sido elaborado por quem tenha fé pública. É adotado o critério de exclusão, ou seja, tudo que não for documento público será documento particular. Ressaltamos que, desde 2013, o cartão de crédito e o de débito, ainda que emitidos por bancos públicos ou estrangeiros, serão considerados documentos particulares. O documento público cuja nulidade advir do descumprimento de requisitos para sua formação será considerado documento particular. O delito previsto no art. 298 do Código Penal (BRASIL, 1940) tem como núcleo do tipo os verbos falsificar — de modo total ou parcial, mediante fabri- cação — ou alterar. A fabricação consiste na produção do documento particular falso. Por outro lado, a alteração se utiliza do documento particular verdadeiro, porém com elementos estranhos à sua normalidade. O elemento subjetivo é o dolo. Se a falsificação de documento particular tiver como objetivo a sonegação fiscal, pelo princípio da especialidade, o agente responderá pelo crime previsto no art. 1º, III e IV, da Lei nº. 8.137, de 27 de dezembro de 1990 (crimes contra a ordem tributária) (BRASIL, 1990). Se a falsificação tiver a finalidade eleitoral, o agente responderá pelo crime previsto no art. 349 do Código Eleitoral (Lei nº. 4.737, de 15 de julho de 1965) (BRASIL, 1965). O crime consuma-se com a mera falsificação, total ou parcial, seja por meio da produção de um documento integralmente falso ou alterações ilegais em documentos verdadeiros, independentemente de o documento causar algum dano. Além disso, a falsificação deve ser hábil a enganar terceiros. As falsi- ficações grosseiras tornam a conduta atípica. Admite-se a tentativa. Dos crimes contra a fé pública10 Considerado um crime de médio potencial ofensivo, mostra-se compatível com os benefícios da Lei nº. 9.099/1995 (BRASIL, 1995), como a suspensão condicional do processo. A ação penal é pública incondicionada. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 298 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime simples, comum, formal, não transeunte, de execução livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Falsidade ideológica O crime de falsidade ideológica e suas características constam no art. 299 do Código Penal: Art. 299 Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena — reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único — Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevale- cendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte (BRASIL, 1940, documento on-line). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Contudo, se o agente é funcio- nário público e usar o cargo para cometer o delito, terá sua pena aumentada de sexta parte, consoante art. 299, parágrafo único, do Código Penal (causa de aumento de pena) (BRASIL, 1940). Deve haver demonstração efetiva de que o cargo proporcionou facilidade para a execução do crime para que seja aplicada a majorante. O Estado será o sujeito passivo; se for possível determinar, é também sujeito passivo o indivíduo diretamente prejudicado. O objeto material é qualquer documento público ou particular. Responde por crime de falsidade ideológica quem apresenta declaração de pobreza para obter benefícios da assistência judiciária gratuita, quando, na verdade, tem con- dições financeiras para arcar com as custas e despesas processuais (BRASIL, 2009a). 11Dos crimes contra a fé pública O crime de falsidade ideológica possui dois verbos nucleares: omitir — é deixar de inserir, não declarar, etc.; consiste em uma conduta negativa (crime omissivo impróprio puro); inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa do que devia ser escrito (crime comissivo). Para fins de cometimento desse delito, é imprescindível o dolo com a finalidade específica de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Consuma-se no momento em que o agente omite declarações que deveriam conter em documento público ou particular ou quando insere informação falsa ou diferente daquela que deveria constar. O agente, ao praticar a conduta, deve ter a intenção de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade. Não há necessidade de efetivação dessa vontade do agente. O crime não admite tentativa. Nos termos do art. 299, parágrafo único, do Código Penal (BRASIL, 1940), se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Por ser um crime de médio potencial ofensivo, mostra-se de acordo com os benefícios da Lei nº. 9.099/1995, como a suspensão condicional do processo (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada, cuja competência para julgar e processar é da Justiça Estadual, exceto se recair sobre bens, serviços e interesses da União (Justiça Federal). De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 299 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime simples, comum, formal, transeunte, omissivo ou comissivo, instantâneo, de execução livre, unissubjetivo e unissubsistente. Certidão ou atestado ideologicamente falso O crime de certidão ou atestado ideologicamente falso e suas características constam no art. 301 do Código Penal: Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena — detenção, de dois meses a um ano. § 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância Dos crimes contra a fé pública12 que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena — detenção, de três meses a dois anos. § 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa (BRASIL, 1940, documento on-line). O sujeito ativo é o funcionário público que tenha atribuição de emitir atestado ou certidão. Os sujeitos passivos são o Estado e, se for possível determinar, o indivíduo diretamente prejudicado com a conduta lesiva. O objeto material recai sobre atestado ou certidão, contudo, não é qualquer documento nessa espécie que poderá ser alvo dessa infração, mas somente aque- les que destinarem a habilitação a cargo público, como, por exemplo, certidões negativas de antecedentes criminais, quando, na verdade, deveriam ser positivas. Abrange ainda atestados ou certidões que apresentem falsamente isenções de ônus ou de serviço público. Os verbos nucleares da conduta tipificante desse crime são: atestar — afirmação sobre fato ou situação; certificar — certeza sobre fato ou situação. Ambas as circunstâncias devem falsear fatos ou situações que habilitem alguém a obter cargo público. Se o crime é praticado mediante lucro, será aplicada pena privativa de liberdade e multa. Para fins de cometimento desse delito, é imprescindível o dolo, que se con- suma no momento em que o funcionário público encerra a certidão ou o atestado ideologicamente falso e entrega para o terceiro. O crime admite a tentativa. Com previsão no art. 301, § 1º, do Código Penal (BRASIL, 1940), tipifica- -se a conduta que falsifica, ou seja, fabrica um atestado ou certidão falsa ou altera atestado e certidão verdadeira que habilite alguém a obter cargo público. Nessa hipótese, o delito, quanto ao sujeito, pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum). Como o crime é de menor potencial ofensivo, mostra-se compatível com os benefícios concedidos pela Lei nº. 9.099/1995, como o rito sumaríssimo e a transação penal (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada. 13Dos crimes contra a fé pública De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 301 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime simples, próprio (comum, art. 301, § 1º), formal, execução vinculada, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Falsidade de atestado médico O crime de falso atestado médico e suas características constam no art. 302 do Código Penal: Art. 302 Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena — detenção, de um mês a um ano. Parágrafo único — Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa (BRASIL, 1940, documento on-line). O sujeito ativo é apenas o médico, independentemente da área de atuação. Ressaltamos as seguintes situações: esse delito não atinge outros profissionais da saúde, como dentistas, fisioterapeutas, entre outros; se estes fornecerem atestados falsos, res- ponderão por crime de falsidade ideológica tipificado no art. 299 do Código Penal (BRASIL, 1940); se o médico for funcionário público e conceder um atestado médico para que alguém obtenha cargo público ou se isente de serviço público ou consiga qualquer vantagem, não responderá por crime de falsidade de atestado médico, mas sim pelo crime de atestado ideologicamente falso, previsto no art. 301, caput, do Código Penal (BRASIL, 1940). Os sujeitos passivos são o Estado e, se for possível determinar, o indivíduo diretamente prejudicado com a conduta lesiva. O objeto material recai sobre o atestado médico falso. Aquele que faz uso do atestado médico falso responderá por crime de uso de docu- mento falso, consoante art. 304 do Código Penal (BRASIL, 1940). Dos crimes contra a fé pública14 O tipo penal tem como núcleo o verbo “dar”, ou seja, é ato de fornecer ou entregar documento — atestado — que aponte um fato médico falso, sendo imprescindível o elemento dolo. A consumação ocorre no momento em que o médico fornece atestado médico, independentemente de a pessoa que recebeu o atestado utilizá-lo ou não. A tentativa é possível. Como esse crime é de menor potencial ofensivo, mostra-se compa- tível com os benefícios concedidos pela Lei nº. 9.099/1995, como o rito sumaríssimo e a transação penal (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada. Compete à Justiça Estadual processar crimes de falsificação de atestado médico, usado para saque indevido de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), pois não viola bens ou interesses da União, mas tão somente autoriza o saque de patrimônio do próprio particular (BRASIL, 2009b). De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 302 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime simples, próprio, formal, de execução livre, comissivo, não transeunte, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Uso de documento falso O delito de uso de documento falso e suas características constam no art. 304 do Código Penal: “Art. 304 Fazer uso de qualquer dos papéis falsifi cados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena — a cominada à falsifi cação ou à alteração” (BRASIL, 1940, documento on-line). O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. Os sujeitos passivos serão o Estado e eventualmente aquele lesado com o documento falso. O objeto material recai sobre quaisquer documentos previstos nos arts. 297 a 302 (BRASIL, 1940). 15Dos crimes contra a fé pública Os papéis falsificados em que não constam assinatura não são considerados documen- tos. As cópias de documentos sem a devida autenticação não são objetos materiais do crime previsto no art. 304 do Código Penal (BRASIL, 1940). O verbo nuclear da conduta é fazer uso de qualquer papel falsificado. Então somente quando o papel falsificado é utilizado para o fim a que se destina há cometimento do delito. A mera posse de documento falso não configura tipo previsto no art. 304 do Código Penal (BRASIL, 1940). Para fins de cometimento desse delito, é imprescindível o dolo, que será consumado no momento em que o agente faz uso do documento. Não importa para a lei penal se o agente conseguiu o resultado almejado. Não admite a tentativa, pois há possibilidade de fracionamento da conduta. Analisando de forma exclusiva o art. 304 (BRASIL, 1940) e considerando a pena aplicada ao delito, é possível aplicar os benefícios da Lei nº. 9.099/1995 (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 304 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime simples, comum, formal, de execução livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e unissubsistente. Se um mesmo agente falsifica documento para que ele próprio faça uso, pelo princípio da consunção, responderá apenas pelo crime de falsificação de documento. Segundo o STJ, o crime de uso é mera consequência do crime de falsificação do documento (BRASIL, 2010). Falsa identidade O crime de falsa identidade e suas características constam no art. 307 do Código Penal: Art. 307 Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Dos crimes contra a fé pública16 Pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave (BRASIL, 1940, documento on-line). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Os sujeitos passivos são o Estado e, se for possível determinar, a pessoa diretamente prejudicada com a conduta lesiva. O objeto material é a identidade da pessoa e suas características. O verbo nuclear é atribuir para si ou a terceiro identidade falsa com o objetivo de vantagem própria ou alheia ou causar dano a alguém. Pode ser feito de forma oral ou escrita. O Supremo Tribunal Federal, no Informativo nº. 537 (BRASIL, 2014), fixou entendimento de que a atribuição de falsa identidade a si, para esconder antecedentes criminais, perante autoridade policial, é conduta típica (art. 307 do Código Penal) e não pode ser afastada tal tipicidade sob o argumento de exercício de autodefesa. Para fins de cometimento desse delito, é imprescindível o dolo, com a finalidade específica de obter vantagem ou causar dano. Não é admissível a modalidade culposa. Consuma-se no instante em que o agente atribui para si ou a outrem identidade falsa com o fim de obter vantagem ou causar dano, ainda que esses objetivos não sejam alcançados. O crime admite tentativa. Por se tratar de delito de menor potencial ofensivo, é compatível com os benefícios previstos na Lei nº. 9.099/1995 e a transação penal (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 307 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime comum, formal, de execução livre, comis- sivo, subsidiário, instantâneo, unissubjetivo e unissubsistente. Segundo o art. 308: Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reser- vista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena — detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave (BRASIL, 1940, documento on-line). 17Dos crimes contra a fé pública O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Os sujeitos passivos são o Estado e, se for possível determinar, a pessoa diretamente prejudicada com a conduta lesiva. Os objetos materiais são o passaporte, o título de eleitor, a caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia. O verbo nuclear é atribuir para si ou a terceiro identidade falsa com o objetivo de vantagem própria ou alheia ou causar dano a alguém. Pode ser feito de forma oral ou escrita. O elemento subjetivo é o dolo genérico quando se tratar da conduta “usar” e dolo específico na conduta “ceder”, pois, neste último caso, o agente deve agir com a finalidade específica para que outro utilize. Não é admissível a modalidade culposa. O crime se consuma ao usar os documentos alheios, previstos no caput do art. 308 do Código Penal (BRASIL, 1940), como se fossem próprios ou ceder o próprio documento para que outra pessoa utilize. Neste último caso, é imprescindível a tradição do documento e independe da efetiva utilização pelo terceiro. O crime admite tentativa. Por se tratar de delito de menor potencial ofensivo, o crime é compatí- vel com os benefícios previstos na Lei nº. 9.099/1995 e a transação penal (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 308 se enquadra como crime simples, comum, formal, de execução livre, comissivo, subsidiário, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor O crime de adulteração de sinal identifi cador de veículo automotor e suas características estão previstos no art. 311 do Código Penal: Art. 311 Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: Pena — reclusão, de três a seis anos, e multa. § 1º Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. § 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, forne- cendo indevidamente material ou informação oficial (BRASIL, 1940, documento on-line). Dos crimes contra a fé pública18 De modo geral, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desse delito. Como o funcionário público tem mais facilidade de executar o crime, caso prati- que o delito, terá sua pena aumentada em um terço, incluindo a multa. O sujeito passivo é o Estado, pois tem interesse na segurança e preservação da fé pública. O objeto material pode recair sobre o número do chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento. O chassi é uma estrutura de aço na qual se apõe um número. Esse número objetiva a identificação e individualização do veículo. Esse tipo penal abrange chassi ou qualquer elemento identificador, como, por exemplo, placas e numeração de vidros (MASSON, 2018). Existem aqui dois verbos nucleares: adulterar e remarcar. É possível a realização de várias condutas para o cometimento desse crime. Sua execução é livre. O elemento subjetivo é o dolo. A consumação ocorre com a simples adulteração ou remarcação de chassi ou outro sinal identificador. Assim, não é necessário que a conduta do agente consiga enganar, prejudicar outrem ou obter lucro. A tentativa é admissível. O § 2º do art. 311 (BRASIL, 1940) apresenta a forma equiparada desse delito, que somente pode ser praticado por funcionário público (crime próprio), mediante ato de contribuir para o licenciamento ou registro de veículo adulte- rado ou remarcado. A consumação, na hipótese aqui apresentada, ocorre no momento em que se dá o licenciamento ou registro de veículo que anteriormente já tenha sido adulterado. Em face da pena cominada de 3 a 6 anos e multa, esse delito não permite quaisquer benefícios previstos na Lei nº. 9.099/1995 (BRASIL, 1995). A ação penal é pública incondicionada. De acordo com a doutrina, o tipo penal previsto no art. 304 (BRASIL, 1940) se enquadra como crime comum (próprio na hipótese no § 2º), formal, execução livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. 19Dos crimes contra a fé pública BRASIL. Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência da República, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 22 dez. 2019. BRASIL. Lei nº. 4.737, de 15 de julho de 1965. Institui o Código Eleitoral. Brasília, DF: Presi- dência da República, 1965. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l4737.htm. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Lei nº. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L8137.htm. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito de competência nº 98.778- SP (2008/0209286- 2). Conflito de competência negativo. Crime de estelionato mediante falsificação de atestados médicos para levantamento indevido de PIS e FGTS. Relator: Min. Celso Limongi, 14 de dezembro de 2009b. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/ju- risprudencia/6495287/conflito-de-competencia-cc-98778. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Informativo de Jurisprudência, Brasília, n. 382, 2 fev. 2009a. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=INFJ&tipo=informat ivo&livre=@COD=%270382%27. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Informativo de Jurisprudência, Brasília, n. 452, 18 out. 2010. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/ ?acao=pesquisar&livre=@cod=%27452%27&op=imprimir&t=JURIDICO&p=true&l=1 0&i=1. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Informativo de Jurisprudência, Brasília, n. 537, 10 abr. 2014. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=INFJ&tipo=infor mativo&livre=@COD=%270537%27. Acesso em: 26 dez. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 62. Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência social, atri- buído a empresa privada. Brasília, DF: Superior Tribunal de Justiça, 1992. Disponível em: http://www.coad.com.br/busca/detalhe_16/820/Sumulas_e_enunciados. Acesso em: 22 dez. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 104. Compete a Justiça Estadual o pro- cesso e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. Brasília, DF: Superior Tribunal de Justiça, 1994. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp. Acesso em: 22 dez. 2019. Dos crimes contra a fé pública20 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 545. Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. Brasília, DF: Superior Tribunal de Justiça, 2015. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27545%27). sub. Acesso em: 22 dez. 2019. CUNHA, R. S. Manual de Direito Penal: parte especial: volume único. 10. ed. Salvador: Jusdpodivm, 2018. MASSON, C. R. Direito Penal: parte especial. 11. ed. São Paulo: Método, 2018. v. 2. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 21Dos crimes contra a fé pública