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WBA0035_v3.0 Aquisição da linguagem e escrita Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento O desenvolvimento da linguagem oral Bloco 1 Tamires Pereira Duarte Goulart Vamos refletir? Linguagem Fonte: Istock.com. Linguagem versus língua Língua: é o sistema linguístico de um idioma, baseado nas regras e organização disponíveis para o falante. Por exemplo, a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa. Linguagem: é toda forma de comunicação, podendo ser verbal, não verbal e mista. Fonte: Saussure (1999). O desenvolvimento da linguagem oral Inatismo Construtivismo Sociointeracionismo Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget 1. Nascimento até 2 anos – sensório motor - esquemas sensoriais e motores. 2. Dos 2 aos 7 anos – pré-operatório – linguagem em foco. 3. Dos 7 aos 11 anos – operatório concreto - experiências escolares aumentam as experiências linguísticas. 4. Dos 11 aos 15 anos – operatório formal - avanço das práticas orais e escritas, considerando diferentes tipos de contextos. Teorias da aprendizagem 0 a 3 meses Produção de sons (choro, gritos, barulhos) e discriminação de sons familiares. 4-6 meses Discriminação dos sons da fala, compreensão de palavras, balbucio com vogais e depois consoantes e expressões faciais. 7-9 meses Balbucio reduplicado (baba, mama) de forma interativa e produção gestual comunicativa; aponta para objetos. 10-12 meses Primeiras palavras reais + balbucio com fala, contato visual, expressões faciais, vocalizações e gestos. 12-18 meses Produção de 10 a 50 palavras, podendo ter frases de duas palavras. 2 anos Produz de 150 a 200 palavras e frases com duas ou três palavras. Já nomeia objetos quando solicitado. 3 anos Sentenças gramaticais vão surgindo, como o uso de artigos, conjunções e plurais. 4 anos Tem uma sintaxe clara para sua língua materna, consegue contar histórias e narrar situações pessoais. Fonte: APA (2014). Tabela 1 - Marcos de aquisição da linguagem Marcos Estímulos • Contato com livros e histórias. Primeiro a criança ouve e entende a função social do livro, posteriormente, poderá fazer recontos por meio da memória, criatividade e releitura das imagens. • Atividades para nomear grupos de palavras que pertencem a uma mesma classe, por exemplo, por meio de figuras ou brinquedos de animais, objetos escolares, elementos da natureza, roupas, alimentos, entre outros. • Brincadeiras de músicas e rodas, e que há canções de roda, advinhas e trava-línguas. • Contato visual e reconhecimento do seu nome. • Jogos de memória e quebra-cabeça. Estímulos • Jogos e atividades com rimas, em que as crianças sejam provocadas a pensar quais sons rimam com outros. • Agrupamento e pareamento de objetos por cores, formas e tamanhos. • Estímulo à criatividade e imaginação com organização de cenas com brinquedos que simbolizem a vida real, como casinha, fazendinha, representações de profissões e pessoas. • Fortalecer sempre a necessidade de a criança precisar se comunicar e interagir para conseguir algo de seu interesse, mesmo quando se tratar de atividades para saciar a fome e a sede. A criança precisa pedir, primeiro pela linguagem não verbal, depois pela linguagem verbal. Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento O desenvolvimento da linguagem escrita Bloco 2 Tamires Pereira Duarte Goulart Letramento Alfabetização Oralidade A importância do letramento e da alfabetização O processo de leitura e de escrita envolve, no mínimo, três habilidades por parte da criança, todas pensadas e entendidas como centrais por diferentes áreas, em especial a Neurociência, a saber: as funções executivas, a consciência fonológica e a noção do sistema de escrita alfabética. São três pilares para que essas habilidades sejam bem alicerçadas. Sistema de escrita alfabética Funções executivas Consciência fonológica Habilidades que desenvolvem a escrita Ideias – consciência fonológica • As crianças adquirem consciência fonológica quando, entre outras habilidades, demostram que sabem que palavras diferentes começam com o mesmo som ou terminam com o mesmo som, quando conseguem fazer rimas e quando reconhecem as partes que formam uma palavra. Estima-se que a habilidade de consciência fonológica possa contribuir para que as crianças aprendam a ler com muito mais facilidade, tornando suas primeiras tentativas de leitura bem-sucedidas. Ideias – funções executivas • As funções executivas são as habilidades do eixo cognitivo que servem como base para que todo ser humano possa controlar pensamentos, emoções e ações, tais como inibição, memória de trabalho, flexibilidade cognitiva, planejamento, tomada de decisões, metas e organizações. Jogos de encaixe, da memória, com o corpo (morto-vivo, circuito e esconde-esconde) são alguns exemplos que desenvolvem as funções executivas. Ideias – SEA • O entendimento de que se escreve com letras que não podem ser inventadas, que têm repertório finito e que são diferentes de números e outros símbolos. • O entendimento de que letras, números e desenhos são elementos diferentes. • O entendimento de que as letras têm formatos fixos e pequenas variações produzem mudanças em sua identidade (p, q; b, d), embora uma letra assuma formatos variados. • O entendimento de que a ordem das letras no interior da palavra não pode ser mudada. Morais (2012) Ideias – SEA • O entendimento de que uma letra pode se repetir no interior de uma palavra e em diferentes palavras, ao mesmo tempo em que distintas palavras compartilham as mesmas letras. • O entendimento de que as letras notam ou substituem a pauta sonora das palavras que pronunciamos e nunca levam em conta características físicas ou funcionais dos referentes que substituem. • O entendimento de que as letras notam segmentos sonoros menores que as sílabas orais que pronunciamos. • O entendimento de que as letras têm valores sonoros fixos, apesar de muitos terem mais de um valor sonoro e certos sons poderem ser notados com mais de uma letra (consciência fonêmica). Morais (2012) Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento Oralidade e letramento Bloco 3 Tamires Pereira Duarte Goulart Oralidade Habilidade de conversar, contar e recontar histórias e contos, imitar adultos ou outras crianças falando (Rojo, 2006). Fonte: acervo da autora. Figura 1 - Desenvolvendo a oralidade Letramento As placas de ruas, as propagandas de televisão, os encartes de promoção do mercado, as músicas e canções, os convites de aniversários, as postagens de redes sociais, as estampas de roupas, entre tantas outras fontes, permitem à criança o contato com a escrita e contribuem para seu processo de letramento. Por isso, na maioria das vezes, o sujeito vai para a escola letrado. Fonte: acervo da autora. Figura 2 - Gêneros textuais Letramento O desenvolvimento da oralidade é o caminho que vai potencializar o engajamento da criança com o mundo letrado e, posteriormente, com a escrita e a leitura. Nesse sentido, a literatura infantil é um caminho que pode promover práticas pedagógicas muito envolventes para as crianças. Letramento: ideias práticas Realizar passeios pela escola e comunidade e observar as diferentes formas da escrita. Em sala de aula, deixar as crianças trocarem informações. Organizar um cantinho de leitura com livros, folhetos, cards, letras, números, calendários, agendas, panfletos, rótulos e deixar as crianças discutirem e brincarem com esse material. Ler para os alunos em voz alta, com entonação e vozes diferentes para os personagens ou para destacar sentenças. Realizar momentos de leitura e interpretação oralmente sobre histórias, imagens e capas de livros. Quiz Entre os estudos da Neurociência, elenque uma das suas maiores contribuições para o processo da aprendizagem. a) Para aprender,dependemos, além dos aspectos cognitivo e psicomotor, da afetividade. b) Para aprender, dependemos em especial da ação do professor como fonte de saberes. c) Para aprender, dependemos da ajuda de familiares e pessoas próximas da criança. Quiz - Resolução A Neurociência traz grandes contribuições para o entendimento de como aprendemos. Muitas são as contribuições nesse sentido, em especial as que nos revelam que, para aprender, dependemos além dos aspectos cognitivo e psicomotor, da afetividade. Os campos da emoção e do sentimento permitem que o estudante entenda o significado do conhecimento, aqui em especial, da leitura e da escrita. Estar bem acolhido, sentir-se seguro e gostar das pessoas que estão no ambiente escolar contribui para a construção de habilidades e competências. Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento Teoria em Prática Bloco 4 Tamires Pereira Duarte Goulart Reflita sobre a seguinte situação Professor Carlos tem uma turma de alunos do 4º ano. Na última semana, recebeu um novo estudante, de outro estado, que devido a uma série de circunstâncias ainda não domina as habilidades de leitura e de escrita. Carlos realizou uma avaliação diagnóstica e verificou que o conhecimento de seu aluno está em nível inicial e não consta na escola nenhuma documentação que mostre algum distúrbio ou alguma deficiência do aluno. O caso se trata de dificuldade de aprendizagem. Carlos, então, foi conversar com sua coordenação pedagógica para planejar ações na tentativa de auxiliar o processo de aprendizagem deste aluno. Na posição da coordenação pedagógica, que estratégias você ajudaria Carlos a planejar? Norte para a resolução Em primeiro momento, é importante criar um universo de motivação para esse aluno, para que ele descubra o valor social que a leitura e a escrita tem em nossa sociedade. Criar laços afetivos desse aluno com a turma, com o professor e a escola será um passo importante e fundamental. Em seguida, será necessário estimular seu processamento cognitivo por meio de atividades, tarefas e jogos que priorizem: - Consciência fonológica = com atividades de fonemas, sons das letras, sílabas, rimas e canções. - Funções executivas = atividades e jogos que estimulem a atenção, o raciocínio, o controle inibitório e a memória. - Conhecimento do SEA – sistema de escrita alfabética = atividades pontuais sobre o alfabeto e suas representações. Norte para a resolução Além disso, é muito importante que esse aluno seja exposto a diversos gêneros textuais e que possa buscar meios de realizar tarefas de forma oral, sentindo a necessidade da transposição para a escrita. É importante a valorização de pequenos avanços da criança e a sequência de um trabalho sistemático, que vá apresentando todo conhecimento que o estudante precisa para desenvolver a leitura e a escrita. Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Tamires Pereira Duarte Goulart Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 A leitura do capítulo 5, aquisição e aprendizagem da leitura, proporcionará uma discussão sobre o processamento da habilidade leitora, complementando nossos debates sobre a oralidade e a escrita. Referência AMPLATZ, M. B. Aquisição das linguagens oral e escrita- fundamentos e metodologias. Curitiba: Intersaberes, 2019. Indicação de leitura 2 A leitura de “1.5 Aquisição da linguagem”, do livro Neurolinguística, traz uma discussão interessante sobre aspectos nesse processo, que unem as áreas de linguística e neurociência. Referência LUCHESA, M. M. Neurolinguística. Curitiba: Intersaberes, 2020. Dica do(a) Professor(a) Entendendo a necessidade das atividades de estimulação da consciência fonológica, o site Wordwall é uma plataforma livre que traz várias atividades que podem ajudar o professor em seu planejamento. Fonte: https://wordwall.net/pt Figura 3 - Exemplo de atividade do site Dica do(a) Professor(a) APA. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. MORAIS, A. Sistema de Escrita Alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012. PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012. SAUSSURE, F. Curso de Lingüística Geral. Tradução Antônio Chelini, José Paulo Paes, Isidoro Blikstein. 25. ed. São Paulo: Cultrix, 1999. SOARES, M. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020. ROJO, R. As relações entre fala e escrita: mitos e perspectivas - caderno do professor. Belo Horizonte: CEALE, 2006. Referências Bons estudos! Aquisição da linguagem e escrita Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento� Vamos refletir? Linguagem versus língua O desenvolvimento da linguagem oral Marcos Estímulos Estímulos Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento� A importância do letramento e da alfabetização Habilidades que desenvolvem a escrita Ideias – consciência fonológica Ideias – funções executivas Ideias – SEA Ideias – SEA Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento� Oralidade Letramento Letramento Letramento: ideias práticas Quiz Quiz - Resolução Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento� Reflita sobre a seguinte situação Norte para a resolução Norte para a resolução Linguagem oral e escrita: neurociência a favor do conhecimento� Número do slide 28 Indicação de leitura 1 Indicação de leitura 2 Dica do(a) Professor(a) Dica do(a) Professor(a) Referências Bons estudos!