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Prolapso de Órgãos Pélvicos SUMÁRIO 1. Introdução ...................................................................................................................3 2. Epidemiologia e fisiopatologia ...................................................................................5 3. Classificação ..............................................................................................................7 4. Quadro clínico .............................................................................................................9 5. Diagnóstico ...............................................................................................................11 6. Tratamento ................................................................................................................12 Referências ....................................................................................................................16 Prolapso de Órgãos Pélvicos 3 1. INTRODUÇÃO O prolapso de órgãos pélvicos (POP) é uma condição comum, que leva a prejuízos do funcionamento normal desses órgãos e à redução da quali dade de vida das mulhe- res. Muitas mulheres apresentam sintomas que afetam as atividades diárias, a função sexual e o exercício, podendo exercer impacto negativo em sua imagem corporal e em sua sexualidade. Para compreender melhor essa con dição clínica, vamos revisar alguns pontos im- portantes da anatomia pél vica feminina. A pelve feminina garante apoio aos órgãos pélvicos por meio da interação entre os músculos do assoalho pélvico, os anexos do tecido conjuntivo e a pelve óssea. Figura 1. Órgãos pélvicos femininos. Fonte: Logika600/Shutterstock.com. Os músculos levantadores do ânus são um par de músculos estriados, compostos pelas porções pubococ cígea, puborretal e iliococcígea, e fornecem uma base firme de sustentação, sobre a qual repousam os órgãos. A porção iliococcígea forma um arco entre as duas paredes laterais da pelve; a pu bococcígea emerge no osso púbico de ambos os lados, se inserindo no cóccix (importante para a suspensão da parede vaginal); já a puborretal for ma uma alça com origem no púbis. A atividade dos mús- culos levantadores do ânus eleva o assoalho pélvico e comprime a vagina, a uretra e o reto de encontro ao osso púbico. Os ligamentos uterossacrais con tribuem para o suporte apical, suspendendo e estabili- zando o útero, o colo uterino e a parte superior da vagina. Além disso, estabilizam os órgãos pélvicos na posição correta, para que os músculos pélvicos façam um suporte adequado. Prolapso de Órgãos Pélvicos 4 Figura 2. Assoalho pélvico (vista inferior). Fonte: Inspiring/Shutterstock.com. A vagina é formada por um tubo fi bromuscular, achatado e cilíndrico, que apresenta três níveis de sus tentação, todos conectados por uma rede contínua de suporte da fáscia endopélvica. • Nível 1: constituído pelo complexo ligamento uterossacral/ligamento cardinal, que suspende o útero e a vagina superiormente ao sacro e à parede lateral pélvica. A deficiência desse nível contribui para o prolapso do útero e/ou do ápice vaginal. • Nível 2: constitui-se de ligações pa ravaginais ao longo do comprimento da va- gina até a fáscia superior do músculo levantador do ânus e a fás cia tendínea do arco pélvico. A perda desse suporte contribui para o prolap so da parede vaginal anterior e lateral. • Nível 3: compreende o corpo perine al, a membrana perineal e os músculos peri- neais superficiais e profundos, que sustentam o terço distal da vagi na e o introito vaginal. A perda desse suporte anteriormente pode resul tar em prolapso da parede anterior e posterior, alargamento do introito e deiscência perineal. A inervação da região pélvica é cons tituída pelos segmentos S2, S3 e S4 da me- dula espinhal, os quais formam o nervo pudendo, que inerva o esfíncter anal externo. Os músculos elevadores, os coccígeos e o diafragma urogenital pro vavelmente são inervados por uma conexão direta das fibras nervosas de S2, S3 e S4. Prolapso de Órgãos Pélvicos 5 MAPA MENTAL – ANATOMIA DA PELVE FEMININA NÍVEIS DE SUSTENTAÇÃO NÍVEL 1 MÚSCULOS LEVANTADORES DO ÂNUS Ligamento uterossacral/ cardinal Porções pubococcígea, puborretal e iliococcígea Elevação do assoalho pélvico Prolapso do útero e do ápice vaginal NÍVEL 2 LIGAMENTOS UTEROSSACRAIS Ligações paravaginais Suporte apical Prolapso da parede vaginal anterior e lateral NÍVEL 3 Corpo e membrana perineal, músculos perineais Prolapso da parede vaginal, alargamento de introito e deiscência perineal Fonte: Elaborado pelo autor. 2. EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA O prolapso de órgãos pélvicos afeta milhões de mulheres, mas a pre valência exata é difícil de determinar, por diferença quanto à definição e por muitas mulheres apre- sentarem o POP, mas serem assintomáticas, o que varia a procura por atendimento médico. Nos EUA, a prevalência de mulheres com prolapso sintomático é em torno de 2,9% a 5,7% da população – ou seja, considerando as mulheres nas quais essa condição é assintomática, a pre valência torna-se bem maior. Apesar disso, a prevalência de POP aumenta conforme o avanço da idade. A etiologia do prolapso de órgãos pélvicos é multifatorial, podendo se desenvolver ao longo de anos. Apesar disso, existem alguns fatores predis ponentes para POP já estudados. • Paridade: o aumento do risco está relacionado ao aumento da pari dade, possi- velmente por lesões no músculo levantador do ânus ou em nervos locais (prin- cipalmente o nervo pudendo) durante o parto. Prolapso de Órgãos Pélvicos 6 • Outros fatores relacionados ao parto: alto peso do bebê ao nascer, período expulsivo prolongado, uso de fórceps e idade materna menor que 25 anos no primeiro parto. • Idade avançada: a cada 10 anos adicionais na idade, o risco de pro lapso aumenta em 40%, provavelmente associado a processos fisiológicos do envelhecimento, como perda do tônus e da função da musculatura esquelética. Isso leva a al- terações no músculo levanta dor do ânus, contribuindo para a insuficiência no suporte dos ór gãos pélvicos. • Obesidade: mulheres com sobre peso ou obesas têm maior risco (40% a 50%) de desenvolver POP, quando comparadas às de peso normal. • Histerectomia: a relação de ris co é controversa, dependendo da abordagem ci- rúrgica, da idade da paciente e da existência ou não de prolapso no momento da cirurgia. Alguns procedimentos de suspen são podem desviar a parede vagi nal anterior, alterando a distribui ção de força no restante da parede vaginal, podendo ocorrer enterocele ou retocele. • Raça e etnia: mulheres latinas e brancas têm risco quatro a cinco vezes maior do que afro-americanas. • Aumento da pressão intra-abdo minal: cronicamente, desempenha um papel im- portante na patogê nese do POP. Ocorre em situações como constipação crônica, tosse crônica (DPOC) e levantamento repetitivo de peso. • Doença do tecido conectivo: mu lheres com distúrbios do tecido conectivo apre- sentam redução re lativa no colágeno denso e orga nizado, contribuindo para o enfra quecimento da força de tensão da parede vaginal. • História familiar: presença de his tórico familiar de prolapso au menta em 2,5 vezes o risco de acometimento. MAPA MENTAL – FATORES PREDISPONENTES HISTÓRIA FAMILIAR RAÇA E ETNIA OBESIDADE IDADE AVANÇADA DOENÇA DO TECIDO CONECTIVO AUMENTO DA PRESSÃO ABDOMINAL HISTERECTOMIA PARIDADE Latinas e brancas: 4× a 5× mais risco A cada 10 anos, + 40% de risco Constipação crônica, DPOC, levantamento de peso Controversa Outros: período expulsivo prolongado, uso de fórceps Lesões no m. levantador do ânus Fonte: Elaborado pelo autor. Prolapso de Órgãos Pélvicos 7 3. CLASSIFICAÇÃO A gravidade dos prolapsos já foi de finida por diversos sistemas de clas sificação imprecisos, o que dificultava a padronização entre os médicos. Em 1996, surgiu o sis- tema de quantifica ção do prolapso de órgãos pélvicos (POPQ), que se tornou padrão. Trata-sede um sistema objetivo, en volvendo a medicação de vários pontos, os quais representam os prolapsos vaginais anterior, apical e posterior. De acordo com essa classificação, alguns pon tos anatômicos recebem letras, como mostrado a seguir: Aa = ponto A da parede anterior; Ba = ponto B da pa rede anterior; C = colo do útero; D = fórnix posterior; Gh = hiato genital; Pb = corpo perineal; TVL = comprimento vaginal total; Ap = ponto A da parede posterior; e Bp = ponto B da parede posterior. TVL Ba Aa Gh Pb APBp C D Figura 4. Referências anatômicas usadas para quantificação de prolapso de órgão pélvico. Fonte: Williams, 2014. O ponto Aa encontra-se a 3 cm da entrada da vagina e deve-se medir o quanto esse ponto sofreu pro lapso, ou seja, vai variar de –3 a +3. O ponto Ba é o ponto de maior prolap so da parede anterior. Já o ponto C é o ponto de prolapso do colo uterino. O Ap encontra-se a 3 cm para dentro na parede posterior e deve-se medir o quanto ele ficará para fora. O Bp é o ponto máximo de prolapso da parede posterior. Prolapso de Órgãos Pélvicos 8 Para medir esses pontos, utiliza-se um pálido demarcado de 1 cm em 1 cm. Todas essas medidas devem ser fei tas com a paciente em manobra de Valsalva. De acordo com a avaliação e a medida de todos os pontos, é possí vel entender o local anatômico em que se encontra o prolapso. Na prática! Observe este exemplo de cálculo e análise do POPQ: Aa = –3; Ba = –3; Ap = +3; Bp = +5; C = –6; D = –2. Vamos lá: Aa e Ba têm –3, ou seja, estão em posição normal. Ap encontra-se 3 cm para fora; Bp, 5 cm para fora; C está normal; e D desceu um pouco. O que interpretar diante dessas medidas? A paciente apresenta um prolapso de parede posterior. O sistema Baden-Walker é outro sistema de estadiamento do POP frequentemente utilizado. Cada es trutura prolapsada é descrita indi vidualmente por meio de graus. Os graus são definidos pela extensão do prolapso, de acordo com a obser vação ao exame físico. Dessa forma, esse sistema é menos preciso que o POPQ. São definidos cinco graus: • 0: posição normal de cada estrutura. • 1: > 1 cm acima do hímen. • 2: entre 1 cm acima e 1 cm abaixo do hímen. • 3: > 1 cm abaixo do hímen. • 4: prolapso total. Figura 5. Graus de prolapso da parede vaginal. Fonte: Pepermpron/Shutterstock.com. Prolapso de Órgãos Pélvicos 9 MAPA MENTAL – CLASSIFICAÇÃO QUANTIFICAÇÃO DO PROLAPSO DE ÓRGÃOS PÉLVICOS (POPQ) SISTEMA BADEN-WALKER • MAIS PRECISO. • ATRIBUIÇÃO DE LETRAS A PONTOS DA GENITÁLIA. • MAIS DIFÍCIL UTILIZAÇÃO NA PRÁTICA. • MENOS PRECISO. • ATRIBUIÇÃO DE GRAUS CONFORME EXTENSÃO (REFERÊCIA: HÍMEN). • MAIS UTILIZADO NA PRÁTICA. PONTOS: Aa e Ba (parede anterior); C e D (ápice vaginal); Gh e Pb (parte externa); TVL (comprimento vaginal); Ap e Bp (parede posterior) GRAUS: 0 (normal), 1 (antes do hímen), 2 (alcança o hímen), 3 (ultrapassa) e 4 (prolapso máximo da estrutura). × Fonte: Elaborado pelo autor. 4. QUADRO CLÍNICO As pacientes acometidas podem ser assintomáticas (grande parte), mas outras apresentam sintomas re lacionados à protusão de estruturas, como protuberância ou pressão vagi nal. Apesar disso, podem apresentar também sintomas específicos da es trutura afetada, como disfunções uri nária, defecatória e/ou sexual. Se liga! O prolapso é uma condição progressiva, com quadros le- ves evoluin do para doenças mais avançadas. Po rém, provavelmente o curso é progressi vo até a menopausa, quando o grau do prolapso assume característica de pro gressão e regressão alternadas. A queixa de sensação de “bola na va gina” é comum e característica do pro lapso de órgãos pélvicos. Geralmente, prolapsos que passam do hímen tendem a ser sin- tomáticos. Algumas pacientes conseguem ver a protusão além do introito vaginal. Quando há protusão da vagina, pode estar as sociado corrimento crônico, além de sangramento por ulceração. Prolapso de Órgãos Pélvicos 10 A deficiência da parede vaginal ante rior ou do ápice vaginal pode afetar a bexiga, causando sintomas urinários, como incontinência urinária de esfor ço, com prolap- sos graus I ou II. Com a piora do prolapso, a incontinência de esforço pode melhorar, aparecen do a dificuldade de esvaziamento da bexiga. Entre os sintomas defecatórios, a constipação e a sensação de esvazia mento in- completo são os mais co muns, além de urgência fecal, incon tinência fecal e sintomas obstrutivos. Algumas mulheres podem necessitar aplicar pressão digital na vagina ou no períneo para conseguir evacuar completamente. O prolapso de órgãos pélvicos está associado a efeitos na função sexual, com in- terferência no orgasmo e na satisfação sexual. Algumas evitam rela ções sexuais por medo de desconfor to e constrangimento, principalmente se o prolapso está associado a in continência urinária ou fecal durante a atividade sexual. A gravidade dos sintomas não está diretamente relacionada ao estágio do prolapso. Geralmente, associa-se à posição do corpo, piorando à medida que o dia avança e que o cor po permanece maior tempo em posi ção vertical. MAPA MENTAL – QUADRO CLÍNICO Maior parte assintomática Efeitos na função sexual Sensação de “bola na vagina” Sintomas defecatórios Piora: final do dia e posição verticalProgressivo Sintomas urinários Interferência no orgasmo e na satisfação sexual Incontinência urinária de esforço Urgência e incontinência fecal Medo e constrangimento Retenção urinária Constipação Sintomas obstrutivos Fonte: Autoria própria. Prolapso de Órgãos Pélvicos 11 5. DIAGNÓSTICO O prolapso de órgãos pélvicos é diag nosticado pelas queixas clínicas, asso ciadas ao exame do períneo. O exame físico das mulheres com POP deve incluir a inspeção, o exame especular, o exame pélvico bimanual, o exame reto vaginal e o exame neuromuscular. A inspeção deve ser feita com a pa ciente em litotomia, inicialmente rela xada e pos- teriormente à manobra de Valsalva, para visualização do grau máximo de prolapso. Para pacientes com prolapso que ultrapassam o hí men, as paredes vaginais devem ser inspecionadas à procura de possíveis ulcerações. Se liga! Sempre diante do exame físi co, ao visualizar o prolapso, pergunte e mostre à paciente se é assim que ocor re diariamente (se necessário, coloque um espelho para que a paciente consiga ver). Isso é importante porque o prolapso é dinâmico, aumentando com os efeitos da gravidade e do aumento da pressão intra-abdominal. Por isso, pode se agra var apenas à noite e em ati- vidades físi cas, sendo menos evidente nas consultas matinais. O exame especular garante que as estruturas estejam artificialmente suspensas. Deve-se utilizar o espé culo bivalve e inseri-lo até o ápice va ginal, retirando-o lenta- mente, para permitir avaliação da descida do ápice. Para examinar as paredes vagi nais anterior e posterior, utiliza-se o afastador va- ginal Sims (espéculo com uma única lâmina). A parede anterior é avaliada inserindo o afastador na parede posterior, com uma leve pres são; por outro lado, para avaliar a pa rede posterior, insere-se o afastador na parede anterior. O exame bimanual deve ser realiza do como de costume no exame ginecológico, para avaliar anormalidades pélvicas também existentes. O exame retovaginal é realizado para diagnosticar uma enterocele, diferen ciar uma retocele alta de uma ente rocele, avaliar a integridade do corpo perineal e detectar o prolapso retal. Para isso, posicionar o dedo indica dor 1 cm a 3 cm para dentro do hí- men e avaliar o tônus e a força muscular em repouso e na contração. A avaliação neurológica da vulva e do períneo é feita para identificar pos sível doença neurológica. A avaliação sensorial dos dermátomos lombos sacrais é feita por meio do toque de um cotonete. Alguns reflexos lom bossacrais também são realizados, como o reflexo do bulbocavernoso e o do anocutâneo. Alguns exames auxiliares podem ser utilizados para avaliar a função da bexiga ou do intestino, caso existam queixas pertinentes, ou para melhoravaliação do prolapso. Prolapso de Órgãos Pélvicos 12 O ultrassom perineal pode diagnosticar a evulsão no músculo levantador do ânus após o parto ou outro trauma perineal. O teste urodinâmico deve ser realiza do em casos de incontinência uriná ria de esforço complicada ou quando os sintomas da paciente não forem condizentes com o exame físico. A medicação do volume de urina resi dual é utilizada para avaliar retenção urinária. FLUXOGRAMA – DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO CLÍNICA EXAMES AUXILIARES História + queixas clínicas Ultrassom perineal (evulsão do m. levantador do ânus) Exame bimanual Obs: apenas realizar se houver queixas pertinentes ou para melhor avaliar o prolapso. Inspeção estática + manobra de Valsalva Teste urodinâmico (se incontinência urinária de esforço ou clínica não condizente) Exame retovaginal (avaliar musculatura do assoalho pélvico) Exame especular (lâmina dupla e afastador Sims) Medição do volume de urina residual (e retenção urinária) Avaliação neurológica Fonte: Elaborado pelo autor. 6. TRATAMENTO O tratamento é indicado em mulheres sintomáticas – seja com sintomas do prolap- so, seja com condições associadas, como disfunção urinária, intestinal ou sexual. A terapia pode ser conser vadora ou cirúrgica, a depender da escolha do paciente, assim como da gravidade do caso. O manejo expectante deve ser pro posto a mulheres assintomáticas e é viável para aquelas que toleram os sintomas. O tratamento clínico é a primeira opção para todas as mu lheres com POP sintomático. Porém, por ser um problema crônico, muitas pa- cientes preferem a cirurgia, já que não requer manutenção contínua. O tratamento clínico inclui uso de pessário e realização de exercícios para a muscula tura do assoalho pélvico. Geralmente, é a melhor alternativa para os pro lapsos de graus 1 e 2. Prolapso de Órgãos Pélvicos 13 Pessários vaginais são dispositivos de silicone que existem em diversas formas e diversos tamanhos, tendo por objetivo suportar os órgãos pélvicos e sendo a base do tratamento clínico. O sucesso do tratamento utilizando o pessário depende da capa- cidade da paciente em utilizá-lo corretamente e de comparecer às avaliações (mais frequentes no início do período de adaptação). Quando o pessário está no tamanho adequado, a paciente não percebe sua presença, ou seja, consegue an dar, tossir e urinar sem dificuldade ou desconforto. Deve ser removido à noite, lavado com água e sabão, e para ser reposto na manhã seguinte. Se liga! Os pessários retêm parte do fluxo vaginal, obstruindo a drena gem normal em variados graus. O odor diante dessa retenção deve ser obser vado para instruir a paciente a remover mais frequentemente o dispositivo para lavagem. O mecanismo de ação dos pessá rios atua na incontinência urinária de esforço, pela melhora do suporte e da função uretral. Atuam no aumento do comprimento uretral, na elevação do colo da bexiga e na diminuição do ângu lo uretrovesical posterior. A cada consulta de retorno, o pessário deve ser removido e a vagina, inspe cionada, buscando por erosões, ulce rações ou tecidos de granulação. Caso ocorram úlceras, modificar o tipo de pessário, para aliviar os pontos de pressão. Se liga! Mulheres com atrofia vaginal devem ser tratadas ante- riormente ou concomi tantemente ao início do uso do pessá rio. Pode-se utilizar creme de estrogênio, aplicado todas as noites durante duas se manas, seguido de aplicação em duas vezes por semana. Exercícios para os músculos do as soalho pélvico são capazes de diminuir a pro- gressão e aliviar os sintomas de prolapso. Por meio desses exercícios, as mulheres aprendem a contrair os músculos antes e durante os períodos de aumento na pressão abdominal, prevenindo a deiscência do órgão. Prolapso de Órgãos Pélvicos 14 O tratamento cirúrgico envolve a ci rurgia obliterativa e a reconstrutiva. As aborda- gens obliterativas incluem a colpocleise de Lefort e a colpoclei se completa. Ambas as alternativas consistem em remoção do epitélio vaginal, sutura das paredes vaginais anterior e pos terior, obliteração da cúpula vaginal e fechamento efetivo da vagina. Esses procedimentos são indicados apenas a pacientes idosas ou clinicamen te comprome- tidas, que não tenham desejo de atividade sexual futura. Por isso, para a realização desse proce dimento, deve haver uma conversa franca e abrangente com a paciente sobre o futuro da vida sexual. Já os procedimentos reconstrutivos têm por objetivo restaurar a anato mia e são realizados com maior fre quência. Podem ser feitos por via vaginal ou abdominal e de forma minimamente invasiva. A abordagem abdominal parece ser mais vantajosa em certos casos, como abordagem vaginal an terior sem sucesso, vagina curta e maior risco de recorrência (como jo vens com prolapso grave). Os procedimentos obliterativos são mais fáceis e rápidos, com maiores taxas de sucesso em comparação aos reconstrutivos. O sucesso da cirurgia envolve a melhora dos sintomas de abaulamento, assim como a recupe ração anatômica. De acordo com al guns estudos, as taxas de recorrência e reoperação estão em torno de 30% a 50% após cirurgia inicial. MAPA MENTAL – TRATAMENTO EXPECTANTE CLÍNICO CIRÚRGICO Pacientes assintomáticas Boa tolerância dos sintomas Exercícios para musculatura do assoalho pélvico Melhor alternativa para prolapsos de graus 1 e 2 Pessários: base do tratamento clínico Dispositivos de silicone utilizados como suporte aos órgãos pélvicos Cirurgia reconstrutiva Objetivo: restaurar a anatomia Realizada com maior frequência Cirurgia obliterativa Compromete a vida sexual Maior taxa de sucesso Fonte: Acervo Sanar. Prolapso de Órgãos Pélvicos 15 Fatores de risco Quadro clínico Classificação Tratamento • Paridade • Idade avançada • Obesidade • Raça e etnia • Aumento da pressão intra-abdominal • História familiar • “Bola na vagina” • Sintomas urinários • Sintomas defecatórios • Interferência na função sexual • Quantificação do prolapso de órgãos pélvicos (POPQ) • Sistema Baden-Walker • Expectante • Conservador: pessários e exercícios • Cirúrgico: obliterativos ou reconstrutivos MAPA MENTAL GERAL Fonte: Elaborado pelo autor. Prolapso de Órgãos Pélvicos 16 REFERÊNCIAS Rogers RG, Fashokun TB. Prolapso de órgãos pélvicos em mulheres: epidemio logia, fatores de risco, manifestações clínicas e tratamento. UpToDate, fev. 2020. Clemons JJ. Pessários vaginais: indicações, dispositivos e abordagem da seleção. UpToDate, jan. 2020. Fashokun TB, Rogers RC. Prolapso de órgãos pélvicos em mulheres: avaliação diag- nóstica. UpToDate, dez. 2019. Hoffman BL. Ginecologia de Williams. 2. ed. New York: Copyright, 2014. sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados. Sanar Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770 1. INTRODUÇÃO 2. EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA 3. CLASSIFICAÇÃO 4. QUADRO CLÍNICO 5. DIAGNÓSTICO 6. TRATAMENTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS