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FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Roberta Spessato Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar as concepções de leitura. Definir a compreensão leitora e os seus níveis. Categorizar as estratégias e os procedimentos de leitura. Introdução O ato de ler é fundamental para a significação de qualquer indivíduo na sociedade. Somente por meio da leitura é que as pessoas conseguem ab- sorver conhecimento e se desenvolver como seres críticos no mundo em que estão inseridas. Além disso, a leitura é um processo de interação entre o leitor, o autor e o texto que sempre tem um objetivo a ser cumprido. Compreender que a leitura não se resume à decodificação de signos linguísticos é tarefa básica de qualquer professor e/ou linguista. Dessa forma, neste capítulo, você inicialmente vai conhecer as concepções de leitura. Em seguida, vai verificar o significado da compreensão leitora e conhecer os níveis de leitura. Por fim, você vai analisar as estratégias e os procedimentos utilizados pelos bons leitores. 1 As diferentes concepções de leitura A leitura vai além da escrita, pois um texto, além de poder se apresentar na fala e na escrita, pode ser verbal, não verbal ou misto. Com isso em mente, antes de compreender o que é leitura, você deve refl etir sobre o sentido dos textos. Afi nal, o que é um texto? O texto nada mais é do que a concretização de uma mensagem, de um discurso. Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Todo e qualquer texto pode se apresentar tanto na fala quanto na escrita. Um texto não verbal na fala é representado por uma mímica, por exemplo. Um texto não verbal na escrita pode aparecer como uma placa ou uma fotografia. Já um texto misto pode ser a fala humana (que possui tom de voz e gestos) ou uma história em quadrinhos. Não há leitura sem sintonia entre o emissor e o receptor, pois o ato da leitura prevê que um autor/enunciador, ao falar/escrever, constrói seu discurso em função de um ouvinte/leitor. Dessa forma, a leitura nada mais é do que uma atividade dialógica social e interacional que depende de um contexto. Para Bakhtin (2003, p. 323), “[...] as relações dialógicas são relações (semânticas) entre toda espécie de enunciados na comunicação discursiva. Dois enunciados, quaisquer que sejam, se confrontados em um plano de sentido, acabam em relação dialógica [...]”. Portanto, o ato de ler não se resume apenas a decodificar palavras; ele implica compreender o sentido e o valor que as palavras têm dentro de determinado contexto. Inclusive, para Kato (1993), os atos de ler e de escrever são semelhantes aos atos de ouvir e de falar, pois todos representam a comunicação humana, seja ela oral ou escrita. Todos esses atos se caracterizam por envolver uma relação cooperativa entre emissor e receptor, que transmitem intenções e conteúdos de acordo a sua necessidade. A leitura é singular a cada indivíduo, pois cada pessoa, de acordo com o seu conhecimento de mundo e com as suas experiências pessoais, faz uma leitura única e particular de um mesmo texto. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a leitura é descrita como: [...] o processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo que sabe sobre linguagem etc. [...] Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência [...] (BRASIL, 1998, p. 69). Além disso, é por meio da leitura que os sujeitos obtêm novos conheci- mentos e saberes. Ou seja, somente com ela e por meio dela os sujeitos podem ampliar a sua visão de mundo. Para Bakhtin (2003, p. 329), o leitor é um sujeito envolvido em um processo de interação social: Pode-se dizer que o interpretador é parte do enunciado a ser interpretado, do texto (ou melhor, dos enunciados, do diálogo entre estes), entra nele como um novo participante. O encontro dialógico de duas consciências nas ciências humanas. A molduragem do enunciado do outro pelo contexto dialógico. Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora2 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce Na visão de Bakhtin (2003, p. 271), o leitor, numa situação de interação com o autor e com o texto, “[...] ocupa simultaneamente uma posição ativa e responsiva: concorda ou discorda dele (total ou parcialmente) completa-o, aplica-o, prepara para usá-lo, etc. [...] Toda compreensão é prenhe de resposta [...]”. Ou seja, o ato de ler abrange não somente fatores linguísticos, mas também extralinguísticos. Afinal, é necessário compreender o contexto de produção, o conteúdo temático, a construção composicional e o estilo. A leitura é um processo feito de múltiplos processos, que ocorrem tanto simul- tânea como sequencialmente; esses processos incluem desde habilidades de baixo nível, executadas de modo automático na leitura proficiente, até estra- tégias de alto nível, executadas de modo consciente (LEFFA, 1996, p. 16–17). Dessa forma, a leitura é um processo sociointeracional entre autor, leitor e texto. No entanto, há diferentes concepções de leitura, como você vai ver a seguir. A leitura em suas diferentes abordagens A leitura, de acordo com Leff a (1996), não passa de um processo de repre- sentação que ocorre por intermediação de outros elementos da realidade. No entanto, esse processo não ocorre de uma única maneira. Há diferentes concepções leitoras, por exemplo, a leitura como decodifi cação, como extração de signifi cados, como atribuição de signifi cados e como forma de interação. Na decodificação, as capacidades focadas são as de decodificação do texto, portal importante para o acesso à leitura, mas que absolutamente não esgota as capacidades envolvidas no ato de ler. Segundo Kleiman (1993, p. 20), o ato de decodificar “[...] dá lugar a leituras dispensáveis, uma vez que em nada modificam a visão de mundo do aluno [...]”. Já na visão de Rojo (2002a), a leitura, na perspectiva da decodificação, é apenas um processo perceptual e associativo de decodificação de grafemas (escrita) em fonemas (fala) por meio do qual se acessa o significado da linguagem do texto. Embora ignorada por grande parte dos pesquisadores como um estágio intermediário e necessário para a compreensão leitora, para Adams (1996), a decodificação é importante e fundamental na fase inicial de desenvolvimento da consciência fonológica e leitora. Por esse motivo, ela não deve ser completamente refutada, já que é por meio dela que os sujeitos começam a dar os primeiros passos para atingir a compreensão leitora. 3Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce A extração de significados focaliza o texto e concebe a língua a partir de sua linearidade: trata-se de uma leitura ascendente, em que as informações vão do texto para o leitor, ou seja, o leitor é passivo. Para Leffa (1996), essa concepção da leitura apresenta sérias limitações; de imediato, o verbo “ex- trair” já desconsidera a essência da leitura. O leitor não extrai um conteúdo do texto; ele apenas reproduz a mensagem contida no texto, e essa mesma mensagem permanece no texto. Por esse motivo, Leffa (1996, p. 13) afirma que “[...] o texto não possui um conteúdo mas reflete-o, como um espelho”; além disso, “não existe também uma relação unívoca entre o texto e o conteúdo. Um mesmo texto pode refletir vários conteúdos, como vários textos podem também refletir um só conteúdo [...]”. O entendimento de que ler é atribuir significado deposita a responsabi- lidadedo valor da compreensão textual no leitor, e não no texto. Ou seja, a atribuição de significados defende que o leitor é um agente ativo, pois a sua compreensão depende do seu conhecimento prévio. “O texto não contém a realidade, reflete apenas segmentos da realidade, entremeados de inúmeras lacunas, que o leitor vai preenchendo com o conhecimento prévio que possui do mundo [...]” (LEFFA, 1996, p. 14). Assim, cada leitura de um mesmo texto pode apresentar perspectivas diferentes a um leitor. Goodman (1984), assim como Leffa (1996), discorda de que a leitura seja um processo preciso, envolvendo percepção exata, detalhada e sequencial de letras, palavras e unidades linguísticas. Na visão do autor, ler é um processo seletivo que analisa pistas linguísticas presentes no texto, que são processa- das, rejeitadas ou refinadas de acordo com a visão do leitor. No momento em que o leitor compreende a informação textual expressa pela sua leitura, decisões são tomadas para que ele dê continuidade à compreensão textual. Assim, a adivinhação tem posição central na leitura. Para o autor, a leitura é um jogo psicolinguístico constituído de processos de antecipação, testagem e confirmação. A acepção da leitura como um ato de atribuição de significado não é per- feita. Leffa (1996) apresenta um paradoxo quanto à quantidade de informação fornecida pelo texto, que dificilmente é adequada. Para ele, embora haja uma sintonia de conhecimentos entre o autor e o leitor, há muitas lacunas que de- vem ser preenchidas por este último. Portanto, na abordagem de atribuição de significados, no ato de ler, o leitor preenche as lacunas deixadas pelo escritor. Tanto a leitura como um processo de extração de significado que coloca a ênfase no texto quanto a leitura como um processo de atribuição de signifi- cado que enfatiza o leitor apresentam alguns problemas. Ou seja, o processo Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora4 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 de leitura não deve enfatizar apenas o texto, o leitor ou o escritor, e sim a relação existente entre todos eles. Leffa (1996) salienta que é necessário, na verdade, levar em consideração um terceiro elemento: o que acontece quando leitor e texto se encontram. Ou seja, não se deve ignorar o papel do leitor nem o papel do texto, mas é importante analisar o processo de interação entre o leitor e o texto. Dessa forma, a leitura como forma de interação apresenta o envolvimento do leitor com o autor na construção de sentidos textuais. Ou seja, nessa con- cepção, ocorre a inter-relação entre a leitura ascendente e a descendente na esfera da construção de significados. Na visão de Rojo (2002b, p. 2), a leitura é “[...] um ato de se colocar em relação um discurso (texto) com outros discursos anteriores a ele, emaranhados nele e posteriores a ele, como possibilidades infinitas de réplica, gerando novos discursos/textos [...]”. Portanto, a leitura passa a ser um processo de construção de significados, no qual tanto fatores linguísticos quanto fatores extralinguísticos são levados em consideração. Nessa abordagem, o leitor tem o mesmo papel que assume na concepção de atribuição de significados, visto que ele também é ativo, mas considera o texto como portador de valor; dessa forma, também está apto a receber informações contidas no texto (sendo o leitor passivo). O seu papel, ao processar e examinar o texto, orienta-se por objetivos e finalidades. Contudo, você deve notar que a interação somente ocorre pois todos os integrantes têm valor: o autor, o receptor e o texto. Não há interação sem qualquer um deles. Kato (1993), em um apanhado de diferentes correntes linguísticas, organizou um modelo teórico de leitura incluindo diferentes etapas e estratégias, de acordo com cada necessidade e tipo de leitor envolvido. Veja a seguir. Modelo estruturalista: ocorre não apenas no estágio de alfabetização, mas tam- bém em uma leitura mais específica, como a que se faz ao buscar uma melhor compreensão do que já foi lido, ou quando se procura reter um conteúdo específico. Genericamente, esse modelo pode ser resumido como um ato instantâneo de decodificação de letras em sons e posterior relação com o significado. Modelo de processamento de dados: é o tipo de leitura no qual o indivíduo percorre o texto frase por frase, letra por letra, vocábulo por vocábulo, até chegar ao significado. 5Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 2 O principal objetivo do ato de ler: a compreensão leitora A leitura não é um processo linear e completo; pelo contrário, para a sua compreensão, é necessário o uso de técnicas, sejam elas de adivinhação ou de preenchimento de lacunas, com o resultado de levantamento de hipóteses e confi rmação. Na visão de Leff a (1996, p. 14), “[...] os olhos não veem o que realmente está escrito na página, mas apenas determinadas informações pedidas pelo cérebro. A compreensão não começa pelo que está na frente dos olhos, mas pelo que está atrás deles [...]”. Portanto, a compreensão é o resultado do ato da leitura. Para o autor, “[...] a compreensão não é um produto final, acabado, mas um processo que se desenvolve no momento em que a leitura é realizada [...]” (LEFFA, 1996, p. 14). Isso ocorre porque o texto se constrói não com uma totalidade de informações, mas apenas apresentando uma parcela de dados necessária para a sua compreensão. Para o autor, os dados apresentados pelo texto acionam outros dados, os quais são detidos pelo leitor. A construção do sentido textual nada mais é do que o preenchimento de lacunas do texto pelo leitor. Colocar o leitor frente a um texto não resulta necessariamente na com- preensão da leitura, que vai ocorrer apenas se existir uma relação de saberes entre quem lê e o que está escrito. Inclusive, para Chiodi (2008, p. 22), “[...] uma boa compreensão em leitura pressupõe, além do conhecimento linguístico propriamente dito, um repertório de informações exteriores ao texto [...]”. Modelo de leitura sem mediação sonora: o leitor reconhece e compreende as palavras como se fossem “ideogramas visuais”, considerando o contexto indi- vidualmente, sem precisar compreender a palavra sonoramente para chegar ao significado do que está escrito. Modelo da análise pela síntese: a noção contextual é fundamental. Nesse modelo, a leitura compreende uma série de processos (a formação de hipóteses, a síntese de dados e a confirmação/desconfirmação). Modelo das múltiplas hipóteses: cada um dos processos da análise pela síntese acontece em diversos níveis, selecionados de acordo com a necessidade e com a elaboração de hipóteses alternativas criadas pelo leitor. Modelo construtivista: o leitor estrutura a sua visão de mundo cognitiva por meio de esquemas, de scripts ou de frames que são ativados na interpretação de um texto. Modelo reconstrutor: a leitura ocorre por uma interação entre o leitor e o autor. Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora6 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Dessa forma, para Kato (1993), a compreensão leitora acontece apenas se forem atendidas algumas condições: o grau de maturidade do sujeito como leitor, o nível de complexidade do texto, o estilo individual e o gênero textual. Além disso, na visão de Kato (1993), os atos de falar ou de escrever um texto apenas atingem a plenitude se houver coerência no discurso produzido. Na visão da autora, a coerência textual ou discursiva depende de três níveis: a coerência global, a coerência local e a coerência temática. O primeiro nível, a coerência global, refere-se à adequação do texto em relação à visão de mundo do receptor. O segundo nível, a coerência local, diz respeito à consistência interna. E o último nível, a coerência temática, procuraresponder pela ma- nutenção do tópico do discurso. Segundo Chiodi (2008), para avaliar e analisar a compreensão de um texto, é necessário que se reflita sobre os questionamentos pertinentes. Ou seja, é necessário responder a perguntas centradas na superfície do texto, perguntas inferenciais e perguntas interpretativas. Essas perguntas, na visão da autora, distribuem-se em níveis de compreensão. As perguntas centradas na superfície do texto, por exemplo, têm a finalidade de verificar a capacidade da memória de trabalho, de curto e, também, de longo prazo. Já as perguntas inferenciais se voltam à análise das expectativas e deduções do leitor quanto às ideias contidas no texto, além de averiguar o conhecimento enciclopédico por ele detido. As perguntas interpretativas, por sua vez, envolvem julgamentos pessoais e verificam as reações do leitor a respeito das ideias apresentadas, comparando o ponto de vista do leitor com o ponto de vista exposto no texto (CHIODI, 2008, p. 30). Para Menegassi (1995), assim como para Chiodi (2008), a compreensão abrange diferentes níveis: o literal, o inferencial e o inferencial extratextual. No nível literal, o leitor se apropria das principais informações textuais explicitamente. No nível inferencial, pistas textuais são necessárias para que o leitor consiga atingir a compreensão leitora, pois as informações não estão expostas superficialmente. Já no nível inferencial extratextual, o leitor relaciona as informações textuais com seus conhecimentos prévios a respeito do tema tratado a fim de gerar uma informação que não está explícita no texto, mas que é apropriada à compreensão textual. Conhecer os diferentes níveis de compreensão pode auxiliar os leitores a se apropriarem de informações explícitas e implícitas do texto. Isso se dá a partir das características apresentadas e da interação dos leitores com a leitura, baseando-se no seu conhecimento de mundo. Seria uma grande perda 7Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce para o leitor não conseguir contemplar, mesmo de forma inconsciente, todos os níveis, pois somente a compreensão literal não alcançaria a totalidade das informações presentes no texto. Contudo, é importante ressaltar que o leitor não consegue atingir a compre- ensão textual sobre algo desconhecido. Por exemplo, para ler adequadamente algo sobre a dispersão de poluentes na superfície da atmosfera, o leitor precisa ter um conhecimento prévio sobre matemática aplicada, engenharia mecânica e engenharia ambiental. Segundo Leffa (1996), a compreensão leitora é sim- plesmente o resultado da interação adequada entre os dados apresentados no texto e o conhecimento prévio do leitor. Os horizontes da compreensão Todo texto apresenta informações, as quais não podem ser negadas, embora possam ter diferentes preenchimentos nas suas lacunas. Ou seja, por mais que a leitura seja livre, há um limite que deve ser respeitado para a sua compreensão. Sob essa perspectiva, Marcuschi (1996, p. 73) afi rma que “[...] compreender é inferir, criar, representar e propor sentidos. A noção de compreensão como simples ato de decodifi cação leva a fazer perguntas equivocadas [...]”. Além disso, “A compreensão depende de conhecimentos pessoais prévios e de informações textuais [...]”. Ou seja, na visão do autor, compreender um texto é um processo ativo, criativo e construtivo, que não se detém apenas nas infor- mações apresentadas pelo texto. Contudo, vale ressaltar que o texto apresenta um conteúdo discursivo já pronto e não apresenta aquilo que o leitor decide. Nessa perspectiva, Marcuschi (1996) apresenta cinco horizontes de com- preensão. Veja a seguir. Falta de horizonte (ou cópia): representa a repetição ou leitura colada ao texto original. Não há nenhum tipo de análise mais aprofundada em relação à leitura. É a própria decodificação, na qual o leitor somente absorve as informações explícitas ou quase explícitas apresentadas. Horizonte mínimo (paráfrase): o leitor continua preso ao texto e retoma as informações quase integralmente similares às originais; no entanto, o leitor já faz algumas inferências e preenche lacunas textuais previsíveis, como elipses. Horizonte máximo: o leitor se liberta, produzindo inferências com base nos implícitos, percebendo o sentido global do texto e lendo as entrelinhas. Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora8 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce Horizonte problemático (ou de extrapolação): ocorre quando leitor se afasta demasiadamente do texto. Nesse caso, ele privilegia seus conhecimentos pessoais em detrimento das informações presentes no texto, o que resulta em uma compreensão anômala. Horizonte indevido: o distanciamento do leitor em relação ao texto ultrapassa o nível problemático, uma vez que o leitor afirma a existência de informações que o texto não contempla. Como qualquer ato comunicativo, a leitura depende da atuação dos seus participantes: leitor, escritor e texto. Portanto, o leitor compreende o texto a seu modo. Na óptica de Colomer e Camps (2002, p. 57), a compreensão não é uma questão de um ou outro extremo, visto que, para as autoras, “Parece que o processamento em diferentes níveis não segue uma única direção ascendente (da letra ao texto) ou descendente (dos conhecimentos e hipóteses globais à letra), mas que há uma inter-relação constante entre eles [...]”. Obviamente, é necessário investigar as condições que influenciam a interpretação textual, mas é esperado que, ao final da leitura, a compreensão se ajuste mais ou menos à intenção do autor do texto, baseando-se nos fatores que condicionaram o grau de compreensão alcançado. 3 Estratégias leitoras: um sistema estrutural Como você viu, a leitura abrange não somente o ato de decodifi car algo escrito, mas também o de compreender o que é exposto em todas e quaisquer situações de interação humana. Contudo, há modos de processamento do texto: a leitura ascendente, a leitura descendente e a leitura interativa. No primeiro modo de leitura, a leitura ascendente, o leitor procura de- codificar os signos linguísticos em uma ordem crescente, começando pelas letras, seguindo para as palavras, para as frases e assim por diante. Os leitores, desse modo, leem de forma paulatina, pois absorvem o significado de cada parte textual mais vagarosamente e caracterizam-se como leitores passivos. Dessa maneira, esse tipo de leitor compreende apenas o significado global do texto lido; os dados do texto são os guias da leitura. A leitura descendente é feita pelo leitor ativo. Nela, o sentido textual é construído não somente pelo texto, mas também por meio do conhecimento prévio do leitor. Esse tipo de leitor lê velozmente, muitas vezes adivinhando as palavras em vez de lê-las. A informação internalizada não ocorre linear- mente e não se detém apenas no texto, pois o leitor utiliza o seu conhecimento 9Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce karou Realce prévio mais acentuadamente. Um dos impasses do modelo descendente é que, caso o leitor não tenha ou tenha pouco conhecimento sobre o assunto lido e, além disso, caso tenha pouco tempo para adivinhar as lacunas presentes no texto, a sua leitura será superficial e, talvez, apenas sirva para um simples reconhecimento de vocabulário. Já o terceiro tipo de leitura, a leitura interativa, ocorre quando o leitor une o seu conhecimento linguístico ao seu conhecimento de mundo. Isso possibilita análises mais profundas e a escolha da melhorinterpretação possível. Ou seja, esse tipo de processamento do texto é aquele que aprofunda a leitura com o conhecimento de mundo do leitor. Embora existam três modos de leitura, cada leitor tem uma estratégia que contempla um desses modos. De maneira geral, o interesse do linguista ou do professor não se relaciona somente ao produto final da leitura, mas ao modo como se chega até ele. Inclusive, é por tais motivos que existem diferentes tipos de questões de compreensão textual, como a ideia central do texto, o melhor título, o que se pode inferir em relação a determinado aspecto e assim por diante. Ou seja, estão em jogo as estratégias ou recursos que o leitor utiliza para atribuir significado ao texto e à leitura que faz dele. Brown (1980) define a metacognição como um conjunto de estratégias leitoras que planejam as atividades de leitura com o objetivo de atingir a compreensão. Para atingir a compreensão, na visão do autor, é necessário: determinar o objetivo da leitura; identificar a importância dos segmentos textuais; estar atento a aspectos mais relevantes do texto; avaliar a qualidade da compreensão que está sendo obtida da leitura; analisar se os objetivos da leitura estão sendo alcançados; providenciar medidas corretivas caso existam problemas na compreensão; organizar o curso leitor em situações de distração, divagações ou interrupções. Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora10 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Estratégias de leitura A leitura é um processo realizado por meio de inúmeros procedimentos e técnicas, que, para Leff a (1996, p. 17), “[...] incluem desde habilidades de baixo nível, executadas de modo automático na leitura profi ciente, até estratégias de alto nível, executadas de modo consciente [...]”. Ou seja, por intermédio das estratégias e métodos de leitura, é possível diferenciar leitores mais ou menos profi cientes. Leffa (1996), em seu livro Aspectos da leitura: uma perspectiva psico- linguística, apresenta pesquisas empíricas sobre bons e maus leitores. Os resultados das pesquisas foram convergentes, destacando que os bons leitores não leem impensadamente; pelo contrário, eles realizam uma leitura estratégica e consciente. Os pesquisadores perceberam que existem estratégias mais e menos eficazes para o preenchimento de lacunas textuais. Veja a seguir. Olshavsky (1978) classificou as estratégias relatadas pelos leitores em ordem decrescente de frequência: (1) infere, (2) levanta hipóteses, (3) desiste de entender uma palavra, (4) substitui palavra por sinônimo, (5) identifica-se pessoalmente com o texto, (6) relê o que não entendeu, (7) procura fontes de informação adicional, (8) salta sobre as palavras desconhecidas, (9) desiste de entender uma oração, (10) procura visu- alizar, (11) faz conclusões pessoais. Alvermann e Ratekin (1982) ordenaram as estratégias, também em ordem decrescente, de acordo com sua eficácia: (1) reler, (2) ler devagar e com atenção, (3) ler procurando identificar as ideias principais, (4) identificar-se pessoalmente com o texto, (5) criar uma imagem mental dos dados do texto, (7) não usar estratégia específica. Collins e Smith (1980), em ordem crescente, classificaram seis estraté- gias: (1) ignorar e ler adiante, (2) suspender a atribuição de significado, (3) formar uma hipótese provisória, (4) reler a frase, (5) reler o texto anterior, (6) buscar esclarecimento numa fonte especializada. 11Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Embora Olshavsky (1978) tenha organizado as estratégias de leitura de acordo com a sua pesquisa empírica, o autor percebeu que um bom leitor não se caracteriza apenas por utilizar estratégias no ato de ler. Além de usar estratégias, o bom leitor também se qualifica de acordo com as suas condições momentâneas para determinado texto. Ou seja, antes de uma leitura estratégica, é necessário analisar três aspectos: (a) interesse do aluno, (b) proficiência de leitura e (c) estilo do texto (concreto versus abstrato). Na visão de Kato (2003), há distintas e inúmeras estratégias que os leitores empregam no ato da leitura, que funcionam como um alicerce colaborativo, com o objetivo de amparar a compreensão textual. No entanto, assim como para Olshavsky (1976), para a autora, o sucesso de um bom leitor não decorre somente de estratégias de leitura, mas também depende de outras condições: a) do grau de maturidade do sujeito como leitor; b) do nível de complexidade do texto; c) do objetivo da leitura; d) do grau de conhecimento prévio sobre o assunto tratado; e) do estilo individual do leitor. Portanto, as estratégias parecem ser eficazes apenas na medida em que são usadas para determinados objetivos em contextos específicos. De modo geral, para Leffa (1996), os leitores proficientes aparentemente seguem um modelo que se organiza em três fases: 1. identificam a falha ocorrida na compreensão, avaliando a extensão do texto envolvido; 2. comparam o que deixaram de compreender com o objetivo perseguido na leitura; 3. escolhem uma estratégia que economiza tempo (por exemplo, ignorar o problema e ler adiante) se a falha observada não afeta o objetivo, ou adotam uma estratégia mais dispendiosa de tempo (por exemplo, reler) se o que não compreenderam refere-se ao que estão procurando no texto. Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora12 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Ou seja, embora existam situações específicas para cada leitor, os bons leitores sempre farão uma leitura com mais ou menos estratégias, mas nunca a farão ingenuamente. No link a seguir, acesse um guia sobre teoria e prática de leitura. https://qrgo.page.link/wdeeo Características indispensáveis para uma leitura proficiente Como você viu, ser um bom ou um mau leitor não depende exclusivamente das estratégias de leitura que um sujeito utiliza, mas também de outras condições. Por mais que um professor de economia seja um leitor assíduo de revistas internacionais, provavelmente a sua leitura fl uida não ocorrerá em uma revista de medicina, por exemplo. Ou seja, nesse contexto, o grau de conhecimento prévio do leitor é algo que deve ser considerado. No entanto, na visão de Leffa (1996), embora existam estratégias de leitura, o ato de ler é um tipo de atividade que pode ser consciente ou não. Caso o leitor tenha noção dos seus objetivos em determinada leitura e utilize estratégias para alcançá-los, sua atividade leitora envolverá uma introspecção consciente. No entanto, se a leitura ocorrer rápida e facilmente, de forma linear, centrada no conteúdo, sem muitas inferências, será uma atividade intuitiva. Ter ou não ter consciência na leitura corresponde diretamente a atividades cerebrais que podem ser metacognitivas ou cognitivas. Quando o leitor tem lucidez da sua leitura e utiliza estratégias para alcançar a sua compreensão, trata-se de uma atividade metacognitiva; todavia, caso o leitor exercite o ato 13Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce karou Realce de ler sem nenhum tipo de intencionalidade, de maneira inconsciente, trata-se de uma atividade cognitiva. Inclusive, as estratégias metacognitivas podem auxiliar nas carências linguísticas presentes em um leitor, como pontua Leffa (1996, p. 64): Os estudos metacognitivos têm, finalmente, destacado a importância do uso de estratégias pelo leitor para a compreensão do texto. O domínio dessas estratégias não é apenas um conhecimento adicional ao conhecimento que o leitor já possui da língua, mas um conhecimento complementar, que às vezes pode até compensar deficiências linguísticas do leitor. Em todas as pesquisasanalisadas por Leffa (1996), desde as primeiras com Smith, em 1967, os resultados foram semelhantes. Os leitores mais competentes tinham mais noção do seu comportamento leitor. Além disso, enquanto os leitores mais hábeis utilizavam a leitura como forma de absorção de conhe- cimento, por meio de estratégias leitoras, os leitores ineficientes não tinham consciência estratégica e tampouco percebiam a leitura como algo além de um processo linear de decodificação. Veja o que afirma Leffa (1996, p. 49): A metacognição da leitura trata do problema do monitoramento da compre- ensão feito pelo próprio leitor durante o ato da leitura. O leitor, em determi- nados momentos de sua leitura, volta-se para si mesmo e se concentra não no conteúdo do que está lendo, mas nos processos que conscientemente utiliza para chegar ao conteúdo. Dessa forma, a leitura metacognitiva é observada nos bons leitores, capa- zes de analisar os processos de captação de mensagem do texto. Já a leitura cognitiva é realizada por leitores que não analisam o processo de significação textual. As pesquisas avaliaram um grupo de alunos com o mesmo nível escolar, e as perguntas eram específicas, com objetivos bem claros em relação a determinado texto, por exemplo: (1) obter uma compreensão detalhada do texto, ou (2) obter apenas a ideia geral. Leffa (1996), baseando-se nas pesquisas metacognitivas e cognitivas em relação a estratégias de leitura em bons e maus leitores, apre- sentou as pesquisas de Smith (1967), Olshavsky (1976), Hare (1981) e Canney e Winograd (1979). A seguir, no Quadro 1, veja os resultados das pesquisas feitas pelos linguistas em relação às estratégias de leitura. Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora14 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 karou Realce karou Realce Fonte: Adaptado de Leffa (1996). Pesquisadores Smith (1967) Olshavsky (1976) Hare (1981) Canney e Winograd (1979) Conclusões Os leitores fluentes ajustaram os métodos de leitura de acordo com os objetivos específicos das perguntas em relação ao texto. Eles relaciona- ram ideias e revisaram o conteúdo. Todos os leitores fracos, independen- temente do objetivo, liam de maneira uniforme. Todos os leitores leram textos mais concretos e mais abstratos. Os leitores proficientes, com grande interesse, lendo mate- rial abstrato, usaram certas estratégias com mais frequência do que os leitores fracos, com pouco interesse, lendo material concreto. Os bons leito- res, além de terem consci- ência de suas próprias estra- tégias, eram também mais capazes de descrevê-las e discuti-las. Os maus leitores não se deram conta de que exis- tem estraté- gias de leitura. Enquanto os leitores fluen- tes tendem a descrever a leitura como um meio de obtenção de significado por meio do uso de estratégias adequadas, os leitores fracos não têm no- ção do uso de estratégias e veem a leitura como um pro- cesso linear de decodifica- ção, em que as palavras devem ser pronunciadas uma a uma. Quadro 1. Pesquisas sobre estratégias de leitura Leffa (1996) concluiu que os leitores proficientes descrevem a leitura como um meio de obtenção de significado a partir do uso de estratégias adequadas. Ou seja, eles possuem o comportamento metacognitivo, pois refletem acerca do processo de compreensão textual. Já os leitores fracos não têm noção do uso de estratégias e veem a leitura como um processo linear de decodificação inconsciente, ou seja, eles possuem comportamento cognitivo. 15Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 ADAMS, W. R. The reading light. Fort Worth: Harcourt, 1996. ALVERMANN, D.; RATEKIN, N. Metacognitive knowledge about reading proficiency: its relation to studies strategies and task demands. Journal of Reading Behavior, [s. l.], v. 14, n. 3, p. 231–241, 1982. BAKHTIN, M. O problema do texto na linguística, na filologia e em outras ciências humanas. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 307–335. BROWN, A. L. Metacognitive development and reading. In: SPIRO, R. J.; BRUCE, B. C.; BREWER, W. F. (org.). 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Letramento: a aquisição da leitura e o desenvolvimento da competência leitora16 Évany Cristina Campos - evanycccampos@gmail.com - CPF: 137.570.576-86 Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. OLSHAVSKY, J. E. Comprehension profiles of good and poor readers across material of incrasing difficulty. In: PEARSON, P. D.; HANSEN, J. (org.). Reading: disciplined inquiry in process and practice. Clemson: National Reading Conference, 1978. p. 69–85. OLSHAVSKY, J. E. Reading as problem solving; an investigation of strategies. Reading Research Quarterly, [s. l.], v. 12, p. 654–674, 1976. ROJO, R. H. R. 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