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ENGENHARIA DE SANEAMENTO BÁSICO E AMBIENTAL Hidrologia Aplicada EVAPORAÇÃO e EVAPOTRANSPIRAÇÃO 2 HIDROLOGIA APLICADA Evaporação e Evapotranspiração Na fase terrestre do ciclo hidrológico, a evaporação e a transpiração são os processos físicos responsáveis pelas perdas de água da superfície para a atmosfera. Aos processos de evaporação e transpiração é atribuído o nome de evapotranspiração. 2012 3 EVAPOTRANSPIRAÇÃO TRANSPIRAÇÃO PLANTAS EVAPORAÇÃO SUPERFÍCIE LIVRE SOLOSSUPERFÍCIES DAS VEGETAÇÕES Interceptação vegetal Lagos, reservatórios, poças e oceanos. Envolve a remoção da água dos solos pelas plantas; transporte de água pelos caules, folhas e interior das folhas para a atmosfera. 4 Evapotranspiração Grandezas características É comum referir-se à evapotranspiração em termos de altura de líquido, como se as quantidades evaporadas fossem distribuídas de maneira homogênea e uniforme sobre toda a bacia hidrográfica. Sendo em “mm” a unidade mais difundida no Brasil. Outra forma de expressar a evapotranspiração é em termos da taxa no tempo. Ou seja, “mm/dia” ou “mm/h”. Evapotranspiração potencial (ETP) É controlada pelas condições da atmosfera. Ou seja, quando a água disponível na superfície é ilimitada, como no caso dos oceanos e reservatórios. Evapotranspiração real (ETR) É controlada pelas condições/disponibilidades de água da superfície. Por exemplo, é limitada pelo conteúdo de umidade do solo ou pelo comportamento fisiológico da vegetação. 5 6 Evapotranspiração potencial (ETP): quantidade de água transferida para a atmosfera por evaporação e transpiração, na unidade de tempo, de uma superfície extensa completamente coberta de vegetação de porte baixo e bem suprida de água. Pode ser obtida a partir de modelos baseados em leis da física e relações empíricas de forma rápida e suficientemente precisas. Evapotranspiração potencial é a máxima evapotranspiração que ocorreria se o solo dispusesse de suprimento de água suficiente. Evapotranspiração real (ETR): quantidade de água transferida para a atmosfera por evaporação e transpiração, nas condições reais (existentes) de fatores atmosféricos e umidade do solo. A evapotranspiração real é igual ou menor que a evapotranspiração potencial (ETR ≤ ETP), e é de difícil obtenção pois demandam longo tempo de observação. Em peri�odos prolongados de estiagens em que os solos tornam-se mais secos, a evapotranspirac�a�o real e� sempre menor do que a potencial. Evapotranspiração Principais Aplicações Projetos de irrigação; evaporação de reservatórios; uso da água subterrânea; planejamento de recursos hídricos; qualidade das águas; prevenção de incêndios florestais; aquecimento global. Fatores que influenciam a evapotranspiração Meteorológicos • Radiação disponível: energia do Sol • Temperatura: >Tè > PVS • UR alta: > Vapor d’águaè > Teor Umid.è < Evap (ar saturado). • UR baixa: < Vapor d’águaè < Teor Umid.è > Evap (ar mais seco). • Déficit de pressão de vapor: pequena influência, apreciada p/ gdes variações de altitude: > Hè < Pressãoè > Evap ; • Velocidade do vento: renovação do ar, afastamento das massas de ar c/ elevado grau de umidade. 7 8 Fatores que influenciam na evaporação • Características da superfície evaporante; • Qualidade das águas (salinidade / turbidez); • Profundidade, tamanho e forma do espelho d’água; • Presença de cobertura vegetal; • Conteúdo de umidade e características hidráulicas dos solos; • Profundidade do lençol freático. 9 Meios utilizados para determinação da evaporação e evapotranspiração: Evaporação Métodos de avaliação direta da evaporação Tanques Evaporimétricos Sendo o mais comum, o tanque classe A. É recomendável que seja aplicado um coeficiente redutor às leituras do tanque evaporimétrico para que sejam considerados os efeitos de superestimação das taxas de evaporação devido ao aquecimento das paredes do tanque. A WMO recomenda coeficientes entre 0,67 e 0,81, que varia de acordo com o tipo do tanque, local e estação do ano. O valor de 0,70 é freqüentemente utilizado no Brasil. 10 Evaporação Instrumentos para monitoramento Tanque Evaporimétrico Classe A Estação Climatológica Urbana do CEFET-RJ 11 12 Procedimento da medida: 1) Efetuar a leitura atual do nível d �água no tanque; 2) Observar se houve chuva; 3) Se houve chuva acrescentar na leitura a altura pluviométrica; 4) Comparar com a leitura anterior e calcular a diferença entre as leituras anterior e atual, sendo o resultado a leitura da evaporação (potencial). Atenção: Caso seja observado que o tanque está sem água ou se houver ocorrido transbordamento do tanque, a leitura será perdida. Ao final dos procedimentos verificar a necessidade de acrescentar ou retirar água do tanque. No tanque Classe A é recomendado que o nível d’água esteja a 7,5 cm a partir da borda. O valor da evaporação potencial deve ser calculado considerando o fator redutor recomendado para o tanque classe A: Ep=kk x Leitura Tanque. Em alguns estudos particulares pode ser recomendada a variação dos valores de “kk” ao longo do tempo. Evaporação Instrumentos para monitoramento: Evaporímetro de Pichè http://www.rumtor.com/piche.htm http://www.imn.ac.cr/educa/instrumentos/Evapiche.htm 13 Tubo cilíndrico de vidro, de 25 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro. O tubo é graduado e fechado em sua parte superior; a abertura inferior é obturada por uma folha circular de papel-filtro padronizado, de 30 mm de diâmetro e de 0,5 mm de espessura, fixado por capilaridade e manAdo por uma mola. O aparelho é previamente preenchido de água desAlada, a qual se evapora progressivamente pela folha de papel-filtro; a diminuição do nível d ́água no tubo permite calcular a taxa de evaporação. Não leva em conta a insolação pois instalado em abrigo. Variação do Tanque Classe A p/ Piché: 0,45 a 0,65. http://www.rumtor.com/piche.htm http://www.imn.ac.cr/educa/instrumentos/Evapiche.htm Evaporação Métodos de avaliação indireta da evaporação Balanço hídrico Consiste na aplicação da equação de conservação de massa. No caso de bacias hidrográficas, em geral, é possível avaliar a evaporação real por: !"#$% = ' − ) − ∆+ onde: P é a precipitação total anual; Q é a vazão média anual; DS é o acréscimo no armazenamento na bacia hidrográfica. 14 15 E = P - Q Evapotranspiração O termo DS é de difícil obtenção, o que contribui para o aumento das incertezas já existentes na aplicação da equação. Mas em termos anuais, pode-se admitir que a variação da quantidade de água armazenada no solo é nula, ou seja, toda a água precipitada já foi transformada em escoamento. Assim, a equação de balanço hídrico é mais freqüentemente aplicada para determinação da evapotranspiração real em bacias hidrográficas em termos anuais, sendo: !"#$% = '$()$% − +$()$% ,, Onde: Panual é a precipitação total anual em “mm”; Qanual é a vazão média anual em termos de altura de líquido, como se a vazão fosse distribuída de maneira homogênea e uniforme sobre toda a bacia hidrográfica. Nesse caso dada em “mm”. 16 Evaporação No caso da aplicação da equação de balanço hídrico em reservatórios: !"#$ = & − ( − ∆* ++ !"#$ = , + ./ − .# − ∆* ++ onde: I = (P + Qa) é o volume afluente ao reservatório, dado em termos de altura de líquido ou lâmina d’água sobre a superfície do reservatório acrescido da precipitação sobre a superfície do reservatório. Nesse caso, dado em “mm”; O = Qe é o volume efluente do reservatório, dado em termos de altura de líquido ou lâmina d’água sobre a superfície do reservatório acrescido das perdas por infiltração através das “paredes” do reservatório (em geral são desprezíveis). Nesse caso, dado em “mm”; DS é a variação do armazenamento de água no reservatório no período em que se deseja estimar as perdas por evaporação, dado em termos de altura de líquido ou lâmina d’água sobre a superfície do reservatório. Nesse caso, dado em “mm”. 17 2012 18 Aplicação de balanço hídrico em reservatórios • Balanço Hídrico (alternativa)Determinação da evaporação com base na equação da continuidade para lagos e reservatórios: 19 V: volume de água contido no reservatório; t: tempo; I: vazão total de entrada no reservatório; Q: vazão de saída do reservatório E0: evaporação; P: precipitação sobre o reservatório; A: área do reservatório ∆" ∆# = % − ' − (). + + -. + () = % − ' + + - − ∆"∆# 20 E0: evaporação (mm); A: área da superfície do reservatório no mês (Km2); P: precipitação em mm/mês; Qe e Qs: vazões médias de entrada e de saída no mês em m3/s V: volume em m3. (*) equação válida para mês com 30 dias. Balanço Hídrico (alternativa) Evapotranspiração Fórmulas baseadas na temperatura Thornthwaite: onde: E é a evapotranspiração potencial mensal em “mm”; fc é um fator de correção que depende da latitude e mês (tabela); T é a temperatura média mensal em ºC; I é um índice dado por: 21 ! = #$×16 10×) * + * = , -./ -./0 )- 5 /,3/4 5 = 6,75×1078. *: − 7,71×1073. *0 + 1,792×1070. * + 0,49239 22 Livro: Hidrologia, Ciência e Aplicação (Tucci, C.E.M.) Evapotranspiração Exercício: Calcule a evapotranspiração potencial (ETP) mensal de um determinado local onde as temperaturas médias mensais são dadas na Tabela ao lado. Considere fc para Latitude de 5° S e utilize a Eq. de Thornthwaite no cálculo da ETP. 24 Mês Temperatura fc Janeiro 24,6 1,04 Fevereiro 24,8 0,95 Março 23,0 1,04 Abril 20,0 1,00 Maio 16,8 1,02 Junho 14,4 0,99 Julho 14,6 1,02 Agosto 15,3 1,03 Setembro 16,5 1,00 Outubro 17,5 1,05 Novembro 21,4 1,03 Dezembro 25,5 1,06 fc I ETP (mm/mês) 1,04 11,16 119,86 0,95 11,30 111,37 1,04 10,08 104,09 1 8,16 74,65 1,02 6,26 52,81 0,99 4,96 37,09 1,02 5,07 39,34 1,03 5,44 43,83 1 6,10 49,85 1,05 6,66 59,23 1,03 9,04 88,61 1,06 11,78 131,74 I = 96,00 912,46 mm/ano a = 2,098 INFILTRAÇÃO 25 HIDROLOGIA APLICADA 26 INFILTRAÇÃO Os processos físicos relacionados ao fluxo de água no solo ou da infiltração têm um papel central na fase terrestre do ciclo hidrológico. Parte da água que penetra nos solos fica armazenada no solo, sendo esta disponível para a evaporação e evapotranspiração. O restante pode escoar lateralmente ou penetrar até a região saturada do solo, de modo a reabastecer as reservas subterrâneas. A determinação das propriedades físicas e hidráulicas dos solos depende diretamente da quantificação da precipitação, capaz de penetrar no solo ou escoar superficialmente. 28 O fluxo de água no solo também é capaz de influenciar na qualidade das águas superficiais, sub- superficiais e subterrâneas, pois serve como veículo de contaminantes durante os processos de circulação de água na terra. Aplicações associadas Projetos de drenagem rural, Projetos de irrigação, Setor Agrícola Planejamento urbano/controle de enchentes Estudos ambientais: estudos de mudanças climáticas, aspectos ligados a qualidade das águas, erosão Planejamento e Gerenciamento de recursos hídricos 29 Perfil Transversal do Solo 31 Grandezas características da Infiltração Infiltração / Armazenamento / Recarga do lençol subterrâneo Essas grandezas dependem das propriedades físicas e hídricas dos solos, como densidade, umidade, grau de saturação, porosidade e índice de vazios, cujos valores são determinados por amostragem, ensaios laboratoriais e equipamentos específicos de medição. PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO Densidade das partículas rs - densidade das partículas (g cm-3) ms - massa dos sólidos ou peso do solo seco Vs - volume sólido (das partículas) Sem dados, assume-se o valor da rs igual a 2,65 g cm-3. Umidade ⩉ - umidade Va - volume de água " = $% $&'% = () $& ') = () $) Densidade aparente ra - densidade aparente (g cm-3) ms – massa de sólidos VT - volume total 32 Grau de saturação S – grau de saturação Va - volume de água Vv - volume de vazios Expressa-se o grau de saturação em termos percentuais. Quando S=1 ou 100%, diz-se que o solo está saturado e q= qsat. Freqüentemente adota-se o valor de qsat como estimativa para a porosidade total dos solo. v a V VS = Porosidade f - porosidade total Vv – volume de vazios e – índice de vazios ∅ = #$ #% ∅ = 1 − ()(* ∅ = + 1 + + e = #$ #. + = ∅ 1 + ∅ Índice de vazios e- o índice de vazios Vv - volume de vazios Vs - volume de sólidos PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DO SOLO 33 Condutividade Hidráulica (Lei de Darcy) A condutividade hidráulica (K) do solo está relacionada com a habilidade do material (solo + fluido) em transmitir o fluido. O valor K pode ser determinado para diferentes tipos de materiais em laboratório ou em experimentos de campo. Zona Não Saturada Zona Saturada Nível de Água do Lençol Freático Poros c/ Água e Ar Poros c/ Água Classificação quanto a textura do solo Separa o solo em intervalos específicos de tamanhos de partículas. 34 Tipo Diâmetro (mm) Argila < 0,002 Silte 0,002 a 0,05 Areia muito fina 0,05 a 0,10 Areia fina 0,10 a 0,25 Areia média 0,25 a 0,50 Areia grossa 0,50 a 1,00 Areia muito grossa 1,00 a 2,00 Nos Estados Unidos, as menores partículas são partículas de argila e são classificados pelo USDA em diâmetros com menos de 0,002 milímetros (tabela). Outros países têm as suas próprias classificações de tamanho de partículas. No Brasil a classificação do USDA é bastante usada. Os ensaios de granulometria são aplicados para a classificação da textura. Chuva excedente Chuva infiltrada 35 CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO Parcela da chuva que se transforma em escoamento superficial devido ao excesso de chuva sobre a capacidade de infiltração da água no solo. A precipitação efetiva (Pe) ou chuva excedente é igual ao volume do escoamento superficial (Ve) dividido pela área da bacia (Abacia). Velocidade de infiltração e infiltração acumulada em função do tempo para solo inicialmente seco e úmido. Infiltração da água nos solos ü Capacidade de infiltração (Ci): é a infiltração que pode ocorrer se houver precipitação maior ou igual a esta taxa; ü Infiltração real (IR): é a infiltração que realmente ocorre em cada intervalo de tempo. ü Taxa de infiltração (Ti): ou velocidade de infiltração é a lâmina de água (volume de água por unidade de área) que atravessa a super@cie do solo, por unidade de tempo. P > Ci è IR = Ci = Ti è pode ocorrer ES P < Ci è IR = P = Ti è não há formação de ES 36 37 Capacidade de infiltração da água nos solos Variação das taxas de infiltração em função das características do solo Principais fatores que influenciam a infiltração ✓intensidade da precipitação ✓características físicas e hídricas do solo • vegetação • grau de saturação da superfície do solo / umidade • grau de compactação da superfície do terreno • temperatura do solo 40 Determinação da capacidade de infiltração São usados em geral duas técnicas para avaliação da capacidade de infiltração: (a) infiltrômetros, que consistem de dois anéis concêntricos. Durante o ensaio, os dois anéis são cravados no terreno, a água é aplicada na superfície de ambos anéis. Procura-se manter uma lâmina d’água constante de 5 a 10 mm. Monitorando-se a taxa de aplicação de água e dividindo-se pela área da seção transversal do anel, obtém-se a capacidade de infiltração. (b) aspersores, consiste na simulação de precipitação sobre determinada região. Por balanço hídrico, deduz-se os valores de capacidade de infiltração. Eventualmente são instalados pluviômetros ou pluviógrafos e técnicas para avaliação do escoamento superficial. 41 Determinação da capacidade de infiltração 42 Experimentos Região Noroeste Fluminense, São José de Ubá (Ottoni, 2007) Equações para cálculo da capacidade de infiltração Equação de Darcy para cálculo da taxa de infiltração em solos não saturados: A Lei de Darcy, estabelecida originariamente em meio saturado, pode ser generalizada para condições não saturadas. Nesse caso, o gradiente hidráulico considera apenas a componente vertical para baixo (e assume-se sinal negativo), e soma-seos potenciais matricial e gravitacional. 43 ! = −$ % . '%'( − 1 44 A condutividade hidráulica (K) é a constante de proporcionalidade da Lei de Darcy que baseia-se na similaridade entre o escoamento através do solo saturado e o escoamento laminar em tubos. Assume-se que a água escoando de um ponto de maior carga hidráulica para um de menor, perde energia devido aos efeitos de atrito em sua trajetória proporcionalmente à velocidade da água. Os experimentos de Darcy em areias saturadas indicaram que a vazão através do solo saturado era diretamente proporcional à perda de carga e à área da seção de escoamento, e inversamente proporcional à trajetória percorrida pela água. A lei de Darcy é expressa por: onde: Q – é a vazão (m3/s) v – velocidade (m/s) t – tempo (s) DH – variação da carga hidráulica ou perda de carga ao longo da trajetória de comprimento L (em m) e área de seção transversal A (em m2) q – é o chamado fluxo de Darcy (m/s) K – é a condutividade hidráulica (m/s) ! = # $ ∝ &∆( ) * = ! & = # &$ ∝ ∆( ) * = + ∆() Equação de Richards A combinação das aplicações da lei de Darcy generalizada para meios não saturados com a lei de conservação de massa (equação da continuidade) resulta na equação de Richards. A equação diferencial de Richards pode ser apresentada em função do potencial, da umidade, ou de forma combinada. A equação de Richards não apresenta solução analítica e pode ser resolvida para representar o escoamento da água na região não saturada do solo pelo método das diferenças finitas. Equação de Horton A formulação de Horton, de 1940, tem sido bastante aplicada para representar a capacidade de infiltração, onde f e F são respectivamente a capacidade de infiltração e a capacidade de infiltração acumulada (volume). 46 f - capacidade de infiltração em mm/h f0 - capacidade de infiltração inicial (t=0) em mm/h; fc - capacidade de infiltração final ou mínima em mm/h; Muitas vezes aproximada pelo valor de KSAT; k - parâmetro que depende do tipo de solo e das condições iniciais de umidade em t-1; t - é o tempo; F - quantidade infiltrada acumulada se houver água suficiente em mm. Integrando p/ ajuste da equação de Horton 47 Método SCS para cálculo da Precipitação Efe7va Precipitação efetiva (Pef) é a parcela do total precipitado que gera escoamento superficial. Resultado da subtração dos volumes evaporados, retidos ou infiltrados da precipitação total – que pode ser obtido a partir das equações de infiltração, de índices, etc. Para a determinação da Pef pode ser qualquer uma das metodologias apresentadas: SCS, Horton (infiltração) e índice ⏀. Escoamento superficial é definido pelo escoamento que ocorre sobre a superfície da bacia como excedente da infiltração (precipitação efetiva). Numa bacia grande, parte do escoamento sub-superficial se transforma em escoamento superficial. Método SCS para cálculo da Precipitação Efetiva Para este método a precipitação efetiva é calculada pela equação seguinte: Onde: Pe Þ Precipitação Efetiva (mm); P Þ Precipitação (mm); S Þ Capacidade de Armazenamento (mm); Ia = 0,2 . S Þ Abstração Inicial. → Para P ³ Ia Se P < Ia → Pe = 0 50 Capacidade de Armazenamento do Solo (S) Este método permite determinar a capacidade de armazenamento do solo (S) em função do grupo de solo (A, B, C ou D), da umidade antecedente e do uso do solo pela equação: Onde: S Þ Capacidade de Armazenamento do solo (mm); CN Þ Valor da curva número e é função do grupo de solo, umidade antecedente e uso do solo. 51 ! = 25400 '( − 254 ü Parcela da chuva que se transforma em escoamento superficial devido ao excesso de chuva sobre a capacidade de infiltração da água no solo: ü Separando o hidrograma superficial, a precipitação efetiva deve ser igual ao volume do escoamento superficial dividido pela área da bacia. t Precipitação Efetiva (Pe): Parte da Chuva que infiltra i, f Precipitação Efetiva em função da capacidade de infiltração da água no solo üVaria com as características da bacia (bacias impermeáveis geram maior escoamento superficial relativamente): üáreas urbanas: 0,7 < C < 0,9; üáreas rurais: 0,1 < C < 0,3. Escoamento Superficial Grandezas Características Coeficiente de Escoamento Superficial (C): ou deflúvio superficial, ou coeficiente de run off, é definido pela razão do volume de água escoado superficialmente por ocasião de uma chuva, Vescoa, pelo volume de água precipitada, Vprecipita: O parâmetro CN depende do tipo, condições de uso e ocupação e umidade do solo no período que antecede ao evento. Grupo A – Solos arenosos profundos; tem alta capacidade de infiltração e geram pequenos escoamentos; Grupo B – Solos franco arenosos pouco profundos; tem menor capacidade de infiltração e geram maiores escoamentos do que o solo A; Grupo C – Solos franco argilosos; tem menor capacidade de infiltração e geram maiores escoamento do que A e B; Grupo D – Solos argilosos expansivos; tem baixa capacidade de infiltração e geram grandes escoamentos. Grupos Hidrometeorológicos do Solo Taxas de infiltração da água no solo para diferentes grupos de solo conforme modelo SCS 55 Condição I (seca: P5dias < 13 mm) Condição II (normal: 13 < P5dias < 53 mm) Condição III (úmida: P5dias > 53 mm) O método prevê três condições de umidade antecedente do solo em função da chuva ocorrida nos dias anteriores (Condições de Umidade Antecedente do Solo I, II e III), e corrige os valores do parâmetro CN para estas condições: Condições de Umidade Antecedente do Solo 56 Valores de CN para condição II de umidade média antecedente 57 58 Exercício: A bacia hidrográfica do Rio Capivari, com a predominância de solo :po B, é monitorada pela estação do Alerta Rio, conforme dados de precipitação apresentados na tabela a seguir. Determine ao final do período a parcela infiltrada e a chuva excedente (escoa superficialmente), a par:r do método de Horton. Calcule a precipitação efe7va (chuva excedente) pelo método do SCS para áreas residenciais com lotes de 2000m2. Δt (h) 0 - 1 1 - 2 2 - 3 3 - 4 4 - 5 P (mm) 5 15 20 25 15 Intervalo Tempo Total Potencialidade Potencialidade Quantidade Chuva de tempo (h) Precipitado de infiltração: de infiltração em Infiltrada Excedente (h) (mm) F (mm) cada Dt (mm) (mm) (mm) 0-1 1 5 93,3 93,3 5,0 0,0 1-2 2 15 116,3 23,0 15,0 0,0 2-3 3 20 129,8 13,5 13,5 6,5 3-4 4 25 142,0 12,2 12,2 12,8 4-5 5 15 154,0 12,0 12,0 3,0 80 57,7 22,3 Intervalo de tempo (h) Tempo Chuva em cada Dt Chuva acumulada Chuva excedente acumulada (mm) Chuva excedente em cada Dt Chuva infiltrada (h) (mm) (mm) (mm) (mm) 0 – 1 1 5 5 0,0 0,0 5,0 1 – 2 2 15 20 0,0 0,0 15,0 2 – 3 3 20 40 2,6 2,6 17,4 3 – 4 4 25 65 12,3 9,7 15,3 4 – 5 5 15 80 20,3 8,0 7,0 20,3 59,7 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 1 2 3 4 5 Pr ec ip ita çã o e In fil tra çã o (m m ) t (horas) Excedente Infiltrada 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 1 2 3 4 5 Pr ec ip ita çã o e In fil tra çã o (m m ) t (horas) Excedent e Horton SCS ESCOAMENTO SUPERFICIAL e ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO 60 HIDROLOGIA APLICADA 61 PARCELAS DO ESCOAMENTO Escoamento que ocorre sobre a superfície da bacia como excedente da infiltração (precipitação efetiva). Importância para o Engenheiro: A maioria dos estudos e projetos realizados está ligada ao aproveitamento da água superficial e à mitigação de efeitos dos eventos extremos. Escoamento Superficial Escoamento Superficial Fatores de influência Fatores Climáticos: resultam das características de intensidade e duração da precipitação, bem como da ocorrência de uma precipitação anterior. ➥ quanto maior a intensidade da precipitação, mais rápido o solo atinge a sua capacidade de infiltração (o excesso de precipitação poderá, então, escoar superficialmente); ➥ a duração da precipitação tem influência direta no escoamento superficial, pois, para chuva de intensidade constante, haverá tanto mais oportunidade de ocorrer escoamento quanto maior for a duraçãoda chuva; ➥ a precipitação que ocorre quando o solo está úmido (devido a uma chuva anterior) ter maior chance de produzir escoamento superficial. Fatores Fisiográficos: a área e a forma da bacia hidrográfica, a permeabilidade e a capacidade de infiltração do solo e a topografia da bacia. � A área da bacia: pois é a coletora da água de chuva: quanto maior a sua extensão, maior a quan@dade de água que pode captar. Bacias compactas tendem a concentrar o escoamento no canal principal que drena a bacia, aumentando os riscos de inundação. � A permeabilidade do solo, isto é, quanto mais permeável o solo, maior a velocidade para absorver a água e, logo, maior a quan@dade de água que penetra pela superBcie do solo por unidade de tempo – o que diminui o escoamento superficial. � O efeito da topografia, através da declividade da bacia, da presença de depressões acumuladoras na superBcie do solo, bem como do traçado e da declividade dos cursos d’água que drenam esta bacia. Escoamento Superficial Fatores de influência Obras Hidráulicas: construídas ao longo das seções dos rios de uma bacia � Uma barragem, ao acumular água em seu reservatório, reduz as vazões máximas do escoamento superficial e retarda a sua propagação para jusante. � A re0ficação de um rio produz um efeito inverso ao da barragem; em um curso d’água reEficado tem-se aumentada a velocidade do escoamento superficial. � A derivação de água da bacia, ou para a bacia, bem como o uso da água para irrigação ou a drenagem do terreno, podem consEtuir-se em fatores a considerar. Escoamento Superficial Fatores de influência Escoamento Superficial Grandezas Características a) Vazão (Q): A vazão ou deflúvio, isto é, o volume de água escoado na unidade de tempo, é a principal grandeza que caracteriza um escoamento. As unidades normalmente adotadas são o m3/s ou o L/s. b) Precipitação Efe4va (ou Precipitação Excedente), Pef ou Pe: é a medida da altura, Pe, da parcela da chuva caída que provoca o escoamento superficial. Resultado da subtração dos volumes evaporados, reLdos ou infiltrados da precipitação total. Para a determinação da Pef pode ser uLlizada qualquer uma das metodologias apresentadas: índice φ, SCS ou Horton (infiltração). Escoamento Superficial Precipitação Efetiva – Índice φ Em forma de algoritmo: 1. Computar, para cada intervalo de tempo, a precipitação ocorrida. 2. Deduzir da precipitação total (P) , a quanBdade de água escoada (Q). 3. Dividir o valor obBdo pelo tempo de duração total da chuva. Obtém-se desta forma o φ hipoté(co. 4. Comparar o φ h com as precipitações observadas em cada intervalo de tempo. Caso, em algum intervalo, a precipitação tenha sido inferior ao φ h , excluir do calculo e repeBr o processo. Escoamento Superficial Precipitação Efetiva – Índice φ Exemplo: Durante a cheia , em uma bacia produzida por uma chuva cuja altura é de P = 76mm, o escoamento superficial foi equivalente a Q = 33mm. A distribuição do tempo da chuva é dada abaixo: Tempo (h) 1 2 3 4 5 6 Total Chuva (mm) 8 18 25 12 10 3 76 Escoamento Superficial Precipitação Efetiva – Índice φ Resolução: Tempo (h) 1 2 3 4 5 6 Total Chuva (mm) 8 18 25 12 10 3 76 Chuva Infiltrada : Índice φ: Comparar com a chuva medida: Valor superior à precipitação da 6ª hora, refazer excluindo esse valor. Escoamento Superficial Precipitação Efetiva – Índice φ Tempo (h) 1 2 3 4 5 6 Total Chuva (mm) 8 18 25 12 10 3 76 Chuva Infiltrada : Índice φ: Comparação com a chuva medida: OK ! Resolução: Resolução: Tempo (h) 1 2 3 4 5 6 Total Chuva (mm) 8 18 25 12 10 3 76 Precipitação Efetiva: Método SCS Método de Horton (ver capítulo Infiltração) üVaria com as características da bacia (bacias impermeáveis geram maior escoamento superficial relativamente): üáreas urbanas: 0,7 < C < 0,9; üáreas rurais: 0,1 < C < 0,3. Escoamento Superficial Grandezas Características c) Coeficiente de Escoamento Superficial (C): ou deflúvio superficial, ou coeficiente de run off, é definido pela razão do volume de água escoado superficialmente por ocasião de uma chuva, Vescoa, pelo volume de água precipitada, Vprecipita: Escoamento Superficial Grandezas Características d) Tempo de Concentração (tc): é o tempo de deslocamento da água do ponto mais distante da bacia até a seção principal (tempo em que toda a área da bacia contribui com o escoamento). Definido também como o intervalo entre o fim da precipitação e o ponto de inflexão do hidrograma. Pode também ser contado a parAr do início da precipitação, necessário para que toda a bacia hidrográfica correspondente passe a contribuir com a vazão na seção em estudo. Corresponde, pois, à soma do tempo de encharcamento da camada superficial do tempo com o tempo que uma parGcula da água de chuva que cai no ponto mais distante da seção considerada leva para, escoando superficialmente, aAngir esta seção. è Para bacias com áreas de drenagem inferiores ou iguais a 100 ha è Para bacias com áreas de drenagem superiores a 100 ha Equação de Kirpich: tempo de concentração (tc) tc: tempo de concentração [min] L: comprimento total da bacia, medido ao longo do talvegue principal até o divisor de águas [km] DH: diferença de nível entre o ponto mais a montante da bacia e seu exutório, em [m]. Equação de Ventura: tempo de concentração (tc) A = área da bacia, em km2 I = declividade média do curso d’água principal, em m/m Equação de Pasini: tempo de concentração (tc) Obs.: valores de tc obtidos por estas equações diferem entre si. A equação mais utilizada tem sido a Equação de Kirpich e o motivo se evidencia pelo fato de que normalmente ela fornece valores menores para tc, o que resulta numa intensidade de chuva maior, por conseqüência, uma maior vazão de cheia. A = área da bacia, em km2 L = comprimento do talvegue em km I = declividade média do curso d’água principal, em m/m Fonte: Elaborado pelo SEHID/INEA, baseado em SILVEIRA (2005) Nº Autor Fórmula (Tc, em horas) Bacia 3 Onda Cinemática Rural 5 Kirpich Rural e Urbana 26 Kirpich Modificada Rural e Urbana 8 Ven Te Chow Rural 11 Corps Engineers Rural 18 Schaake et al Urbana 20 Carter Urbana 22 Desbordes Urbana RESUMO - TEMPOS DE CONCENTRAÇÃO MAIS INDICADOS n = Rugosidade de Manning i = intensidade da chuva (mm/h) L = Comprimento do Talvegue (km) S = Declividade média (m/m) A = Área de drenagem (km²) Aimp = Fração de área impermeável H = Diferença de altitude (m) HIDROGRAMA FLUVIAL 77 HIDROLOGIA APLICADA O hidrograma é uma resposta da bacia, em função de suas características fisiográficas que regem as relações entre chuva e vazão ou escoamento. É a representação gráfica da vazão observada numa seção de um curso d’água, em relação ao tempo de passagem de água pela seção. Um hidrograma típico apresenta uma curva com um pico único que é produzido por uma chuva “única” intensa. O hidrograma pode apresentar picos múltiplos, desde que ocorra variações significativas na intensidade da chuva ou recessão anormal do escoamento subterrâneo. Hidrograma Hidrograma Na seção do curso d’água com controle de vazão, verifica-se após o início da precipitação (decorrido certo intervalo de tempo), uma elevação do nível d’água naquela seção (ascensão). A vazão cresce até o pico máximo. Ao cessar a precipitação, o escoamento superficial continua até certo ponto, em seguida decresce devido a diminuição da lâmina d’água sobre a superfície do solo (curva de depleção do escoamento superficial). A curva de depleção chega ao fim quando finda o escoamento superficial, restando apenas o escoamento subterrâneo. A = Ponto de início do Escoamento Superficial B = Pico do Hidrograma (Vazão de Pico) I = Ponto de Inflexão (término do escoamento superficial)Q (m ³/s ) Tempo (h) As ce nç ão Recessão P (m m ) Precipitação Efetiva Parte Infiltrada A I t0 tA tI B tP tC Elementos do Hidrograma Q (m ³/s ) Tempo (h) As ce nç ão Recessão P (m m ) Precipitação Efetiva Parte InfiltradaA I t0 tA tI B tP tC tC = Tempo de concentração tP = Tempo de pico t0 = Tempo de início da chuva tA = Tempo de início do escoamento superficial tI = Tempo em que se encerra o escoamento superficial Elementos do Hidrograma Tempo de pico: intervalo de tempo entre o centro de massa da chuva e a vazão de pico. Tempo de ascensão: intervalo entre o início da chuva e o pico do hidrograma. Tempo de base: duração do escoamento superficial direto. Tempo de recessão: intervalo entre a vazão de pico e o término do escoamento superficial direto. Elementos do Hidrograma 83 Hidrograma: representação gráfica da vazão fluvial que passa por uma determinada seção ou ponto de controle, em função do tempo. Observações e registros das variações de vazão no decorrer do tempo. Tempo de concentração Recessão: momento em que o escoamento subterrâneo (escoamento básico) contribui para o escoamento superficial ou vazão total do rio. Qs = escoamento mais rápido Qss = escoamento mais lento que Qs Qb = escoamento muito lento A = início do escoamento C = fim do escoamento rápico Qs Qss Qb Seção do rio Seção AA Seção do Riacho Q = Qs + Qss + Qb tb A C ti tf t B Separação do Escoamento Separação do Escoamento Existem diversos métodos de separação do escoamento (graficamente). Entre eles, citam-se 3. • Método 1 Separação do Escoamento • Método 2 Separação do Escoamento • Método 3 Separação do Escoamento • A separação do escoamento de base Qb do escoamento superficial + sub- superficial (Qs+Qss) é realizada a partir da ligação dos pontos A e C do hidrograma por uma linha reta. • Qs + Qss encontra-se acima da reta AC • Qb encontra-se abaixo da reta AC A C ti tf Escoamento Superficial + Sub-superficial Escoamento de Base tb t Q t Precipitação Efetiva (Pe): Parte da Chuva que infiltra i, f Escoamento Superficial + Sub-superficial A C ti tf Escoamento de Base tb t Q • A Þ O ponto A é caracterizado pelo início da ascensão do hidrograma; • C Þ O ponto C é caracterizado pelo término do escoamento superficial + sub-superficial e pelo início da recessão, ou pela mudança de declividade no hidrograma. Separação do Escoamento Q(t)Þ Vazão total do escoamento para o tempo t; (Qs+Qss) (t) Þ Vazão do escoamento superficial + sub-superficial para o tempo t; Qb(t)Þ Vazão do escoamento de base para o tempo t. (Qs + Qss) (t) Qb (t) BQ t t A C Q(t) Separação do Escoamento Separação do Escoamento • Determina qual o hidrograma do escoamento superficial + sub-super7cial a par8r da variação da vazão Qs + Qss ao longo do tempo. • A separação do escoamento superficial do escoamento sub-superficial é realizada a par8r da ligação dos pontos A e D por uma linha reta, semelhante a 1ª separação. (Qs +Qss) t ti tf B A C Separação do Escoamento AÞ O ponto A é caracterizado pelo início da ascensão do hidrograma; D Þ O ponto D é caracterizado pelo término do escoamento superficial e pelo início da recessão, ou pela mudança de declividade no hidrograma. Escoamento Superficial (Qs) Escoamento Sub-superficial (Qss) Qs + Qss tti tf B A D C Q(t)Þ Vazão total do escoamento para o tempo t; Qs(t)Þ Vazão do escoamento superficial para o tempo t; Qss(t)Þ Vazão do escoamento sub-superficial para o tempo t. Qs(t) Qss(t) tt B A D (Qs+Qss) (t) C (Qs+Qss) Separação do Escoamento Hidrograma – Seção Transversal Hidrograma – Seção Transversal Hidrograma – Seção Transversal Hidrograma – Seção Transversal Exercício: Na seção exutória de uma bacia hidrográfica com 36,1km2 de área de drenagem foram obtidos os registros horários da vazão decorrente de uma chuva isolada com 2 horas de duração e 24 mm/h de intensidade. a) Promover a separação dos escoamentos superficial e de base; b) Calcular os volumes escoado superficialmente e total precipitado; c) Calcular a precipitação efetiva e o coeficiente de run off. t (h) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Q (m3/s) 5 5 30 50 47 35 21 13 9 7 5 Resp: Vols = 496.800m3 VolT = 1.732.800m3 Pef = 13,8 mm C ≅ 0,29 Resolução Passo 1 – Traçar o Hidrograma (Q x t) Passo 2 – Separação do Escoamento (resposta do item a) A D Ponto A – Início da Ascensão Ponto D – Mudança da Inclinação (término do escoamento superficial) Passo 3 – Cálculo da vazão de base A D 8 6 Passo 4 – Cálculo da vazão de base e da vazão superficial t (h) Q (m3/s) Qb(m3/s) Qs(m3/s) 1 5 5,00 0,00 2 5 5,00 0,00 3 30 6,33 23,67 4 50 7,67 42,33 5 47 9,00 38,00 6 35 10,33 24,67 7 21 11,67 9,33 8 13 13,00 0,00 9 9 9,00 0,00 10 7 7,00 0,00 11 5 5,00 0,00 Passo 5 – Volume Escoado Superficialmente (item b) Passo 6 – Volume Total Precipitado (item b) Passo 7 – Precipitação Efetiva (item c) Passo 8 – Coeficiente de Escoamento Superficial (item c) 3 MÉTODO RACIONAL 105 HIDROLOGIA APLICADA Métodos e Parâmetros para Determinação da Vazão de Projeto Estimativa do escoamento superficial a partir de dados de chuva MÉTODO ÁREA Racional < 50 ha = 0,5 Km2 Racional Modificado 50 ha £ Área £ 100 ha Ven Te Chow ou U.S. Soil Conservation Service > 100 ha = 1 Km2 Método de Clark: Método Tempo-Área Hidrograma Unitário – baseado na precipitação e vazão Hidrograma Unitário Sintético – baseado na precipitação e características da bacia (local sem dados observados) O método racional é dos mais conhecidos e antigos modelos para o cálculo da vazão de pico à saída de uma bacia hidrográfica. Aplica-se a pequenas bacias hidrográficas, ou seja, as que atendem aos seguintes critérios: Pode-se assumir a distribuição uniforme da precipitação, no tempo e no espaço; • a duração da precipitação usualmente excede o tempo de concentração da bacia; • há predomínio de escoamento superficial, como é o caso em áreas urbanizadas; • efeitos de armazenamento superficial, durante o escoamento, são desprezíveis. 1. Método Racional para estimativa de vazões • Qp: vazão de pico [m3/s] • C: coeficiente de escoamento • I : intensidade média da chuva [mm/h] • A: área da bacia hidrográfica [km2]. 1. Método Racional para estimativa de vazões Valores de C para áreas urbanas 2. Método Racional Modificado • Qp: vazão de pico [m3/s] • C: coeficiente de escoamento • I : intensidade média da chuva [mm/h] • A: área da bacia hidrográfica [km2] • L: comprimento axial da bacia [km] (ver também as Instruções técnicas para elaboração de estudos hidrológicos e dimensionamento hidráulico de sistemas de drenagem urbana, Rio Águas, 2010) • Qp = vazão de pico do hidrograma unitário, em m3 /s; • Pe = precipitação efe<va, em mm (Método SCS); • A = área da bacia hidrográfica, em km2; • tp = tempo de pico do hidrograma unitário, em horas. 3. Método Ven Te Chow • tp = tempo de pico, em horas; • D = intervalo de discretização da chuva, em horas; • tc = tempo de concentração, em hora Estimativa do tempo de pico (tp) Método Racional “Tempo x Área” (Método de Clark) O método tempo-área é uma extensão do método racional podendo, entretanto, considerar variações de intensidade da precipitação ao longo do tempo e maior diversidade de uso do solo na bacia hidrográfica. Esse método baseia-se no estabelecimento de uma função relacionando áreas de contribuição na bacia ao tempo necessário para que essas áreas contribuam à formação de vazões à saída da bacia. O método consiste em dividir a bacia em sub-áreas e posterior translação destas para que todas as sub-áreas contribuam na vazão jusante. As sub-áreas são delimitadas por linhas isócronas que são formadas por pontos da bacia que tem o mesmo intervalo de tempo de translação até a saída da bacia (exutório).Linhas isócronas são definidas em função das curvas de nível e infiltração da água no solo. Método Racional “Tempo x Área” (Método de Clark) A figura indica isócronas de 1, 2, 3 e 4 horas. Se considerarmos uma chuva excedente de 1 hora de duração, a área A1 situada a jusante da isócrona 1 representa parte da bacia que contribuiu parao escoamento até o instante Δt = 1h, no exutório da bacia. A contribuição das áreas acima da isócrona 1 ainda não chegou à saída da bacia. nº t I 0 t0 0 1 t1 I1 2 t2 I2 3 t3 I3 4 t4 I4Isócrona t1 t2 t3 Exutório A1 A2 A3 Método Racional “Tempo x Área” (Método de Clark) Considerando um mesmo c para todas as bacias, temos: nº t I 0 t0 0 1 t1 I1 2 t2 I2 3 t3 I3 4 t4 I4 Para t = t1 t1 t2 t3 Exutório A1 A2 A3 Q(t) Vazão que chega no Exutório nº t I 0 t0 0 1 t1 I1 2 t2 I2 3 t3 I3 4 t4 I4 Para t = t2 t1 t2 t3 Exutório A1 A2 A3 Q(t) Vazão que chega no Exutório nº t I 0 t0 0 1 t1 I1 2 t2 I2 3 t3 I3 4 t4 I4 Para t = t3 t1 t2 t3 Exutório A1 A2 A3 Q(t) Vazão que chega no Exutório nº t I 0 t0 0 1 t1 I1 2 t2 I2 3 t3 I3 4 t4 I4 Para t = t4 Para t = tx; até zerar t1 t2 t3 Exutório A1 A2 A3 Q(t) Vazão que chega no Exutório SA1 SA2 SA3 SA4 Isócrona t = 15 min t = 30 min t = 45 min t = 60 min Exutório da bacia Exercício: Utilizando o método racional, calcule o hidrograma de cheias para as precipitações apresentadas adiante. Considere um valor de coeficiente de escoamento uniforme para áreas comerciais densamente ocupadas igual a 0,8 em toda a bacia. N A (Km2) t (min.) 1 0,75 15 2 2,25 30 3 3,75 45 4 5,25 60 Σ 12,00 60 Hietograma de Projeto t (min.) I (mm/h) 0 0 15 10 30 20 45 15 60 10 75 5 90 2,5 Resolução: I1 A1 I1 A2 I2 A1 I1 A3 I2 A2 I3 A1 Resp: Cálculo do hidrograma de cheia t (min.) I (mm/h) Q (m3/s) 0 0 0 15 10 1,67 30 20 8,34 45 15 20,85 60 10 37,53 75 5 41,70 90 2,5 28,77 105 17,10 120 7,92 135 2,92 150 0,00 SA A (km2) SA1 0,75 SA2 2,25 SA3 3,75 SA4 5,25 INUNDAÇÕES 126 EVENTOS HIDROLÓGICOS EXTREMOS Enxurradas: escoamento superficial de alta velocidade e energia, provocado por chuvas intensas e concentradas, normalmente em pequenas bacias de relevo acidentado. É caracterizada pela súbita das vazões de determinado sistema de drenagem e transbordamento brusco na calha fluvial. Possui elevado poder destru?vo. Alagamentos: extrapolação da capacidade de escoamento de sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas, calçadas ou outras infraestruturas urbanas, em decorrência de precipitações intensas. DESASTRES HIDROLÓGICOS Inundações: submersão de áreas fora dos limites normais de um curso d’água em zonas que normalmente não se encontravam, de modo a provocar o transbordamento gradual ocasionado por chuvas prolongadas em áreas de planície; Eventos hidrológicos extremos, conforme a COBRADE: excesso de volumes efetivos precipitados em áreas não projetadas. Outras causas imediatas e/ou concorrentes, podem ser: - elevação dos leitos dos rios por assoreamento; - redução da capacidade de infiltração do solo, por compactação e/ou impermeabilização; - saturação do lençol freá>co, de precipitações antecedentes e con>nuadas; CAUSAS PRINCIPAIS DAS INUNDAÇÕES Eventos hidrológicos de cheias ocorrem por precipitações pluviométricas anormais, como de intensidades acentuadas e concentradas, capazes de transbordar o leito de rios, lagos, e represas. - combinação de precipitações concentradas com períodos de marés muito elevadas; - rompimento de barragens construídas com tecnologia inadequada; - drenagem deficiente de terrenos situados a montante de aterros, em estradas que cortem transversalmente vales de riachos; EFEITOS ADVERSOS DAS INUNDAÇÕES Em função da magnitude do evento de precipitação, a ocorrência de inundações pode provocar danos materiais e humanos, como: v ao a:ngirem áreas agrícolas, as inundações destróem ou danificam plantações e exigem um grande esforço de modo a garan:r o salvamento de animais, especialmente bovinos, ovinos e caprinos; v em áreas densamente habitadas, podem danificar ou destruir habitações, além de danos aos móveis e utensílios domés:cos; v Impacto na atuação de serviços essenciais, como distribuição de energia elétrica e saneamento básico, principalmente distribuição de água potável, disposição de águas servidas e coleta do lixo; v Fluxo prejudicado dos transportes e de comunicações telefônicas; v Aumento no risco de transmissão de doenças veiculadas hídrica e pelos alimentos, por ratos (leptospirose), além da ocorrência de infecções respiratórias agudas (IRA). Efeito da urbanização na drenagem 1962 1972 1998 Variáveis que influenciam o hidrograma Estágios de uso e ocupação do solo Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Área Imperm. = 33% 46% 75% 136 Evolução dos estágios de ocupação ao longo da bacia: üurbanização ücanalização üinundações urbanas Em 2000, o índice passou a 18,24% Previsão para 2020: 26,53%. Em 1820, Curitiba-PR: 0,12% de seu território impermeabilizado. Em 2020, prevê-se 90% da área impermeabilizada. Na Bacia do Rio Belém, onde vive metade da população de CuriHba, a situação pode ser pior: A A A Hidrograma Ponto de Controle A MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO E CONTROLE DE INUNDAÇÕES Medidas de controle: Medidas estruturais Medidas não estruturais • São medidas de correção e /ou prevenção que visão minimizar os danos das inundações. Intensivas Extensivas As medidas estruturais são aquelas que apresentam a nova visão de convivência com as cheias urbanas, propondo a redução e o tratamento do escoamento superficial gerado pela urbanização. O papel das medidas estruturais é o de proporcionar soluções técnicas para a retenção, infiltração e aba>mento do escoamento superficial. Os sistemas de drenagem mal projetados acabam por acelerar o escoamento e conduzem rapidamente os volumes de escoamento aos grandes canais fluviais. As medidas estruturais visam retardar e reduzir o escoamento com a ajuda dos disposi>vos de controle, canalizações bem dimensionadas e estruturas de retenção dos deflúvios. MEDIDAS ESTRUTURAIS DE RECUPERAÇÃO E CONTROLE DE INUNDAÇÕES MEDIDAS ESTRUTURAIS • Intensivas: • Extensivas: corresponde aos pequenos armazenamentos disseminados na bacia, à recomposição de cobertura vegetal e ao controle de erosão do solo, ao longo da bacia de drenagem. Ø Aceleração do escoamento: Canalização e obras correlatas; Ø Retardamento do fluxo: Reservatórios (Bacias de detenção/retenção), restauração de calhas naturais; Ø Desvio de escoamento: Túneis de derivação e canais de desvio; D ire tr ize s pr in ci pa is Propõe-se formar um conjunto de medidas, técnicas e/ou processos capazes de fazer com que o sistema retorne ao seu estado “natural” ESTRUTURAIS Extensivas Intensivas Bacia Rio Manutenção de áreas permeáveis para os novos lotes Microreservatórios para reúso de água inserido no lote Refloresta/ de áreas de preservação Rearborização urbana Reservatórios de filtragem Reativação de reservatório de detenção Abertura de travessias canalizadas Destamponamento de canais Renaturalização de canais MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS As medidas não estruturais são medidas de caráter legal e institucional e que procuram disciplinar a urbanização de tal forma a minimizar os seus efeitos no regime hídrico das bacias. Estas procuram, sem alterar a morfologia, reduzir os impactos com a aplicação de medidas e princípios que visam reduzir o risco hidrológico e a interferência causada por ações antrópicas às condições naturais. Exemplos: • ações de regulamentação do uso e ocupação do solo; • educação ambiental voltada ao controle da poluição difusa, erosão e lixo; • seguro-enchentes; • sistema de alerta previsão de inundações: monitoramento e um sistema de previsão hidrológica. Sua efetividade depende da participação da população e da fiscalização constante do crescimento da cidade e da ocupação de áreas de forma irregular. A A Mensagem da Água http://www.youtube.com/watch?v=a2eNelu5tPE