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Leticia Frei Introdução: Interrupção da gravidez antes das 22 semanas de gestação ou um feto <500g ou 16,5cm Epidemiologia: Cerca de 75% dos ovos fertilizados são abortados, e em mais da metade dele isso ocorre antes da primeira falha menstrual. Em gestações diagnosticas clinicamente, 10% terminam expontaneamente até 12 semanas, representando 80% de todos os abortamentos. Fatores de risco: -Idade materna avançada. -Historia de perda anterior. -Tabagismo. -Cafeina -Obesidade -Consumo de drogas e álcool. Etiologia: Anormalidades cromossômicas: são as causas mais comuns, sendo a mais frequente a Trissonimia do cromossomo 16. Alterações uterinas: a mais comum delas é o útero septado, sendo possível correção cirúrgica. Fatores endócrinos: diabetes melittus mal controlado pode aumentar o risco de perda, e alterações na produção de progesterona e dos hormônios tireoidianos. Fatores imunológicos: deve ser investigado nos casos de abortamento de repetição. Infecções: rubéola, toxoplasmose, HIV, sífilis. Classificação: Precoce: até 12 semanas. Tardio: 13 a 20ª semana. Espontâneo: sem nenhuma intervenção externa. Provocado: Interrupção externa e intencional. Esporadico: causa isolada, principalmente anormalidade cromossômica. Habitual: quando ocorre 3x ou mais na mesma gestante, podendo ser por incompetência istmo cervical e síndrome do anticorpo antifosfolipide. Leticia Frei Apresentação clinica e Conduta Ameaça de abortamento: trata-se de um abortamento em que há chance de reversão do quadro. Sangramento fraco e cólicas graças incapazes de produzir modificações cervicais. Colo uterino fechado e volume uterino compatível com a idade gestacional. Conduta: prescrição de sintomáticos, evitar relação sexual e repouso não tem comprovação cientifica. Abortamento completo: consiste no abortamento em que há eliminação total do concepto. O sangramento é ausente ou mínimo, não há presença de cólica, colo uterino se encontra fechado e volume uterino menor que a idade gestacional. Ausência de BCE. Abortamento retido: consiste no feto retido na cavidade uterina sem vitalidade. Ausência de sangramento e cólicas, colo uterino fechado e volume uterino menor que a idade gestacional. Conduta: no caso de abortamento tardio > 12s, a melhor conduta é o uso de misoprostol e em seguida curetagem uterina. Abortamento incompleto: decorre da expulsão do feto mas permanência da placenta ou restos placentários. Sangramento intenso, cólica intensa, colo uterino dilatado e volume uterino diminuído para idade gestacional. Conduta: em <12s misoprostol ou AMIU, e se >12s orienta-se curetagem. A paciente deverá ser internada para controle da hemorragia e realização dos procedimentos. Abortamento infectado: maioria das vezes relacionado com aborto ilegal, devido ao manuseio de instrumentos inadequados. Sangramento pequeno com restos, cólica forte e com febre, colo uterino dilatado e volume uterino menor e amolecido. Conduta: antibioticoterapia e curetagem. Em casos de perfuração uterina deverá proceder com laparotomia. Se atentar a possível SEPSE. Leticia Frei Abortamento inevitável: colo uterino dilatado sendo inevitável o aborto. Sangramento forte com cólicas fortes, colo uterino dilatado e volume uterino adequado para idade gestacional. Conduta: misoprostol e curetagem. Leticia Frei Introdução: Gestação implantada fora da cavidade úterina. Epidemiologia: Essa patogenia corresponde a 6-13% das mortes relacionadas ao período gestacional e é a primeira causa de morte materna no 1° trimestre. Classificação: Tubaria: 95 a 96% dos casos. Ampular: 70% dos casos. Istimica: 12% dos casos. Fimbriaria: 11% dos casos Ovariana: 3% dos casos Intersticial: 2 a 3% dos casos. Abdominal: 1% dos casos. Peritoneal: <1% dos casos. Cervical: <1% dos casos. Quadro clinico: -Dor abdominal -Sangramento vaginal -Atraso ou irregularidade menstrual No caso de rotura: -Hemorragias intraperitoneais -Dor aguda e intensa na fossa ilíaca ou hipogástrio. -Choque Fatores de Risco: -DIP – alterações da função tubaria. -Gravidez ectópica previa -Cirurgia tubaria prévia -Uso de progestagenos -Tabagismo -Anticoncepção de emergência -DIU -Reprodução assistida Leticia Frei Fisiopatologia: Deficiência da motilidade tubaria, já que as tubas apresentam movimentação prejudicada, após a fecundação não há direcionamento correto do concepto para a cavidade endometrial. Diagnostico: Quadro clinico + exames complementares → USG transvaginal e dosagem de B-HCG. Tratamento: Expectante: espera o próprio corpo eliminar. Realizado em gestações com B-HCG < 2000Muil/ml e decrescente.Dosando até zerar. Medicamentoso – Metotrexato: intramuscular em dose única. Usado quando o saco gestacional < 3,5cm, B-HCG < 5000mUI/ml, ausência de batimentos cardíacos fetais, funções renais e hepáticas normais, e ausência de imunodeficiência e discrasias sanguíneas. Cirurgico – Salpingectomia: usado quando há sangramento incontrolável, gravidez ectópica recorrente na mesma tuba, tuba uterina muito lesada ou saco gestacional > 5cm. Leticia Frei Introdução: Tumor de placenta, derivado do trofoblasto, podendo ser maligna ou benigna. Classificação: Molar: completa ou incompleta. Não molar (NTG): mola invasiva, coriocarcinoma, tumor trofoblastico de sitio placentario e trofoblastico epitelioide. Epidemiologia: A epidemiologia da mola hidatiforme é relatada como sendo de 1 a 2 casos por 1.000 gestações. Fatores de risco: Risco para neoplasia maligna: -Hipertireoidismo -Mola de repetição -Idade materna > 40anos -Embolização Trofoblastica -Cisto tecaluteinico >6cm -Utero grande para a idade gestacional. -Pré-eclampsia com inicio <20semanas. -HCG muito alto. Fisiopatologia: A gravidez molar é caracterizada histologicamente por anormalidades nas vilosidades coriônicas, que consistem na proliferação Trofoblastica e edema do estroma viloso. A neoplasia Trofoblastica gestacional se caracterizam pela invasão miometrial e potencial para metástase. Quase sempre se desenvolve a partir de uma gravidez reconhecida. Muitas sucedem a mola hidatiforme, mas podem suceder o abortamento, gravidez normal ou ectópica. Quadro clinico: Molar: -Hipertensão induzida pela gestação -Hiperemese -Volume uterino maior que o esperado -Amenorreia seguida de sangramento irregular -B-HCG em alta quantidade -Cistos tecaluteinicos Leticia Frei Não molar: -Metastase -Subinvolução uterina -Sangramento irregular Diagnostico: Molar: Amenorreia ou sangramento irregular + B-HCG sérico alto +USG sugestivo (pode estar ausente) = diagnostico provável → analise histológica do material → diagnostico confirmado. Não molar: Sangramento persistente incomum após qualquer evento gestacional → dosagem serica de B-HCG alto → diagnostico provável → diagnostico confirmado → analise histológica do material. Tratamento: Molar: -Aspiração uterina bimanual (AMIU). -Vacuo aspiração (mais pratica e aspira mais rapidamente úteros aumentados). -Citocina ( diminuir risco de perfuração uterina). -Histerectomia para aquelas que não desejam mais engravidar. -Dosagem de B-HCG ate que atinja 3 valores normais consecutivos. Não molar: Estadiamento: Estagio I- doença restrita ao corpo do útero Estagio II- NTG em pelve, vagina, anexos, ligamento largo. Estagio III- NTG com extensão para pulmões, com ou sem envolvimento genital Estagio IV- Todos os outros locais de metástase. Para paciente com baixo risco o tratamento é metotrexato(MTX) associado ou não ao acido folinico (FA) ou actonomicina (ACTD). Em paciente com doença metastática de alto risco devem utilizar quimioterapia combinada. Etoposida, metotrexato, actinomicina D, ciclo-fosfamida e oncovin (EMA-CO). Deve se ainda haver 3 ciclos após a normalização do B-HCG. Leticia Frei Introdução: O DPP é a separação da placenta normalmente inserida, de forma parcial ou completa, antes do nascimento do feto. Epidemiologia: Complica aproximadamente 1% das gestações com 2/3 classificados como graves devido a mortalidade materna, fetal e neonatal. Cerca de 33% de toda hemorragia pré-parto pode ser atribuída ao DPP, que atinge seu pico com 24 a 26 semanas de gestação. O DPP é responsável por cerca de 10% dos partos prematuros. Fatores de risco: - Sindromes hipertensivas -Hiper-homocisteinemia -Trombofilia -DM pré – gestacional -Hipotireoidismo -Anemia -Mal formações uterinas -Rotura prematura de membranas -Corioamnionite -Placenta previa -Gestações múltiplas -Trauma -Amniocentese/cordocentese -Idade materna >n35 e <20 -Pariedade >3 -Raça negra -Mães solteiras -Tabagismo, uso de álcool e drogas -Infertilidade de causa indeterminada -Cesarea anterior -Abortamentos anteriores -Pré-eclampsia anterior -Natimorto anterior -DPP anterior. Fisiopatologia: A causa imediata do DPP é a ruptura dos vasos maternos na decídua basal. O sangue acumulado atinge a zona de clivagem decíduo-placentaria e inicia a separação. Leticia Frei O sangramento pode ser pequeno e autolimitado ou pode levar a separação completa ou quase completa da placenta. A porção descolada da placenta é incapaz de permutar gases e nutrientes, quando a unidade fetoplacentaria restante é incapaz de compensar essa perda de função, o feto é comprometido. Classificação: Classificado em 3 graus: Grau I: assintomático ou apresenta sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa, com vitalidade fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatias materna. O diagnostico é realizado após o nascimento por presença de coagulo retroplacentario. Grau II: sangramento vaginal moderado com hipertonia uterina. Repercussões hemodinâmicas na mãe, com aumento da FC, alterações posturais da pressão arterial e queda do nível de fibrinogênio. Feto vivo, porem com vitalidade fetal prejudicada. Grau III: caracteriza-se por óbito fetal, hipotensão arterial materna e hipertonia uterina importante. Divide-se em: IIIA – com coagulopatia instalada IIIB – sem coagulopatia instalada. Quadro clinico: Descolamento agudo: sangramento vaginal, dor abdominal e contrações uterinas. Conforme a separação da placenta aumenta, pode ocorrer sensibilidade uterina, taquissistolia, padrões de FC fetal preocupantes e morte fetal. Deslocamento crônico: sangramento vaginal intermitente e claro, evidencia de inflamação e disfunção placentária crônica, como oligodramnio, restrição de crescimento fetal, trabalho de parto prematuro, ruptura de membranas e pré-eclampsia. Diagnostico: Clinico → norteando a conduta. USG: identificar hematoma retroplacentario. Laboratorial: níveis de fibrionogenio apresentam a gravidade do sangramento. Mostrando a necessidade de transfusão. Tratamento (Conduta): Deverá ser acompanhado a pressão arterial, pulso e diurese e a vitalidade fetal. Leticia Frei Leticia Frei Introdução: Presença de tecido placentário total ou parcialmente inserido no segmento inferior do útero, após 28 semanas de gestação. Classificação: Placenta previa: a placenta recobre total ou parcialmente o orifício interno do colo uterino. Placenta de iserção baixa: a borda placentária se insere no segmento inferior do útero, não chega a atingir o orifício interno e se localiza em um raio de 2cm de distancia dessa estrutura anatômica. Fatores de risco: -Numero de cesáreas previas -Gestações múltiplas -Antecedente de placenta previa -Numero de curetagens uterinas -Idade materna avançada -Multiparidade -Tabagismo Quadro clinico: -Sangramento indolor 70% e 80% -10 a 20% apresentaram contrações antes do sangramento -menos de 10% são assintomáticas. Diagnostico: Qualquer gestante acima de 24 semanas com sangramento vaginal indolor devera suspeitar de placenta previa. Clinico: sangramento vaginal indolor, de coloração vermelho vivo, imotivado, súbito de gravidade progressiva. Não é recomendado toque vaginal. -USG transvaginal (padrão ouro). Tratamento (Conduta): Dependera da idade gestacional, intensidade da hemorragia e presença ou não de trabalho de parto. -Qualquer sangramento ir até o hospital -Evitar atividade física exagerada -Evitar relação sexual principalmente após 28semanas. Feto pré-termo: -Com sangramento materno incontrolável ou sofrimento fetal → interrupção imediata por cesárea. -Com sangramento materno controlável → internação e vigilância do sangramento -Controle dos sinais vitais -Controle da vitalidade fetal Leticia Frei -Uso de corticoide entre 25 e 34 semanas Feto a termo: -Interrupção com 37 semanas por cesárea nos casos de placenta previa -Nas placentas de inserção baixa, é possível o parto vaginal. Leticia Frei Classificação: Completa: quando há rotura total da parede uterina. É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida tanto da mãe quanto do feto. Incompleta: quando o peritônio parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo permanecer assintomática após o parto vaginal. Epidemiologia: A incidência varia muito dependendo do pais, podendo variar de 1 a cada 585 partos a 1 a cada 6.673 partos. Fatores de risco: -Cicatriz uterina -Antecedente de cesariana -Curetagem uterina com perfuração. -Miomectomia -Acretimos placentário -Trauma abdominal -Anomalias uterinas -Hiperdistensão uterina -Uso inapropriado de ocitocina. Quadro clinico: Pode ocorrer tanto no pré-parto, quando no intra-parto e pós-parto. -Intraparto: perda súbita dos batimentos cardíacos fetais, podendo apresentar sangramento vaginal ou não, sinais e sintomas de choque hipovolêmico, taquicardia importante, hipotensão e parada das contrações após dor forte. Na palpação abdominal as partes fetais são facilmente palpadas no abdômen materno e ao toque vaginal há a subida da apresentação. Diagnostico: Tipicamente realizado na laparotomia pela visualização de rotura completa de todas as camadas uterinas com sangramento ativo e hemoperitonio. Tratamento (Conduta): -Conseguir a estabilidade hemodinâmica da gestante (O2, acesso venoso, solução cristaloide). -Laparotomia imediatamente com anestesia geral para não agravar ainda mais a hipotensão. -Em geral é necessário a histerectomia para tratar a rotura uterina, pois ocorrem lesões vasculares. (dependendo do desejo de engravidar novamente, o tamanho da lesão, estabilidade hemodinâmica e habilidade do cirurgião em reparar uma rotura complicada. -Caso não haja histerectomia nas futuras gestações a cesariana deverá ser agendada antes do parto. Leticia Frei Introdução: Sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas passando pelo orifício interno do colo. Está associada a inserção anormal dos vasos fetais dentro das membranas. Fatores de risco: -Placenta baixa (prévia) -Gestações por fertilização in vitro -Gestações múltiplas -Cesarea anterior ou cirurgia uterina previa -Placenta bilobulada ou sucenturiada Quadro clinico: -Sangramento vaginal indolor -Bradicardia fetal -Ruptura das membranas. Diagnostico: -Toque vaginal -Aminoscopia( visualiza os vasos sanguíneos atravessando as membranas pelo orifício interno do colo) -USG transvaginal com Doppler colorido. Tratamento: -Corticoide entre 28 e 32 semanas -Hospitalização com 30 e 34 semanas -Interrompe a gestação entre 34 e 37 semanas.