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Leticia Frei Introdução: O diabetes melitos constitui um grupo de doenças metabólicas caracterizada por hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção/ou na ação da insulina. O Diabetes melitos gestacional (DMG) é definido como aquele que é diagnosticado no 2°/3° trimestre da gravidez, afastando o diabetes declarado. Mulheres com diabetes no 1° trimestre devem ser diagnosticadas como diabetes tipo 2. Classificação: Diabetes mellitus gestacional: mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios de diagnósticos para DM. Diabetes mellitus diagnosticado na gestação (overt diabetes): mulher sem diagnostico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios da OMS para o DM em não gestantes. Etiologia: Diabetes tipo 1: destruição das células B, usualmente levando a deficiência completa de insulina.-Autoimune – Idiopatico. Diabetes tipo 2:graus variados de diminuição de secreção e resistência a insulina. Diabetes gestacional. Outros tipos. Fatores de risco: -Idade avançada -Sobrepeso/obesidade -Antecedentes familiares de diabetes mellitus -Antecedentes pessoais de alterações metabólicas -Antecedentes obstétricos: aborto prévio, DMG, polidrâmnio, macrossomia, óbito fetal/neonatal, malformação fetal. Fisiopatologia: A resistência a insulina na gravidez normal está presente já a partir do 2° trimestre e aumenta progressivamente ate o fim da gestação. Essa resistência a insulina atende as necessidades metabólicas do feto (maior disponibilidade de glicose) e é consequencia da ação dos hormônios placentários contrainsulinicos. O defeito metabólico nas mulheres com o DMG é sua incapacidade de secretar insulina em níveis necessários para atender a demanda que é máxima no 3° trimestre. Isso leva ao aumento da concentração da glicose pós- prandial, capaz de determinar efeitos adversos no feto (macrossomia e hipoglicemia neonatal), pelo excessivo transporte transplacentários de glicose. Leticia Frei Complicações: -Hiperglicemia -Hipertensão -Pré-eclampsia ( e os riscos do parto cesárea). Feto: -Macrossomia -Distocia de ombros -Tocotraumatismo -Hipoglicemia -Hiperbilirrubinemia neonatais. Quadro clinico: -Assintomatico -Aumento do apetite -Ganho de peso -Maior vontade de urinar -Visão turva -Muita sede -Infecções urinarias frequentes. Diagnostico: Leticia Frei Glicemia de jejum na primeira consulta pré-natal: glicemia de jejum ≥126: overt diabetes Glicemia de jejum entre 92 e 125: DMG. Para pacientes com glicemia de jejum <92 no 1 trimestre realizar TOTG com 75g entre 24 e 28 semanas, com avaliação da GJ, G1h e G2h. TOTHG: para o DMG, considerar os limites de 92, 180 e 153, respectivamente para glicemia em jejum, em uma hora e em 2 horas, e pelos menos um valor alterado. Se GJ ≥126 e/ou duas horas ≥200: overt diabetes. *Na impossibilidade de realização do TOTG, frente a recursos escassos, pode-se repetir a glicemia de jejum entre 24 e 28 semanas, mantendo os mesmos valores de referencia usados no 1 trimestre. Tratamento: A insulina se destaca como primeira escolha entra as medidas farmacológicas no controle de hiperglicemia na gestação. A associação de insulina esta indicada sempre que as medidas não farmacológicas não forem suficientes para atingir as metas do controle glicêmico materno. -Os antidiabéticos orais ainda não estão liberados para uso na gestação, principalmente pela falta de evidencia sobre repercussões ao longo da vida das crianças que sofreram exposição intrauterina a essas drogas. -A dose inicial e o tipo de insulina devem ser definidos pela automonitorização da glicemia capilar. Assim, as insulinas de ação intermediaria e longa são recomendadas para o controle no jejum e pré-prandial; as de ação rápida e ultrarapida são indicadas para controle pós-prandial. A dose inicial deve ser calculada pelo peso atual, sendo recomendado 0,5 UI/Kg/dia, fracionada em duas a três aplicações, Recomendações: R1: Na primeira consulta pré-natal de gestantes, sem conhecimento do diagnostico prévio de DM, é recomendado solicitar uma glicemia plasmática de jejum, com o principal objetivo de detectar DM (overt diabetes) e DMG precoce. R2: Na primeira consulta pré-natal de gestante sem conhecimento prévio de DM a solicitação adicional da HbA1c, pode ser considerada com o objetivo de diagnosticar DM (overt diabetes) ou detectar risco de desenvolver DMG. R3: O diagnostico de DMG deve ser considerado nas gestantes com glicemia plasmática em jejum de 92 a 125 mg/Dl em qualquer momento da gestação. R4:Para todas as gestantes sem diagnostico prévio de DM, independentemente da presença de fatores de risco, é recomendado que a investigação diagnostica do DMG seja feita entre 24 e 28 semanas de gestação, através da realização de um TOTG, com medida da glicose plasmática em jejum, 1 e 2 horas após a ingestão de 75g de glicose anidra. R5: é recomendado que o diagnostico de DMG seja estabelecido entre a 24ª e a 28ª semana da idade gestacional, através do TOTG com 75g, quando pelo menos 1 dos valores de glicemia a seguir esteja presente: jejum ≥92 e < 126mg/dL; 1 hora ≥180 mg/dL; 2 horas ≥153 e < 200mg/dl. Leticia Frei R6: No rastreamento do DMG, após a 24ª semana, quando o valor de glicemia de 2hrs no TOTG com 75g estiver ≥200mg/dl deve ser considerado a presença de DM diagnosticado na gestação (overt diabetes) e não DMG. R7:Em mulheres com disglicemia na gestação é recomendado a pronta implementação da terapêutica para controle glicêmico adequado. Cuidados obstétricos pré-natais: A medida da circunferencial abdominal é o parâmetro isolado mais importante para estimativa do crescimento exagerado fetal, pois inclui o fígado, órgão sensível as anormalidades de crescimento intrauterino. De modo geral, a avaliação por Ultrassonografia do crescimento fetal é iniciada entre 24 e 28 semanas, devendo ser individualizada na suspeita de alteração do crescimento fetal. - A avaliação do bem-estar fetal é indicada no DMG tratado com insulina ou mal controlado, com inicio na 32 semanas, frequencia de 1 ou 2x na semana, associada a avaliação do crescimento fetal e da quantidade de liquido amniótico. Cuidados obstétricos no momento do parto: DMG bem controlado, sem uso de fármaco: o parto não deve ser induzido antes de 39 semanas, e a conduta expectante ate 40 6/7. DMG em tratamento farmacológico: o parto deve acontecer entre 39 0/7 e 39 6/7. DMG não controlado: o parto deve ser realizado a partir da 37 semana. Leticia Frei Introdução: A distocia de ombros ocorre quando a extração dos ombros não se realiza após a tração de rotina, sendo necessárias manobrais adicionais. Na maioria dos casos a distocia ocorre no ombro anterior impactado na sínfise materna. Fatores de risco: Anteparto: -Distocia de ombros previa -Macrossomia -Diabetes -Indice de massa corporal materno > 30kg/m2 -Indução de parto Intraparto: -Primeiroestagio do parto prolongado -Parada secundaria -Segundo estagio do parto prolongado -Estimulação com ocitocina -Parto vaginal assistido (fórceps). O parto: A cesárea eletiva para evitar distocia de ombros somente está indicada em pequeno grupo de mulheres com diabetes e suspeita de macrossomia fetal (peso estimado >4.500g). Igualmente, a cesárea eletiva esta indicada sempre que o peso estimado do feto for maior que 5.000g. Complicações: A morbidade e a mortalidade perinatal estão elevadas, assim como a morbidade materna, especialmente pela hemorragia pós parto e lacerações de períneo de 3 e de 4 grau. A complicação fetal mais frequente é a paralisia do plexo braquial, seguida de fratura de clavícula e de úmero. Praticamente todas as paralisias se resolvem em 6 a 12 meses, mas 10% se tornam definitivas. Tratamento: A distocia de ombros é emergência obstétrica e são necessárias manobras imediatas para soluciona-la. Medidas preliminares: -Requisição de obstetra mais experiente, auxiliares, anestesista e neonatologista. -A episiotomia por si só não soluciona, já que é um problema ósseo. No entanto, ela pode ser necessária para manobras internas. -Não deve ser aplicada força em excesso sobre a cabeça ou o pescoço nem exercer pressão no fundo do útero, porque essas manobras não deslocam o ombro impactado e podem lesionar a mãe e o feto. -Colocar as nadegas da paciente na borda da mesa. Leticia Frei Manobras de 1ª linha: -Manobra de McRoberts. -Pressão suprapubica Manobra de 2ª linha: -Manobras de rotação interna -Extração do braço posterior -Manobra da posição de 4. Manobras de 3ª linha: -Clidotomia -Zavanelli -Sinfiotomia