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fisiologia 5

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Rafael Luciano de Mello 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Os indicadores fisiológicos da aptidão física são fundamentais para a 
avaliação e a prescrição do exercício físico, seja no âmbito da atividade física e 
da saúde, seja no esporte de alto rendimento. Esses indicadores servem, dentre 
outras coisas, para quantificar a intensidade do exercício físico, controlando 
possíveis efeitos adversos à saúde e maximizando o desempenho esportivo. 
Ao final desta aula, esperamos que você compreenda quais são os 
principais indicadores fisiológicos da aptidão física, quais são os mecanismos de 
ação de cada um deles durante o repouso e o exercício físico, e a relação desses 
marcadores com a intensidade do exercício. 
Os temas abordados nesta aula são: 
• consumo máximo de oxigênio e seus aspectos fisiológicos; 
• frequência cardíaca; 
• limiares: utilização e definições; 
• percepção subjetiva do esforço; 
• overtraining. 
TEMA 1 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO 
O corpo humano possui basicamente dois tipos de metabolismo, aeróbio 
e anaeróbio. Durante qualquer momento da vida, seja no repouso, seja em 
atividade física, esses sistemas estão ativos em maior ou menor proporção para 
que seja produzida a energia necessária à tarefa proposta (Wells; Selvadurai; 
Tein, 2009). 
Na fisiologia do exercício, o consumo máximo de oxigênio é sinônimo de 
captação máxima de oxigênio, capacidade aeróbia máxima ou, o mais 
comumente utilizado, volume máximo de oxigênio (VO2max) (McArdle; Katch; 
Katch, 2016, p. 283). Pode ser definido como o nível de oxigênio captado e 
consumido, e aumentos adicionais na carga de trabalho não ocasionarão maior 
consumo de oxigênio pelo organismo (Hawkins et al., 2007), ou seja, é a maior 
taxa de trabalho produzida pelo metabolismo aeróbio. 
Podemos dizer que, em estado de repouso, necessitamos de menos 
energia e, consequentemente, menos oxigênio do que quando estamos 
caminhando, e menos ainda durante a corrida. Ao aumentarmos a intensidade 
 
 
3 
da tarefa, aumenta-se o consumo de oxigênio para que seja fornecida a energia 
necessária aos tecidos ativos. Assim, o consumo de oxigênio sobe a cada 
incremento. Isso ocorre até o ponto no qual mesmo que haja elevação de 
intensidade ou de velocidade da corrida, por exemplo, o consumo de oxigênio 
permanecerá constante. Esse seria o estágio de atingimento do VO2max 
(McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 283). 
Embora o VO2max seja amplamente reportado como o resultante da 
capacidade aeróbia máxima, ele é geralmente extrapolado do VO2pico, que seria 
o pico máximo de captação de oxigênio, dentro da maior intensidade da tarefa. 
Afinal, para que o VO2max seja identificado é necessário que o consumo se 
mantenha em um platô dentro da intensidade máxima, e isso é menos comum 
do que o VO2pico (Fletcher et al., 2013) 
Uma boa aptidão cardiorrespiratória está associada à prevenção de 
doenças e à promoção da saúde, pois indica que o sistema cardiorrespiratório é 
efetivo e serve como fator protetivo de morbidades. Assim, pessoas com uma 
capacidade cardiorrespiratória maior são menos suscetíveis a adoecer. Por isso, 
o VO2max é o indicador fisiológico da aptidão cardiorrespiratória (ACSM, 2018, p. 
74). 
O VO2max de um indivíduo é composto de fatores genéticos e ambientais. 
Mesmo que o treinamento seja efetivo para aumentar os valores de captação de 
oxigênio, a hereditariedade pode chegar até 50% do total (McArdle; Katch; Katch, 
2016, p. 405). Em determinado momento, o VO2max não aumentará mais do que 
o nível atual, mesmo que o desempenho aeróbio continue a ser aperfeiçoado. 
Nesse caso, a melhora da performance será atribuída à maior eficiência do 
sistema, e não mais ao acréscimo do VO2max. 
O volume máximo de oxigênio é determinado pelo produto do débito 
cardíaco (L sangue.min) e a diferença arteriovenosa de oxigênio (mlO2.L sangue) 
(McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 517). De maneira simplificada, é o quanto de 
sangue (litros/minuto) é ejetado do coração multiplicado pela quantidade de 
oxigênio que foi inspirado e consumido pelo organismo. O resultado pode ser 
expresso em valores absolutos (LO2.min) ou relativos (ml.kg.min). 
A medida absoluta é menos utilizada por não permitir comparações entre 
indivíduos, enquanto o VO2 relativo possibilita comparar os resultados entre 
pessoas com massas corporais distintas (ACSM, 2018, p. 74). Veja os exemplos 
de cálculo do VO2max relativo e absoluto a seguir. 
 
 
4 
Exemplo 1 
Homem de 80 quilos 
• Relativo: VO2max de 40 ml.kg.min 
• Absoluto: VO2max de 3,2 L.min 
Exemplo 2 
Homem de 100 quilos 
• Relativo: VO2max de 40 ml.kg.min 
• Absoluto: VO2max de 4 L.min 
TEMA 2 – FREQUÊNCIA CARDÍACA 
O sistema cardiovascular é composto de alguns componentes como a 
pressão arterial, a resistência vascular periférica e a frequência cardíaca (FC). A 
FC é caracterizada pelo número de sístoles que o coração realiza por minuto, 
sendo quantificada em batimentos por minuto (bpm). 
A frequência cárdica é regulada pelo sistema nervoso autônomo (SNA) 
em busca do equilíbrio realizado entre o sistema nervoso parassimpático (SNP) 
e o sistema nervoso simpático (SNS). O SNP é responsável por reduzir a FC 
quando os valores estão exacerbados em decorrência de alguma situação, seja 
patológica, seja fisiológica. Já o SNS libera neurotransmissores adrenérgicos 
(catecolaminas) para que a FC aumente e o fluxo sanguíneo possa ser 
redistribuído adequadamente ao organismo, fato que ocorre em situações de 
estresse ou durante o exercício, por exemplo (ACSM, 2018, p. 118; Michael; 
Graham; Oam, 2017). 
Em repouso, mantemos a FC entre 50 e 100 bpm, sendo que indivíduos 
com boa aptidão cardiorrespiratória podem ter esse valor reduzido em até 30 
bpm, condição conhecida como bradicardia de atleta (Nanchen, 2018). A 
frequência cardíaca segue o mesmo padrão de consumo do oxigênio, ou seja, 
na transição do repouso para a atividade física há um aumento progressivo no 
número de batimentos por minuto, que é dependente da intensidade imposta à 
tarefa (Michael; Graham; Oam, 2017). 
Ao iniciarmos uma atividade física, o SNA precisa aumentar a FC para 
atender às demandas energéticas e de nutrientes do organismo. Inicialmente, 
por meio do mecanismo de feedback dos barorreceptores arteriais, dos 
mecanorreceptores musculares e dos quimiorreceptores, há uma redução da 
 
 
5 
atividade parassimpática, prevalecendo o SNS. Quando ocorre um incremento 
na intensidade do exercício, esses receptores, por meio de uma via aferente de 
estímulo, indicam ao comando central a necessidade de elevar a atividade 
simpática e, consequentemente, a descarga das catecolaminas, além da já 
observada minimização do SNP. Com isso, a FC se eleva durante o exercício 
incremental, tanto pela minimização da atividade parassimpática quanto pelo 
aumento da atividade simpática (Michael; Graham; Oam, 2017). 
Durante o repouso e as atividades físicas leves, esse controle é feito 
basicamente pela redução parassimpática, enquanto em intensidade moderada 
à vigorosa, além da assumida inatividade do SNP, há uma concomitante 
intensificação simpato-adrenal por meio do SNS (Michael; Graham; Oam, 2017). 
2.1 Frequência cardíaca e prescrição do exercício físico 
A frequência cardíaca pode ser expressa no repouso (FCrep) durante o 
valor máximo individual (FCmax) e pela subtração de FCmax e FCrep, que remeterá 
ao valor da frequência cardíaca de reserva (FCres). As definições e as 
características de cada medida são apresentadas a seguir: 
• frequência cardíaca de repouso (FCrep): é o número de bpm que 
acontece com o indivíduo em repouso, podendo estar sentado ou deitado, 
sendo que deitado a FCrep tende a ser menor; 
• frequência cardíaca máxima (FCmax): é o máximo que o coração pode 
bater por minuto, sendo diretamente relacionado à idade, além de outrosfatores, como o nível de aptidão física e sexo. A frequência cardíaca 
máxima é comumente estimada pela fórmula FCmax = 220 – idade, 
embora existam outras fórmulas aceitas na literatura (ACSM, 2018, p. 
140); 
• frequência cardíaca de reserva (FCres): é a subtração da FCmax pela 
FCrep, e apresenta um dado mais fidedigno como indicador de prescrição 
do exercício do que a FCmax, apenas. 
 
 
 
6 
Para elucidar esse tema, veja o exemplo a seguir de utilização dos 
indicadores da FC na prescrição do exercício. 
João tem 35 anos de idade e pratica atividade física esporadicamente. Ele 
pretende manter uma regularidade de três vezes por semana, seguindo as 
recomendações médicas e do profissional de educação física local. 
Sua frequência cardíaca de repouso é 70 bpm. 
Para calcular a FCmax estimada de João, utilizaremos a fórmula: 
FC= 220 – idade 
Então, 
FCmax = 220 – 35 = 185 bpm 
Ou seja, a FCmax estimada é 185 bpm. 
Agora, vamos calcular a FCres: 
FCres = 185 – 70= 115 bpm 
Ou seja, a frequência cardíaca “útil” entre o repouso e o máximo é FCres 
=115 bpm 
Considerando o nível de atividade física de João, prescreveremos apenas 
exercícios moderados, com base na zona de treino (%FCres) em que João deverá 
permanecer (Tabela 1). 
• idade: 35 anos 
• FCrep = 70 bpm 
• FCmax: 220 – 35 = 185 bpm 
• FCres: 185 – 70= 115 bpm 
• % FCres: (115 x 0,4) + 70= 127 bpm (zona de treino 1 = 40%) 
• % FCres: (115 x 0,59) + 70= 138 bpm (zona de treino 2 = 59%) 
Para que João se mantenha em uma zona de treinamento classificada 
como moderada, ele deverá manter a FC na faixa de 127 bpm a 138 bpm. 
Tabela 1 – Classificação da intensidade do exercício pelos valores percentuais 
da FCres e FCmax 
 %FCres %FCmax 
Muito leve < 30 <57 
Leve 30-39 57-63 
 
 
7 
Moderado 40-59 64-76 
Vigoroso 60-89 77-95 
Máximo ≥ 90 ≥ 96 
Fonte: adaptada de ACSM, 2018. 
TEMA 3 – LIMIARES: UTILIZAÇÃO E DEFINIÇÕES 
Os limiares são bastante utilizados na fisiologia do exercício, 
principalmente no âmbito laboratorial ou de alto rendimento. São necessários 
testes específicos e conhecimento mais aguçado do avaliador, tornando mais 
difícil sua aplicação na prática diária. Neste tema, abordaremos o conceito e a 
classificação dos limiares mais comuns, além da utilidade destes como 
indicadores na prescrição do exercício físico. 
Antes de adentrarmos no assunto, façamos um breve resumo do 
comportamento bioenergético em repouso e em exercício. 
Possuímos como sistemas energéticos os sistemas fosfagênio (ATP/PCr), 
glicolítico e oxidativo. Como exposto nas aulas anteriores, esses sistemas 
trabalham em harmonia. Embora um sistema predomine em relação ao outro, 
conforme a duração e o tempo da atividade, ambos trabalham simultaneamente, 
em maior ou menor escala (Wells; Selvadurai; Tein, 2009). 
Em repouso, por exemplo, a energia é advinda basicamente do sistema 
oxidativo. Com a transição do repouso às atividades de maior intensidade, há 
maior contribuição dos sistemas glicolítico e fosfagênio, sendo que em 
intensidades máximas e tempo curto (10 segundos), 85% da energia é originada 
do metabolismo anaeróbio (Wells; Selvadurai; Tein, 2009). 
Podemos compreender que a bioenergética está relacionada com a 
intensidade e a duração da tarefa, assim como visto nos temas anteriores desta 
aula. São indicadores distintos que seguem um mesmo padrão de resposta a um 
determinado estímulo; nesse caso, o exercício físico. 
No repouso, como há pouca contribuição do sistema anaeróbio, o corpo 
mantém uma produção constante de lactato, em torno de ~1.3mmol/L. Quando 
a intensidade é aumentada levemente, esse valor é mantido ou aumenta muito 
pouco e se mantém constante. Se aumentarmos a intensidade ainda mais, o 
lactato terá a primeira subida acima dos níveis de repouso. Definimos esse ponto 
como o limiar aeróbio ou L1, e geralmente ocorre com um lactato sanguíneo de 
 
 
8 
~2mmol/L (Faude; Kindermann; Meyer, 2009). Nesse ponto ainda há predomínio 
do sistema oxidativo, com um pouco mais de contribuição do sistema glicolítico. 
Se a intensidade for mantida, o metabolismo entrará em estado estável e 
a atividade poderá ser realizada por até ~4 horas (Faude; Kindermann; Meyer, 
2009; Iannetta et al., 2020). Essa estabilidade metabólica ocorre com 
incrementos de carga até o ponto em que a intensidade imposta ocasione um 
aumento no lactato sanguíneo, e, a partir daquele ponto, qualquer carga 
adicional levará ao aumento exponencial do lactato. O ponto em que o 
metabolismo anaeróbio glicolítico passa a predominar seria o limiar anaeróbio 
(L2), ou limiar de lactato (LL), também conhecido pelo início do acúmulo de 
lactato sanguíneo (OBLA –onset blood lactate accumulation). Esse limiar ocorre 
com o valor de lactato em torno de 4mmol/L (Fletcher et al., 2013; McArdle; 
Katch; Katch, 2016, p. 702). 
Embora exista divergência sobre as terminologias adequadas para se 
referir ao LL, os termos expostos anteriormente são aceitos na literatura como 
sinônimos (Fletcher et al., 2013; McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 702). Uma 
subdivisão proposta ao LL é denominada máximo lactato em estado estável 
(MLSS), que algumas vezes pode ser representado como o LL, mas é mais 
aceito como um limiar que ocorre depois do limiar de lactato (Ianetta et al., 2020). 
A obtenção do limiar aeróbio (L1) e do limiar de lactato (LL) se dá pela 
aplicação de um teste de esforço incremental em estágios de 2-3 minutos 
majoritariamente, o mesmo teste aplicado para identificar o VO2max (Fletcher et 
al., 2013). Já o teste do MLSS acontece de maneira contínua, com carga 
submáxima constante, definido como a maior taxa de trabalho em que o lactato 
sanguíneo é mantido ≤ 1mmol/L entre o 10º e o 30º minuto de teste. Exercícios 
realizados dentro do MLSS podem ser suportados por no máximo 45-60 minutos 
(Faude; Kindermann; Meyer, 2009; Iannetta et al., 2020). 
Trazendo esses conceitos para a prática, vamos a um exemplo de 
utilização dos limiares na prática: 
Maria foi submetida a um teste de esforço e o lactato sanguíneo será 
coletado ao término de cada estágio (2 em 2 minutos). 
Em repouso, Maria apresentou um lactato de 1.3mmol/L. A cada estágio 
será aumentada a velocidade e/ou a inclinação da esteira. Após terminar o 
segundo estágio do teste (4 minutos de exercício), verificou-se um valor de 
2mmol, ou seja, o primeiro aumento acima dos níveis de repouso (limiar aeróbio 
 
 
9 
= L1). Seguindo com o teste, ao término do 4º estágio (8° minuto), obteve-se um 
lactato de 4mmol/L, que foi o início do acúmulo do lactato (OBLA) ou LL/L2, sendo 
que no estágio seguinte (10º minuto), o lactato havia subido de maneira 
sustentada, ou seja, desproporcional ao aumento da velocidade, caracterizando 
o predomínio anaeróbio. Na sequência, Maria chegou à fadiga e o teste foi 
encerrado. 
Em um outro dia, Maria retornou ao laboratório para identificar o MLSS. 
Após um aquecimento de 4 minutos houve um aumento abrupto na intensidade, 
em uma velocidade que os avaliadores calcularam ser a necessária para obter 
um lactato estável (≤ 1mmol/L entre os minutos 10º e 30º). Ao coletar o lactato 
no 10º minuto, Maria estava com um lactato de 5.1mmol/L, e no 30º minuto, de 
5.8mmol/L, ou seja, foi possível identificar o MLSS de Maria. 
Com essas informações, podemos prever a que velocidade o avaliado 
deve estar para uma determinada prova. Considerando o nosso exemplo, o 
melhor desempenho de Maria em uma prova de corrida que dure entre 45 e 60 
minutos ocorrerá com a permanência na velocidade que ela estava quando 
realizou o teste do MLSS. Caso corra em velocidades inferiores, terá um 
desempenho abaixo de sua capacidade. Por outro lado, se aumentar a 
velocidade, não suportará até o final da prova ou terá que reduzir 
substancialmente a velocidade. 
Sigamos com um resumo dos termos e conceitos aprendidos neste tema: 
• limiar aeróbio (L1): primeiraelevação significativa do lactato acima dos 
níveis de repouso; 
• limiar de lactato (LL): definido também como limiar anaeróbio ou início 
do acúmulo de lactato sanguíneo (OBLA – onset blood lactate 
accumulation). É o ponto de inflexão no qual o lactato começa a acumular 
de maneira sustentada, geralmente em ~4mmol/L, embora haja 
variabilidade individual; 
• máximo lactato em estado estável (MLSS): maior taxa de trabalho em 
que o lactato sanguíneo é mantido em um valor ≤ 1mmol/L entre o 10º e 
o 30º minutos de teste submáximo. 
 
 
 
 
10 
3.1 Limiar ventilatório 
Um outro marcador fisiológico do exercício que está dentro do conjunto 
de limiares é o limiar ventilatório. Esse indicador é ainda mais incomum na 
prática diária dos profissionais de educação física, pois assim como os limiares 
citados anteriormente ele depende de protocolos, equipamentos e avaliadores 
específicos, com o agravante de necessitar do analisador de gases, o que torna 
isso menos comum, embora mais preciso (ACSM, 2018, p. 72). 
Para que o corpo capte e consuma o oxigênio nos tecidos é necessário 
que determinado volume de ar seja ventilado, ou seja, é preciso que ocorram 
ciclos de inspirações e expirações. Em repouso, ventilamos 25 litros de ar para 
consumir 1 litro de oxigênio. O nome dado a essa relação é equivalente 
ventilatório (Ve/VO2), e pode ser expresso em repouso como Ve/VO2 = 25.L/1.L, 
podendo chegar até 35 L.Ve/1LO2 durante o exercício em esforço máximo 
(McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 463) 
Durante atividades realizadas abaixo do LL, essa relação permanece 
praticamente constante, embora os valores relativos se alterem para atender a 
demanda de oxigênio. Ao atingir o LL, inicia-se um processo de maior ventilação 
para obter a mesma quantidade de oxigênio. Isso ocorre principalmente para 
expelir o dióxido de carbono (CO2) gerado. Da mesma forma que o lactato 
aumenta com a maior participação glicolítica na geração energética há uma 
elevação concomitante do dióxido de carbono (CO2) relacionado ao acúmulo de 
prótons de hidrogênio (H+), oriundos da glicólise anaeróbia. Esse mecanismo é 
o responsável pelo aumento desproporcional na ventilação pulmonar (Ve) em 
relação ao consumo de oxigênio (VO2), sendo caracterizado como limiar 
ventilatório (L1), que coincide com o LL (McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 457). 
O equivalente ventilatório é utilizado também para analisar a razão de Ve 
pelo CO2 expelido. Essa relação se mantém constante até o ponto de 
compensação respiratória (PCR), em que é necessário ventilar mais, ou seja, 
aumentar a expiração para tentar eliminar o CO2 produzido demasiadamente. 
Esse limiar ocorre após o limiar ventilatório 1 (L1), por isso o PCR é reconhecido 
também como limiar ventilatório 2 (L2) (Herdy et al., 2016). 
 
 
 
 
11 
TEMA 4 – PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO 
Diferentemente dos indicadores fisiológicos vistos até o momento, a 
percepção subjetiva de esforço (PSE) é fácil de aplicar, simples de analisar e 
possui custo muito baixo. Por outro lado, pode sofrer influência de diversos 
fatores, como: 
• instabilidade psicológica; 
• estado de humor; 
• fatores ambientais. 
A PSE mede o esforço percebido para desempenhar determinada tarefa 
física, sendo atribuído um valor referente a cada sentimento, iniciando no nível 
mais baixo (nível 6 – sem esforço) até o nível que representa a sensação de 
intensidade máxima (nível 20 – esforço máximo) – escala de Borg de 6 a 20 
(ACSM, 2018, p. 78) (Tabela 2). Além desta, existem outras escalas que são 
validadas e comumente aplicadas no escopo do treinamento. Podemos destacar 
a escala de razão, com valores de 0 a 10 e, ainda, a escala OMNI de treinamento 
resistido, que faz a mesma relação, porém com um visual específico do esforço 
durante o treinamento resistido (Robertson et al., 2003). Independentemente do 
instrumento utilizado, o objetivo é o mesmo: identificar a zona de trabalho para 
que o treinamento atinja o objetivo proposto. 
Além de ser de fácil interpretação, aplicação e acesso, esse método é 
muito relevante para avaliar a intensidade do exercício em idosos e/ou 
cardiopatas, que mais comumente fazem uso de β-bloqueadores, como 
hipertensos. O uso desse tipo de medicação afeta a resposta fisiológica da 
frequência cárdica, inibindo a elevação da atividade simpática esperada com o 
aumento da intensidade do exercício, como vimos no Tema 2 desta aula. Mesmo 
que a intensidade seja aumentada, a FC não subirá proporcionalmente, tornando 
inviável a utilização da FCres ou da FCmax como marcadores fisiológicos de 
intensidade. Dessa forma, é possível relacionar os níveis apontados na escala 
de PSE aos valores percentuais da FCmax, da FCres e da intensidade do exercício 
(Tabela 3; ver seção Na prática mais adiante), possibilitando o controle da carga 
nos indivíduos de maior risco (ACSM, 2018, p. 77). 
 
 
 
12 
Tabela 2 – Escala de percepção subjetiva de esforço PSE (Borg 6-20) 
Nível Percepção 
6 Sem esforço 
7 
Extremamente leve 
8 
9 
Muito leve 
10 
11 
Leve 
12 
13 
Razoável 
14 
15 
Difícil 
16 
17 
Muito difícil 
18 
19 Extremamente difícil 
20 Esforço máximo 
Fonte: ACSM, 2018, p. 78. 
TEMA 5 – OVERTRAINING 
A evolução do condicionamento físico depende do gerenciamento dos 
fatores inerentes ao treinamento, sendo que o treinamento físico pautado em 
princípios e modelos de progressão é mais eficaz e seguro do que exercícios 
realizados sem esse rigor, que não seguem um cronograma de treinamento 
(periodização). 
O treinamento físico, independentemente do objetivo e do nível de 
aptidão, é composto por quatro princípios primários (McArdle; Katch; Katch, 
2016, p. 670): 
• sobrecarga: a evolução do condicionamento físico é dependente da 
progressão da sobrecarga imposta; 
• especificidade: a evolução do condicionamento físico depende da 
especificidade do treinamento aplicado e da tarefa que se pretende 
desempenhar; 
 
 
13 
• diferenças individuais: cada indivíduo é único. Isso deve ser 
considerado durante a prescrição; 
• reversibilidade: a interrupção do treinamento físico pode reverter os 
benefícios adquiridos ao longo do tempo. 
A má gestão desses princípios, além de retirar os diversos benefícios 
adquiridos com a prática regular de atividade física, pode colocar o praticante, 
seja ele aluno, seja cliente, seja atleta, em risco de desenvolver fadiga crônica, 
com redução significativa de performance e malefícios à saúde. 
A condição na qual há redução de performance física, desequilíbrio 
psicológico e desregulação neuroendócrina por longos períodos é o que a 
literatura chama de overtraining (supratreinamento), ou, de maneira mais 
assertiva, de síndrome de overtraining (McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 714; 
Meeusen et al., 2013). O desequilíbrio crônico na carga de treino aplicada em 
conjunção com recuperação inadequada, excesso de competições e agentes 
estressores externos levam cerca de 10% a 20% dos atletas a desenvolver essa 
síndrome (McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 714). 
Conforme abordado no início dessa seção, para que haja adaptação e 
evolução do condicionamento físico é necessário um incremento da sobrecarga. 
No entanto, essa sobrecarga deve ser planejada, progressiva e sistemática 
(McArdle; Katch; Katch, 2016, p. 715). 
Para compreendermos melhor as diferentes respostas de performance 
durante o overtaining, vejamos as definições a seguir (Meeusen et al., 2013): 
• overreaching funcional (ORF): ciclo comum de treinamento em que há 
fadiga e redução temporária de performance (dias). Com a adequada 
recuperação, o desempenho será superior aos treinos anteriores, 
seguindo o mecanismo de supercompensação. 
• overreaching não funcional (ORNF): gestão de sobrecarga e 
recuperação inapropriada; fadiga crônica e redução do desempenho 
(semanas a meses). Com regeneração adequada haverá recuperação do 
sistema; primeiro estágioda síndrome do overtraining. 
• síndrome do overtraining (OTS): manutenção do estado de ORNF, 
levando aos desequilíbrios físico, psicológico e neuroendócrino. O 
desempenho físico é cronicamente reduzido (meses a anos). 
 
 
14 
5.1 Diagnóstico e respostas fisiológicas 
O diagnóstico da OTS é complexo e multifatorial, sendo muitas vezes 
detectado quando há redução do desempenho físico e estado de humor por 
longos períodos (semanas a meses) sem causa secundária específica (Meeusen 
et al., 2013). 
O sistema endócrino exerce papel fundamental nesse estado, mas há 
pouca evidência de alterações nos parâmetros metabólicos e bioquímicos de 
repouso em indivíduos acometidos por OTS, dificultando ainda mais o 
diagnóstico clínico (Meeusen et al., 2013). No entanto, existem evidências de 
que há aumento na excreção dos hormônios adrenocorticotrófico (ACTH) e de 
crescimento (GH), e redução do cortisol e da insulina em resposta ao exercício 
durante a síndrome do overtraining (Cadegiani; Kater, 2017; McArdle; Katch; 
Katch, 2016, p. 715). O sistema hormonal se adapta para estimular um estado 
constante de regeneração física. 
NA PRÁTICA 
Diante dos conceitos expostos e dos exemplos oferecidos sobre os 
diferentes indicadores de intensidade do exercício físico, pensemos que estamos 
incumbidos de prescrever o treinamento para um idoso (65 anos) hipertenso 
medicado. Qual seria o melhor indicador fisiológico apresentado na Tabela 3 
para controlar o nível de intensidade da atividade física desse idoso? 
Tabela 3 – Métodos para estimar a intensidade da capacidade cardiorrespiratória 
Intensidade %FCres %FCmax PSE 
Muito leve < 30 < 57 < 9 
Leve 30-39 57-63 9-11 
Moderado 40-59 64-76 12-13 
Vigoroso 60-89 77-95 14-17 
Máximo ≥ 90 ≥ 96 ≥ 18 
Fonte: adaptado de ACSM, 2018. 
 
 
 
 
15 
FINALIZANDO 
Nesta aula foram abordados os principais indicadores fisiológicos 
utilizados na verificação da intensidade do exercício. 
Foi descrito como o VO2, o FC, o PSE e os limiares de lactato e ventilatório 
se relacionam entre si, e qual é a resposta fisiológica esperada para um exercício 
incremental ou contínuo. 
Foi verificado também como o controle das cargas de treinamento pode 
otimizar a performance individual ou levar à condição extrema de síndrome de 
overtraining (OTS). 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
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