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ENERGIAS RENOVAVEIS

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O artigo regulação de resíduos sólidos urbanos para a geração de energia a partir do biogás: estudos de viabilidades em regiões da grande Vitória/ES, publicado por Galiza e Campos em 2015, tem por objetivo estudar as regiões de Vila Velha, Serra, Cariacica e Vitória devido ao seu grande potencial de produção de biogás proveniente de resíduos sólidos urbanos (RSU). Os autores buscaram estudos para entender o estado da arte do assunto, buscando compreender questões legais e a viabilidade desta produção de energia. 
Galiza e Campos citam uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), onde é mostrado que a geração de RSU no Brasil foi de 76.387.200 toneladas no ano de 2013, sendo a maior parte produzido no Sudeste do país. Esses resíduos eram depositados em lixões até que a Política Nacional de Resíduos sólidos mudou o panorama da situação em 2012, decretando o fim dos lixões até o ano de 2014. A principal alternativa aos lixões foram os aterros sanitários, porém, é citado o trabalho da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, de 2013, que mostra que apenas 58,3% dos RSU estão nesses aterros. Com isso, é observado que o uso dos resíduos sólidos para a produção de energia é uma alternativa viável e mais sustentável.
Os autores ainda citam outra pesquisa, da Empresa de Pesquisa Energética, de 2014, que fala do reaproveitamento energético do RSU. No caso seria feita a queima dos gases produzidos pela ação dos microrganismos decompositores. O principal gás é o metano, um dos maiores causadores do efeito estufa. A queima desse gás seria benéfica, não apenas como alternativa aos combustíveis fósseis, mas também pelo fato de o metano não ser mais jogado na natureza. Os gases podem ser utilizados de diversas formas, como: eletricidade, vapor, combustível para caldeiras ou fogões, combustível veicular ou ainda abastecimento de gasodutos, além de poder serem utilizados na produção de GNV.
Para a legislação, é citada a constituição de 1988, que define que é competência dos municípios organizar serviços como o de limpeza e coleta de resíduos, sendo criados instrumentos para guiar as ações locais. Um dos principais instrumentos é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, além dela, outras legislações são citadas como a Lei nº 11.445/2007, as notas técnicas 6 nº 132/2013/-SBQ-RJ e nº 157/2014/SBQ/RJ, a resolução 7 ANP nº 8/2015 e a Lei nº 6.361/2012. No caso do estado a ser estudado foram citadas a Lei nº 9.264/2009, a Lei nº 9.531/2010, o Decreto nº 3453- R/2013, além de leis municipais, a Lei nº 6.705/2006 de Vitória, a Lei nº 4.575/2007 de Vila Velha, a Lei nº 1.522/1991 de Serra e a Lei nº 018/2007 de Cariacica.
O uso dos gases produzidos pelos RSU, no caso de produção energética, pode ser regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, apesar desses agentes reguladores, é dito pelos autores que pode haver conflitos na legislação. Para o caso do estado do Espírito Santo, as leis citadas no parágrafo anterior, de acordo com os autores, favorecem o uso do biogás, gerado pelos RSU, para produção de energia. Apesar disso, não há usinas para isso no estado.
Nas conclusões é falado que a “Lei nº 12.305/2010 foi extremamente importante para gerar iniciativas no setor, resultando em leis Estaduais e Municipais que poderão contribuir para aumentar a utilização dos RSU como fonte alternativa de energia renovável no Brasil”. Porém há conflitos na legislação que devem ser resolvidos. No Brasil, o assunto ainda seria novidade e estudos para auxílio das regulamentações seria necessário.
De acordo com o censo do IBGE de 2022 a população brasileira é de aproximadamente 203 milhões de habitantes (1) e a população urbana do país é de aproximadamente 124 milhões, cerca de 61% do total (2). Um estudo regional como o de Galiza e Campos é de extrema importância, o entendimento de questões legais e do estado da arte do tema é o princípio de uma movimentação para tornar, caso seja possível, o uso do biogás produzido pelos RLU algo nacional. No censo foi concluído que 86% dos domicílios possuem coleta diária de lixo, parte dessa porcentagem é de população urbana e tem-se com isso um potencial enorme de energia alternativa.
A questão do conflito legal deve ser resolvida para se ter uma regulamentação séria sobre o assunto. Vê-se em (3) que dificuldades do tipo não são exclusividade dos resíduos sólidos. Além do meio ambiente, lacunas na legislação podem ser encontradas em outros meios como mostrado por (4), com relação ao ensino de atletas. É observado, portanto, que, apesar de ser uma questão séria, problemas legislativos se estendem por diversas esferas da sociedade, sendo um assunto delicado e que, provavelmente, demanda tempo, dinheiro e influência política.
O Brasil é um dos países que mais produzem energia através de usinas hidrelétricas. Apesar de ser uma energia renovável, causa muitos problemas ambientais e sociais, devido as inundações causadas pelas barragens, deslocando populações locais, afetando a qualidade da água, e destruindo a natureza (6). O uso do biometano é, portanto, uma boa alternativa, visto que, de acordo com (5), “até o ano de 2016, foram registrados 30 projetos com potencial de gerar juntos 286,04 MW de energia elétrica”. Nisso vemos que já há no nosso país um caminho traçado para essa alternativa.
1 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama
2 https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2023/06/censo-2022-indica-que-o-brasil-totaliza-203-milhoes-de-habitantes#:~:text=%C2%BB%20Em%202022%2C%20as%20concentra%C3%A7%C3%B5es%20urbanas,viviam%20em%20cidades%20desse%20porte.
3 DO CARMO, Laila Gonçalves; FELIPPE, Miguel Fernandes; JUNIOR, Antônio Pereira Magalhães. Áreas de preservação permanente no entorno de nascentes: conflitos, lacunas e alternativas da legislação ambiental brasileira. Boletim Goiano de Geografia, v. 34, n. 2, p. 275-293, 2014.
4 DE CARVALHO, Ricardo Antonio Torrado; HAAS, Celia Maria. Conflito na legislação brasileira referente à escolarização de seus jovens atletas. Revista de estudios e Investigación en psicología y educación, p. 011-015, 2015.
5 NASCIMENTO, Maria Cândida Barbosa et al. Estado da arte dos aterros de resíduos sólidos urbanos que aproveitam o biogás para geração de energia elétrica e biometano no Brasil. Engenharia Sanitaria e Ambiental, v. 24, p. 143-155, 2019.
6 GIONGO, Carmem Regina; MENDES, Jussara Maria Rosa; SANTOS, Fabiane Konowaluk. Desenvolvimento, saúde e meio ambiente: contradições na construção de hidrelétricas. Serviço Social & Sociedade, p. 501-522, 2015.
7 FEARNSIDE, Philip M. A hidrelétrica de Balbina: o faraonismo irreversível versus o meio ambiente na Amazônia. HIDRELÉTRICAS NA AMAZÔNIA, v. 13, n. 4, p. 97, 2015.

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