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RESUMO APG HEMOGLOBINA

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APG - HEMOGLOBINA 
É uma substância com peso molecular de 64.500 dáltons, pigmentada e formada por duas partes: (1) porção que contém ferro, denominada heme, e (2) porção proteica, denominada globina.
 A principal função da hemoglobina é promover a absorção, o transporte e a liberação do oxigênio aos tecidos. 
O ferro do heme chega à célula formadora de hemoglobina ou eritroblasto ligado à sua proteína transportadora - a siderofilina ou transferrina. 
O complexo ferro-transferrina liga-se à membrana celular por meio de seus receptores específicos. A absorção desse complexo pelos eritroblastos se faz após a invaginação de pequena porção da membrana celular, de modo a se formarem vesículas intracitoplasmáticas onde o ferro permanece, já desligado da transferrina. Esta, por sua vez, volta ao plasma sem o ferro (apotransferrina) para novamente se1vir como transportadora. Os receptores que se ligavam ao complexo ferro-transferrina voltam a atuar na membrana celular. 
O ferro intracitoplasmático entra na mitocôndria para que se processe a síntese do heme. Se houver ferro em excesso, este se deposita sob a forma de ferritina em pequenos agregados semicristalinos no citoplasma. Os eritroblastos que contêm tais agregados são denominados sideroblastos, e os eritrócitos maduros que os possuem (raros, em condições normais) são chamados de siderócitos.
FONTE: Adaptado de Lodish et. al, 2004.
· SÍNTESE DO HEME: O heme é formado por quatro anéis pirrólicos ligados entre si por um átomo de ferro. Para fazerem a síntese do heme, os eritroblastos utilizam os aminoácidos glicina e ácido succínico. Uma molécula de glicina e uma de succinato se condensam para formar o ácido delta levulínico ou ∆ ALA. Depois disso, duas moléculas de ALA se condensam para formar um anel pirrólico, sob a ação da enzima denominada ALA-deidratase. A seguir, quatro anéis pirrólicos reagem e formam um anel tetrapirrólico. Esse anel tetrapirrólico permanece unido por pontes de meteno (= CH -), formando o que se denomina protoporfirina. Nesse ponto, o ferro é incorporado à molécula, formando o heme. Este fica localizado numa "bolsa" hidrofóbica na estrutura da molécula de globina, que protege da oxidação do Fe² (ferroso) a Fe³ (férrico).
· A síntese do heme necessita da presença de oito enzimas: (1) ALA-sintetase; (2) ALA- deidratase; (3) porfobilinogênio-deaminase; (4) urobilinogênio-sintetase; (5) uroporfirinogênio-decarboxilase; (6) coproporfirinogênio-oxidase; (7) protoporfirinogên io-oxidase; (8) ferroquelatase. 
· A primeira e as três últimas enzimas se situam na mitocôndria dos eritroblastos, enquanto as demais se localizam no citoplasma (citosol). A formação do porfobilinogênio a partir do ∆ ALA se processa no citoplasma, assim como as fases seguintes de urobilinogênio e do coproporfirinogênio. Este último produto é oxidado pela protoporfirinogênio-oxidase ao nível da mitocôndria, resultando na formação da protoporfirina. Esta se une ao ferro, por ação da ferroquelatase, para formar o heme. Até a fase de reticulócito pode haver incorporação do ferro para a formação do heme. Mais de 300 mg de heme são produzidos a cada 24 horas, primariamente para formar a hemoglobina e também para a formação da mioglobina, do citocromo e da catalase. Quando há insuficiência de ferro, a protoporfirina do interior do eritroblasto aumenta. Isto é observado na anemia por carência de ferro e quando há eritropoese ineficiente. A produção do heme obedece a um mecanismo retrorregulável, isto é, a produção das enzimas, em especial da ALA-sintetase, pode aumentar toda vez que há maior necessidade de formação de eritrócitos.
· SÍNTESE DA GLOBINA: A globina constitui a maior porção da molécula da hemoglobina. Enquanto a síntese do heme se processa na mitocôndria, a da globina se faz no ribossoma citoplasmático. A formação da globina é comandada por genes das células eritroblásticas, existindo quatro diferentes genes capazes de comandar a síntese das quatro cadeias polipeptídicas que formam as globinas normais no indivíduo adulto. Essas cadeias polipeptídicas são denominadas alfa (α), beta (ᵦ), gama (γ) e delta (ᵟ). Assim, a síntese de cada uma dessas cadeias é controlada pelos genes a, que estão localizados no cromossomo 16, e pelos genes ᵦ, γ e ᵟ, localizados no cromossomo 11. As moléculas dos quatro tipos de globinas são chamadas também de monômeros e se associam inicialmente em pares - dímeros - e depois em quatro cadeias, formando os tetrâmeros.
· Cada tetrâmero tem duas cadeias α (α2), cada uma possuindo uma sequência de 141 aminoácidos. No indivíduo adulto, o outro par de monômeros é representado por duas cadeias ᵦ (ᵦ2), cada uma contendo uma sequência de 146 aminoácidos. 
· É formada, então, a hemoglobina do adulto, ou HbA, cuja estrutura é a α2ᵦ2. A disposição dos aminoácidos na molécula de globina obedece a uma orientação preestabelecida. As cadeias de globina se enrolam sobre si mesmas, formando segmentos ou hélices. Existem oito segmentos longos ou hélices que são denominados por letras, de A a H. Entre os segmentos longos, há também segmentos mais curtos, não-helicoidais. Essa disposição dá à molécula de globina um aspecto esferoidal. No seu interior, protegidos pelas dobras das hélices, estão os grupos heme, ligados a um aminoácido (histidina) e situados entre os segmentos E e F. A proteção do heme contra a penetração de água é necessária para que ele se combine melhor com o oxigênio (meio hidrófobo). Como existem quatro cadeias de globinas na molécula de hemoglobina, deve haver quatro grupos heme, cada um com o seu átomo de ferro. No indivíduo adulto existe ainda pequena quantidade de outra hemoglobina, denominada hemoglobina A2 (HbA2), formada por duas cadeias α e duas cadeiasᵟ (α2ᵟ2). Ao final da gestação, a HbA aumenta, chegando a 20-30% ao nascimento, enquanto a HbF ou hemoglobina fetal (a2γ2) ainda representa 70-80% da hemoglobina do indivíduo. No quinto mês de vida a HbA atinge níveis semelhantes aos do adulto, e a HbF passa a representar uma porcentagem mínima. 
· Em resumo, no indivíduo adulto temos as seguintes porcentagens de hemoglobina: 
 HbA - α2ᵦ2 = 95 a 98% 
HbA2- α2ᵟ2= 1,5 a 3%
HbF - α2γ2= 0a 1%
· SÍNTESE DA HEMOGLOBINA: É processada no citoplasma dos eritroblastos após ocorrer a formação do heme e das cadeias de globina. O heme é sintetizado na mitocôndria, enquanto as cadeias de globina se formam em ribossomas específicos do citoplasma. As diferenças existentes entre as hemoglobinas sintetizadas durante o desenvolvimento do indivíduo servem para preencher as diferentes necessidades de oxigênio dessas diversas fases. No início da vida embrionária e durante a vida fetal, há tipos de hemoglobinas que desaparecem após o nascimento. As mudanças que ocorrem nesses tipos são denominadas switches e correspondem à ativação e à inativação simultânea dos genes responsáveis pela síntese das várias cadeias.
· As cadeias de globinas denominadas zeta (Ç) e epsílon (ᵋ) se reúnem, formando a hemoglobina Gower 1 (Ç2ᵋ2), a hemoglobina Portland (Ç2γ2) ou a hemoglobina Gower 2 (α2 ᵋ2), características do período embrionário. As cadeias zeta parecem corresponder às cadeias alfa, enquanto as cadeias epsílon devem ser homólogas das cadeias beta. No período fetal surge a hemoglobina F (HbF), formada por α2γ2. Essas cadeias γ podem diferir em sua composição de aminoácidos. No adulto, aparecem a HbA2 (α2ᵟ2) e a HbA (α2ᵦ2).
· FUNÇÃO DA HEMOGLOBINA: A hemoglobina contida nos eritrócitos tem papel importante no transporte de O² dos pulmões para os tecidos e do C0² recolhido dos capilares teciduais para os pulmões. Para cada dl de sangue arterial oxigenado há cerca de 19-20 ml de O² em combinação com a hemoglobina e 0,3 ml de O² dissolvido no plasma (cada grama de hemoglobina pode carregar 1,34 Ml de O²; portanto, 16 g de hemoglobina contidos em 1 dl de sangue são capazes de carregar 19-20 ml de O²). Este O², que se liga firmemente à molécula de hemoglobina nos pulmões, será cedido aos tecidos posteriormente. A hemoglobina fica saturada em 97%, sendo a tensãode O² naquele local de 100 mmHg. O O² dissolvido no plasma aparece em quantidade muito pequena, fato que não permitiria a oferta necessária desse gás aos tecidos caso não houvesse a participação da hemoglobina no seu transporte. Quando o sangue arterial chega aos capilares dos tecidos, encontra uma tensão de O² muito menor do que 100 mmHg (de cerca de 40 mm). O O² do plasma rapidamente atravessa a parede capilar e vai às células do tecido. Isto se segue de saída do O² ligado à molécula de hemoglobina para fora, em direção ao plasma e daí ao tecido. A saturação de O² nos capilares, após a troca gasosa, baixa para 70%, correspondendo a 14 ml de O² para cada dl de sangue. Na prática, esses dados são demonstrados pela chamada curva de saturação do O². Essa curva de dissociação do O², ou curva sigmoide de Bohr, pode ser expressa pela equação de Hill:
P50 = tensão de 0 2 em mmHg quando 50% dos sítios de ligação da molécula de hemoglobina estão saturados. 
n = coeficiente de Hill = 2, 7.
· O P50 é, normalmente, da ordem de 26,3 mmHg para o indivíduo adulto, ao nível do mar. Essa curva tem uma forma característica que traduz a fixação consecutiva de várias moléculas de O² no interior da molécula de hemoglobina. Cada molécula de O² se fixa a um átomo de ferro (íon ferroso) do heme. Visto que cada molécula de hemoglobina possui quatro grupos heme, cada um contendo um átomo de ferro, cada molécula de hemoglobina transporta quatro moléculas de O². A curva de dissociação de O² pode variar em razão da maior ou menor taxa de O² liberada pela hemoglobina. Ela pode estar desviada para a direita ou para a esquerda. É desviada para a direita quando maior quantidade de O² é liberada para os tecidos.
· Isso ocorre quando o pH do sangue diminui (acidose) ou quando a temperatura corpórea aumenta. Exemplo dessa situação é o que ocorre no exercício físico, em que o aumento do metabolismo requer maior suprimento de O² aos tecidos. A influência da temperatura na variação da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio é grande. Quando ela se eleva, reduz-se esta afinidade, aumenta o P50 e, consequentemente, a liberação do O² aos tecidos é facilitada. Ao contrário, quando o pH do sangue aumenta (alcalose) e há hipotermia, a curva se desvia para a esquerda. Como consequência, menor quantidade de O² é liberada para os tecidos.
· Além de O², o sangue também transporta C0², cuja taxa é elevada nos tecidos. Neste local há absorção pelos eritrócitos, onde ele é convertido em ácido carbônico (H²C0³) por uma enzima (anidrase carbônica). Uma outra parte se combina com a hemoglobina, formando o composto denominado carbamino-hemoglobina. Essas duas reações provocam queda do pH no interior do eritrócito, facilitando a liberação de O² nos tecidos. Nos pulmões, a pressão de C0² é pequena, por isso esse gás é liberado das células. Com isso, a curva de dissociação do O² se desvia para a esquerda, favorecendo então a sua absorção. Denomina-se esse efeito do pH, favorecendo ou dificultando a dissociação do O², efeito Bohr. Durante as trocas gasosas de O² e C0² a molécula da hemoglobina sofre modificações na sua conformação. Quando a molécula está saturada de O², forma-se a oxi-hemoglobina, que tem uma configuração diferente da desoxí-hemoglobina, que se forma quando a saturação em O² é baixa. Essas mudanças decorrem da presença de uma substância liberada durante o metabolismo da glicose, conforme veremos adiante, denominada 2,3-DPG ou 2,3-difosfoglicerato.
· O 2,3-DPG se liga e desliga da molécula da hemoglobina, modificando sua função. A ligação do 2,3-DPG reduz a afinidade da hemoglobina ao O² e leva à liberação deste para os tecidos. Forma-se desoxi-hemoglobina ou forma desoxigenada. A expulsão do 2,3-DPG e do C0² da molécula da desoxi-hemoglobina provoca a absorção do O², sua ligação com o heme, formando-se a oxiemoglobina ou forma oxigenada. O 2,3-DPG se forma a partir de 1,3-difosfoglicerato por ação da enzima difosfoglicerato sintetase. A quantidade de 2,3-DPG formada é pequena devido a um mecanismo feedback regulador de inibição daquela enzima. Sem este mecanismo o 2,3-DPG se acumularia em alta concentracão nas células. 
· Eritrócitos envelhecidos apresentam baixo teor de 2,3-DPG. Os compostos orgânicos fosfatados competem com os sítios de ligação dessa substância na molécula de hemoglobina. A hemoglobina funciona também como transportadora do óxido nítrico na circulação. Há sítios de ligação desse óxido no heme como também na porção globínica. Ao nível dos tecidos, quando a hemoglobina libera o oxigênio, há liberação também do óxido nítrico para as células.
HEMOGRAMA: exame realizado que avalia as células sanguíneas de um paciente. O exame é requerido pelo médico para diagnosticar ou controlar a evolução de uma doença. Que compreende o eritrograma, leucograma e plaquetograma. Coleta de sangue O sangue do indíviduo é colhido com anticoagulante (EDTA), para se evitar a coagulação do mesmo.
· PROCESSO MANUAL DE CONTAGEM: Contagens manuais do número de hemácias e leucócitos podem ser feitos em câmara de Neubauer, após uma diluição prévia do sangue. O método dificilmente é usado, sendo usado em poucos casos de dúvidas da metodologia automática. O esfregaço de sangue é usado para fazer uma diferenciação entre os leucócitos, isto é, fazer uma contagem do número de neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Chegando-se a uma porcentagem de cada célula encontrada. Usado também para avaliar a série vermelha e as plaquetas. É feito com uma pequena gota de sangue sendo colocada sobre uma lâmina de vidro, onde o técnico fará um esfregaço, arrastando a gota de sangue com uma outra lâmina de vidro, com isso forma-se uma película. O sangue tem que ser homogenizado antes de se fazer o esfregaço para que as células estejam bem destribuídas. O esfregaço é corado com Leishman ou Giemsa. E observado em microscópio com objetiva de aumento de 100X. 
· PROCESSO AUTOMÁTICO DO HEMOGRAMA: Hoje em dia o hemograma é feito em aparelhos. Os aparelhos usam uma pequena quantidade de sangue. Há dois sensores principais: um detector de luz e um de impendência elétrica. 
· As células brancas, ou leucócitos, podem ser contadas baseando-se em seu tamanho ou através de suas características. Quando a contagem é baseada no tamanho das células, o aparelho as diferencia por 3 tipos: células pequenas (linfócitos), células médias (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e células grandes (monócitos). Esse primeiro tipo de aparelho requer uma contagem manual de células pois nõa difenrecia as células de tamanho médio, podendo omitir uma eosinofilia por exemplo. Os que utilizam o método de características das células são mais precisos. 
· Em relação a série vermelha, o aparelho mede a quantidade de hemoglobina, o número de hemácias e o tamanho das hemácias. Realizando cálculos para chegar ao valor do hematócrito, e os outros índices hematimétricos. As plaquetas também são contadas por aparelhos. 
· HEMATÓCRITO é a percentagem do volume total de sangue correspondente aos glóbulos vermelhos. É uma medição calculada a partir do tamanho médio e do número de glóbulos vermelhos e quase sempre é parte também da contagem sanguínea completa, como a (quantidade de) hemoglobina. Os valores médios são diferentes segundo o sexo e variam entre 0,42-0,52 (42%-52%) nos homens e 0,36-0,48 (36%-48%) nas mulheres. Caso o valor seja inferior à média significa que existe pouca quantidade de glóbulos vermelhos e se for superior existe uma maior quantidade de glóbulos vermelhos para o volume de sangue. Esta é uma medida cada vez mais importante para efeitos clínicos.
· HEMOGLOBINA é a proteína que dá a cor aos glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função vital de distribuir o oxigênio pelo organismo
· ERITROGRAMA é o estudo da série vermelha (eritócitos ou hemácias). Ao microscópio, as hemácias têm coloração acidófila (afinidade pelos corantes ácidos que dão coloração rósea) e são desprovidos de núcleo. As hemácias apresentam coloração central mais pálida e coloração um pouco mais escurana periferia. Elas são bicôncovas e têm aparência de bala soft. Em indivíduos normais, possui tamanho mais ou menos uniforme. Quando uma hemácia tem tamanho normal ela é chamada de normocítica. Quando ela apresenta coloração normal é chamada de normocrômica. O estudo da série vermelha revela algumas alterações relacionadas como por exemplo anemia, eritrocitose (aumento do número de hemácias). 
· Os resultados a serem avaliados são: 
1. Número de glóbulos vermelhos: Os valores normais variam de acordo com o sexo e com a idade. Valores normais: Homem de 5.000.000 - 5.500.000, Mulher de 4.500.000 - 5.000.000. Seu resultado é dado em número por litro. 
2. Hematócrito: Representa a quantidade de hemácias existentes em 100ml de sangue total. Os valores variam com o sexo e com a idade. Valores: Homem de 40 - 50% e Mulher de 36 - 45%. Recém-nascidos tem valores altos que vão abaixando com a idade até o valor normal de um adulto. 
3. Hemoglobina: segundo a Organização Mundial de Saúde é considerado anemia quando um adulto apresentar Hb < 12,5g/dl, uma criança de 6 meses a 6 anos Hb < 11g/dl e crianças de 6 anos a 14 anos, uma Hb < 1 2g/dl. 
4. VCM (Volume Corpuscular Médio): é o índice mais importante pois ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia: se pequenas são consideradas microcíticas (< 80fl, para adultos), se grandes consideradas macrocíticas(> 96fl, para adultos) e se são normais, normocíticas (80 - 96fl). 
5. Anisocitose: é denominação que se dá quando há alteração no tamanho das hemácias. As anemais microcíticas mais comuns são a ferropriva e as síndromes talassêmicas. As anemias macrocíticas mais comuns são as anemias megaloblásticas e perniciosas. O resultado do VCM é dado em femtolitro. 
6. HCM (Hemoglobina Corposcular Média): é o peso da hemoglobina na hemácia. Seu resultado é dado em picogramas. 
7. CHCM (Concentração de Hemoglobina Corposcular Média): é a concentração da hemoglobina dentro de uma hemácia. O intervalo normal é de 32 - 36g/dl. Como a coloração da hemácia depende da quantidade de hemoglobina elas são chamadas de hipocrômicas (< 32), hipercrômicas (> 36) e hemácias normocrômicas (no intervalo de normalidade). É importante observar que na esferocitose o CHCM geralmente é elevado. 
8. RDW (Red Cell Distribution Width): é um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho), sendo o normal de 11 a 14%, representando a percentagem de variação dos volumes obtidos. Nem todos os laboratórios fornecem o seu resultado no hemograma. Normalmente realiza-se uma análise estatística em testes realizados em um grande grupo de indivíduos normais para se chegar aos limites estabelecidos para hemoglobina, hematócrito e número de hemácias, isto quer dizer que cada região possui um limite de normalidade.
· A Morfologia das hemácias (ou estudo da forma das hemácias) é feita em microscópio, analisando o esfregaço de sangue, as formas encontradas são: 
1. Drepanócitos (forma de foice): aparece somente nas síndromes falciformes (não aparecendo no traço falcifrome). 
2. Esferócitos (forma esférica, pequena e hipercrômica): em grande quantidade é comum na anemia esferocítica (esferocitose), em menores quantidades podem estar presentes em outros tipos de anemias hemolíticas. 
3. Eliptócitos (forma de charuto): em grandes quantidades comum na eliptocitose. Em menores quantidades podem aparecer em qualquer tipo de anemia. Hemácias em alvo em grandes quantidades (células cujas membranas são grandes havendo uma palidez e um alvo central mais corado) aparece em hemoglobinopatias C, E ou S, nas síndromes talassêmicas e em pacientes com doença hepática. 
4. Dacriócitos (forma de lágrima): em grande quantidade na mielofibrose. Em pequena quantidade podem aparecer em qualquer tipo de anemia. 
5. Hemácias policromáticas (forma normal, mas com coloração azul devido a presença de RNA residual): aparece quando grandes quantidades de hemácias novas estão sendo produzidas. Comuns em anemias hemolíticas. 
6. Esquisócitos (são hemácias fragmentadas): aparecem quando nas hemácias há uma lesão mecânica, em casos de hemólise, ou em casos de pacientes que sofreram queimaduras. 
7. Acantócitos (hemácias com pontas de diversos tamanhos): nas hepatopatias, hipofunção esplênica, esplenectomizados. 
8. Crenadas (hemácias com várias pontas pequenas): na uremia, quando o paciente faz tratamento com heparina, deficiência de piruvatoquinase. 
9. Outros achados não relacionados a forma: Hemácias aglutinadas (agrupamentos de hemácias): quando a hemólise é causada por um anticorpo contra hemácias, elas acabam se agrupando (crioaglutininas). Hemácias em Roleux (hemácias em rolos, formam pilhas de rolos de hemácias): aparece em alta concentração de globulinas anormais, mieloma múltiplo e macroglobulinemia. 
10. Inclusões nas hemácias: Corpuscúlos de Howell-Joly (aparecem como se fossem um botão azul escuro junto à membrana da hemácia, por fragmento nuclear ou DNA condensado): após esplenectomia, anemias hemolíticas severas. Hemácias com pontilhados basófilos (vários pontos roxos dentro da hemácia, pela preciptação dos ribossomos ricos em RNA) aparecem na talassemia beta, intoxicação por chumbo, anemia hemolítica por deficiência de pirimidina-5- nucleotidase. Anel de Cabot (forma de um anel ou em oito dentro da hemácia, por restos nucelares) em anemias hemolíticas severas.
· LEUCOGRAMA: é o estudo da série branca (ou leucócitos), faz-se uma contagem total dos leucócitos e uma contagem diferencial contando-se 100 células. O adulto normalmente apresenta de 5.000-10.000 leucócitos por 100ml de sangue. Contagem diferencial de Leucócitos: Em um paciente normal as células encontradas são: Monócitos: uma das maiores células da série branca, têm citoplasma azulado, núcleo irregular (indentado, lobulado, em C ou oval) podem ter vacúolos (pela recente fagocitose). 
· Quando estão aumentados usa-se o termo monocitose e ocorre em infecções virais, leucemia mielomonocítica crônica e após quimioterapia. 
1. Linfócitos: se pequenos têm citoplasma escasso, núcleo redondo; se grandes têm citoplasma um pouco mais abundante. Podem ter grânulos. É a célula predominante nas crianças. Seu aumento é chamado de linfocitose. Em adultos, seu aumento pode ser indício de infecção viral ou leucemia linfocítica crônica. 
2. Eosinófilos: citoplasma basofílico que não é visualizado por causa da presença de grânulos específicos (de coloração laranja-avermelhada), com núcleo com 2-3 lóbulos. Quando seu número aumenta é chamado de eosinofilia, e ocorre em casos de processos alérgicos ou parasitoses. 
3. Basófilos: citoplasma cheio de grânulos preto-purpúreos que cobrem o citoplasma. Em um indivíduo normal, só é encontrado até uma célula (em termos percentuais).
4. Neutrófilos segmentados: citoplasma acidófilo (róseo), núcleo com vários lóbulos (2-5 lóbulos) conectados com filamento estreito. É a célula mais encontrada em adultos. Seu aumento pode indicar infecção bacteriana, mas pode estar aumentada em infecção viral.
· PLAQUETAS: são observadas em relação a quantidade e seu tamanho. Seu número normal é de 150.000 à 400.000 por microlitro de sangue. O tamanho de uma plaqueta varia entre 1 a 4 micrometros. A contagem de plaquetas é feita pelo método automático. A maioria dos laboratórios usam aparelhos cuja contagem de plaquetas se faz no mesmo canal de contagens de hemácias, sendo que a diferenciação de ambas se dá pelo volume (plaquetas são menores que 20 fl e hemácias maiores que 30 fl). Devido ao grande volume de exames feitos por um laboratório ficou inviável a contagem manual de todas as plaquetas, mas a contagem manual não foi totalmente abandonada. Quando o número de plaquetas encontra-se diminuído, o laboratório faz um esfregaço de sangue para confirmar se elas estão diminuídas ou não. Se isso não for confirmado, a contagem de plaquetas é feita de modo manual, isto é, contagem em câmara de Neubauer. Os erros mais comuns em uma contagem automática são: aparelhos mal calibrados e problemas na coleta do sangue. A coleta é muito importante,uma coleta muito lenta, agitações erradas do sangue colhido entre outros problemas podem fazer com que as plaquetas se agrupem e ao realizar a contagem em aparelhos, seu número estará diminuído. O agrupamento de plaquetas não é um sinal clínico. 
· ANEMIAS: É uma anomalia caracterizada pela diminuição da concentração da hemoglobina dentro das hemácias, intraeritrocitária, e pela redução na quantidade de hemácias no sangue. Isso resulta em uma redução da capacidade do sangue em transportar o oxigênio aos tecidos. A hemoglobina, uma proteína presente nas hemácias, é responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões para os demais órgãos e tecidos e de dióxido de carbono destes para ser eliminado pelo pulmão. 
· Sinais e sintomas: São variáveis, mas os mais comuns são fadiga, fraqueza, palidez (principalmente ao nível das conjuntivas), déficit de concentração ou vertigens. Nos quadros mais severos podem aparecer taquicardias, palpitações. Afeta também a gengiva (causando, em casos mais graves, o seu sangramento).
· Causas da Anemia Genéticas:
1. Hemoglobinopatias: sendo as mais comuns hemoglobinopatias S (anemia falciforme), C, E e D.
2. Síndromes Talassêmicas: (talassemia alfa ou beta) 
3. Defeitos na membrana da hemácia: eliptocitose e esferocitose 
4. Anormalidades enzimáticas: deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase
5. Abetaproteinemia 
6. Anemia de Fanconi 
· Nutricionais: 
1. Deficiência de ferro (Anemia Ferropriva) 
2. Deficiência de vitamina B12 (Anemia megaloblástica) 
3. Deficiência de folato (Anemia megaloblástica) 
· Perda de sangue: 
1. Hemorragia excessiva por acidentes, cirurgia, parto 
2. Sangramento crônico por sangramentos causados em casos de úlcera, câncer intestinal, ciclo menstrual excessivo, sangramento nasal recorrente (epistaxes), sangramento por hemorroidas.
· Imunológicas: mediadas por anticorpos 
· Efeitos Físicos: 
1. Trauma 
2. Queimaduras 
· Uso de medicamentos e exposição a produtos químicos: 
1. Anemia aplásica 
2. Anemia Megaloblástica 
· Doenças Crônicas: 
1. Uremia Hipotireoidismo 
2. Hepatite 
3. Doença Renal (provocando problemas na síntese de eritropoietina) 
4. Neoplasias 
· Infecções:
1. Bacterianas: septicemia; 
2. Protozoários: Malária, Toxoplasmose, Leishmaniose 
3. Virais: hepatite, Aids, Mononucleose, Citomegalovírus;
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