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Linguagem Fotográfica


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Prévia do material em texto

Linguagem Fotográfica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Rita Garcia Jimenez
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Linguagem Fotográfica
• Pintura x Fotografia;
• Nascimento de uma Nova Linguagem;
• Da Experimentação à Consolidação de uma Linguagem;
• O Fotógrafo;
• Fotógrafos e Linguagem Pessoal;
• Por Que Fotografar?
· Apreender o conceito de Linguagem Fotográfica por meio de aspec-
tos conceituais, históricos e estéticos;
· Apreciar, analisar significativamente, ler e criticar trabalhos de profissio-
nais representantes de movimentos artísticos no mundo da Fotografia;
· Valorizar a pesquisa sobre os aspectos conceituais, históricos, estéti-
cos e operacionais da Linguagem Fotográfica.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Linguagem Fotográfi ca
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Linguagem Fotográfica
Pintura x Fotografia
“Essa indústria, ao invadir os territórios da arte, tornou-se sua inimiga mortal”. 
Charles Baudelaire (COSTA, 2006, p. 52). 
Charles-Pierre Baudelaire (1821-1867), o poeta e teórico da Arte francesa do 
início do século XIX, sabia que a chegada da fotografia impactaria e transformaria 
completamente o ambiente da Arte. 
Muitos artistas se perguntaram: E, agora? 
Para eles, estava surgindo uma ferramenta mais eficiente na Arte do retrato 
e do registro: era rápida e eficiente. Já outros se sentiram aliviados de não mais 
precisarem se ocupar em retratar paisagens e pessoas de forma fidedigna, ficando 
livres para criar.
Figura 1 – Louis-Jacques-Mandé Da guerre. 
Boulevard Du temple, Paris, 1838. Daguerreótipo
Fonte: HACKING, 2012
#ParaTodosVerem: Figura de uma das primeiras fotografias históricas conhecidas, 
mostrando uma vista de uma rua de Paris. A imagem é em preto e branco e apresenta 
uma qualidade granulada, com edifícios de estilo europeu dos séculos XVIII ou XIX e 
calçadas vazias. Há árvores alinhadas ao longo da rua e várias chaminés visíveis nos 
telhados. Fim da descrição.
O novo causa grande estranhamento – é o diferente e o desconhecido chegando 
– e também insegurança naqueles que tinham uma posição privilegiada dentro 
daquele contexto. 
De fato, a invenção da Fotografia foi uma revolução: fragmentos do mundo podiam 
ser captados e aprisionados em uma superfície. No início, de tão surpreendente 
que era, as pessoas se submetiam a ficar paradas por muitos minutos na frente 
de uma Câmera Fotográfica, para passar pela experiência de terem sua imagem 
congelada e impressa:
8
9
Os retratos dessa época (...) insinuam, de fato, uma austeridade vitoriana. 
Mostram pessoas compenetradas, com fisionomias rígidas, em atitudes de 
profunda meditação ou com ares de graves preocupações (...) Para tentar 
um resultado mais ameno era preciso sorrir e continuar “sorrindo”, durante 
uns cinco ou dez minutos, deixando patentes na rigidez dos músculos que 
sustentam o sorriso as limitações da técnica (KUBRUSLY, p. 40).
A Pintura sentiu profundamente que uma grande parte da sua clientela se 
deslumbraria com a nova técnica, mas, ainda que isso fosse verdade, logo se 
percebeu que se tratavam de Linguagens diferentes.
A novidade no campo da representação fez com que a Pintura fosse obrigada 
a buscar a sua essência, enquanto Linguagem Pictórica, levando-a a encontrar 
sua verdadeira alma. Seus elementos – como cor, materialidade, luz, pincelada 
– começaram a ser explorados por meio das vanguardas, grupos de artistas que 
exploravam as diversas potencialidades da Linguagem.
Nascimento de uma Nova Linguagem
O homem sempre sentiu necessidade de se expressar, de se comunicar com as 
outras pessoas e também com o universo, por meio de seus rituais. A comunicação, 
seja ela verbal ou não verbal, dá-se por meio de uma determinada Linguagem, que 
tem características específicas e elementos próprios que se combinam para criar 
sentido e forma.
Produzir linguagem é um ato criador!
Criar é, basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer 
que seja o campo de atividade, trata-se, nesse “novo”, de novas coerências 
que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo 
novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, 
a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, 
configurar, significar (OSTROWER, 1986, p. 9).
Assim é com a Música, a Literatura, as Artes... o poeta, por exemplo, cria suas 
poesias selecionando palavras e as organizando de tal forma a criar um determinado 
sentido para o todo. Seu elemento principal é a palavra e o que faz de seu trabalho 
significativo é a forma como as organiza.
A Fotografia, capaz de captar as imagens a que se propunha, surgiu como um 
novo produto, a partir de muita pesquisa, estudo e experimentações. Sua invenção 
foi fruto do trabalho incansável de vários homens, encantados pelas imagens 
formadas pela Camera obscura (Figura 2), usada por Aristóteles (384 a.C. - 322 
a.C.), apaixonados pelo desafio de capturar imagens e deslumbrados pela máquina, 
que surgiu naquele momento, com o processo de industrialização.
9
UNIDADE Linguagem Fotográfica
Figura 2 – Câmera escura de Joseph Nicéphore Niépce, c.1820-30. 
Museu Nicéphore Niépce.
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: Figura de uma antiga câmera fotográfica de madeira em exposição. 
A câmera tem formato cúbico e é apoiada por pequenas pernas. Na frente, apresenta 
uma grande abertura circular com borda de metal onde se colocaria a lente. A superfí-
cie de madeira é desgastada e apresenta marcas e imperfeições. Na parte superior, há 
uma pequena alça de metal. Fim da descrição.
A Câmera escura foi a grande inspiração para os inventores da Fotografia. É uma caixa com 
paredes opacas e com um orifício em um de seus lados, por onde entra um feixe de luz, 
que reproduz em seu interior, na superfície da parede paralela ao orifício, uma imagem 
invertida de um objeto. Na Antiguidade, era usada por Aristóteles para fazer observações 
astronômicas e sabe-se que o famoso pintor renascentista Leonardo Da Vinci a utilizava 
como instrumento para auxiliar o desenho. Ele a chamava de Olho Artificial. 
Ex
pl
or
O surgimento da Fotografia fez nascer uma nova Linguagem com elementosespecíficos que se relacionam a outros, próprios da Linguagem Visual, como 
ponto, linha, forma, cor e textura.
O termo Fotografia, originário do grego, significa escrever com luz. Esse é o 
elemento essencial dessa nova forma de comunicação. No lugar da tinta, é a luz 
que registra a imagem de um objeto, com o auxílio da Câmera Fotográfica, a nova 
Câmera Escura.
O fazer artístico se dá por meio do olhar do fotógrafo, que seleciona a parte 
do mundo que lhe interessa, através do visor da máquina, que delimita o campo 
a ser trabalhado. Assim, um fragmento do mundo é captado pela luz, depois de 
ser escolhido por um olhar, muitas vezes atento e curioso,com o auxílio de um 
equipamento fotográfico.
Além da luz, o espaço e o tempo são fundamentais na criação de uma fotografia. 
Ao enquadrar um determinado assunto dentro do visor da máquina, o fotógrafo 
delimita um espaço, onde se dará a imagem, ao mesmo tempo em que apresenta 
ou sugere um lugar físico ou poético.
10
11
O tempo está presente na Fotografia; faz parte dela. A ação do dedo sobre o 
botão registra algo em um determinado tempo, congelando-o para sempre naquele 
instante. Torna-se uma ferramenta capaz de guardar a memória de uma pessoa, 
um lugar, um fato histórico que, seguramente, iria se perder na memória humana. 
Torna-se um documento histórico. Hoje, sabemos muito de nossa História graças 
aos fotógrafos que registraram os mais diversos temas do passado.
Ela também registra o tempo com a ajuda da abertura do obturador, um recurso 
que deixa visível uma ação ocorrendo no tempo:
De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para 
sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com 
coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, 
não há mecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar. Não podemos 
revelar ou copiar a memória (ZUANETTI, 2002, p. 17).
Eadweard Muybridge. Man/horse (vehicle), 1872-81: https://goo.gl/LSmEqQ
Ex
pl
or
Da Experimentação à Consolidação
de uma Linguagem
Pensadores, cientistas e curiosos, desde muito tempo, começaram a pensar 
como captar uma imagem. Precisaram se dedicar muito ao estudo e à pesquisa 
para que começassem a ser possíveis as primeiras experimentações.
Como já dissemos, a Câmera Escura foi o primeiro instrumento capaz de captar 
uma imagem. E como a mente humana não se satisfaz com pequenas descobertas, 
ao contrário, fica ainda mais estimulada a seguir adiante, isso foi só o começo. 
O pequeno orifício ganhou uma lente, a caixa ficou maior, procurou-se uma 
substância que fosse sensível à luz, até que o Joseph Nicéphore Niépce (1765-
1833) conseguisse fixar a imagem da fachada externa de sua casa sobre uma placa 
de estanho (Figura 3).
11
UNIDADE Linguagem Fotográfica
Figura 3 – Joseph Nicéphore Niépce. Vista da janela em Le Gras, 1826-27. Heliografia.
Fonte: environmentalhistory.org
#paratodosverem A imagem mostra uma vista antiga e granulada de edifícios, com 
um telhado proeminente no primeiro plano e outra estrutura ao fundo. A fotografia é 
muito desfocada e manchada, típica das primeiras técnicas fotográficas, com contraste 
limitado e detalhes pouco claros. Fim da descrição.
O pontapé inicial rumo à forma como fixar as imagens havia sido dado. A 
invenção gerou muita curiosidade e mostrou a muita gente um novo caminho a ser 
desbravado. Pintores viram a possibilidade de um registro mais rápido e eficiente; 
empresários perceberam que surgia um novo Mercado, cheio de oportunidades e 
muitas possibilidades de ganhos, e o público logo se interessou pelo novo produto 
que surgia.
À medida que o equipamento foi se desenvolvendo, a qualidade da Fotografia 
foi melhorando, o processo foi se tornando mais rápido e ficando cada vez mais 
acessível às pessoas. Era caro, demorado e dependia de terceiros; hoje é de graça, 
instantâneo e qualquer um pode fazer.
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Figura 4 – Fotografi a com celular
Fonte:iStock/Getty Images
#ParaTodosVerem: Figura de duas mãos segurando um smartphone horizontalmente, 
capturando uma fotografia de uma paisagem de praia ao pôr do sol. A tela do telefone 
exibe a imagem que está sendo fotografada, enquadrando a cena natural dentro dos 
limites do dispositivo. Fim da descrição.
Ao passo que os fotógrafos foram dominando as questões técnicas, começaram 
a perceber que, usando a criatividade, podiam criar fotos mais interessantes, 
surpreendentes, intrigantes e cheias de significados. Foi dessa forma que a 
Linguagem Fotográfica começou a se desenvolver. Seus elementos começaram a 
ser explorados com profundidade e a se inter-relacionarem de forma criativa para 
construir novos tipos de imagens. Cores, tons, luz, exposição e abertura eram as 
novas matérias-primas para os novos criativos. 
Muitos fotógrafos se destacaram trazendo para o universo da Fotografia novas 
possibilidades de trabalhar com essa linguagem, tão rica e poderosa na sua rapidez 
e potência simbólica. Assim como as vanguardas artísticas europeias tiveram de 
se aprofundar na essência da pintura, os fotógrafos foram em busca de explorar o 
grande potencial da Linguagem Fotográfica.
O Fotógrafo
É o equipamento fotográfico que registra um determinado tema ou assunto, mas 
a produção fotográfica só é possível com a atuação do fotógrafo. Ele é o agente 
responsável pela ação que dará origem à fotografia.
Ainda que a fotografia seja o resultado da ação da luz sobre um material/
equipamento fotossensível, ela nasce de um desejo, uma curiosidade e uma 
intenção de uma pessoa: o fotógrafo. A formulação criada por Bóris Kossoy(1941-) 
(KOSSOY, 2003, p. 37) demonstra a importância do indivíduo nesse processo:
13
UNIDADE Linguagem Fotográfica
Assunto/Fotógrafo/Tecnologia (elementos constitutivos) = Fotografia 
(produto final)
Coordenação: Espaço/Tempo
É o seu querer conjugado à sua maneira de ver e compreender o mundo, 
conteúdos e referências pessoais e artísticas que compõe que dão forma e conteúdo 
para as imagens.
Esse conjunto de elementos, diferentes em cada indivíduo, é a combustão para 
a originalidade e a inventividade presente nas incontáveis e distintas produções 
fotográficas e o modo como esses elementos se inter-relacionam e se tornam 
visíveis nas composições é o que lhes confere personalidade.
A alta Tecnologia e o baixo custo tornaram extremamente acessíveis os equipa-
mentos fotográficos. O aparelho de celular, que carregamos conosco, praticamen-
te, 24 horas por dia, é também uma máquina de fotografar.
Fotografamos todos os dias, ainda que para registro de coisas e momentos banais. 
De qualquer forma, o exercício de seleção e registro de imagens se popularizou e a 
linguagem é usada por todos. Somos todos fotógrafos... Mas temos de levar em 
consideração a qualidade dessas imagens. 
Mas o que pode ser entendido como uma boa fotografia?
Poderia ser uma nova formulação:
Conhecimento técnico + conhecimento específico da linguagem visual 
e fotográfica + criatividade = boa fotografia
Conhecimento técnico diz respeito à compreensão, com profundidade, de como 
usar um determinado equipamento, programas e aplicativos para captação, registro 
e edição de uma imagem. 
Conhecer a Linguagem Visual é saber como se estrutura uma composição, 
com todos os elementos que a compõem, como ponto, forma, textura, volume, 
cor, tom, escala, profundidade e planos entre outros e a Linguagem Fotográfica é 
conhecer seus elementos específicos como enquadramento, nitidez, luz, tempo e 
espaço. Tanto o primeiro elemento como o segundo dependem apenas de tempo 
e de dedicação para poder resolvê-los com perfeição. 
Ainda que dominemos essas questões técnicas e de Linguagem Visual, e a criatividade?
Criatividade pode ser definida de diversas formas. O importante é perceber que 
todas dizem respeito à capacidade de o ser humano criar o novo, de reinventar coisas, 
de quebrar paradigmas, buscar novas soluções para novos e velhos problemas. 
O criativo, em geral, possui alto grau sensibilidade, inconformismo, facilidadena elaboração de hipóteses e muita coragem para empreender novos caminhos. 
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Figura 5 – Jeff Wall. A sudden gust of wind (after Hokusai), 1993
Fonte: tate.org.uk
#OaraTodoVerem: Figura de uma fotografia que retrata várias pessoas correndo em um 
campo ao lado de um riacho. Uma árvore sem folhas à esquerda e folhas que parecem 
ter sido lançadas ao ar dão dinamismo à cena. O céu está nublado e ao fundo pode-se 
notar uma paisagem mais urbana com edifícios distantes. Fim da descrição.
O homem é um ser criativo e o exercício da criatividade é necessário porque o impul-
siona para o novo e para a solução de seus problemas, sejam eles simples ou complexos.
Se não fosse dessa maneira, não teria sobrevivido, no início de sua existência, 
nos ambientes inóspitos e cheios de perigos, como a fúria da natureza e as grandes 
feras, com os quais se deparou na Pré-história.
Assim, entendemos que todos somos criativos e que o que precisamos é desenvolver 
a criatividade. Para isso, temos de acreditar que somos capazes de criar coisas novas 
e melhorar aquelas que já existem. Nas áreas criativas como a Fotografia, é essencial, 
se pensarmos que milhares de imagens são feitas a cada segundo.
Não devemos encarar esse fato como um problema, ao contrário. A criatividade é 
uma atividade ligada ao divertimento e à brincadeira e é por isso que os profissionais 
criativos encaram o trabalho como uma atividade prazerosa.
Com o tempo, esses profissionais desenvolvem qualidades importantes que o 
diferenciam de todos os outros. São pessoas competitivas, querem sempre crescer 
e mostrar seu melhor; não descartam possibilidades – experimentam, testam e pro-
põem novas formas de fazer as coisas; fogem das categorias estabelecidas e gostam 
de quebrar regras e testar novas receitas; produzem novidades com frequência; 
percebem formas diferentes de aplicar suas ideias; desenvolvem técnicas para so-
lucionar problemas; tem uma postura mais produtiva diante da vida; conseguem 
romper com os padrões estereotipados e rígidos e possuem muita facilidade para 
interagir com o entorno.
Logo, é muito bom ser criativo!
Já sabemos que temos importante potencial criativo e queremos desenvolvê-lo! 
Talvez, a principal dica seja: estude muito, conheça bem as regras e pense em como 
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UNIDADE Linguagem Fotográfica
melhorá-las e em possibilidades totalmente novas para realizar as mesmas tarefas.
Entre o grande número de produções fotográficas, com as quais nos deparamos 
todos os dias, podemos encontrar inúmeras que contemplam o que entendemos 
como uma boa fotografia. Mais que isso, elas nos mostram estilo e personalidade, 
elementos fundamentais para criar uma linguagem pessoal. 
Cada fotografia ou conjunto delas é um reflexo da maneira como o fotógrafo 
enxerga o mundo. O tema que escolhe, a forma como o enquadra, a quantidade 
de elementos que utiliza dentro de suas composições, as cores e as texturas que 
privilegia dão caráter único para aquela produção e imprimem a marca de seu autor.
Podemos chegar à conclusão que o exercício da criatividade leva à criação de 
uma linguagem pessoal.
Eureka!
John Heartfield. Adolf the Superman: swallows gold and spits tin, c.1932: https://goo.gl/FcvHnM
Ex
pl
or
Cabe ao fotógrafo conhecer profundamente seu equipamento fotográfico, ter 
uma intenção ao fotografar, compreender todos os elementos que compõem uma 
foto e uma forma de relacioná-los de maneira diferente.
Vamos ver alguns fotógrafos que se destacaram no seu tempo, com produções 
que trouxeram inovações e foram e são até hoje surpreendentes.
Fotógrafos e Linguagem Pessoal
Vamos começar por Charles Lutwidge Dodgson (1832-1898), um professor de 
Matemática da Universidade de Oxford, que começou a fotografar aos 26 anos. 
Seu tema principal era as crianças. Alice Liddell, irmã de um de seus amigos, 
era uma de suas modelos preferidas, com quem realizou vários estudos fotográficos 
(Figura 8). Inspirado pelo poema The brigar maid, de Alfred Tennyson, Dodgson 
fez a foto Alice Liddell como a “pequena mendiga” (Figura 6).
16
17
Figura 6 – Charles Lutwidge Dodgson. Alice Liddell
como a “pequena mendiga”, c.1859
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: Figura de uma fotografia em preto e branco de uma menina descal-
ça, com vestimentas rasgadas, de pé ao lado de uma parede com folhagens. Ela segura 
um objeto que parece ser uma boneca ou um pano contra o peito e olha diretamente 
para a câmera com uma expressão séria. Fim da descrição.
As fotografias que fazia tinham ar fantasioso. As meninas pareciam personagens 
de histórias, como Alice Liddell na foto. Ao longo dos anos, exercitou muito sua 
criatividade, trabalhando com diversas linguagens artísticas. Escreveu contos, 
poesias, romances, era desenhista e fotógrafo. Seu trabalho criativo se expandia 
de tal forma que uma linguagem alimentava a outra, como o poema que inspirou 
sua foto e também suas fotos que serviram como inspiração para outros de seus 
trabalhos.
Charles Lutwidge Dodgson criou o pseudônimo Lewis Carroll. Ele foi o autor 
do livro Alice nos país das maravilhas e Alice Liddell a inspiração para a famosa 
personagem da garota que cai dentro de uma toca de coelho e vai parar em um 
mundo cheio de fantasias.
Mais tarde, a história se tornou um dos longa metragens mais famosos de Walt Disney, 
em 1951 (Figura 7).
17
UNIDADE Linguagem Fotográfi ca
Figura 7 – Disney, Cena do fi lme Alice no país das maravilhas, ilustração
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: Figura de um pôster colorido com o título “Walt Disney’s Alice in 
Wonderland” na parte superior. Abaixo, há imagens vibrantes e coloridas de persona-
gens do filme, incluindo Alice e as figuras icônicas do Chapeleiro Maluco, a Rainha de 
Copas, o Coelho Branco, entre outros. A parte inferior do pôster diz “The all-cartoon 
Musical Wonderfilm!” e destaca que o filme é em “Color by TECHNICOLOR”. Fim da 
descrição.
Gostou tanto da experiência, que se dedicou a 
estudar com profundidade a técnica e em pouco 
tempo se tornou um excelente fotógrafo.
Fotografava objetos comuns, mas sua visão 
criativa fazia com ele imprimisse novas maneiras 
de enxergá-los, utilizando diferentes ângulos de 
visão, efeitos de luz e sombra.
Suas fotografias representam muito bem a inventi-
vidade e a espontaneidade do Dadaísmo, movimento 
do qual fazia parte.
Dadaísmo é o nome de um 
movimento artístico, criado 
por poetas, escritores e ar-
tistas plásticos, na Suíça, em 
1916. Entre eles, além de Man 
Ray, estavam Hugo Ball, Tris-
tamTzara e Marcel Duchamp. 
Tinham como meta quebrar 
as regras acadêmicas, a lógi-
ca e a razão, representando o 
mundo sem sentido, reflexo 
dos efeitos terríveis da Primei-
ra Guerra Mundial. 
Man Ray experimentou e trabalhou com muitas técnicas e seu espírito inventivo 
18
19
ainda o levou às Raiografias, um tipo de fotografia sem câmera, na qual ele pousava 
objetos sobre superfícies sensíveis. Dessa série, surgiram as abstrações.
Figura 8 – Man Ray. Raiografi a, c.1923.
Fonte: Floresta, 2011
#ParaTodosVerem: Texto descritivo: Figura de uma fotografia em preto e branco que 
mostra uma pilha desordenada de tiras de filme fotográfico e um tampão de garrafa, 
ambos enrolados e espalhados de forma aleatória sobre uma superfície escura. Fim da 
descrição.
Criou um estilo pessoal nos retratos também. Fotografava seus modelos a 
certa distância e depois os ampliava, o que lhes conferia certa suavidade. Retratou 
grandes personalidades como Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Picasso, Jean 
Cocteau e Constantin Brancusi, entre muitos outros.
Figura 9 – Man Ray. Constantin Brancusi, c.1930. Fotografi a
Fonte: Floresta, 2011
#ParaTodosVerem: Figura de uma fotografia sépia mostrando um homem com barba, 
vestindo um chapéu e um casaco pesado, segurando um cão branco de pelagem fofa. 
Eles estão posando para a foto, e tanto o homem quanto o cão estão olhando para a 
câmera. Fim da descrição.
Henri Cartier-Bresson (1908-2004) era um pintor formado em Paris, que descobriu19
UNIDADE Linguagem Fotográfica
a Fotografia ao viajar em uma expedição etnográfica pelo México, em 1931.
Sua produção fotográfica se destaca por captar o instante perfeito ou o momento 
decisivo, como o menino que sorri ao carregar duas garrafas de vinho, na fotografia 
intitulada Rue Mouffetard (Figura 10).
Figura 10 – Henri Cartier-Bresson. Rue Mouffetard, c.1958. Fotografia
Fonte: cameralabs.org
#ParaTodosVerem: Figura de uma fotografia em preto e branco de um menino andan-
do por uma rua. Ele sorri amplamente e carrega uma garrafa de vinho em uma mão e 
uma baguete na outra. Ao fundo, outras crianças podem ser vistas na rua, que parece 
ser de uma cidade europeia. Fim da descrição.
[...] Cartier-Bresson era um observador astuto, o homem do olho, que 
sabia o que ele queria e o que interessava a ele. Um certa vez, ele se 
comparou com um pescador que tinha um peixe na ponta da sua linha. 
O mais importante era se aproximar cautelosamente e apertar o botão no 
momento certo (MISSELBECK, 1996, p. 101).
Foi um dos mais importantes representantes da Fotografia Humanista, que 
retratava temas humanos. Durante o tempo em que trabalhou para jornais e revistas 
populares, fez grande quantidade de fotografias que diziam respeito à condição 
humana em cenas cotidianas. Muitas ficaram conhecidas nos livros que publicou.
Já demonstrara interesse pelas questões sociais e políticas quando esteve no 
México e realizou uma série de fotos, as quais apresentou em uma exposição, ao 
lado do fotógrafo Alvares Bravo (1902-2002), como em Nacho Aguirre, Santa 
Clara, México (Figura 11).
20
21
Figura 11 – Henri Cartier-Bresson. Natcho Aguirre, Santa Clara, México, 1934-1935. Fotografi a
Fonte: metmuseum.org
#ParaTodosVerem: Figura de uma fotografia em preto e branco mostrando um homem 
sem camisa sentado, com sua cabeça fora de quadro, cruzando os braços sobre o peito. 
Ao lado dele, em um pequeno armário aberto, há vários sapatos desorganizados. Fim 
da descrição.
Suas cenas apresentam certa tensão. Na fotografia Natcho Aguirre, Santa Clara, 
México (Figura 13), por exemplo, Bresson retrata um homem com o tórax despido, 
os braços cruzados e as mãos cerradas. O fato de seu rosto não aparecer confere 
a esse personagem a representação de uma categoria, já que sua identidade não é 
revelada. Ao seu lado, numa espécie de prateleira, há sapatos femininos de salto, 
representando uma outra classe social. 
Aqui podemos ver que o fotógrafo, a partir da escolha dos elementos e da 
organização, comenta uma questão social, que parece ser bem importante naquele 
lugar e tempo.
Em Venda de ouro nos últimos dias de Kuomintang (Figura 12), de 1948, 
podemos ver a questão do momento decisivo combinada com o retrato social de 
Xangai, na China, antes de a cidade ser tomada pelos comunistas.
Na foto, vemos pessoas que se amontoam em frente a um Banco Estatal, que 
distribuía 40 gramas de ouro por pessoa, a mando do Kuomintang, o Partido 
Nacionalista chinês, diante da desvalorização da moeda. 
Na sua composição, Bresson revela o caos causado pela ação do Governo. 
O efeito tremido da foto é resultado do acotovelamento da multidão nervosa e 
desesperada reagindo à nova situação política. 
Os corpos estão entrelaçados e, de tão juntos, seus braços e mãos parecem 
formar uma onda e as cabeças parecem procurar ar entre tantas pessoas. Segundo 
fontes, 10 pessoas morreram esmagadas na multidão.
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UNIDADE Linguagem Fotográfica
Figura 12 – Henri Cartier-Bresson. Venda de ouro nos últimos dias de Kuomintang, 1948. Fotografia
Fonte: cameralabs.org
#ParaTodosVerem: Figura de uma fotografia em preto e branco mostrando um grupo 
numeroso de pessoas aglomeradas. Elas parecem estar em uma situação de aperto ou 
tumulto, com algumas segurando-se umas às outras ou tentando passar por cima de 
outras. As expressões são mistas, algumas sérias, outras sorridentes, e a maioria está 
vestida com roupas de tons escuros. O cenário ao fundo é indistinto, sugerindo que o 
foco é a multidão em primeiro plano. Fim da descrição.
A norte-americana Cindy Sherman (1954-) fez uma série de fotos, entre 1977 
e 1980, intitulada Untitled film stills, nas quais se retrata como uma personagem 
inspirada em filmes do fim da década de 1950 e início da de 1960. Foram cerca 
de 69 fotos, em preto e branco, nas quais aparece dentro de uma visível narrativa, 
cujos elementos tentamos buscar para reconstruí-la. 
O trabalho encomendado pela revista Art fórum ganhou elementos especiais 
da artista. Para a série, ela fez composições que lembravam fotos de revistas 
pornográficas e escolheu o formato widescreen, usado no Cinema.
Na obra Sem título nº 92 (Figura 13), vemos claramente um momento 
congelado de algo que está acontecendo. Ela está sentada no chão e olhando 
para fora do enquadramento, como se estivesse com medo de algo ou assustada. 
A câmera é posicionada de forma a dar maior dramaticidade à cena, elemento 
típico em suas fotografias.
22
23
Figura 13 – Cindy Sherman. Sem título nº 92, 1948. Fotografi a
Fonte: broadfoundation.org
#ParaTodosVerem: Figura de uma pessoa com camisa branca e saia xadrez olhando 
para o lado com uma expressão intensa e um pouco de apreensão. A pessoa está ajo-
elhada no chão com as mãos apoiadas à frente do corpo, como se estivesse prestes a 
levantar-se ou tivesse sido capturada em movimento. O cabelo está úmido e grudado 
na testa e nas bochechas. A iluminação vem de cima, criando sombras marcantes no 
rosto e na roupa. Fim da descrição.
Suas fotografias não são autorretratos. Sua escolha de se fotografar é por acredi-
tar que pode dar o máximo na interpretação dos personagens, apresentando-os com 
muita profundidade. A produção das fotos é rica em detalhes, levando-nos a enxergar 
uma cena, por meio dos elementos que empresta da Linguagem Cinematográfica.
A maquiagem e o figurino trazem uma série de detalhes sobre as personagens que 
Sherman interpreta, tornando difícil até encontrar a artista por traz da produção. 
As cenas são construídas a partir das imagens dos filmes que a inspiraram. Os 
cenários para suas fotos são meticulosamente pensados, podendo se apropriar de 
um lugar externo ou, ainda, a produção de um lugar interno, como uma sala ou 
um quarto.
A designer gráfica Barbara Kruger (1945-) começa a se apropriar de elemen-
tos da Linguagem Gráfica e da Propaganda para sua produção fotográfica. Ao 
vermos uma de suas fotografias, rapidamente sabemos a sua autoria, pois reco-
nhecemos sua linguagem pessoal. As fotos de Kruger tem sua marca própria e 
é facilmente reconhecível.
Kruger cria frases e textos e os sobrepõem à fotografias em preto e branco 
de Revistas e outras fontes dos Meios de Comunicação dos quais se apropria. 
O conjunto de elementos é forte e direto, quase um slogan de propaganda. É 
interessante que ela se utiliza da Linguagem Publicitária para fazer denúncias e 
críticas sobre a própria publicidade.
Elementos gráficos como uma borda na imagem e frases em vermelho sobre 
fundos preto ou branco nos remetem à estética de anúncios de Revistas.
A maioria de seus trabalhos traz uma crítica e uma discussão sobre a sexualidade 
e o consumismo, como na obra I shop therefore I AM (Eu compro, portanto eu 
23
UNIDADE Linguagem Fotográfica
sou) (Figura 14), fazendo referência à famosa frase Penso, logo existo, do filósofo 
francês René Descartes.
Figura 14 – Barbara Kruger. I shop therefore I am, 1987. Fotografia
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: Figura com fundo vermelho e uma fotografia em preto e branco de 
uma mão aberta no centro. Sobre a imagem da mão, um texto em letras maiúsculas 
brancas com bordas vermelhas diz “I shop therefore I am”. O texto é uma variação do 
famoso ditado filosófico “penso, logo existo” de René Descartes, substituindo a ação 
de pensar pela de comprar. Fim da descrição.
Todos os fotógrafos que vimos aqui desenvolveram produções fotográficas cheias 
de estilo, pois combinaram suas preferências, seu olhar e sua técnica, que os diferen-cia de todos os outros. Mas isso só é possível depois de muita dedicação. Como dizia 
Picasso: “Criar é uma combinação de 99% de transpiração e 1% de inspiração”.
É necessário começar, testar, experimentar, estudar e insistir na Linguagem 
escolhida para que, então, seja possível criar algo realmente inovador e criativo, 
com boa qualidade:
Não importa a intensidade do esforço: parece que é necessário pelo 
menos 10 anos de trabalho constante em um tema ao linguagem artística 
para chegar a dominar uma especialidade (...) Inclusive Mozart, que se 
poderia considerar a exceção que confirma a regra, esteve compondo 
pelo menos por uma década antes de poder produzir com regularidade 
obras que se consideram dignas de serem incluídas no seu repertório 
(GARDNER, 1995, p. 50).
24
25
Importante!
Experimente sair com sua Máquina Fotográfi ca ou mesmo seu celular e tire fotos de 
tudo o que lhe interessar, sem se preocupar em fazer uma grande Obra de Arte. Pode ser 
em apenas um quarteirão de sua cidade. Vamos começar devagar... Quando achar que 
tem uma boa quantidade de fotos, volte para casa e as analise com calma. Olhe cada 
uma das fotos, observe detalhes, pense nas composições que você fez e os elementos 
presentes em cada uma delas. Depois, separe aquelas que você mais gostou. Guarde em 
uma pasta de arquivo no seu computador com o nome Saída fotográfi ca nº 1. Algumas 
semanas depois, já com maior experiência em fotografi a, retorne ao mesmo quarteirão 
e fotografe. Agora, sim, está na hora de você comparar seus trabalhos e observar sua 
evolução. Ah! Salve em Saída fotográfi ca nº 2. Bom trabalho. 
Trocando ideias...
Por Que Fotografar?
A resposta mais precisa que posso dar do por que eu tiro fotos é uma metáfora. 
Para mim, tirar uma foto é como o ponto de ignição em um motor em combustão; 
ingredientes (vapores de gasolina, ar) são articulados em uma forma de engenharia 
magistral, compactados em um momento primorosamente cronometrado e 
sacudidos para produzir força e centelhas brilhantes. Na gênese de uma fotografia 
bem-sucedida, todos os esforços anteriores se congregam em um momento decisivo: 
o tempo de pesquisa para aprender aquela especialidade acadêmica, a longa ladeira 
íngreme para chegar ao local antes que a luz mude, o truque inteligente imaginado 
para que a própria história seja contada de um modo novo e intrigante, a metáfora 
prateada que envolve toda a ideia, a busca das condições climáticas favoráveis 
– e ainda se você não se esqueceu de carregar a bateria, montar o tripé, levar a 
objetiva certa etc. E quando tudo isso é congregado na mesma fração de segundo 
e alcança o ponto de ignição... bem, a sensação de satisfação é extasiante. É algo 
arrebatador (LOWE, 2017, p. 6).
Dicas:
• Busque assuntos do seu interesse, que agradam você, que mexam com suas 
emoções e que provoque sua curiosidade;
• Saiba o que você quer dizer com sua fotografi a. Tenha um objetivo;
• Tente imprimir uma marca pessoal em suas fotos;
• Seja criativo, tente fazer diferente e fuja das receitas;
• Dedique-se ao assunto. Pense, refl ita e gaste tempo com ele;
• Aprenda profundamente as técnicas de fotografar. Experimente ao máximo!;
• Conheça a História da Fotografi a;
• Discuta com amigos e professores sua produção fotográfi ca.
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UNIDADE Linguagem Fotográfica
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Instituto Moreira Salles
Organização sem fins lucrativos criada pelo diplomata e banqueiro Walter Moreira 
Salles, em 1992, que se dedica à divulgar fotógrafos e suas produções fotográficas.
https://ims.com.br/
 Livros
Caderno de artes visuais
SESI-SP. Caderno de artes visuais. v. I. São Paulo: SESI/SP, 2016.
 Filmes
Nascidos em bordéis
Direção: Ross Kauffman e Zana Briski. Documentário, EUA/Índia, 2006, 85min. 
Sinopse: A fotógrafa.
 Leitura
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
MORAES, Adriano Cunha; AHLERT, Jacqueline. Barbara Kruger: os limites entre 
linguagem da publicidade e propaganda e da linguagem artística. Intercom – Sociedade 
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVII CONGRESSO DE CIÊNCIAS 
DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL – Curitiba – PR – 26 a 28 maio 2016.
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27
Referências
COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil 1950-2000: movimentos e meios. 
São Paulo: Alameda, 2006.
FLORESTA, Merry. Man Ray. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
GARDNER, Howard. Mentes criativas. Barcelona: EdicionesPaidós Ibérica, 1995.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
KOSSOY, Boris. Fotografia & história. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
LOWE, Paul. Mestres da fotografia. São Paulo: Gustavo Gili, 2017.
MISSELBECK, Reinhold. 20th century photography: Museum Ludwig Cologne. 
Colgne: Taschen, 1996.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 1986.
SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São 
Paulo: Intermeios, 2011.
ZUANETTI, Rose et al. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rio de Janeiro: 
Senac Nacional, 2002.
27
Linguagem Fotográfica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Rita Garcia Jimenez
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Gêneros Fotográficos
• Introdução;
• Gêneros Fotográficos.
· Conhecer os gêneros fotográficos como linguagem e seus elemen-
tos constituintes;
· Valorizar os gêneros fotográficos por sua complexidade estrutural 
e simbólica;
· Desenvolver e realizar pesquisas sobre gêneros fotográficos e 
artistas representantes;
· Apreciar, analisar, conhecer e criticar manifestações históricas e esté-
ticas da fotografia por meio dos gêneros fotográficos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Gêneros Fotográfi cos
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Introdução
Figura 1 – O rebelde desconhecido (1989)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: Figura de uma cena histórica com quatro tanques de guerra em 
linha avançando por uma via ampla. Um indivíduo está de pé em frente ao primei-
ro tanque, bloqueando seu caminho. A pessoa parece estar em uma posição calma 
e desarmada. A fotografia é frequentemente associada aprotestos por liberdade e 
resistência pacífica. Fim da descrição.
Em 5 de junho de 1989, o fotógrafo norte-americano Jeff Widener registrou, da 
varanda de seu quarto em um hotel na Praça da Paz Celestial, em Pequim (China), 
um homem carregando sacolas de compras postado à frente de quatro gigantescos 
tanques de guerra, tentando impedir que eles avançassem. Até hoje não se sabe a 
identidade ou o paradeiro do homem.
Fonte: https://goo.gl/GB5uei
Para apreender o mundo, o homem sempre sentiu a necessidade de classificar 
as coisas, encontrar características semelhantes, agrupá-las em conjuntos a partir de 
elementos e propriedades comuns. É a categorização. Por sua vez, cada um desses 
conjuntos pode oferecer novas variantes. Assim, características como tamanho, 
volume, matéria, cor, peso etc., foram sendo utilizados como parâmetros para a 
definição de temas e gêneros. Esse processo gerou categorias fundamentais em um 
mundo complexo e variado como o das belas-artes, por exemplo. “É a natureza do 
representado, em vez da representação em si, que levou a uma divisão em classes 
que chamamos gêneros”, afirma o professor titular de fotografia na Faculdade de 
Belas-Artes da Universidade Complutense de Madri, Espanha, Joaquín Perea (2000). 
Em relação à fotografia, o termo gênero refere-se aos diferentes temas tratados, 
ou seja, imagens do mesmo assunto que compartilham as mesmas referências. Para 
Perea (2000), os principais usos do conceito de gênero são a reunião de fotografias 
pelo mesmo assunto, facilitando a localização de imagens em arquivos fotográficos, 
assim como para a categorização nos concursos de fotografia, por exemplo. 
8
9
Uma das mais importantes publicações mundiais sobre fotografia, a revista norte-
americana Popular Photography, trabalhava com as seguintes categorias: ação/
esportes, viagem, artes, retrato, natureza, digital manipulada, glamour, fotojornalismo, 
animais e humor. Essa categorização é compreensível: em um de seus últimos 
concursos, a revista precisou gerenciar sessenta mil fotografias. Criada em 1937, a 
Popular Photography encerrou as suas atividades em 2017, depois de oitenta anos 
de atividade. “Toda essa diversificação leva-nos a concluir que cada um estabelece suas 
próprias categorias e que elas são criadas de acordo com nossa conveniência”, pontua 
Perea (2000).
Entretanto, podemos afirmar que existem gêneros fotográficos universais básicos 
derivados da pintura acadêmica – retrato, paisagem, natureza-morta e histórico –, 
uma vez que a grande maioria da primeira leva de grandes fotógrafos é oriunda 
das artes visuais como, por exemplo, o norte-americano Man Ray (1890-1976):
Comecei minha carreira como pintor. Ao fotografar minhas telas, perce-
bi o interesse de sua reprodução em preto e branco. Um dia, cheguei a 
destruir um original para ficar somente com a reprodução. Desde então, 
passei a acreditar que a pintura tornou-se uma forma de expressão ultra-
passada e que a fotografia iria destroná-la quando o público fosse educado 
visualmente [...]. Só tenha certeza de uma coisa – preciso experimentar, 
com uma forma ou com outra. A fotografia me fornece meios para isso, 
meios mais simples e ágeis que a pintura (FLORESTA, 2011, p. 5).
Para Man Ray, a fotografia era uma forma de revitalizar as artes visuais, capaz de 
quebrar barreiras entre a arte clássica – acadêmica – e a popular, o estilo e a moda, a 
pintura e a ilustração. 
Figura 2 – Combinação de sombras (1919)
Fonte: museoreinasofia.es
#ParaTodosVerem: a obra apresenta um objeto metálico circular com duas projeções 
arqueadas na parte superior, fixado em uma superfície vertical. As sombras projetadas 
pelo objeto e pelas projeções criam formas geométricas sobre a superfície. Ao lado, um 
conjunto de linhas retas verticais e pequenas linhas horizontais projeta uma sombra 
que forma um padrão paralelo. Abaixo do objeto circular, há duas linhas curvas delica-
das que parecem ondulações. Fim da descrição.
9
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 3 – As lágrimas (1932)
Fonte: museoreinasofia.es
#ParaTodosVerem: a Figura é uma fotografia em close de um olho humano. O olho tem 
cílios longos e está levemente voltado para cima. Duas lágrimas podem ser vistas na 
borda inferior do olho, prestes a cair. A imagem é granulada, sugerindo que pode ser 
de uma época anterior. Fim da descrição.
Perea (2000), citando o Dicionário de termos artísticos e arqueológicos, de 
Estela Ocampo, apresenta as definições de gênero – natureza-morta, retrato, pai-
sagem e histórico – para a pintura:
• Retrato: representação artística do rosto ou de toda a figura de uma pessoa;
• Paisagem: pintura de gênero que representa um lugar natural ou urbano. 
Paisagem heroica (séc. XVIII), destinada a evocar nobres sentimentos;
• Natureza-morta: pintura de gênero em que são representados apenas objetos 
inanimados. Foi praticada extensivamente na Antiguidade Clássica, especial-
mente nos mosaicos, e depois extinguiu-se para reaparecer no século XVI;
• Histórico: gênero pictórico que ilustra cenas históricas ou lendárias em tom 
heroico. Nos séculos XVII e XVIII foi considerado pela Academia como a for-
ma de arte mais respeitável, comparável à pintura religiosa.
Assim, torna-se lógico que os gêneros fotográficos tenham sido originados da 
pintura – que, em um processo lento e gradual a partir do início do século XX, iniciou 
nova trajetória, livre de algumas amarras. A fotografia passou, então, a assumir 
funções anteriormente atribuídas à pintura – retratos, paisagens etc. –, entretanto, 
como veremos, logo a fotografia encontraria o seu próprio caminho.
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Exemplo do gênero 
paisagem na pintura:
Exemplo do gênero 
paisagem na fotografi a:
Figura 4 – Nuvens passageiras (1820)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a Figura é uma pintura 
representando uma paisagem ampla e aberta. No 
primeiro plano, uma área de terra escura com algumas 
pedras é visível. Além disso, há um campo verde 
que se estende até um pequeno lago. O horizonte é 
dominado por montanhas azuladas que se misturam 
com um céu amplo e nublado, onde a luz do sol parece 
tentar romper as nuvens. A pintura tem um estilo que 
sugere movimento nas nuvens e variações sutis de cor 
na vegetação e no céu. Fim da descrição.
Figura 5 – North Palisade from Windy Point (1936)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a Figura mostra uma fotografi a 
em preto e branco de uma cadeia de montanhas. As 
montanhas são robustas e têm picos agudos, com várias 
elevações e vales visíveis. Algumas áreas das montanhas 
têm manchas de neve. A fotografi a parece ter sido 
tirada de uma altitude elevada, olhando para baixo 
sobre as cristas. O céu acima das montanhas tem nuvens 
dispersas, e a imagem tem um aspecto granulado, típico 
de fotos antigas. Fim da descrição.
Exemplo do gênero retrato na pintura: 
Figura 6 – Nicolas Antoine Taunay (1811)
Fonte: mnba.gov.br
#ParaTodosVerem: a Figura é um retrato de um jovem com uma expressão séria. Ele 
tem cabelo escuro levemente encaracolado e usa um casaco de cor escura com gola 
alta e um lenço branco volumoso amarrado em volta do pescoço. A pintura tem um 
11
UNIDADE Gêneros Fotográficos
estilo realista, com o rosto do jovem iluminado contra um fundo marrom escuro, enfa-
tizando seus traços faciais e a textura de suas roupas. Fim da descrição.
Exemplo do gênero retrato na fotografia: 
Andy Warhol (1981): https://goo.gl/MYARqnEx
pl
or
Os gêneros que a pintura tradicionalmente utilizou – retrato, paisagem e natureza-
morta – estão também presentes no campo da fotografia. Já as pinturas históricas 
e religiosas não encontraram, inicialmente, um gênero equivalente na fotografia, 
uma vez que esse tipo de pintura necessita de uma referência – uma lembrança, um 
relato – para a criação da imagem. O gênero histórico da pintura que se aproxima 
da fotografia é o documental, com conexões de fotojornalismo e reportagem. 
Assim, temos quatro grandes gêneros na fotografia: retrato, paisagem, natureza-morta e documental.
No início da fotografia, a baixa sensibilidade à luz dos primeiros materiais exigia 
exposições extremamente longas, impossibilitando o registro de temas nos quais o 
movimento e a mudança de posição, por exemplo, estavam presentes. O aumento 
da sensibilidade dos filmes e a diminuição do tamanho das câmeras permitiram, 
com o tempo, a abordagem de questões até então impossíveis. O que, hoje, é algo 
extremamente simples, como tirar uma fotografia digital, registrando uma cena do 
cotidiano, seja de um atentado terrorista ou de um surfista em uma onda gigante, 
há cem anos era impraticável. 
Importante!
Que são raros os registros fotográficos de cenas de guerra do século XIX, especialmente 
devido aos longos tempos de exposição dos equipamentos e também pela dificuldade 
de transportar e operar os aparatos na linha de frente dos conflitos? Uma das imagens 
mais marcantes, que retratou recém-mortos no campo de batalha, é denominada Uma 
colheita da morte (figuras 7a e 7b), de 1863, do norte-americano Timothy H. O’Sullivan 
(1840-1882), tirada durante a Guerra Civil Americana (1861-1865). Alexander Gardner, 
administrador do estúdio onde O’Sullivan trabalhava, assim registrou: “Tal fotografia 
transmite uma moral útil: ela demonstra o horror e a realidade nua e crua da guerra, 
em vez de embelezá-la” (HACKING, 2012, p. 131). Na Figura 7 b) destacamos um detalhe 
do trabalho de O’Sullivan: havia escassez de calçados, que eram retirados dos soldados 
mortos para serem usados pelos que seguiam na guerra. A fotografia começava a 
registrar detalhes reveladores e fidedignos de acontecimentos históricos.
Você Sabia?
12
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Figura 7a 
Uma colheita da morte (1863)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a Figura é uma fotografi a histórica 
em sépia mostrando um campo de batalha após 
um confronto. Vários corpos de soldados estão 
espalhados pelo chão, alguns deles em primeiro 
plano, deitados de costas ou de bruços. A cena 
é desoladora, com a grama seca e o horizonte 
nebuloso ao fundo. A cena transmite um senso de 
devastação e perda. Ao fundo, com vida, pode-se 
discernir a silhueta de algumas pessoas e um cavalo. 
A qualidade da imagem é granulada, com manchas 
e imperfeições típicas de fotografi as de épocas 
passadas. Fim da descrição.
Figura 7b 
Uma colheita da morte [detalhe] (1863)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um close de um 
soldado caído em um campo de batalha. Apenas a 
metade inferior do corpo é visível, com destaque para 
as pernas vestidas com uma calça de tecido grosso e 
botas. O soldado está deitado de costas e parece estar 
em repouso eterno. A grama ao redor está amassada 
e seca. A fotografi a é um detalhe de uma cena maior, 
capturando o sombrio rescaldo de um confl ito. Fim da 
descrição.
Gêneros Fotográficos
Nos quatro gêneros fotográficos – retrato, paisagem, natureza-morta e docu-
mental –, os fatores espacial e temporal estão presentes, mas são representados 
de formas diferentes.
Por meio de ações de representação do espaço, diferentes elementos de uma 
cena são articulados na imagem fotográfica. O espaço da cena escolhida ou pre-
parada é definido por meio do enquadramento, constituindo o fundo em que se 
destaca a figura a que dirigimos a atenção. No retrato, por exemplo, o fundamental 
é a imagem do retratado – ou, dos retratados –, normalmente em primeiro plano. 
O fundo – que sempre existe, mesmo que seja infinito – fica, literalmente, em se-
gundo plano; ainda assim, é importante termos atenção ao fundo a partir do uso 
adequado da iluminação ou da desfocagem. 
Na paisagem, é o primeiro plano que não importa – ou não existe –, sendo o 
fundo a figura principal da imagem. Entretanto, não é raro encontrarmos elementos 
em primeiro plano que não constituem a imagem, tal como um galho de árvore que 
serviria para delimitar ou decorar.
No documental, devemos mostrar o que acontece, algo que ocorre em determi-
nado espaço. Ambos os elementos – primeiro e segundo planos – são importantes. 
13
UNIDADE Gêneros Fotográficos
A figura se destaca do fundo, mas ambos são reconhecidos; já na natureza-morta, 
os elementos que constituem a figura tendem a se integrar ao fundo, desaparecen-
do a “luta” visual entre os quais.
Em relação ao fator temporal, é importante um cuidadoso controle do enqua-
dramento, das condições da cena e do tempo de exposição – obturador. Vejamos 
como Perea (2000) vê o tempo nos quatro gêneros:
Assim, o retrato parece condensar toda uma vida em um segundo: a marca 
do tempo. A paisagem parece tentar transformar um segundo em um infinito: 
tempo acumulado. A história finge que um instante parece um instante: o 
tempo parou, “o momento decisivo”. A natureza-morta, finalmente, parece 
tentar que a aparência estática da cena (sua aparente permanência no tempo) 
seja transmitida como ausência de tempo. 
Importante destacar que aqui tratamos de forma geral, de modo que não há 
impedimentos para experimentarmos alternativas e/ou novidades às regras. 
Aliás, isso é fundamental para as descobertas. Um exemplo é a fotografia intitu-
lada After van Dongen, de 1959, do britânico Norman Parkinson (1913-1990), 
na qual subverte a lógica do gênero retrato, desfocando a pessoa e focando a 
cortina, que está ao fundo. Trata-se de hábil utilização da profundidade de cam-
po. Resultado: a modelo se destaca das várias texturas da cortina. O objetivo de 
Parkinson era realmente realçar o chapéu feito pelo célebre chapeleiro alemão 
Otto Lucas.
After van Dongen (1959): https://goo.gl/h7UJLu
Ex
pl
or
Assim, chegamos à conclusão de que retrato e documental são os gêneros nos 
quais o homem é o ator principal; enquanto que natureza-morta e paisagem são 
gêneros caracterizados pela ausência do homem.
Ademais, é óbvio que existem paisagens onde a imagem do homem aparece, mas 
que não representa o elemento fundamental. Assim, podemos encontrar exceções 
em todos os gêneros, afinal, a criatividade está à solta! 
Retrato
Se você não é bom ator, você nunca será um bom fotógrafo de retratos. 
Você tem de criar uma atmosfera sobre você mesmo que é apropriada 
para o tema e o ambiente, você precisa ser quase um camaleão e um 
manipulador muito bom (LOWE, 2017, p. 126).
A figura humana exerce, há muito tempo, um grande fascínio sobre artistas e 
fotógrafos. O rosto humano, por sua vez, é fascinante, uma forma perfeita – ou 
imperfeita, não importa – e possuidora de infinitas variações, as quais podem 
ser captadas de diversas maneiras. Celebridades ou desconhecidos, pobres ou 
14
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ricos, desempregados ou trabalhadores, todos – individualmente ou em grupo – 
são temas para retratos. Enfim, o humano é o ator principal.
As técnicas são as mais diversas: luz natural ou artificial, em estúdio ou em 
áreas externas, uso de acessórios e/ou cenários para a produção, entre outras 
possibilidades. Retratos podem ser feitos em estilos formal e espontâneo: no formal, 
modelo e fotógrafo têm consenso do evento e normalmente trabalham juntos na 
criação da imagem, ou seja, fazem-no de forma colaborativa, pois a intenção é 
que a imagem expresse a identidade do fotografado – afinal, quem não tem o seu 
“melhor” ângulo? O espontâneo é quando o fotógrafo deixa o seu fotografado à 
vontade, logo, sem posições pré-definidas, fazendo com que a personalidade do 
modelo venha à tona de forma natural.
Fotos espontâneas e formais podem ser realizadas em estúdio ou fora deste. A 
questão é que no estúdio o profissional tem domínio das condições de iluminação, 
por exemplo. “Uma habilidade essencial é sentir como uma mudança sutil no 
ângulo ou na pose pode ser crucial para a fotografia final”, salienta Lowe (2017). 
Retrato no Estúdio: Controle Total da Luz
Iago, estudo de um italiano, de 1867 (Figura 8), da britânica Julia Margaret 
Cameron (1815-1879), é um bom exemplo das primeiras fotografias do gênero 
retrato produzidas em estúdio. A fotógrafa usava uma teleobjetiva, o que achata 
a perspectiva, resultando em um efeitomais agradável à pessoa fotografada. 
Teleobjetivas têm menos profundidade de campo. Assim, trabalhava com a objetiva 
totalmente aberta para obter uma profundidade de campo rasa, destacando partes 
da pessoa fotografada. Em 1866, Julia adquiriu uma teleobjetiva de abertura fixa de 
f3.6, perfeita para as curtas distâncias em que trabalhava. A câmera exigia longos 
tempos de exposição – de três a sete minutos –, o que obrigava os fotografados a 
permanecerem o mais estáticos possível.
Julia também utilizava luz natural em seus trabalhos. Em Iago, estudo de um 
italiano, utilizou uma iluminação que veio um pouco acima do homem em um uso 
cuidadoso da luz e sombra, revelando as fortes características do rosto. Controlou 
cuidadosamente o ângulo da luz e a posição da pessoa como formas de chamar a 
atenção aos olhos semifechados do fotografado. “Quando esses homens estavam 
em frente de minha câmera, toda a minha alma se esforçava para fazer seu dever 
de modo que a grandeza do homem interior, bem como [...] a do exterior, fosse 
registrada fielmente”, afirmava (apud LOWE, 2017).
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 8 – Iago, estudo de um italiano (1867)
Fonte: culture24.org.uk
#ParaTodosVerem: a Figura mostra um retrato de um homem com uma expressão con-
templativa. Ele tem cabelos médios e desalinhados, e um olhar intenso e ligeiramente 
desfocado. Seu rosto é magro e possui traços marcantes, como um nariz proeminente 
e queixo forte. A imagem tem um tom sépia, o que sugere que é uma fotografia anti-
ga. Fim da descrição.
Entre os fotógrafos contemporâneos, o também britânico Brian Griffin (1948-) se 
destaca por ter redefinido o estilo do negócio e dos retratos comerciais ao trabalhar 
para a revista Management Today, na década de 1980. Fez a capa de mais de du-
zentos discos, dirigiu dezenas de vídeos musicais e comerciais de televisão e publicou 
dezoito livros. Griffin é mestre, tanto da luz quanto da composição, usando um con-
trole preciso da exposição e do enquadramento para produzir imagens muitas vezes 
surreais e complexas. Diz que recorreu à arte da propaganda não necessariamente em 
termos de conteúdo, mas do poder na construção das imagens para tornar as suas 
fotos “poderosas e impressionantes” (apud LOWE, 2017, p. 126) – as figuras 9 e 10 
demonstram bem isso.
Griffin fotografou a cantora Siouxsie Sioux, da banda britânica Siouxsie & the 
Banshees, para a capa do single Dazzle, que o grupo lançou em 1984. O trabalho 
foi realizado com equipamento analógico. Embora seja especialista em criar efeitos 
sem a utilização de softwares de edição de imagens, Griffin, atualmente, usa uma 
mídia digital para atingir os seus objetivos estéticos, principalmente em relação ao 
cenário, para depois utilizar película nas exposições finais.
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Figura 9 – Siouxsie Sioux (1984)
Fonte: artimage.org.uk
#ParaTodosVerem: a Figura apresenta uma pessoa 
com uma expressão intensa, olhando diretamente 
para a câmera. Seu rosto é parcialmente oculto por 
uma gola alta de tecido preto. A pessoa tem cabelo 
escuro e espetado, que se estende para cima e para 
fora, criando uma silhueta selvagem. Seus olhos são 
ampliados por uma maquiagem pesada, e uma boca 
aparece no meio do rosto onde não deveria estar, 
conferindo movimento e um efeito artístico surreal. 
Fim da descrição.
Figura 10 - Capa do single Dazzle, do grupo britânico 
Siouxsie & the Banshees (1984)
Fonte: Siouxsie & The Banshees - “Dazzle” (divulgação)
#ParaTodosVerem: a Figura é uma edição da Figura 
9, que apresenta um rosto parcialmente oculto 
por sombras, com destaque para os olhos que são 
penetrantes e expressivos. Sobre o lado esquerdo 
da imagem, há uma faixa com um padrão símbolos 
caindo em cascata. Na parte inferior, em uma 
tipografi a estilizada, lê-se a palavra “DAZZLE”. A paleta 
de cores é escura, com o rosto emergindo de um fundo 
preto, e a imagem tem um aspecto envelhecido ou 
danifi cado, com marcas e desgastes visíveis. Fim da 
descrição.
Case: Como Montar um Estúdio Caseiro
Um estúdio em casa – se você tem um espaço vago, pode ser um quarto, uma 
garagem ou até um canto na sala, ótimo, já é o primeiro passo para a criação de 
um estúdio caseiro. O ideal é que seja quadrado e tenha poucas janelas (lembre-se: 
o controle da luz deve estar nas suas mãos). O tamanho do espaço varia de acordo 
com o que você quer fotografar. Mas, atenção, isso não quer dizer que você não 
deva dar total atenção para a montagem desse espaço, pois isso determinará a 
qualidade de seu trabalho.
Para iniciar, você precisará de boas referências, de um equipamento compatível 
aos seus objetivos (flash, câmera, lentes etc.), de técnica e, principalmente, do 
olhar. Vejamos algumas dicas básicas para você montar um estúdio caseiro simples:
Luz:
Sem luz não há imagem. As luzes variam conforme o gosto particular do 
fotógrafo, mas há opções que são muito utilizadas por serem versáteis e muito 
usadas no mercado de fotografia. Uma delas é o flash, usado como acessório 
externo à câmera. Ele é o primeiro “melhor amigo” do fotógrafo. Existem diversos 
tipos. Além do flash dedicado, há também as luzes de cabeça, ou refletores, que 
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UNIDADE Gêneros Fotográfi cos
são aqueles spots que geralmente ficam em tripés. Existem também vários tipos, 
cada um oferece um clima, um efeito ou uma sensação para a sua foto. Para 
rebater luzes, por exemplo, é possível usar uma placa de isopor, que reflete a luz de 
forma suave e possibilita direcioná-la para onde se desejar.
Figura 11 – Equipamento de luz para um estúdio fotográfi co
Fonte: iStock/Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra a perspectiva de um fotógrafo olhando através 
da tela de uma câmera DSLR posicionada em um tripé. A tela da câmera exibe um 
estúdio fotográfico com um fundo branco e diversos equipamentos de iluminação, 
incluindo refletores e sombrinhas, que estão montados em tripés e direcionados para 
o fundo. O estúdio tem um piso de madeira e paredes amarelas. Há uma sensação de 
preparação para uma sessão fotográfica. Fim da descrição.
Fundo/Cenário:
Uma dica interessante para iniciar um estúdio caseiro é buscar alguns fundos 
para cenas, os quais funcionam como cenários. Os fundos mais empregados são 
os pretos e brancos de cor sólida. São muito bons para composições e ajudam na 
edição das imagens. Além desses, há também os com desenhos, paisagens etc., tudo 
para criar cenários para as suas fotos. O material também varia muito: há fundos 
de papel, tecido, EVA etc., todos fáceis de comprar, dado que são encontrados em 
qualquer loja de fotografia. Claro que é possível improvisar, desde que o resultado 
alcance a qualidade que você deseja para as suas fotos.
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Figura 12 – Há fundos de papel, tecido, Espuma Vinílica Acetinada (EVA) etc.,todos fáceis de comprar
Fonte: iStock/Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um estúdio fotográfico com um fundo infinito 
branco. À esquerda e à direita, painéis brancos de reflexão estão posicionados para 
ajudar a distribuir a luz de forma uniforme. No centro, um tripé alto com uma luz di-
recional aponta para baixo, ao lado de uma luz menor com um softbox octogonal no 
chão. Acima, duas fileiras de luzes fluorescentes ajudam a iluminar o espaço. O piso é 
branco e reflete parte da luz do estúdio, criando um ambiente luminoso e preparado 
para uma sessão de fotos. Fim da descrição.
Retratos com Luz Natural: Infinitas Possibilidades
Os retratos requerem, de maneira geral, uma iluminação cuidadosa; por isso, 
é importante sabermos trabalhar com a luz do dia. Atraente pelas inúmeras 
possibilidades, a luz natural precisa ser muito bem administrada pelo fotógrafo, sob 
pena de prejudicar o trabalho.
Ademais, a iluminação natural tem as suas particularidades, com os efeitos de luz 
e de sombra mudando a cada instante, da hora do dia, da estação do ano, se está 
nublado ou não, transformando-se também de acordo com o ângulo de visão. Se o Sol 
não estiver coberto por nuvens, a luz produzida terá característicadura e concentrada, 
na qual o contraste entre claro e escuro será marcante. A utilização de um difusor 
contribui para a redução das sombras nos rostos das pessoas, por exemplo.
A luz que vai das 10 às 15h geralmente é dura e direta, o que resulta em sombras 
fortes e transições igualmente duras. Dependendo do ambiente, é possível evitar 
isso, buscando um local com sombra, por exemplo.
Em um dia nublado, a luz tem uma característica difusa e suave, com sombras 
pouco pronunciadas, onde a linha de passagem entre luz e sombra se dá gradu-
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
almente, às vezes de maneira tão suave que a sombra é quase imperceptível. Por 
isso, é muito importante observar bem o local e, se for o caso, o melhor horário 
para se obter o resultado esperado. 
Bruce Gilden (1946-) anda pacientemente pelas ruas de Manhattan, Nova 
Iorque, procurando personagens peculiares que representem a energia e vida dessa 
grande metrópole. “Amo as pessoas que eu fotografo. Quero dizer, elas são meus 
amigos. Eu nunca absolutamente conheci ou encontrei a maioria delas, mas, por 
meio de minhas imagens, vivo com elas”, afirma (apud LOWE, 2017, p. 131). 
Gilden trabalha de maneira instintiva, constantemente em movimento, comumente 
usando flash, mesmo durante o dia, para capturar os seus temas, equilibrando a 
luz artificial com a disponível na cena – o flash congela os movimentos, dando um 
efeito dramático à fotografia, conforme podemos constatar na imagem abaixo:
Cidade de Nova Iorque – mulher caminhando na Quinta Avenida (1992): 
https://goo.gl/nAxC2FEx
pl
or
Paisagem
Por que fotografamos um lugar, uma paisagem? Pela beleza, pelo registro de 
um fenômeno da natureza, pela estratificação do tempo? Em grande parte da 
fotografia de paisagem do século XX preponderou o conceito romântico do sublime, 
majestoso. Um dos exemplos mais representativos é o norte-americano Ansel 
Adams (1902-1984), cujos trabalhos espetaculares de montanhas e vales remotos, 
intocados, principalmente de Yosemite Valley, Califórnia, Estados Unidos, criaram 
uma representação da natureza que, em muitas ocasiões, era mais intensa do que 
a própria realidade. 
Adams viveu no vale por cerca de dez anos e conhecia detalhadamente a sua 
geografia. Sabia exatamente onde se posicionar para encontrar a composição perfeita. 
Utilizava como poucos as condições meteorológicas e a direção da luz: “Uma boa 
fotografia é saber onde permanecer”, afirmava (apud LOWE, 2017, p. 50). Na Figura 
13 observamos exatamente isso: esperou o momento logo após a tempestade 
para fotografar, garantindo contraste entre as nuvens com a parte mais clara no 
centro da imagem onde também é observada uma cachoeira canalizando o olhar 
do observador; temos preto, branco e um criativo intervalo de cinzas.
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Figura 13 – Tempestade de inverno se dissipando (1935)
Fonte: Lowe, 2017, p. 51
#ParaTodosVerem: a imagem é uma fotografia em preto e branco de uma paisagem 
montanhosa coberta de neve. As montanhas imponentes emergem de uma floresta 
densa de pinheiros. Nuvens baixas e nevoeiro envolvem os picos, criando um efeito 
dramático e etéreo. Há uma cascata visível caindo de um penhasco, destacando-se 
contra a paisagem escura. A luz parece vir do lado direito, iluminando parte da cena e 
dando profundidade e contraste à fotografia. Fim da descrição.
Na passagem do século XX ao XXI, o britânico Darren Almond (1971-) apresen-
tou a série de fotografias Lua cheia (Figura 14), com longas exposições de paisa-
gens enluaradas, mantendo a linha de trabalho de Ansel Adams. As fotografias de 
Almond retratam lugares distantes à noite, sem figuras humanas ou qualquer tipo 
de presença do homem, levando o espectador a outros mundos. 
Há algo na luz dessas fotos que não é a luz do dia. Não se sabe ao certo 
se essa paisagem existe mesmo [...] ela parece fictícia, ou excessivamente 
ideal. A profundidade de campo é esquisita e, junto com a qualidade da luz, 
mantém o observador preso (apud HACKING, 2012, p. 513). 
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 14 – Luacheia@Yesnaby (2007)
Fonte: Hacking, 2012, p. 512
#ParaTodosVerem: a imagem é uma fotografia que captura uma paisagem marítima 
com longa exposição. Há uma formação rochosa vertical isolada emergindo do mar 
calmo, que aparece suave e nebuloso devido à técnica fotográfica. A rocha está à es-
querda, enquanto o penhasco contínuo se estende para a direita. O céu acima é nu-
blado com raios de luz que se filtram através das nuvens. A vegetação no topo do 
penhasco é escura e contrasta com o céu relativamente mais claro. A atmosfera geral é 
serena e misteriosa. Fim da descrição.
A Paisagem Nua e Crua
Em 1975, a exposição Novas topografias: fotos de uma paisagem alterada 
pelo homem, realizada no Museu George Eastman – fundador da Eastman Kodak 
Company –, em Nova Iorque, começou a contestar o mito do panorama intocado. 
A nova abordagem – que se transformou em um movimento, o New Topographics 
–, distante de querer apresentar uma imagem ideal de espaços naturais, buscava 
demonstrar as alterações que o homem realizava nesses locais até então selvagens 
e também o que a própria natureza faz, tais como erosões, vendavais e enchentes, 
por exemplo. 
O resultado correspondeu a imagens simples, até certo ponto literais, que favo-
receram o surgimento de uma estética pós-moderna com cenas recheadas de ves-
tígios humanos. Os espaços fotografados passaram a ganhar significado por serem 
resultados de povoamentos, industrialização e de agricultura intensiva. O gênero 
paisagem iniciava, assim, uma nova trajetória, que vinculava esse tipo de fotogra-
fia a ideias de tempo, memória e história, tal como vemos em Usina elétrica de 
Agecroft, Salford (1983) (Figura 15), de John Davies (1949-), fotógrafo britânico 
influenciado pelo New Topographics:
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Figura 15 – Usina elétrica de Agecroft, Salford (1983)
Fonte: Hacking, 2012, p. 516-517
#ParaTodosVerem: a imagem é uma fotografia em preto e branco de quatro torres de 
resfriamento de uma usina industrial. As torres são grandes estruturas em forma de 
cone com a parte superior alargada e estão dispostas em linha. A usina está situada em 
uma ampla paisagem aberta com campos ao redor. Em primeiro plano, há árvores sem 
folhas e o que parece ser uma área de descarte com vários itens e veículos espalhados. 
Ao fundo, podem-se ver mais estruturas industriais e linhas de transmissão de energia. 
O céu está nublado, e a imagem tem uma qualidade atmosférica e um tanto sombria. 
Fim da descrição.
Em Usina elétrica de Agecroft, Salford, Davies retrata uma paisagem industrial do 
Norte da Inglaterra. Fotografou em preto e branco, de modo que os tons escuros realçam 
o caráter desolado da paisagem. A partida de futebol que se desenvolve na imagem 
fica literalmente em segundo plano, frente às monumentais torres de refrigeração da 
central elétrica, símbolo da ascensão e queda da indústria carvoeira britânica da qual 
dependia essa usina de energia – as torres foram demolidas em 1994.
Confira algumas dicas para qualificar o seu trabalho com paisagens:
• No caso de um lugar conhecido e/ou turístico, você terá de iniciar o trabalho 
bem cedo para prevenir o afluxo de visitantes – se esse for o seu objetivo. 
Outra vantagem de chegar cedo é aproveitar as espetaculares condições de 
iluminação encontradas nesse breve período, normalmente logo após o nascer 
do Sol. O poente, por sua vez, fornece luz e cores sensacionais, tais como ne-
blinas róseas que se transformam em douradas à medida que o Sol desaparece;
Importante!
Uma regra de ouro, seguida por praticamente todos os profi ssionais de paisagens, sendo 
quase que uma lei, determina o seguinte: fotografar somente ao nascer do Sol, entre 
quinze e trinta minutos antes de o Sol nascer e cerca de trinta minutos a uma hora 
depois de nascer; e ao pôr do Sol, de quinze a trinta minutos antes do pôr do Sol e até 
trinta minutos depois.
Importante!
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
• Normalmente, um trabalhobem-sucedido de paisagem é resultado de uma 
abordagem planejada na qual o fotógrafo identificou diversos ângulos e 
variações sobre o mesmo tema ou aguardou uma mudança favorável de luz 
ou condições do tempo. A chegada de uma maré, por exemplo, comumente 
transforma uma paisagem, de modo que se conseguirmos captar a atmosfera 
do lugar, ótimo;
• Se o Sol fizer parte de seu projeto fotográfico, redobre a atenção: incluir o Sol 
na foto visto através de uma cerração, por exemplo, pode produzir excelentes 
resultados. Para superar problemas de contrastes extremos, espere que as 
nuvens encubram o Sol ou que se coloquem de forma a evitar parte da luz por 
esse emitida.
Natureza-Morta
No início da fotografia, a grande maioria dos fotógrafos simplesmente imitava o 
gênero natureza-morta do seu correlato em pintura – principalmente em relação às 
origens holandesas –, dispondo frutas, animais abatidos e outros objetos. Os longos 
tempos de exposição necessários, à época, tornavam os modelos ideais para a fotografia 
de objetos inanimados. A partir da década de 1850, com a fotografia ganhando ares 
de belas-artes, a natureza-morta oferecia a chance de o fotógrafo aplicar o processo 
objetivo da fotografia ao simbolismo e à metáfora das artes plásticas.
Um exemplo é a fotografia intitulada As areias do tempo (c.1855), de 
Thomas Richard Williams (1824-1871) (Figura 16). Além do tema, trazia ainda 
uma novidade: era uma imagem estereoscópica que, visualizada em um equi-
pamento específico, apresentava uma perspectiva tridimensional – razão da 
duplicidade de imagens. 
A natureza-morta também desempenhou um papel importante no desenvolvi-
mento da fotografia em cores, a partir de meados do século XIX. Em Natureza-
-morta com galo (c.1879), Louis Ducos du Hauron (1837-1920) utilizou um 
galo e um pássaro empalhados. A imagem contém três camadas de gelatina 
pigmentada sobre goma-laca nas três cores visíveis nas extremidades da foto 
(Figura 17). 
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Figura 16 – As areias do tempo (c.1855)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem é uma fotografia estereoscópica mostrando duas ima-
gens quase idênticas lado a lado. Ambas as imagens retratam uma cena com um 
crânio humano colocado sobre um livro aberto, apoiado em uma mesa. Ao lado do 
crânio, há uma ampulheta e óculos com lentes circulares repousando sobre o livro. O 
ambiente é escuro e texturizado, conferindo um tom sombrio e antiquado à fotografia. 
Fim da descrição.
Figura 17 – Natureza-morta com galo (c.1879)
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: Figura mostrando um galo e um periquito. O galo tem penas mar-
rons e brancas, uma crista vermelha proeminente e está perfilado para a esquerda. O 
periquito é principalmente verde com manchas amarelas e está à direita, olhando para 
o galo. Ambos estão sobre o que parece ser musgo e pedras. O fundo é uma parede 
desgastada com manchas e descascados em tons azuis e brancos. Há números no can-
to inferior direito, “3623”. Fim da descrição.
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Uma das grandes vantagens da natureza-morta é permitir ao fotógrafo exercer 
total controle sobre o tema, a estética e os aspectos técnicos da fotografia, expe-
rimentar diversos tipos de iluminação – luz natural e de estúdio – e praticar com 
um modelo – ou vários – que não se move. Dessa forma, o fotógrafo pode criar a 
imagem antes mesmo de fotografá-la. As naturezas-mortas podem ser sem pro-
dução, objetos não dispostos propositalmente à foto; e, com produção, fotografias 
em torno de um tema. 
Muitas vezes você se surpreende em momentos ociosos alterando ligei-
ramente a posição de um objeto de adorno da sua casa – um abajur, 
um cinzeiro, uma foto de família, um vaso de flores. Quer você tenha 
consciência, quer não, essa escolha da disposição de objetos inanimados 
constitui uma natureza-morta não-produzida. O mundo está repleto delas 
(HEDGECOE, 1996, p. 158).
Vejamos algumas dicas sobre fotografias de naturezas-mortas, as quais adaptadas 
de Hedgecoe (1996):
• Naturezas-mortas sem produção – projeto de fácil produção e realização. 
Não requer determinada câmera, nem um tipo especial de teleobjetiva. Um 
tripé pode ser um equipamento muito útil, uma vez que fotografias de naturezas-
mortas são resultados de alguma reflexão e, geralmente, são feitas lentamente. 
O que importa é você ser observador(a). Atento(a), você encontrará temas nos 
lugares mais improváveis. Podemos fotografar um elemento isolado (Figura 18) 
e temas cujos elementos sejam comuns ou antagônicos, entre outros;
Figura 18 – Sem título [Memphis] (1970)
Fonte: Lowe, 2017, p. 100-101
#ParaTodosVerem: Figura mostrando um triciclo infantil de cor predominante azul 
e preto. O triciclo está estacionado em uma rua asfaltada, com o guidão levemente 
enferrujado e manetes vermelhos. Tem um assento preto e rodas grandes com aros 
brancos e pneus pretos. Ao fundo, vê-se casas com telhado branco e um céu claro. Há 
um carro estacionado na garagem de uma das casas. Fim da descrição.
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• Naturezas-mortas com produção – você poderá criar também as suas 
próprias naturezas-mortas, escolhendo um ou mais objetos e experimentando 
diversos ângulos da câmera e efeitos de iluminação. A escolha de temas é 
infinita. Novamente, precisaremos de um tripé para que você possa se 
movimentar livremente em torno do tema. Disponha os objetos, ilumine-os 
e confira a composição no visor da câmera. O norte-americano Alec Soth 
(1969-) produziu e fotografou duas toalhas dobradas que formam dois cisnes, 
representando o amor. A colcha floral remete à natureza e a suave iluminação 
vem de uma janela (Figura 19):
Figura 19– Duas toalhas (2004)
Fonte: Lowe, 2017, p. 104
#ParaTodosVerem: Figura de duas toalhas brancas dobradas em forma de cisnes sobre 
uma cama. As toalhas estão posicionadas de modo que as pontas se tocam, formando 
um coração com seus pescoços e cabeças. A cama tem uma colcha estampada com 
grandes flores em tons de vermelho, rosa, verde e preto. Ao fundo, há uma cabeceira 
de cama marrom e uma parede bege. Fim da descrição.
Documental
“A realidade nos oferece tanta riqueza que precisamos remover parte dela ime-
diatamente para simplificar. A questão é: sempre removemos o que deveríamos 
remover?” A frase de Henri Cartier-Bresson (1908-2004) (apud LOWE, 2017) 
resume o seu brilhante trabalho como fotógrafo da vida cotidiana, um dos maiores 
de todos os tempos. No mesmo nível está Robert Capa (1913-1954) (apud LOWE, 
2017), principalmente em relação à atuação como correspondente de guerra: “A 
verdade é a melhor imagem, a melhor propaganda”, sentenciou.
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 20 – Coroação do rei George VI (Londres, 12 de maio de 1937)
Fonte: Lowe, 2017, p. 260
#ParaTodosVerem: Figura em preto e branco mostrando um grupo de pessoas sen-
tadas em uma escadaria ao ar livre. Todos estão olhando para o mesmo ponto, como 
se estivessem assistindo a um evento. As pessoas estão vestidas em trajes típicos de 
meados do século 20, com homens em ternos e chapéus e mulheres em casacos e cha-
péus. No primeiro plano, um homem está deitado em uma pilha de jornais espalhados 
no chão, parecendo dormir. Fim da descrição.
Figura 21 – Multidões correndo para o abrigo depois de 
 um alarme antiaéreo soar (Bilbao, 1937)
Fonte: Lowe, 2017, p. 262
#ParaTodosVerem: Figura em preto e branco de pessoas olhando para cima, numa rua. 
À esquerda, cinco adultos, um usando bengala, com expressões atentas olhando para 
cima. No centro, uma mulher e uma criança de mãos dadas, a mulher olha para cima, 
a criança para frente. Todos vestem casacos e chapéus típicos de meados do século 20. 
Ao fundo, um carro antigo. Fim da descrição.
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Na fotografia documental você deve mostrar o que acontece, algo que ocorre 
em determinado espaço e tempo. O potencial narrativo da fotografia se apresenta 
na sua forma mais intensa, seja no conteúdo ou convite para que o espectador 
construa a sua própria narrativa. Seria algo como uma crônica estática.

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