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Fisiopatologia do Sistema Respiratório Composição VI, Kandinsky Prof. Clairton Marcolongo Pereira Objetivos • Conhecer as principais enfermidades que afetam o trato respiratório superior. Sistema Respiratório • Respiração tem diversos significados fisiológicos: • Respiração celular reação intracelular do oxigênio com moléculas orgânicas para produzir dióxido de carbono, água e energia na forma de ATP. • Respiração externa é o movimento de gases entre o ambiente e as células do corpo e pode ser dividido em 4 processos integrados: • 1. A troca de ar entre a atmosfera e os pulmões. • 2. A troca de O2 e CO2 entre os pulmões e o sangue. • 3. O transporte de O2 e CO2 pelo sangue. • 4. A troca dos gases pelo sangue e as células. Sistema Respiratório - Divisão estrutural Trato Respiratório Superior • Boca, cavidade nasal, faringe e laringe, traqueia, . Trato Respiratório Inferior • Brônquios e suas ramificações e os pulmões. Funções das vias aéreas superiores • Aquecer o ar à temperatura do corpo, para que os alvéolos não se danifiquem pelo frio • Adicionar vapor de água ao ar até atingir 100% de umidade, de modo que o epitélio de troca úmida não se seque • Respiração pela boca não é capaz de aquecer e umedecer o ar Doenças do Trato Respiratório São uma das principais causas de mortalidade e morbidade nos animais e são uma das principais causas de prejuízos econômicos para a criação animal. Vias de acesso • Via aerógena: • Mais importante via de acesso dos patógenos ao trato respiratório – vírus, bactérias, partículas estranhas [animais em confinamento, gases irritantes como a amônia (NH3) e gás sulfídrico (H2S)]. • Via hematógena: • Alguns vírus, bactérias, parasitos e toxinas. Geralmente associada a septicemias. • Extensão direta: Lesões penetrantes, ruptura de esôfago ou diafragma perfurado. Composição VIII, Kandinsky Doenças do Trato Respiratório superior Cavidade Nasal e Seios Paranasais Alterações post mortem • Refluxo do conteúdo gastrintestinal pela cavidade nasal ou oral: Achado comum, mesmo pouco tempo após a morte. Há relaxamento do esfíncter gástrico e, posteriormente, a pressão das vísceras abdominais distendidas por gás e o manuseio da carcaça provocam a descarga. Anomalias do desenvolvimento • Fenda Palatina (Palatosquise) • Abertura (fenda) no palato que faz comunicação entre as cavidades nasal e oral. • Frequente em rebanhos bovinos e suínos com alto grau de consanguinidade. • Compatível com a vida, mas animais morrem por pneumonia por aspiração – leite. Distúrbios circulatórios da cavidade nasal • Epistaxe – hemorragia nasal. • Origem: • própria cavidade nasal rinorragia. • Trato respiratório inferior hemoptise. • Causas: • Traumas. • Exercícios intensos – equídeos hemorragia pulmonar induzida por exercício. • inflamação. • Neoplasia - hemangiossarcomas. • Trombose da veia cava caudal. • Acidose ruminal (dieta rica em grãos) parede do rúmen fraca bactérias invadem o fígado abscesso na veia cava trombose trombo desprende e vai ao pulmão no pulmão causa múltiplos abscessos e aumento da pressão arterial pulmonar aneurisma ruptura dos aneurismas hemorragias intrabronquial e intrapulmonar. Fontes de Trombose Pulmonar 1 2 3 4 Trombose da veia cava caudal Alterações inflamatórias • Rinite: refere-se ao processo inflamatório da mucosa nasal. • Frequentemente a causa primária é viral, seguida da infecção secundária bacteriana ou micótica. • Fatores predisponentes: gases nocivos, como amônia e H2S (gás sulfídrico), que abundam em ambientes com superlotação de animais, ventilação pobre e drenagem inadequada de dejetos; alta concentração de poeira; e baixa umidade do ar induz à diminuição da secreção e desidratação do muco eliminação mais lenta das partículas depositadas sobre a camada de muco. • Sinusite: refere-se ao processo inflamatório dos seios paranasais. • Consequência das rinites, periodontites, descorna, fraturas, parasitismo por larvas de Oestrus ovis em ovinos e caprinos, etc. • Não se detecta clinicamente – quando há deformidade da face ou formação de fístulas. Rinite catarral Sinusite Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) • Agente: Herpesvírus bovino tipo 1 • Herpesvírus bovino 1.1 e 1.2 (menos frequente no Brasil). • Comum em confinamentos com alta densidade populacional. • Associado a diversas doenças: rinotraqueíte infecciosa bovina, abortos, vulvovaginite pustular infecciosa, balanopostite, conjuntivite e doença sistêmica do recém nascido. • Animais infectados são portadores para o resto da vida, podendo a doença ser reativada periodicamente estresse. • Afeta bovinos de todas as idades ocorrência maior em animais acima de 6 meses. • Vírus infecta as mucosas do trato respiratório e genital contato intimo com essas superfícies, mas também pode ser transmitidos por aerossóis e secreções corpóreas. • Transporte, mudanças bruscas na dieta e condições climáticas adversas podem desencadear a doença. • Morbidade variável e a letalidade é baixa. • Sinais clínicos: • Febre, • Anorexia, • Taquipneia, • Corrimento nasal seroso e depois mucopurulento, • Lesões erosivas na mucosa nasal e oral (sialorréia) – lise das células das vias aéreas superiores, • Abortos • Curso clínico de 5 a 10 dias recuperação; se houver infecção bacteriana secundária pneumonias graves (Mannheimia haemolytica) alta letalidade. Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) • Macro: Hiperemia, áreas ulceradas na mucosa das narinas, faringe, laringe e traqueia e muitas vezes revestidas por uma membrana fibrinonecrótica. • Micro: corpúsculos de inclusão intranuclear no trato respiratório e infiltrado de linfócitos e macrófagos. Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) Mormo • É uma doença infecto-contagiosa crônica e caquetizante, quase sempre fatal que acomete primariamente equídeos. • Os equídeos são os únicos hospedeiros naturais infecções em outras espécies ocorre por transmissão dos equinos. • Muares e asininos + susceptíveis a forma aguda. • Pode afetar os equídeos de qualquer idade. • Caninos, felinos e outros carnívoros carcaça contaminada. • Nordeste e Santa Catarina. • Notificação obrigatória. • Doença reemergente aumento do número de casos nos últimos anos. • Agente: Burkholderia mallei bactéria Gram-negativa, imóvel, não formadora de esporos e patógeno intracelular obrigatório. Mormo • Transmissão: secreção nasal ou conteúdo de abscessos. • Moscas podem ser vetores da doença. • Transmissão vertical (mãe para filho) e transmissão venérea já foram descritas. • Sem detecção da bactéria na urina ou nas fezes. • Infecção: • Via digestiva água e alimentos contaminados. via mais importante de contaminação. • Via cutânea e respiratória contato com as mucosas e inalação do agente por aerossóis menos frequente e improvável. • Período de incubação: alguns dias até vários meses. • Patogênese: Ingestão da bactéria passagem pelo intestino bacteremia/septicemia lesão no pulmão, pele e mucosa nasal. • Sinais clínicos forma aguda: Febre, tosse, secreção nasal purulenta, às vezes com sangue, ulceras na cavidade nasal, nódulos na pele das partes inferiores dos membros e abdômen. A morte ocorre pela septicemia. • Sinais clínicos forma crônica forma + comum: febre, inapetência, perda de peso, aumento dos linfonodos submandibular e intolerância ao exercício. Tosse, dispneia e descarga nasal (mantém o agente no ambiente) ocorrem em 2/3 dos casos. • Os animais podem ter um ataque agudo e morrer ou permanecer portadores, aparentemente sãos, por vários anos e transmitir a doença. Mormo Mormo • Três manifestações podem ser observadas: • Pulmonar: pneumonia crônica, geralmentecom tosse e epistaxe e dispneia. • Nasal: afetam os ossos turbinados e o septo cartilaginoso nódulos que ulceram e drenam pus • Cutânea: nódulos subcutâneos (1-2cm) que ulceram e secretam pus, • Macro: Abscessos nos pulmões, narinas, baço e pele. Na pele observa-se distensão dos vasos linfáticos e áreas de alopecia localizadas no dorso. • Micro: Nódulos circundados por tecido fibroso e infiltrado de linfócitos, macrófagos, células gigantes, centro necrótico e calcificação distrófica. Mormo Faringe e Bolsas Guturais Faringite • Associada a inflamação do trato respiratório superior e/ou do trato digestório superior. • Infecção por Streptococcus zooepidemicus e Moraxella spp. Bolsas Guturais • Divertículo das tubas auditivas bilaterais e encontradas somente nos equinos. • Comunica-se com a faringe por meio do orifício guturo-faríngeo • Função: aquecimento do ar, etc. ainda não está claro. Adenite equina ou Garrotilho • Enfermidade contagiosa aguda dos equinos causada pelo Streptococcus equi, subsp. equi; • Inalação ou por via oral. • Patogenia: A bactéria fixa-se às células da mucosa nasal e bucal faringite aguda e rinite invade o tecido linfático faríngeo desenvolve-se abscessos nos linfonodos retrofaríngeos e submandibulares obstrução local por compressão (tosse) 7 a 14 dias após fistulam drenando para faringe, bolsa gutural ou no exterior contaminação do ambiente pelo pus. • Morbidade alta e letalidade baixa. • Estresse, transporte, excesso de trabalho, viroses e parasitoses aumentam a suscetibilidade dos animais. • Afeta equinos de todas as idades + animais com menos de 2 anos. • Contaminação direta ou indireta através de fômites contaminados (alimentos, água, cama, utensílios de estábulos e insetos). Adenite equina ou Garrotilho • Sinais Clínicos: em geral aparecem 2 a 4 semanas após a exposição ao agente. • Elevação de temperatura (41ºC). • Corrimento nasal bilateral mucoso evoluindo a purulento e grosseiro. • Anorexia, depressão, região cervical dolorida e aumentada de tamanho (linfonodos aumentados), tosse por compressão. • Pode impedir a mastigação, deglutição e respiração morte por asfixia. • Patologia: Lesões inespecíficas rinite, faringite e em alguns casos laringite. • Complicações: púrpura hemorrágica e empiema das bolsas guturais. • Púrpura hemorrágica: vasculite imuno-mediada precipitação nos capilares de imunocomplexos (anticorpos + frações do agente) edema severo nos membros, cabeça e outras partes do corpo. Adenite equina ou Garrotilho • Empiema das bolsas guturais: • Acúmulo de pus nas bolsas guturais. secreção liquida. • Pode ocorrer a concreção e tornar-se endurecida (condróides 20% dos equinos afetados). • Patogênese: ruptura de abscesso no linfonodo retrofaríngeo enchimento da bolsa de pus colonização bacteriana e inflamação. • O acumulo de pus na bolsa causa distensão e interferência mecânica na mastigação e respiração do animal. A inflamação da mucosa pode envolver os nervos próximos e causar neurite com alteração na função da faringe e laringe e disfagia. • Animais com empiema na bolsa gutural são a maior fonte de disseminação do agente da adenite equina. Adenite equina ou Garrotilho www.tudosobrecavalos.com/Doencas_Equinas.htm http://www.tudosobrecavalos.com/Doencas_Equinas.htm Condróides - bolsa gutural Laringe e Traqueia Paralisia da Laringe ou Hemiplegia Laríngea • Causa mais comum de ruído respiratório nos equinos cavalo roncador. • Intolerância ao exercício. • Etiopatogênese: degeneração do nervo laríngeo recorrente esquerdo atrofia do músculo cricoaritenoide (função de dilatar a laringe) cartilagem aritenoide projeta-se para o lúmen da laringe interferência no fluxo de ar. • Axonios dos nervos do lado esquerdo são mais longos favorece lesão [traumas ou neurites (inflamação da bolsa gutural)]. • Pode ocorrer do lado direito ou bilateral. • Macro: músculos pálidos e atrofiados. Colapso de Traqueia • Refere-se ao achatamento dorsoventral da traqueia devido a uma alteração nos seus semianéis cartilaginosos diminuição do lúmen traqueal dificuldade respiratória e maior susceptibilidade para colapso respiratório. • Cães de meia idade e de raças miniaturas. • Condição já foi observada em equinos miniatura. • Etiopatogenia: ainda não é totalmente esclarecida redução de glicosaminoglicanos e sulfato de condroitina nos anéis cartilaginosos enfraquecimento e achatamento da cartilagem. • Sinais clínicos: tosse e intolerância ao exercício.