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FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 1 PARTE 1 - Introdução Introdução à endocrinologia Glândulas endócrinas - As glândulas endócrinas compõem os principais sistemas do organismo humano - São glândulas secretoras de hormônio, não necessariamente são intrinsicamente endócrinas. Por exemplo, o pâncreas, uma glândula endócrina, produz os hormônios insulina e glucagon, mas também é uma glândula exócrina, na qual há enzimas na secreção pancreática, liberadas no duodeno e fazem parte da digestão Conceitos: - Hormônio: substância sintetizada por uma glândula endócrina que é liberada na corrente sanguínea e vai agir em outro local. Portanto tem um tecido alvo, aonde vai exercer uma função - Efeito endócrino: é o efeito do hormônio. Ex.: aumentar o metabolismo, estimular o crescimento ósseo - Efeito parácrino: para (ao lado) a célula e a glândula que produzem o hormônio agem em outro local - Efeito autócrino: auto (si mesmo) célula e glândula produzem um hormônio que age na própria célula - Célula sinalizadora: é aquela que produz o hormônio - Célula alvo: aonde o hormônio vai agir - Receptores: hormônio das células alvo agem nos receptores, que podem estar na membrana plasmática, núcleo, citoplasma Glândulas e hormônios: - Hipotálamo: hormônios liberadores e hormônios inibidores da hipófise (hipotálamo controla a hipófase). Produz ADH e ocitocina (armazenados na hipófise posterior) - Hipófise: (sob ação do hipotálamo) vai produzir ACTH, GH (hormônio do crescimento), TSH, prolactina, FSH, MSH - Tireoide: T3, T4, Calcitonina FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 2 - Paratireoide: PTH - Adrenais: cortisol, aldosterona, esteroides sexuais - Pâncreas: insulina, glucagon - Ovários: estrógeno, progesterona - Testículos: testosterona Estrutura química dos hormônios: 1. Proteínas e polipeptídios (hidrossolúveis) TSH, GH, Prolactina, FSH, LH, ADH, Ocitocina, Insulina, Glucagon, PTH 2. Esteroides (lipossolúveis) derivados do colesterol Cortisol, Aldosterona, Testosterona, Estrógeno 3. Amínicos derivados da tirosina (hidrossolúveis) T3, T4, Adrenalina, Noradrenalina Síntese hormonal: Mecanismo de regulação (como o hormônio é regulado) A. Mecanismo de feedback negativo - Principal representante é o metabolismo dos hormônios tiroidianos metabólicos, que são T3 e T4 - O hipotálamo produz o hormônio liberador de tireotrofina (TRH) que estimula a hipófise posterior a produzir o TSH, que é um hormônio tireoestimulante, no qual estimula a tireoide liberar o T3 e T4 - T23 e T4 sendo estimulado, inibe a produção de TSH para evitar o acumulo dos primeiros no organismo B. Mecanismo de feedback positivo - Um hormônio é produzido, estimula o efeito biológico e esse próprio efeito estimula mais secreção desse hormônio FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 3 - Principal representante é a ocitocina: é um hormônio hipotalâmico armazenado na hipófise estimula a contração uterina na hora do parto e a proliferação do endométrio, o que estimula a produção e assim por diante C. Ritmo circadiano - Significa que a ação e a produção desse hormônio sofrerão picos e dependerá de algumas características do organismo - Exemplo GHRH: age mais na criança do que no idoso, é atrelada ao sono, no sentido que a sua secreção aumenta no período da noite - Exemplo cortisol: oscila a sua posição com a hora do dia Transporte: - Peptídeos e catecolaminas: hidrossolúveis e circulam livres [flui igual água] - Esteroides (lipossolúveis) e hormônio tireoidiano (hidrossolúveis) [exceção nos hidrossolúveis] circulam ligados às proteínas plasmáticas - Hormônio tiroidiano: T3 e T4 tem várias características, não pode ser circulado livremente porque aonde está ele age, já que há muitos receptores desses, por isso tem que ser ligados a proteínas e carregados por elas (reservados) o Proteínas transportadoras a. Inespecíficas: albumina, pré-albumina b. Especificas: TBG (proteína ligadora da tiroxina) [T4 e T3] Metabolismo - Hepático: esteroides sexuais Passam pelo fígado para serem metabolizados - Sanguíneo: catecolaminas Metabolizam no próprio sangue Excreção - Hepática e biliar: [hepatobiliar] esteroides sexuais, peptídeos, catecolaminas - Renal: catecolaminas, peptídeos Mecanismo de ação 1) Receptores - Agem na célula alvo [em qual parte]: membrana plasmática (hormônios proteicos, catecolaminas), citoplasma (esteroides), nucelar (hormônios tireoidianos) FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 4 2) Sinalização intracelular - Hormônio age no receptor e após isso exige um mecanismo de ação do hormônio, uma sinalização intracelular - Pode ser feito de três maneiras: i. Modificação de permeabilidade da membrana plasmática Os mesmos hormônios que agem na membrana plasmática: catecolamina Ex.: noradrenalina e adrenalina, vão agir na comunicação dos neurônios na sinapse. Vem um neurotransmissor liberado pela vesícula pré-sináptica ou sináptica. Esse, vai sinalizar intracelularmente, por modificação na permeabilidade de membrana plasmática, isso é agir na permeabilidade da membrana para o cálcio, que passa entrar na membrana pré-sináptica, liberando mais neurotransmissores e depois que esse é liberado de novo ele age na membrana pós-sináptica, na célula seguinte, liberando um fluxo de sódio (entra sódio sai potássio: impulso nervoso, que é a resposta celular) ii. Ativação gênica ativa genes a. Através de ligação com receptores no citoplasma. Ex.: esteroides b. Atraves de ligação com receptores nucleares Ex.: hormônios tiroideanos FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 5 iii. Ação sobre enzimas intracelulares a. Ligação com receptor e ativação direta de enzimas Ex.: insulina receptor cinase ativada fosforilação b. Ligação com receptor e formação de segundo mensageiro 1. Formação de AMP cíclico: TSH 2. Formação de Ca-Calmodulina: adrenalina 3. Formação de Fosfolipase C: ocitocina Ações biológicas - Integração do crescimento e desenvolvimento: GH, T3, T4 - Efeitos sobre o metabolismo: insulina, glucagon, glicocorticoides - Efeitos sobre a homeostase corporal: aldosterona, ADH, PTH - Efeitos sobre o sistema imunológico: ACTH, glicocorticoides - Efeitos sobre a contração muscular: catecolaminas, ocitocina - Efeitos sobre a reprodução: FSH, LH, esteroides sexuais FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 6 PARTE 2 – Eixo hipotálamo-hipofisário - Existe um eixo ligando o hipotálamo com a hipófise, sendo que o primeiro libera hormônios que vão agir sob a hipófise e essa libera hormônios que vão agir sob o hipotálamo. - A hipófise é uma gandula localizada (ancorada) na sela túrcica, no esfenoide (crânio) A hipófise é dividida em: a. Anterior ou adenohipofise (AA) “adeno” vem de glândula, secreta seus hormônios b. Posterior ou neurohipofise na imagem é possível ver alguns nervos ligados a hipófise, são neurônios, armazenam hormônios produzidos pelos corpos celulares que vem do hipotálamo Hormônios hipotalâmicos Divididos em hormônios produzidos pelo hipotálamo e pela hipófise - Os hormônios produzidos pelo hipotálamo são basicamente hormônios de liberação ou de inibição, portanto ou vão estimular a hipófise de liberar hormônios ou inibi-la Hormônios de liberação: - TRH - CRH -GHRH -GnRH -PRH Hormônios de inibição: -GHIH -Dopamina - Com exceção da ocitocina e ADH, que são produzidos pelo hipotálamo, mas armazenados na neurohipofise para serem liberados posteriormente FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 7 Hormônios de liberação hipotalâmicos: 1. TRH É o hormônio liberador de tireotropina - O hipotálamo vai produzir o TRH que vai agir na adrenohipofise, estimulando-a, levando a liberação do TSH que agirá na tireoide- Eixo: hipotálamo hipófise tireoide (TRH) (TSH) 2. GnRH - Hormônio liberador de gonadotropina [gônada hormônios sexuais] - O GnHR vai ser liberado pelo hipotálamo, agindo na adenohipofise estimulando a produção dos hormônios sexuais FSH e LH, que vão agir nas gônadas (testículos e ovários) 3. CRH - É o hormônio liberador de corticotropina - Será estimulado pelo hipotálamo e vai agir na hipófise para a liberação do ACTH, que por sua vez agirá na glândula suprarrenal FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 8 4. GHRH - É o hormônio liberador de GH - Será liberado pelo hipotálamo, agindo na hipófise que libera esse hormônio Hormônios de inibição 1. GHIH - É o hormônio inibidor de GH (somatostatina) 2. PIH - É o hormônio inibidor da prolactina (dopamina) [neurotransmissor] Hormônios hipofisários o Hormônios da Hipófise Anterior: [adenohipofise] - Hormônio do Crescimento (GH ou Somatropina) - Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH ou Corticotropina) - Hormônio Tireoestimulante (TSH ou Tireotropina) - Hormônio Folículo Estimulante (FSH) - Hormônio Luteinizante (LH) - Prolactina FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 9 o Hormônio da Hipófise Posterior: [são produzidos no hipotálamo e armazenados nela] - Hormônio Antidiurético (ADH ou Vasopressina) * - Ocitocina* Hormônios da Hipófise Anterior 1. GH (hormônio do crescimento) - Um dos poucos hormônios que não tem uma célula específica ou um tecido alvo, ele pode acessar praticamente todas as células de todos os tecidos. 2. ACTH - Hormônio adrenocorticotrófico (corticotrofina) Em cima do rim tem a glândula suprarrenal, que é dividida entre parte cortical e parte medular. O hormônio adrenocorticotrófico age sobre o córtex da adrenal que produz três hormônios: glicocorticoides, mineralocorticoides, andrógenos corticais, sob estimulação do ACTH FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 10 3. TSH - Hormônio tiroestimulante (tireotropina) Age sobre a tireoide estimulando a tireoide a produzir os seus hormônios 4. FSH e LH - FSH: hormônio folículo estimulante - LH: hormônio luteinizante Vão agir sob as gônadas levando a produção de hormônios sexuais FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 11 Hormônio da Hipófise Posterior 5. Prolactina - Envolvida principalmente na produção de leite, irá estimular a glândula mamaria 1. Ocitocina - Agirá na contração do miométrio (parto) e agirá na liberação do leite 2. ADH - Hormônio antidiurético (vasopressina), vai estimular a diminuir a diurese, liberação de água FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 12 Síndromes clinicas hipofisárias São alterações na hipófise que vão ter alterações endócrinas, quanto neurológicas. Suponhamos que há um tumor na hipófise que comece a comprimir uma substancia adjacente como o quiasma óptico, causará alterações neurológicas na visão e na parte endócrina no metabolismo hormonal. - Anormalidades da secreção do Hormônio do Crescimento (gigantismo, nanismo, acromegalias) - Síndrome de Cushing Hipofisário Causada por excesso de corticoide, cortisol na circulação sanguínea Uma das causas, por exemplo é um adenoma de células beta-1 hipofisárias - Síndrome da Galactorreia – Amenorreia Adenoma de células alfa-1 hipofisárias, que são as células que produzem prolactina, ocorrendo um tumor hiper secretor que vai gerar a hiperprolactinemia FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 13 - Diabetes Insípidos Causa central: do cérebro Nefrogênico: relacionado a resistência de ADH - Panhipopituarismo diminui a produção de (todos os) hormônios a. Síndrome de Sheehan: isquemia da glândula hipófise, comum em gravidas, porque o metabolismo dessa glândula tem que ser maior, mas no caso por exemplo de uma hemorragia, diminui o suprimento sanguíneo na hipófise como um todo, sendo aplicado isto em todos os hormônios b. Síndrome da Sela Vazia: existe uma película na sela turca segurando a hipófise que pode formar uma hérnia, comprimindo a hipófise gerando a síndrome c. Adenoma: pode comprimir a hipófise e em vez de ser um adenoma hipersecretor, será um hiposecretor d. Iatrogenia e. Patologias hipotalâmicas: menos estimulo do hipotálamo indo para hipófise f. Irradiações: câncer radioterapia causa lesão na hipófise - O que pode ser causado com a diminuição dos hormônios: Nanismo: diminui produção do GH Hipotireoidismo: diminuição do TSH Esterilidade: diminui produção sexuais Hipoglicemia: diminuição de cortisol HipoNa+: (hipotermia) diminuição de aldosterona pela suprarrenal, que faz a reabsorção de sódio para a corrente sanguínea Hipotensão Arterial: relacionado a hipotermia, sódio vinha e puxava a água, que gerava aumento do volume circulante o que leva a pressão arterial * adenoma é um tipo de tumor benigno que pode se desenvolver em glândulas e todo o corpo FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 14 PARTE 3 – Glândula tireoide - A glândula tireoide, localizada na porção anterior do pescoço, bem abaixo da cartilagem cricoide, consiste em 2 lobos ligados por um istmo. As células foliculares na glândula produzem os 2 principais hormônios tireoidianos: Tetraiodotironina (tiroxina, T4) Triiodotironina (T3) - Esses hormônios atuam em células em virtualmente todos os tecidos do organismo, associando-se a receptores nucleares e alterando a expressão de uma grande quantidade de produtos gênicos. O hormônio tireoidiano é necessário para o desenvolvimento normal dos tecidos cerebral e somático nos fetos e recém-nascidos e, em todas as idades, regula o metabolismo de proteínas, carboidratos e gorduras - T3 é a forma mais ativa na ligação ao receptor nuclear; T4 tem somente atividade hormonal mínima. Entretanto, T4 tem efeito muito mais duradouro e pode ser convertida em T3 (na maioria dos tecidos) e, dessa forma, serve como um reservatório para T3. Uma 3ª forma de hormônio tireoidiano, T3 reverso (rT3), não possui atividade metabólica; as concentrações de rT3 se elevam em certas doenças. - Além disso, as células parafoliculares (células C) secretam o hormônio calcitonina, que é liberado em resposta à hipercalcemia e reduz as concentrações séricas de cálcio. Hormônios tireoidianos - T3 [Triiodotironina} - T4[Tetraiodotironina, tiroxina] - Calmodulina [células C envolvida no metabolismo do cálcio] FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 15 Síntese, secreção e transporte - Existe um coloide dentro do tecido tiroidiano, produzido pelas células foliculares - Tireoglobulina é um polipeptídio que carreia tirosina [carreia T4 e T3], ou seja, armazena o hormônio - O TSH, hormônio tireoestimulante, vai agir em todas as etapas da formação dos hormônios tireoidianos, inclusive na passagem do iodeto para a corrente sanguínea, que é exatamente o sequestro - A síntese dos hormônios tireoidianos requer iodo - O iodo, ingerido na alimentação e na água como iodeto, é ativamente concentrado pela tireoide e convertido em iodo orgânico (organificação) dentro das células foliculares pela peroxidase tireoidiana. - As células foliculares circundam um espaço preenchido por coloide, que consiste em tireoglobulina, uma glicoproteína que contém tirosina em sua matriz. A tirosina em contato com a membrana das células foliculares é iodada em 1 (monoiodotirosina) ou 2 (di-iodotirosina) locais e depois acoplada para produzir 2 formas de hormônio tireoidiano. di-iodotirosina + di-iodotirosina T4 di-ioditirosina + monoiodotirosina T3 - T3 e T4 permanecem incorporados à tireoglobulina dentro do folículo, até que as células foliculares captem a tireoglobulina sob forma de gotas de coloide. Uma vez no interior das células foliculares, T3 eT4 são clivadas a partir da tireoglobulina - T3 e T4 livres são então liberados na corrente sanguínea, onde se ligam às proteínas séricas para seu transporte. A proteína transportadora primária é a globulina ligadora tiroxina (GLT), com alta afinidade, porém baixa capacidade de ligação de T3 e T4. A TBG normalmente transporta 75% dos hormônios tireoidianos ligados. - As outras proteínas de ligação são Pré-albumina de ligação a tiroxina (transtiretina), que tem alta afinidade, mas baixa capacidade para T4 Albumina, que tem baixa afinidade, mas alta capacidade de se ligar ao T3 e T4 - Aproximadamente 0,3% da T3 sérica total e 0,03% da T4 sérica total se encontram na forma livre, em equilíbrio com os hormônios ligados. Apenas T3 e T4 livres estão disponíveis para atuar nos tecidos periféricos - Todas as reações necessárias para a formação e liberação de T3 e T4 são controladas pelo TSH, que é secretado pelas células tireotróficas pituitárias. A secreção de TSH é controlada por um mecanismo de retroalimentação negativa na hipófise: o aumento das concentrações de T4 e T3 livres inibe a síntese e a secreção de TSH, ao passo que concentrações mais baixas incrementam a secreção de TSH. A secreção de TSH também é influenciada pelo TRH, que é sintetizado no hipotálamo. Os mecanismos precisos que regulam a síntese e liberação de TRH não estão claros, embora a retroalimentação negativa dos hormônios tireoidianos iniba a síntese de TRH - A maior parte da T3 circulante é produzida fora da tireoide pela monodesiodação de T4. Apenas um quinto da T3 circulante é secretada diretamente pela tireoide FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 16 FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 17 - Iodeto vem de uma bomba através dos capilares, estimulado pelo TSH, que age até a secreção - Iodeto vai ser oxidado, vai ser ligado a tiroglobulina formando MIT e DTI, sendo eles sempre carregador pela tiroglobulina - Tiroglobulina libera por ação de protease T3 e T4 que por sua vez vão atingir a corrente sanguínea - Hipotálamo produz TRH que estimula a hipófise a produzir o TSH, que estimula a tireoide a produzir os seus hormônios - Quando os hormônios atingirem a corrente sanguínea por mecanismo de feedback negativo, vai diminuir a produção de T3 e T4 [o aumento da concentração de hormônio diminui o aumento da sua própria produção] Regulação de secreção dos hormônios tireoidianos - O hipotálamo produz o TRH, que age na hipófise estimulando a produção do TSH - TSH estimula a tireoide a produzir os hormônios T3 e T4 - O aumento da concentração de T3 e T4 na corrente sanguínea inibe a produção de TSH, inibindo então a produção hormônios tiroidianos pela tireoide [inibem a retroalimentação ou feedback, controlando a secreção de T3 e T4] FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 18 Ações biológicas dos hormônios tireoidianos - Os hormônios tireoidianos tem um metabolismo geral, isso é, atuam em todas as células do organismo - Metabolismo: o aumento do consumo de oxigênio e, portanto, da taxa até 80% e diminui o peso o Aumenta o metabolismo dos hormônios o Estimulam a glicólise a queda do glicogênio, a nova formação de glicose e gliconeogênese, aumenta a captação de glicose o Mobiliza ácido graxos numa velocidade maior, aumentando esse - Cardiovascular o Quando o metabolismo é estimulado, é normal alterar o fluxo sanguíneo, nesse caso, é possível notar um aumento do mesmo, que por consequência aumenta a utilização do oxigênio, promove vasodilatação aumentando o débito cardíaco, força de contração e a pressão arterial - Respiratório o Estimula a respiração, aumentado a amplitude respiratória e sua frequência - Gastrointestinal o Aumenta o apetite o Aumenta a secreção das glândulas do trato gastrointestinal o Aumenta a motilidade - Sistema nervoso: o Crescimento do cérebro o Estimula o estado psíquico o Estimula o humor e participa da regulação do sono o Estimula o raciocínio - Músculos e ossos o Estimula a função do musculo: contração e relaxamento o Gera o crescimento dos músculos e dos ossos FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 19 - Sistema endócrino: o Os hormônios tireoidianos atuam também sobre outros hormônios, levando o aumento da secreção das glândulas o Ativação hepática dos glicocorticoides o Aumenta a libido, pela produção aumentada dos hormônios sexuais o Participa também na regulação do ciclo menstrual Patologias a. Hipertireoidismo - O hipertireoidismo pode resultar-se do aumento de síntese e secreção de hormônios tireoidianos (T4 e T3), causado por estimulantes tireoidianos no sangue ou por hiperfunção autônoma da tireoide. Também pode resultar da liberação excessiva de hormônios tireoidianos da glândula tireoide, sem aumento de síntese. Essa liberação é comumente causada por alterações destrutivas, nos vários tipos de tireoidites. - Várias síndromes clínicas também causam hipertireoidismo, como: o Doenças graves (“bócio tóxico”) (bócio difuso tóxico) é a causa mais comum de hipertireoidismo, caracterizando-se por hipertireoidismo e um ou mais dos seguintes achados: Bócio [uni ou multinodular tóxico (doença de Plummer)] Exoftalmo [proptose ocular e de olhos esbugalhados] Dermopatia infiltratva A doença de Graves é causada por autoanticorpos contra o receptor de TSH; diferente da maioria dos anticorpos, que são inibitórios, este autoanticorpo é estimulador, promovendo síntese contínua e secreção excessiva de T4 e T3. A doença de Graves (assim como a tireoidite de Hashimoto) às vezes ocorre com outras doenças autoimunes, incluindo diabetes tipo 1, vitiligo, cabelos prematuramente grisalhos, anemia perniciosa, distúrbios do tecido conjuntivo e síndrome de deficiência poliglandular. A hereditariedade aumenta o risco da doença de Graves, embora os genes paticipantes permaneçam desconhecidos. A patogênese da oftalmopatia infiltrativa (responsável pelo exoftalmo na doença de Graves) é mal compreendida, mas pode ser resultado de imunoglobulinas direcionadas para receptores de TSH na gordura e fibroblastos orbitais, resultando em secreção de citocinas pró-inflamatórias, inflamação e acúmulo de glicosaminoglicanos. Também pode haver oftalmopatia antes do início do hipertireoidismo ou mesmo 20 anos depois do seu surgimento, que piora ou melhora independentemente da evolução clínica do hipertireoidismo. Chama- Exoftalmia FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 20 se de doença de Graves eutireoidiana a oftalmopatia típica observada na presença de função tireoidiana normal o Tireoidites Doença inflamatória da tireoide pode ser tireoidite granulomatosa subaguda, tireoidite de Hashimoto e tireoidite linfocítica silenciosa, uma variante da tireoidite de Hashimoto. O hipertireoidismo é mais comum na tireoidite granulomatosa subaguda e resulta de alterações destrutivas da glândula e da liberação dos hormônios armazenados, e não do aumento de sua síntese. A seguir, pode ocorrer hipotireoidismo. o Adenomas de hipófise adenoma do tipo hiper secretor, produzindo hormônio em maior quantidade. Com o TSH aumentado, produzirá T3 e T4, depois esses diminuirão sua concentração com o feedback negativo o Adenomas de tireoide Bócio uni ou multinodular tóxico (doença de Plummer ou Adenoma Tireoidiano Tóxico) às vezes resulta de mutações do gene do receptor de TSH, causando ativação contínua da tireoide. Pacientes com bócio nodular tóxico não apresentam as manifestações autoimunes ou os anticorpos circulantes observados na doença de Graves. Além disso, em contraste com a doença de Graves, bócios uninodulares ou multinodulares habitualmente não entram em remissão Adenoma de Tireoide um tumor benigno ocasionado pelo crescimento excessivo e a transformação estrutural/funcional de uma área do parênquima tireoidiano, sendo a terceira causa mais comumde hipertireoidismo no Brasil. o Iatrogenia (corticoterapia) Termo iatrogenia deriva do grego (iatros = médico / gignesthai = nascer, que deriva da palavra genesis = produzir) e significa qualquer alteração patológica provocada no paciente pela má prática médica Manifestações clinicas de hipertireoidismo: - Aceleração dos batimentos cardíacos acima de 100 por minuto (chamada taquicardia) - Irregularidade no ritmo cardíaco, principalmente em pacientes com mais de 60 anos - Nervosismo, ansiedade e irritação - Mãos trêmulas e sudoréticas - Perda de apetite - Intolerância a temperaturas quentes e probabilidade de aumento da sudorese - Queda de cabelo e/ou fraqueza do couro cabeludo - Rápido crescimento das unhas, com tendência à descamação das mesmas - Fraqueza nos músculos, especialmente nos braços e coxas - Intestino solto - Perda de peso importante - Alterações no período menstrual - Aumento da probabilidade de aborto - Olhar fixo - Protusão dos olhos, com ou sem visão dupla (em pacientes com a Doença de Graves exofalmia) FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 21 - Acelerada perda de cálcio dos ossos com aumento do risco de osteoporose e fraturas b. Hipotireoidismo - O hipotireoidismo ocorre em qualquer idade, mas é particularmente comum em idosos, em que ele pode estar presente de maneira sútil e ser difícil de reconhecer. O hipotireoidismo pode ser 1. Primário: causado por disfunção intrínseca da glândula tireoide, resultando em deficiência da síntese e na secreção dos hormônios tireoidianos 2. Secundário: causa hipofisária por deficiência de tireotrofina (TSH) 3. Terciário: causa hipotalâmica por deficiência de hormônio liberador da tireotrofina (TSH) o Tireoidite de Hashimoto Acredita-se que a tireoidite de Hashimoto seja a causa mais comum de hipotireoidismo primário na América do Norte. É muito mais prevalente em mulheres. A incidência aumenta com a idade e em pacientes com doenças cromossômicas, incluindo síndrome de Down, síndrome de Turner e síndrome de Klinefelter. É comum a história familiar de doenças tireoidianas. A tireoidite de Hashimoto, assim como doença de Graves, algumas vezes está associada a outras doenças autoimunes, como doença de Addison (insuficiência suprarrenal), diabetes mellitus tipo 1, hipoparatireoidismo, vitiligo, cabelos prematuramente grisalhos, anemia perniciosa, distúrbios do tecido conjuntivo (p. ex., artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren), doença celíaca e síndrome de deficiência poliglandular tipo 2 (síndrome de Schmidt — uma combinação de hipotireoidismo secundário à tireoidite de Hashimoto e/ou diabetes mellitus tipo 1). Pode haver aumento da incidência de tumores de tireoide, raramente linfomas tireoidianos. Na patologia verifica-se uma infiltração extensa de linfócitos, com folículos linfoides e cicatrizes. Os pacientes se queixam de aumento indolor da tireoide ou sensação de volume na garganta. O exame revela bócio não doloroso, que é liso ou nodular, firme e mais elástico que a tireoide normal. Vários pacientes apresentam sinais e sintomas de hipotireoidismo, mas alguns têm hipertireoidismo que pode ser decorrente da tireoidite. o Bócio coloide “atóxico” Endêmico população carente, sem ingestão ideal de iodo FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 22 Esporádico medicamentoso o Insuficiência hipofisária Síndrome de Sheehan A síndrome de Sheehan se caracteriza pelo hipopituitarismo pós-parto secundário à necrose hipofisária decorrente de hipotensão ou choque em virtude de hemorragia maciça durante ou logo após o parto Sela vazia A Síndrome da Sela Vazia corresponde ao achado de sela túrcica preenchida por líquido cefalorraquidiano, devido à herniação da aracnóide para dentro da sela, levando à compressão do tecido hipofisário normal contra o assoalho selar, dando a aparência radiológica de uma sela vazia. o Iatrogenia: Cirurgia que possa ter lesado a hipófise Radiação Medicamentos (Ex.: Lítio) O lítio é um metal alcalino que pode atingir altas concentrações na célula tiroidiana. Em humanos, a administração de lítio pode inibir a captação de iodo pela tiroide por um mecanismo de competição. Ademais, pode haver alterações na síntese (inibição do acoplamento de iodotirosina e alteração na estrutura da tireoglobulina) e secreção dos hormônios tiroidianos. Há referências também a aumento de doenças autoimunes da tiroide em uso de lítio. Para que a produção do hormônio tiroidiano seja adequada, há um elevação do hormônio tireoestimulante (TSH), caracterizando o hipotireoidismo, nesse caso, induzido pelo lítio. O aumento do TSH pode estimular o crescimento da tiroide e resultar em bócio. O risco de hipotireoidismo aumenta em cerca de seis vezes em pacientes recebendo lítio. Manifestações clinicas de hipotireoidismo - Depressão - Desaceleração dos batimentos cardíacos - Intestino preso - Menstruação irregular - Diminuição da memória - Cansaço excessivo - Dores musculares - Sonolência excessiva - Pele seca - Queda de cabelo - Ganho de peso - Aumento do colesterol no sangue - Macroglossia [há um aumento excessivo da língua, ou como relativa, quando o espaço da cavidade oral é insuficiente para o órgão] - O hipotireoidismo também afeta recém-nascidos. Nesses casos, o problema é diagnosticado pelo conhecido "teste do pezinho" e o tratamento deve ser iniciado imediatamente. NOTA: O Pan-hipopituitarismo é uma patologia que tem como condição básica a deficiência na produção ou na ação de qualquer um dos hormônios da glândula adeno-hipófise. Quando isto ocorre em dois ou mais hormônios, é denominado pan-hipopituitarismo (PH) FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 23 PARTE 4 – Córtex suprarrenal Glândulas adrenais: - As glândulas adrenais ou suprarrenais são duas glândulas endócrinas situadas crânio-medialmente aos rins. Elas respondem ao stress por meio da síntese e liberação de corticosteroides, como o cortisol, e de catecolaminas, como a adrenalina, a noradrenalina e a dopamina. - As adrenais são duas glândulas pequenas, localizadas acima dos rins (esquerdo e direito) que medem apenas 5 cm cada uma delas. São constituídas pelo córtex, originadas do tecido mesodérmico, e medula, originada de uma subpopulação de células da crista neural Hormônios adrenocorticais - As glândulas suprarrenais produzem os hormônios denominados de hormônios adrenocorticais, que são produzidos no seu córtex - A zona cortical da glândula suprarrenal pode ser dividida em três regiões diferentes, tanto histologicamente e fisiologicamente, sendo elas: a. Zona glomerulosa mais externa e produz aldestosterona b. Zona fasciculada produz cortisol c. Zona reticular produz androgênios - Na medula são produzidas as catecolaminas Aldosterona - Intimamente relacionada com os rins, glomérulos secreção de potássio e reabsorção de sódio - Faz parte de uma cascata de reação, chamada de Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) - Aldosterona é um hormônio produzido a partir de moléculas de colesterol FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 24 - Existem dois estímulos principais para a liberação da aldosterona no sangue, a presença da angiotensina II e o aumento do nível de potássio - Quando existe uma redução do volume sanguíneo, seja por desidratação, hemorragia, deficiência de sódio, há uma redução da pressão arterial como consequência imediata - Tal redução vai ser sentida nos rins pelas células justaglomerulares que produzirão a renina - A renina se divide o angiotensinogênio, uma grande proteína que circula na corrente sanguínea, em partes. Uma parte é a angiotensina I. A angiotensina I, que se mantém relativamente inativa, é dividida em partes pela enzima de conversão da angiotensina (ECA). Uma parte é a angiotensina II, um hormônioque é muito ativo [processo ocorre nos pulmões e rins] - A angiotensina II agirá em dois lugares, sendo eles na constrição dar arteríolas renais e no córtex da glândula adrenal levando a produção da aldosterona. A angiotensina II faz com que as paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas) se contraiam, aumentando a pressão arterial. A angiotensina II também provoca a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais e da vasopressina (hormônio antidiurético) pela hipófise. - Após a aldosterona ser liberada na corrente sanguínea, essa vai ter um papel importante de atuação nos rins, particularmente nos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores dos néfrons - Nas células principais, temos maior concentração de potássio [K+] do que o habitual, enquanto que no sangue presente nos capilares peritubulares, temos maior concentração de sódio [Na+]. Na membrana basolateral, encontram-se as bombas de sódio e potássio, que funciona com o consumo de ATP e realizam transporte de dois íons potássio e três íons sódio contra o gradiente de concentração - A aldosterona atua estimulando a bomba de sódio e potássio. Além disso, ela atua na inserção de canais de potássio e canais de sódio na superfície voltada para o lúmen tubular, assim, esses íons se deslocam a favor do gradiente de concentração, ou seja, o potássio se desloca em direção a urina ao mesmo tempo que o sódio do lúmen se desloca para o interior da célula principal, visto que a concentração de sódio nessa região é menor em parte devido do funcionamento da bomba de sódio e potássio - No balanço final é obtido uma redução de potássio e aumento de sódio no sangue, junto com o sódio, ocorrerá maior absorção de água, porem a sua permeabilidade na região final dos túbulos contorcidos distais e na região dos ductos coletores são controladas pelo hormônio ADH - Com o aumento da volemia [volume sanguíneo em circulação no organismo], há um aumento do volume ejetado pelo coração e consequentemente, há o aumento da pressão arterial - Em resumo, a diminuição da PA ativa o SRAA, produzindo um conjunto de respostas tentando normalizar a PA. A resposta mais importante é o efeito da aldosterona aumentando a FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 25 reabsorção renal de Na⁺. Ao se promover a reabsorção de Na⁺, aumenta-se o volume do LEC [liquido extracelular] e o volume sanguíneo, com isso ocorre aumento do retorno venoso, e pelo mecanismo de Frank-Starling, aumento do débito cardíaco e da pressão arterial Cortisol - Conhecido como o hormônio do estresse - O cortisol é um hormônio da família dos esteroides, produzido no córtex da glândula suprarrenal (ou adrenal) especificamente na zona fasciculada - O substrato utilizado na síntese do cortisol é o colesterol, que nesse caso, provém principalmente do LDL (lipoproteína de baixa densidade) - A produção do cortisol se dá mediante o estímulo do ACTH (Hormônio Corticotrófico), produzido na porção anterior da hipófise, e que ao ser liberado na corrente sanguínea, dirige-se ao córtex da glândula adrenal, e no caso do cortisol, estimula a zona fasciculada, influenciando desde a captação de LDL (pelo aumento do número de receptores de LDL na superfície da adrenal) até a produção do hormônio. - Mas, para que seja produzido o cortisol, alguns estímulos atuam estimulando o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Alguns fatores como a luz solar, o estresse, e a hipoglicemia, ativam o hipotálamo, que por sua vez ativa a hipófise, e assim ocorre a produção do ACTH que vai estimular a glândula adrenal NOTA: O eixo HPA é o centro controlador e regulador do organismo que conecta o sistema nervoso central (SNC) com o sistema hormonal. O eixo responde ao estímulo estressor e auxilia o organismo a manter a homeostasia além de ser essencial para auxiliar no funcionamento fisiológico normal. Em resposta ao estressor, o núcleo paraventricular hipotalâmico estimula a produção e secreção de dois neuropeptídios, o hormônio liberador de corticotrofina (CRH) e a arginina vasopressina, os quais atingem o lobo anterior da pituitária e ativam a secreção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Quando liberado na circulação periférica, o ACTH estimula a secreção de epinefrina, noraepinefrina e glicocorticoides pelo córtex da adrenal.Os glicocorticoides liberados atuam na atividade de feedback negativo por meio da ativação de receptores de glicocorticoide (GR) e mineralocorticoide (MR) no hipocampo, e GR no núcleo paraventricular do hipotálamo e pituitária anterior FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 26 - A luz solar é o nosso principal estímulo fisiológico, dessa forma, durante o dia ocorre a maior produção de cortisol, seguindo o ciclo circadiano. Nas primeiras horas da vigília, se dá a maior liberação de cortisol, e os níveis vão reduzindo gradativamente ao longo do dia. Em situações normais, onde não há estresse e nem uma hipoglicemia, é a luz solar que estimula todos os dias o hipotálamo, e assim ativa o eixo, garantindo a produção do cortisol. - Mas existem também as situações não fisiológicas onde ocorre um importante estímulo da produção de cortisol. É o que ocorre em quadros de estresse, tanto emocional quanto físico, visto que o cortisol desempenha um papel importante nessa situação (por isso é conhecido como hormônio do estresse). - O estímulo da produção de cortisol também pode vir de situações de hipoglicemia, pois, como veremos a frente, o cortisol é uma substância hiperglicemiante, sendo então importante no controle da glicemia. - A regulação da produção de cortisol pela glândula adrenal se dá pela concentração do próprio hormônio. Ou seja, o cortisol por meio de alças de feedback negativo atua no hipotálamo inibindo a produção de CRH (Hormônio liberador de corticotrofina) e consequentemente leva a inibição da produção de ACTH, e também atua diretamente na hipófise anterior reduzindo a produção de ACTH. Dessa forma, independente da alça de feedback, têm-se a redução de ACTH, e como a zona fasciculada é dependente do estímulo do ACTH, na ausência do mesmo, não ocorre a produção de cortisol. Dessa forma, independente da alça de feedback, têm-se a redução de ACTH, e como a zona fasciculada é dependente do estímulo do ACTH, na ausência do mesmo, não ocorre a produção de cortisol a. Efeitos sobre o metabolismo de carboidratos: FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 27 - ↑ Gliconeogênese (permissivo para glucagon e adrenalina) [formação de glicose a partir de outros substratos, porque o corpo precisa de energia] - ↑ Glicogenólise; [quebra de glicogênio para obter glicose e energia] - ↑ Síntese de glicogênio hepático; [armazenamento de energia] - ↓ Captação e utilização de glicose pelas células (músculo e tecido adiposo) - ↑ Glicemia. b. Efeitos sobre o metabolismo de lipídeos: - Mobiliza ácidos graxos do tecido adiposo; [existe um estoque de energia do tecido adiposo, e o cortisol sobre o metabolismo de lipídeos em situações de estresse irá estimular a mobilização e aumentar a concentração de ácidos graxos para que esse possa ser oxidado e metabolizado, formando energia, ATP] - ↑ a concentração de ácidos graxos plasma; - ↑ a oxidação de ácidos graxos LIC [líquido intracelular] (exceto em neurônios); - ↑ Lipólise; [quebra de tecido lipídico, para aumentar a formação de energia] - ↑ Formação de corpos cetônicos; (coadjuvante com falta de insulina em situações de diabetes descompensado, quando não existe a utilização de glicólise como fonte de energia, o corpo passa a utilizar outras fontes como a do tecido gorduroso, levando a formação de corpos cetônicos c. Efeitos sobre o metabolismo de proteínas: - ↓ Captação de aminoácidos muscular; [para formar energia, utilizar os aminoácidos dos músculos não para a sua formação, mas para energia] - ↓ Síntese muscular; - ↑ Proteólise muscular; [quebra de músculo] catabolismo -↑ Captação de aminoácidos (fígado); - ↑ Síntese hepá ca; [formação de novos aminoácidos] - ↑ Proteínas plasmá cas. d. Outras ações: - ↑ Resistência periférica à ação da insulina; [em situações aonde existe um hipercortisolismo, há uma simulação de diabetes] - ↑ Resistência do organismo ao stress; [estimula a resistência do organismo ao estresse] - Efeito anti-inflamatório: o Estabiliza membranas lisossomais; o Diminui permeabilidade capilar; [nos estados inflamatórios a permeabilidade capilar aumenta] o Imunossupressão (linfócitos T); o Antitérmico (por diminuir interleucina 1, mediador inflamatório que eleva a temperatura); o Antialérgico (hidrocortisona, prednisona utilizados na asma, por exemplo, para estabilizar a doença com cunho alérgico) - Ação permissiva para as catecolaminas na vasoconstrição; [estimula vasoconstrição] - Aumento de RFG [ritmo de filtração glomerular] e secreção hídrica; - Diminui absorção intestinal de cálcio; - Ação moduladora dos processos intelectuais: o Acuidades auditiva, gustativa etc o Sono o Cognição. Androgênios - Transformam-se em testosterona nos tecidos periféricos; - Desenvolvimento inicial dos órgãos sexuais masculinos; - Crescimento dos pelos pubianos e axilares femininos; - Coadjuvante na eritropoiese. FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 28 Principais patologias suprarrenais 1. Síndrome de hiperfunção: a. Sindrome de Cushing: - A hipersecreção de glucocorticoides resulta em síndrome de Cushing [aumento do cortisol] o Hipofisária [tumor na hipófise que gera aumento do hormônio liberador de corticotrofina (ACTH), no qual estimula a formação de cortisol pelo córtex suprarrenal] o Adrenal [adenoma de córtex suprarrenal que estimula a formação de cortisol] o Ectópica [tumo ectropico (fora da suprarrenal) que produz cortisol, como exemplo tumor de células claras pulmonar] o Iatrogênica [advinda de medicamentos, corticoides] b. Hiperaldosteronemismo o Primário (Síndrome de Conn) [causado pela produção autônoma de aldosterona pelo córtex adrenal] o Secundário [situações que geram a depleção de volume, vão estimular a produção de renina que por sua vez vai aumentar a produção de aldosterona, como cirrose e ICC (insuficiência cardíaca congestiva)] c. Síndrome Androgenital - Super produção de hormônios androgênios - Masculino culmina no virilismo - Feminino, ocorre uma masculinização da paciente 2. Síndrome de hipofunção a. Aguda o Tocotraumatismo neonatal região da suprarrenal muito próxima ao dorso e como a musculatura dorsal não está completamente desenvolvida somado ao fato do córtex suprarrenal estar muito próximo a região de trauma, um trauma na região pode levar a diminuição da formação dos hormônios adrenocorticais de uma forma aguda o Síndrome de Waterhouse Friderichsen (adrenalite hemorrágica) infecção meningocócica [é uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal, causada pela Neisseria meningitidis] que tem atração por vasos da suprarrenal, gerando obstrução desse b. Crônica o Primário: Síndrome de Addison existe uma destruição da glândula suprarrenal, por uma causa autoimune [adrenalite autoimune (AAI)], por causas iatrogênicas ou infecciosas, como a tuberculose suprarrenal o Secundário doenças hipofisárias, como hipopituitarismo, ou doenças hipotalâmicas, que levam a hipofunção da glândula adrenocortical diminuindo a formação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 29 PARTE 5 – Pâncreas endócrino Pâncreas - O pâncreas é uma glândula retroperitoneal, é dividido funcionalmente em exócrino e endócrino - A função endócrina é desempenhada por aglomerados de células, dispersas no tecido acinar pancreático, denominados Ilhotas de Langerhans - Existem pelo menos 6 tipos de células pancreáticas descritas: α, δ, β, células PP (ou células Ƴ), G e ε. Dessas as mais importantes e prevalentes são as células α e β. - As células α correspondem a cerca de 15-20% das células das ilhotas. Localizam-se na periferia e sintetizam e secretam glucagon, glicentina, GRPP (peptídeo pancreático relacionado com glicentina), GLP 1 e GLP 2 (peptídeo tipo glucagon 1 e 2). - Já as células β são as mais numerosas, correspondendo a aproximadamente 70 – 80% das células das ilhotas pancreáticas. Localizam-se no centro da ilhota (“medula”) e são responsáveis pela síntese e pela secreção, principalmente, da insulina e peptídeo C. Em menor escala, produzem amilina, também conhecida como IAPP (polipeptídeo amilóide das ilhotas), que é um antagonista insulínico, dentre outros peptídeos. - Dentro dessas ilhotas, encontram-se quatro tipos de células: as células beta, responsáveis pela produção de insulina; as células alfa, produtoras de glucagon; as células delta, que liberam somatostatina; as células PP, que produzem peptídios pancreáticos Insulina - A insulina é sintetizada no pâncreas como um precursor inativo de uma única cadeia pré-pró-insulina. Tal síntese é realizada com uma sequência de sinal aminoterminal, que dirige a passagem da insulina para as vesículas secretoras. A remoção proteolítica da sequência de sinal, assim como a formação das três pontes dissulfeto, produzem a pró- insulina que, por sua vez, é estocada nos grânulos de secreção encontrados nas células pancreáticas do tipo B. - A partir do momento em que a elevação da glicose sanguínea desencadeia a secreção da insulina, a pró-insulina é convertida em insulina ativa por proteases específicas, que clivam duas ligações peptídicas para formar a molécula de insulina madura. - As concentrações dos hormônios peptídicos dentro dos grânulos de secreção são tão altas que os conteúdos das vesículas são virtualmente cristalinos. Quando o conteúdo desses grânulos é liberado por exocitose, uma grande quantidade desses hormônios é disponibilizada repentinamente. Os capilares são fenestrados, pemitindo assim que as moléculas secretadas do hormônio entrem facilmente na corrente circulatória, sendo transportadas até as células-alvo, ou seja, as células responsáveis pela regulação dos estoques de nutrientes no organismo (células hepáticas, musculares e tecido adiposo). FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 30 - A insulina é um hormônio anabólico essencial na manutenção da homeostase de glicose e do crescimento e diferenciação celular. Esse hormônio é secretado pelas células β das ilhotas pancreáticas após as refeições em resposta a elevação da concentração dos níveis circulantes de glicose e aminoácido - Age no metabolismo dos macronutrientes: carboidratos, gorduras e proteínas - Em situações em que a glicose esta aumentada no sangue, a insulina tenta captar a glicólise para dentro da célula e assim utiliza-la, estimulando-a - Em repouso, no qual não há necessidade de utilizar a glicólise imediatamente, a insulina vai estimular a formação de glicogênio, para a glicólise já armazenada não ser perdida - A insulina diminui a própria quebra do glicogênio (glicogenólise), porque não faz sentido aumentar a sua síntese se será quebrado em seguida por alguma demanda - Diminui a gliconeogênese, que é formação de glicose por outros substratos. O objetivo da insulina é diminuir a quantidade de glicose na corrente sanguínea - Metabolismo de gorduras: a insulina vai diminuir a quebra de gordura para a formação de enrgia (lipólise) o que por consequência diminui a cetogênese (corpos cetônicos) - Em repouso, isso é, em excesso de glicose, a insulina vai estimular a síntese de gordura para armazenar energia na forma de gordura, aumentando então a deposição dessa no tecido adiposo - Metabolismo de proteínas: age parecido com o metabolismo de gorduras - Diminui a quebra de proteínas - Estimula a síntese de proteínas - Desestimula a quebra de proteínas - Age no sentido de aumentar a síntese proteica - Para ajudar na formação de novas proteínas, a insulinavai estimular o transporte de aminoácidos pelo corpo Controle da secreção de insulina Glucagon - O glucagon é um polipeptídeo, secretado pelas células alfa (α) das ilhotas de Langerhans, composto por 29 aminoácidos, tendo como função principal aumentar a concentração de glicose no sangue, contrapondo-se aos efeitos da insulina. Esta estrutura primária, ou seja, sua sequência de aminoácidos é convertida em uma estrutura tridimensional extremamente simples composta de uma única a-hélice - Nesse sentido, os principais efeitos do glucagon sobre o metabolismo da glicose são a degradação do glicogênio hepático e o aumento da gliconeogênese no fígado FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 31 - Metabolismo dos carboidratos: o glucagon diminui a captação de glicose pelas células musculares e adiposas, aumentando assim o aporte de glicose na corrente sanguínea - Diminui a glicólise, porque seu objetivo é aumentar a glicose na corrente sanguínea - Desestimula a síntese de glicogênese, porque essa formaria o glicogênio - Para aumentar a concentração de glicose no sangue, vai estimular a formação dessa por outros substratos não- glicólise, por meio da gliconeogênese - Vai estimular a quebra do glicogênio (glicogenólise), porque esse é uma cadeia de glicose que estimula a sua quebra, assim aumentando disponibilidade para a corrente sanguínea - Metabolismo de gorduras: estimula a lipólise, quebra de gordura, para formar mais glicose, aumentando então a formação de corpos cetônicos (cetogênese) - Em repouso, ao contrario da insulina que armazena a glicose no tecido adiposo, desestimula a formação e deposição de gordura no tecido adiposo -Metabolismo de proteínas: para aumentar a concentração de glicose no sangue, o glucagon estimula a quebra das proteínas (proteólise), diminuindo a sua formação (síntese proteica) e diminuindo também o transporte de aminoácidos que poderiam ser utilizados para a formação dessa. Diabetes Mellitus - Diabetes Mellitus (DM) consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente. Esse distúrbio é causado pela deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ocasionando complicações sistêmicas a longo prazo. - O DM pode ser causado por dois mecanismos principais: deficiência na produção ou ação da insulina, sendo classificado em dois grupos principais de acordo com a causa, o tipo 1 e o tipo 2, respectivamente 1. DM tipo 1: - No DM tipo 1, a deficiência na produção da insulina possui dois mecanismos já estabelecidos: I. Autoimune (1A): - Possui autoanticorpos (Anti-Ilhota, anti-GAD, anti-IA-2) identificados como marcadores da doença autoimune, que muitas vezes aparecem nos exames antes mesmo das manifestações clínicas. II. Idiopática (1B): Não possui marcadores de doença autoimune, não sendo identificada a sua causa. - Ambos levam a destruição gradual das células β pancreáticas. - Infecções virais e exposição a antígenos vem sendo associadas, por mimetismo molecular, que em indivíduos com predisposição genética, pode desencadear o processo autoimune. Devido a sua fisiopatologia, os pacientes que recebem o diagnóstico em sua maioria são crianças e adolescentes, sendo uma quantidade muito inferior de adultos (Latent Autoimmune Diabetes of Adults) que desenvolve o DM tipo 1 FISIOLOGIA Aula 1 – Endocrinologia 32 2. DM tipo 2: - Há resistência à insulina nas células, que gera um aumento da demanda de síntese da insulina na tentativa de compensar o déficit em sua ação. Inicialmente, por conta disso, há um hiperinsulinismo, sendo representada clinicamente pela acantose. - A manutenção deste quadro, causa uma exaustão das células β pancreáticas, explicando parcialmente o déficit na secreção da insulina nestes pacientes, quando a doença já está avançada. - O hipoinsulinismo relativo, devido a produção insuficiente para a alta demanda sistêmica, não consegue manter os níveis glicêmicos normais e, portanto, há uma hiperglicemia persistente. - Outras causas de hipoinsulinismo são descritas, sendo elas a hipossensibilidade das células β pancreáticas à glicose, devido à baixa expressão do GLUT2 e deficiência de incretinas, sendo a causa de ambas ainda desconhecida Efeitos diabetes mellitus - Aumento da concentração de glicose plasmática [corrente sanguínea] - Perda de glicose na urina [com a alta concentração o rim não consegue barrar a glicose] - Poliúria [os casos em que o paciente passa a eliminar quantidades excessivas de urina] [glicose retem água A glicose é uma fonte energética que auxilia a absorção do sal, cuja composição atrai as moléculas de água, fazendo com que ela se mantenha dentro dos vasos] - Desidratação - Aumento da sede - Aumento da utilização de lipídeos e acidose metabólica - Depleção proteica - Lesões teciduais em longo prazo (vasculopatias, neuropatias, lesões renais) - Dislipidemia, à longo prazo, podendo levar a aterosclerose, arterioslosclerose, coronariopatia, entre outras patologias associadas aos altos níveis de colesterol e lipídeos no sangue NOTA: Acidose Metabolica É o acúmulo de ácido por causa de: - Aumento da produção de ácido ou ingestão ácida - Diminuição da excreção ácida - Perdas gastrintestinais ou renais de HCO3 −