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13 Curso de Gestão Empresarial Matemática Financeira Tabela Price Moeda: Mil-réis, vicentinas – Cacique Tibiriçá. Cunhada pela Casa da Moeda no Rio de Janeiro em 1932. 2 Fonte: Imagens: Coleção Eduardo Rezende - http://www.moedasdobrasil.com.br Introdução à Matemática Financeira Unidade de Aprendizagem 13 Objetivos da unidade de aprendizagem Apresentar sistema de amortização de empréstimos e financiamentos. Sistema Price (ou Francês) de amortização. Competência Associar uma prestação constante aos valores de amortização e juros. Elaborar a planilha do Sistema Price de financiamento. Habilidades Abstrair as informações a serem utilizadas para a elaboração da tabela na prática cotidiana de empréstimos. UA13– Tabela Price 3 Apresentação Richard Price (1723 –1791) foi um filósofo e ministro da igreja dissidente, além de um político liberal na conservadora Inglaterra. Como filósofo foi natural dedicar-se a trabalhos matemáticos uma vez que a distinção entre filosofia e matemática é muito tênue, as duas ciências estudam a realidade. Price produziu obras importantes sobre estatística para uma seguradora inglesa que, mesmo contendo erros, gerou estudos de probabilidade de vida e mortalidade que serviriam para cálculos de seguros e aposentadoria. A partir destes estudos, em 1771, Price publica sua obra Observations on Reversionary Payments (Observação sobre Devolução de Pagamentos Reversíveis), que chegou a sua 7ª edição. Era a origem da Tabela Price que passou a ser utilizada na França, durante a segunda Revolução Industrial. Isto justifica que a Tabela Price também seja denominada Sistema Francês de Amortização. fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_Price https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ministro_%28cristianismo%29 UA13– Tabela Price 4 Para começar Tabela Price é um método utilizado em amortização (pagamento) de um empréstimo ou financiamento. A base deste método é manter as prestações (parcelas) constantes e a amortização do saldo devedor ocorre aos poucos, até a quitação do débito. Os juros do financiamento estão embutidos nas prestações. Uma tabela Price nada mais é que dividir o valor devido em prestações iguais já com os juros. Na tabela é apresentado o desdobramento da prestação em juros e amortização propriamente dita. Amortização é o processo em que uma dívida, acrescida de juros, é liquidada em certo tempo. Atenção: na tabela Price as PRESTAÇÕES SÃO TODAS IGUAIS. Tabela Price Uma simulação mostrará como é simples elaborar uma tabela Price. Vou lhe emprestar R$ 30.000,00 que você devolverá em 15 meses. Então serão R$ 2.000,00 por mês de prestação correto? Errado! Quero 2% de juros ao mês. Vamos calcular a prestação com nossa boa e infalível fórmula: 1i1 i.i1 .PVPMT n n UA13– Tabela Price 5 Com nossos valores: 76,334.2 102,01 02,0.02,01 .000.30PMT 15 15 ➢ Perceba que arredondei para menos a prestação, teremos um resíduo. Agora vamos montar nossa tabela Price, numerando cada coluna, o que facilitará a compreensão de como foram obtidos os valores. A primeira coluna conterá os 15 períodos. A coluna 3 conterá as prestações, todas iguais. O valor da dívida consta na coluna 1. N (período) Dívida no início do período Juro Prestação Amortização propriamente dita Dívida ao final do período ❖ 1 30.000,00 2.334,76 2 2.334,76 3 2.334,76 4 2.334,76 5 2.334,76 6 2.334,76 7 2.334,76 8 2.334,76 9 2.334,76 10 2.334,76 11 2.334,76 12 2.334,76 13 2.334,76 14 2.334,76 15 2.334,76 Aplicando a taxa de 2% a.m. sobre o valor da coluna 1, encontramos os juros que serão indicados na coluna 2. 30.000 X 0,02 = 600 UA13– Tabela Price 6 A prestação que está sendo paga no período deve cobrir os juros e parte da dívida. Então amortização na coluna 4 será a diferença entre a prestação e os juros. Como já amortizamos 1.734,76 reais, na coluna 5 escrevemos a dívida (coluna 1) menos esta amortização. 28.265,24 é o que devemos para o segundo período, então transportamos este valor para a coluna 1. A tabela estará assim: N (período) Dívida no início do período Juro Prestação Amortização propriamente dita Dívida no final do período ❖=Xi =- ❖ =- 1 30.000,00 600,00 2.334,76 1.734,76 28.265,24 2 28.265,24 2.334,76 3 2.334,76 4 2.334,76 5 2.334,76 6 2.334,76 7 2.334,76 8 2.334,76 9 2.334,76 10 2.334,76 11 2.334,76 12 2.334,76 13 2.334,76 14 2.334,76 15 2.334,76 Novamente calculamos os juros de 2% a.m., mas agora sobre a dívida atualizada de 28.265,24 reais. Obteremos 565,30 reais. Estes juros serão subtraídos da UA13– Tabela Price 7 prestação para o cálculo da amortização do período. A amortização é subtraída da dívida, atualizando-a para o terceiro período. E assim sucessivamente para todos os 15 períodos. N (período) Dívida no início do período Juro Prestação Amortização propriamente dita Dívida no final do período ❖=Xi =- ❖ =- 1 30.000,00 600,00 2.334,76 1.734,76 28.265,24 2 28.265,24 565,30 2.334,76 1.769,46 26.495,78 3 26.495,78 529,92 2.334,76 1.804,84 24.690,94 4 24.690,94 493,82 2.334,76 1.840,94 22.850,00 5 22.850,00 457,00 2.334,76 1.877,76 20.972,24 6 20.972,24 419,44 2.334,76 1.915,32 19.056,92 7 19.056,92 381,14 2.334,76 1.953,62 17.103,30 8 17.103,30 342,07 2.334,76 1.992,69 15.110,61 9 15.110,61 302,21 2.334,76 2.032,55 13.078,06 10 13.078,06 261,56 2.334,76 2.073,20 11.004,86 11 11.004,86 220,10 2.334,76 2.114,66 8.890,20 12 8.890,20 177,80 2.334,76 2.156,96 6.733,24 13 6.733,24 134,66 2.334,76 2.200,01 4.533,15 14 4.533,15 90,66 2.334,76 2.244,10 2.289,05 15 2.289,05 45,78 2.334,76 2.288,98 0,07 O resíduo de 7 centavos foi ocasionado pela aproximação no cálculo da prestação. Significa que deixaremos de pagar 7 centavos da dívida. É importante notar que: ➢ toda tabela Price finaliza com dívida zero (ou muito próximo); ➢ as amortizações vão aumentando com o decorrer dos períodos. UA13– Tabela Price 8 Agora mostremos a mesma Tabela Price elaborada no Excel, que exibe cada fórmula usada. Lembre-se que a facilidade do Excel reside em “puxar” a fórmula de cada célula ponteando o mouse no canto direito da célula. N (período) Dívida no início do período Juro Prestação Amortização propriamente dita Dívida no final do período 1 30000 =B1*0,02 2334,76 =D1-C1 =B1-E1 2 =F1 =B2*0,02 2334,76 =D2-C2 =B2-E2 3 =F2 =B3*0,02 2334,76 =D3-C3 =B3-E3 4 =F3 =B4*0,02 2334,76 =D4-C4 =B4-E4 5 =F4 =B5*0,02 2334,76 =D5-C5 =B5-E5 6 =F5 =B6*0,02 2334,76 =D6-C6 =B6-E6 7 =F6 =B7*0,02 2334,76 =D7-C7 =B7-E7 8 =F7 =B8*0,02 2334,76 =D8-C8 =B8-E8 9 =F8 =B9*0,02 2334,76 =D9-C9 =B9-E9 10 =F9 =B10*0,02 2334,76 =D10-C10 =B10-E10 11 =F10 =B11*0,02 2334,76 =D11-C11 =B11-E11 12 =F11 =B12*0,02 2334,76 =D12-C12 =B12-E12 13 =F12 =B13*0,02 2334,76 =D13-C13 =B13-E13 14 =F13 =B14*0,02 2334,76 =D14-C14 =B14-E14 15 =F14 =B15*0,02 2334,76 =D15-C15 =B15-E15 Pela tabela Price é possível identificar, a cada período, o valor da dívida que ainda resta a pagar. Por exemplo, no sétimo período a dívida ainda perfaz R$ 19.056,92. Tente montar sua tabela Price no Excel, é um procedimento muito rápido, mesmo quando considerado um período muito longo. UA13– Tabela Price 9 Antena Parabólica Até 1971 a Tabela Price era adotada pelo BNH (Banco Nacional da Habitação) nos financiamentos a longo prazo. O BNH era responsável por operações de créditoao público, sobretudo de crédito imobiliário, além da gestão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Em 1971 houve forte arrocho salarial causado por flutuações macroeconômicas o que gerou grande inadimplência entre os tomadores dos empréstimos. O Banco Nacional da Habitação (BNH) foi uma empresa pública brasileira, apesar de ter o nome de Banco, que tinha a sua sede em Brasília, Distrito Federal, e era voltado ao financiamento e à produção de empreendimentos imobiliários, nos mesmos moldes do que se faz atualmente a Caixa Econômica Federal, do qual o sucedeu, cabendo, à época, a sua fiscalização ao Banco Central do Brasil. Foi a principal instituição federal de desenvolvimento urbano da história brasileira, na qualidade de gestor do FGTS e da formulação e implementação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Sistema Financeiro do Saneamento (SFS). Fonte: https://pt.wikipedia.org/ Entre os inadimplentes havia 13 juízes que reclamavam que aos juros de 8% a.a. era acrescida a correção monetária, além de taxa remuneratória de 0,6% a.m. e mais comissão de 1% a.m.. Como tentativa de amenizar os problemas financeiros e de credibilidade do BNH, adotou-se o Sistema de Amortização constante e aumentou-se o prazo de financiamento. Ao término do financiamento restava a pagar um resíduo, o que é impossível no Sistema Price, onde a dívida é quitada em sua totalidade. Este resíduo originava-se das taxas extras embutidas no contrato. https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal_%28Brasil%29 https://pt.wikipedia.org/wiki/Caixa_Econ%C3%B4mica_Federal https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Central_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Central_do_Brasil UA13– Tabela Price 10 Todos estes fatores influenciaram no insucesso do BNH, culminando em sua extinção em 1986, quando seus direitos e obrigações foram incorporados à Caixa Econômica Federal. Extraído de: http://www.resimob.com.br/a-historia-do-bnh-banco-nacional-de-habitacao/ Hoje a Caixa econômica Federal e o Banco do Brasil optam pelo Sistema Price nos financiamentos do programa Minha Casa, Minha Vida, programa este voltado a famílias com renda inferior a R$ 5.000,00, uma vez que o sistema estabelece prestações menores que o Sistema de Amortização constante. UA13– Tabela Price 11 Também em financiamentos de veículos o Sistema Price é adotado pelo mercado, pois as prestações constantes resultam em maior apelo comercial. E agora, José? Agora que lhe foi apresentada a Tabela Price, é muito recomendável total atenção ao Momento da Verdade da Unidade. Na próxima Unidade de Aprendizagem estudaremos o SAC – Sistema de Amortização Constante, e nos exercícios do Momento da Verdade faremos importantes comparações entre os dois sistemas. BIBLIOGRAFIA DE APOIO VIEIRA SOBRINHO, JOSÉ DUTRA. Matemática Financeira. 7 ed. São Paulo: Atlas Editora, 2000. ALMEIDA, JARBAS THAUNAHY SANTOS DE. Matemática Financeira. 1 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. SAMANEZ, CARLOS PATRÍCIO. Matemática Financeira: Aplicações à Análise de Investimentos. 5 ed. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2010. CRESPO, A. A. Matemática Comercial e Financeira fácil. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. VANNUCCI, LUIZ ROBERTO. Cálculos Financeiros aplicados e avaliação econômica de projetos de investimento. 1 ed. São Paulo: Textonovo, 2003. TEIXEIRA, JAMES; DI PIERRO NETTO, SCIPIONE. Matemática financeira. 1 ed. São Paulo; Makron Books, 1998.