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RESUMO - DIREITO ADMINISTRATIVO II

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RESUMO - DIREITO ADMINISTRATIVO II
Serviços Públicos
Serviço público é a atividade em si, prestada pelo Estado e seus agentes, cuja prestação
tem comoção do interesse público.
Hely Lopes Meirelles - Serviço público é todo aqueles prestado pela Administração ou por seus
delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou
secundárias da coletividade, ou simples conveniências do Estado.
José dos Santos Carvalho Filho - Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados,
basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e
secundárias da coletividade.
Os serviços públicos se incluem como um dos objetivos do Estado. É por isso que são eles
criados e regulamentados pelo Poder Público, a quem também incumbe a fiscalização.
Delegação a particulares da execução de certos serviços público não descaracteriza o
serviço como público, vez que o Estado sempre se reserva o poder jurídico de regulamentar, alterar
e controlar o serviço. Por essa razão a Constituição Federal atual dispõe no sentido de que é ao
Poder Público que incumbe a prestação dos serviços públicos.
- Classificação
A.1 Propriamente ditos: prestados apenas pelo Estado, excluindo a iniciativa privada.
A.2 Utilidade Pública: O Estado e a iniciativa privada podem prestar.
A.1 Serviços indelegáveis: são aqueles que só podem ser prestados pelo Estado diretamente, ou seja, por seus
próprios órgãos ou agentes. Inerentes ao Poder Público centralizado e a entidades autárquicas e fundacionais e,
em virtude de sua natureza específica, não podem ser transferidos a particulares, para segurança do próprio
Estado. Exemplifica-se como os serviços de defesa nacional, segurança interna, fiscalização de atividades,
serviços assistenciais, etc.
A.2 Serviços delegáveis: são aqueles que, por sua natureza ou pelo fato de assim dispor o ordenamento jurídico,
comportam ser executado pelo Estado ou por particulares colaboradores. Como por exemplo, os serviços de
transporte coletivo, energia elétrica, sistema de telefonia, etc.
● A fiscalização pelo Estado se dará por meio das agências reguladoras.
B.1 Administrativos: aqueles que não geram riquezas para a administração pública
ou para quem os preta. É remunerado pelos impostos.
B.2 Industriais: quem os presta almeja o lucro, pressupõe remuneração específica
(remuneração se dá por meio do pagamento de taxa ou tarifa).
B.1 Serviços administrativos: são aqueles que o Estado executa para compor melhor sua organização.
Como o que implanta centro de pesquisa ou edita a imprensa oficial para divulgação dos atos
administrativos.
B.2 Utilidade pública: destinam-se diretamente aos indivíduos, ou seja, são proporcionados para sua
fruição direta. Ex: energia domiciliar, fornecimento de gás, atendimento em postos médicos, ensino, etc.
C.1 Uti singula: possível individualizar os beneficiários. Ex. conta de luz que é
individualizada por casa.
C.2 Uti universi:disponibilizados para a coletividade de forma geral. Ex: iluminação
pública.
C.1 Serviços coletivos: preordenam-se a destinatários individualizados, sendo mensurável a utilização por
cada um dos indivíduos.
C.2 Serviços coletivos: são aqueles prestados a grupamentos indeterminados de indivíduos, de acordo
com as opções e prioridades da Administração, e em conformidade com os recursos de que disponha.
- Titularidade: União, Estados/DF e Municípios (“diretamente”), portanto, são os serviços públicos
federais, estaduais, distritais e municipais - Art. 175, CF . Quem dirá qual o ente responsável é a1
CF. O Estado não poderá renunciar a sua incumbência, mas poderá delegar a prestação do serviço,
concedendo à terceiro por tempo certo e determinado.
1 Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
É inerente à titularidade do serviço o poder de controlar a execução dos serviços prestados. O
controle pode ser interno, quando a aferição se volta para os órgãos da Administração incumbidos
de exercer a atividade. Assim como pode ser externo, quando a Administração procede à
fiscalização de particulares colaboradores (concessionários e permissionários), ou também quando
verifica os aspectos administrativos, financeiro e institucional de pessoas da administração
descentralizada.
- Delegação: os entes possuem lei de delegação própria.
- Autorização: silenciamento quanto à autorização no art. 175, CF. No entanto, há menção no art. 21,
XI e XII .2
2 Art. 21. Compete à União:
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações,
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos
institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens e demais serviços de telecomunicações;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8,
de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação
com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc08.htm#art21xiia
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc08.htm#art21xiia
- Princípios regedores do serviço público (concessões e permissões):
- Regularidade: estar de acordo com todos os procedimentos legais;
*relação com o princípio da legalidade.
- Continuidade: em regra os serviços são ininterruptos, contínuos. Porém, eventuais
suspensões do serviço devem ser precedidos de aviso;
* solução de continuidade = interrupção
- Atualidade: modernidades tecnológicas;
Deve o Estado prestar seus serviços com a maior eficiência possível. Reclama que o
Poder Público se atualize com os novos processos tecnológicos, de modo que a
execução seja mais proveitosa com menos dispêndio.
- Generalidade: disponibilizados a todos de maneira indiscriminada, não segregatória,
seletiva. Respeitadas as capacidades técnicas de prestação de serviço;
Por um lado significa que os serviços públicos devem ser prestados com a maior
amplitude possível, deve beneficiar o maior número possível de indivíduos. Em outro
sentido, está a prestação livre de discriminação entre os beneficiários, quando tenham
estes as mesmas condições técnica e jurídicas para a fruição.
- Modicidade: os valores cobrados dos usuários devem ser, via de regra, possíveis de
serem suportados.
Os serviços devem ser remunerados a preços módicos, devendo o Poder Público avaliar
o poder aquisitivo do usuário para que, por dificuldades financeiras, não seja alijado do
universo de beneficiários do serviço.
uza noção de que - Cortesia: bom tratamento.
- Legalidade: o serviço público deve ser prestado de acordo com o estabelecido
em lei.
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
Delegação
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Frequentemente, há a delegação de atividades da administração pública a outras pessoas, a prestação
daqueles serviços gera,por conseguinte, o sistema da descentralização dos serviços.
- L. 8987/95 - Lei Geral (federal, leis específicas não podem contrariá-la)
- L. 10.086/94 - RGS
- Concessão: a modalidade de licitação que deve ser realizada é concorrência. O contrato
administrativo instrumentaliza a relação do concessionário com o poder concedente. É contrato
administrativo pelo qual a Administração Pública transfere à pessoa jurídica ou a consórcio de
empresas a execução de certa atividade de interesse coletivo.
a. concorrência
b. contrato
c. PJ ou consórcio: não são admitidas PF pela natureza de grande vulto contratual.
d. vulto econômico:
e. prazos maiores: devem ser proporcionais aos valores envolvidos.
f. formas de extinção contratual:
- Caducidade: extinção unilateral do contrato pelo concedente, por culpa do particular,
por motivo de inexecução contratual.
- Encampação: extinção unilateral do contrato pelo poder concedente, sem culpa do
particular, por motivo do interesse público.
- Extinção da concessionária: falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
empresa individual ou falência ou extinção da empresa concessionária.
- Anulação: extinção do contrato em razão do vício de legalidade no contrato ou no
processo de licitação que o antecedeu.
- Extinção bilateral: extinção do contrato por composição de interesse entre as partes -
inviabilidade contratual.
- Advento de termo contratual: extinção do contrato pelo decurso do prazo contratado.
- Rescisão: extinção do contrato por iniciativa da concessionário, no caso de
descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial.
- Permissão - art. 40, L 8987/95 - aplicação da L 8987/953
a. licitação
b. contrato (adesão): contrato está posto sendo discricionariedade da permissionária aderir ou
não, sem discutir as cláusulas.
c. PJ ou PF
d. vulto econômico menor
e. prazo menor
Ambos devem ser tratadas pela Lei 8987/95 e são contratos administrativo.
REQUISITO: precedido de licitação
- Autorização
a. ato administrativo
b. precário/discricionário
c. interesse privado
- Equilíbrio econômico financeiro: possibilidade de reavaliação dos valores previstos
contratualmente
- Bens reversíveis: quais bens que ao final da concessão ficarão com os concessionários?
Parcerias Públicos Privadas (PPP) - L 11.079/04
3 Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos
desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade
unilateral do contrato pelo poder concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.
- União de esforços do serviço público com a iniciativa privada com o objetivo da prestação
de serviços públicos. Contrato administrativo de concessão para prestação de obras e
serviços onde há contraprestação pecuniária por parte do poder público.
- Contrato administrativo de concessão (art. 2º), permite duas modalidades: concessão
patrocinada e concessão administrativa.
- Admite-se a aplicação subsidiária de algumas normas da L 8987/95.
- A contratação de parceria público-privada nada mais é do que modalidade especial dos
contratos de concessão.
- Contrato de concessão especial de serviços públicos, distinto da concessão comum.
- Acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor privado com o objetivo de
implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou
fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação pecuniária
do Poder Público e compartilhamento dos riscos e dos ganhos entre os pactuantes.
- O dispêndio total ou parcial com a prestação do serviço incumbe à pessoa privada, que será
devidamente ressarcida no curso do contrato. Riscos e ganhos são compartilhados,
indicando a responsabilidade solidária entre as partes.
- Incidem sobre o contrato o princípio da desigualdade das partes e as cláusulas da
possibilidade de rescisão unilateral do contrato e a aplicabilidade de sanções
administrativas.
- Não pode ter como objeto único o fornecimento de mão de obra, fornecimento e instalação
de equipamentos ou a execução de obra pública.
- Indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, exercício do poder de polícia e
outras atividades exclusivas do Estado.
Concessão Patrocinada: carateriza-se pelo fato de o concessionário perceber recursos de duas
fontes, uma decorrente do pagamento das respectivas tarifas pelos usuários, e outra, de caráter
adicional, oriunda de contraprestação pecuniária devida pelo poder concedente ao particular
contratado.
Concessão administrativa: ainda que envolva a execução de obras ou fornecimento e instalação
de bens a Administração Pública é a usuária direta ou indireta. Não comporta remuneração pelo
sistema de tarifas a cargo dos usuários, eis que o pagamento da obra é efetuado diretamente pelo
concedente.
Valor mínimo: R$ 10 milhões
Prazo: 5 a 35 anos, incluindo eventual prorrogação.
Fundo garantidor de parcerias: forma de garantia de recebimento de crédito ao concessionário,
trata-se de mecanismo pelo qual optou o governo federal, conforme consta dos artis. 16 a 22 da lei
e, que enseja algumas vantagens para o parceiro privado. Fundo composto por recursos públicos
privados. Admitindo-se como recursos públicos a alienação de bens. Garantia que a parceria
privada tem de não ser lesada com possível inadimplência do Estado.
Sociedade de propósito específico - SPE: previsão legislativa que incumbe a sociedade de
implantar e gerir o projeto de parceria. Descumprida a obrigação de instituição da sociedade não
poderá o poder público celebrar o contrato com a sociedade primitiva.
Entidades que colaboram com a administração:
- Sistema S
- Organizações sociais (L 9637/98): pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
- OSCIP (L 9790/99): pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido
constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.
Ex: Fome Zero.
Desapropriação (art. 5º, XXIV, CF e DL 3365/41)
- Art. 5º, XXIV, CF - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
- DL 3365/41 - apesar de ‘Decreto Lei’ (foram substituídos por MP) não ser mais previsto
constitucionalmente, aqueles que existem só deixarão de existir quando revogados por lei ou
quando sua constitucionalidade for questionada.
__________________________________________________________________
- Independe da vontade de terceiro. É ato coercitivo do Estado, oposição a vontade de terceiro em
face do interesse público.
- Submissão do particular ao interesse público. Utilização da supremacia do Estado sob a vontade do
particular.
- Conceito: intervenção do Estado na propriedade privada para retirar a propriedade de seu
proprietário.
- Procedimento administrativo: necessário para o desencadeamento do ato;
- Sujeito Ativo: Estado (U, E, DF e M) - todas as pessoas jurídicas de direito público;
● Excepcionalmente aquelas que fazem as vezes
de ente público, como concessionárias, podem
agir.
- Verbo - impõe: trata-se de imposição, não há discussão de vontade;
- Substituição = recompensa através de justa indenização (valor de mercado), devendo
algumas variáveis serem consideradas. A desapropriação só é concluída após o pagamento
da indenização.
- Bens que podem ser desapropriados: todos e quaisquer, desde que seja possível
desapropriar juridicamente e fisicamente.
- Bens públicos podem ser desapropriados - Os entes federativos, desde que hierarquicamente
superiores, com autorização legislativa, podem desapropriarbem de outro ente. Devem estar na
mesma jurisdição. Inclusive entendidades da administração indireta, quando houver autorização
legislativa, apesar de, atualmente, não ocorrer, dando lugar para acordos entre as entidades.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a
propor a ação de desapropriação.
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo
judicial de desapropriação.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de
recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária.
- Outras hipóteses:
- Expropriação: com base no art. 243, CF é abordada por alguns doutrinadores como4
confisco. Propriedades de qualquer região do país, pertencentes a área rural ou urbana,
onde forem localizadas culturas ilegais. As propriedades serão destinadas à reforma agrária
e a programas de habitação popular. SEM qualquer indenização ou prejuízo de outras
sanções. COmpetência da União.
- Desapropriação indireta: é verificada quando o sujeito perde a propriedade para o Estado
sem o devido processo de desapropriação. Não está prevista na Constituição Federal ou em
outra legislação, trata-se de construção doutrinária.
4 Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
- Efeitos da declaração:
- Prazo de caducidade: 5 anos. Publicado o decreto há de ser observado o prazo para
conclusão do ato de desapropriação. Sob risco de perda de efeitos do ato. Todavia,
persistindo interesse do Estado, este deve aguardar um ano para edição de novo
ato, para o desencadeamento de novo processo de desapropriação;
● Para fins de reforma agrária = 2 anos.
- Demarcação do estado do bem;
- Direito de “penetrar”: possibilidade do poder público de antes mesmo da realização
da desapropriação passar a adotar medidas no imóvel. Permitindo o início de
medidas preliminares.
● ≠ de posse: não há a saída do proprietário.
- Tredestinação: desvio de finalidade do bem desapropriado. Destinação para atingir a
utilidade pública que não é perseguida e atingida. É possível a invalidade do ato
administrativo, com o retorno do bem desapropriado ao antigo proprietário - retrocessão -,
com a respectiva devolução do valor dado pelo estado em caráter indenizatório.
● No entanto, poderá o Estado alterar a destinação, desviando o propósito inicial da
desapropriação, sem caracterizar desvio de finalidade, quando atingido o interesse
público. Chamado de desvio específico por Hely Lopes Meirelles.
Servidão Administrativa (L. 3365/41)
- Direito real, instituído sobre o imóvel de propriedade alheia, em favor de um bem de utilidade
pública ou a um serviço público. Indenização se houver dano.
- Obedece a fase declaratória prevista para a desapropriação e demais institutos, no que couber.
- Uso da propriedade de particular para a realização de obras ou serviços, sem importar na perda do
bem. Ex: aquedutos, gasoduto, eletroduto ou passagem.
- Só para bem imóveis.
- Temporária ou perpétua, sendo esta a regra.
- A execução poder ser amigável ou judicial.
Requisição administrativa (art. 5º, XXV, CF)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
- Perigo público - risco- situação temporária;
- Bens móveis e imóveis. Podendo ser requisitados serviços.
- Indenização: assegurado ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
- Ato auto-executório.
- Em casos de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular.
- Uso temporário de bem móvel ou imóvel alheio, em situações de iminente perigo público.
Indenização ao final, se houver dano. Ex: requisição de bem imóvel para abrigar vítimas de
enchentes.
Tombamento (DL 25/1937, L 3924/61 e art. 216, § 1º da CF )5
É a forma de intervenção na propriedade pela qual o Poder Público procura proteger o patrimônio cultural
brasileiro. O objetivo é o de preservação, sob regime especial, dos bens de valor cultural, histórico,
arqueológico, artístico, turístico ou paisagístico. Não há perda na propriedade.
- Espécies:
- Compulsório: quando o Poder Público inscreve o bem como tombado, apesar da resistência
e do inconformismo do proprietário.
- Voluntário: é aquele em que o proprietário consente no tombamento, seja através de pedido
que ele mesmo formula ao Poder Público, seja quando concorda com a notificação que lhe
é dirigida no sentido da inscrição do bem.
- Provisório: enquanto está em curso o processo administrativo instaurado pela notificação;
- Definitivo: quando. após concluído o processo, o Poder Público procede à inscrição do bem
no Livro do Tombo.
5 Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro,
por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.
- Geral: quando alcança “todos os bens situados em um bairro ou uma cidade”.
- Específico: quando atinge um determinado bem.
- Efeitos:
- Imodificabilidade: é vedado ao proprietário do bem ou ao titular do eventual direito de uso,
destruir, demolir ou mutilar o bem tombado. Somente lhe é permitido reparar, pintar ou restaurar
o bem com prévia autorização especial do Poder Público.
- Restrições a bens vizinhos: sem que haja autorização do órgão competente, é vedado fazer
qualquer construção que impeça ou reduza a visibilidade em relação ao prédio sob proteção,
bem como nela colocar cartazes ou anúncios.
- Alienação condicionada à preferência: o particular que tem o seu bem tombado pode alienar o
bem sem respeitar o direito de preferência. No entanto, em caso de leilão judicial do bem
particular, o poder público terá o direito de preferência na aquisição - União, Estados, DF e
Municípios, nessa ordem.
- Inalienabilidade: bens públicos tombados são inalienáveis, mas podem ser transferidos entre
os entes federados.
Responsabilidade civil do Estado ou Responsabilidade Extracontratual do Estado
(art. 37, § 6º, CF )6
- Obrigação que o Estado ou a Administração Pública tem de reparar os danos causados a terceiros
em face de comportamento imputável aos seus agentes. Para caracterização independe de ação
ou omissão, se foi legal ou ilegal, material ou jurídico, basta a ocorrência de um ônus maior que o
normal para aquela situação.
- Não pode haver responsabilidade sem que haja um elemento impulsionador prévio - a ocorrência
do fato é indispensável, seja ele de caráter comissivo ou omissivo, por ele ser o verdadeiro gerador
da situação jurídica.
6 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicosresponderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
- Não se confundem com a esfera penal e administrativa. De fato, há possibilidade de
responsabilização baseada num mesmo ato, nas três esferas, mas são independentes entre si,
como regra.
- Evolução teórica:
1. Irresponsabilidade do Estado: teve vigência durante os Estados absolutistas, que impunham
a figura do rei como o senhor maior das decisões estatais. Sendo qualquer ação dele ou de
seus representantes era tida como legítima, não passível de qualquer responsabilização.
2. Responsabilidade subjetiva do Estado: após o período de irresponsabilidade total do
Estado, nasceu a responsabilidade subjetiva ou teoria da culpa civil, uma vez que
equiparava o Estado ao indivíduo, obrigando ambos da mesma forma. Cabendo ao
prejudicado a obrigação de demonstrar a culpa do agente público, e o nexo causal entre o
dano verificado e sua conduta.
Utilizadas:
3. Responsabilidade objetiva do Estado: seguindo a teoria do risco administrativo, em havendo
um dado provocado pela Administração, ele deve ser reparado, independente de dolo ou
culpa desta. Aqui o ônus da prova se inverte. Ao prejudicado basta a prova do dano e do
nexo causal deste com a conduta do agente público. Sendo a administração a responsável
por provar culpa do particular, situação em que se livrará da responsabilidade, ou a culpa
concorrente, quando terá minimizada sua responsabilidade.
4. Risco integral: a Administração Pública sempre responderá pelos danos causados aos
particulares, sem excludentes. Inexistência das exceções citadas no caso anterior (teoria do
risco administrativo).
- Responsabilidade por atos - Jurisdicionais e legislativos: em ambos os casos a regra é de
irresponsabilidade estatal por esses atos. A produção legislativa de um Estado é feita com base em
sua soberania, limitada apenas pelas normas constitucionais.
- No entanto, entende-se como possível a responsabilização do Estado no caso de edição de
leis inconstitucionais ou leis de efeitos concretos - este tipo de lei não tem as características
de generalidade e impessoalidade, atingindo pessoa certa, como no caso de lei que
desapropria determinado bem.
- No que pertence aos atos jurisdicionais, a regra, repita-se, é a de irresponsabilidade, devido
a justiça ser independente teoricamente e imparcial, haver graus de jurisdição que ratificam
entendimentos ou as retificam. No entanto, há exceções: erro grosseiro, decretação de prisão
temporária, cumprimento de pena a mior do que a fixadana decisão.
- Ação de regresso: o agente responde ao Estado em ação regressiva. Aplicação de
responsabilidade subjetiva do agente, age com culpa ou dolo.

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