Prévia do material em texto
Redução dos Prazos Prescricionais 1 Redução dos Prazos Prescricionais A redução da prescrição está prevista no artigo 115 do Código Penal, onde apresenta duas hipóteses de redução dos prazos prescricionais, que neste caso são reduzidos pela metade. Onde o parâmetro para tal redução encontra justificativa na idade do réu ao tempo do crime ou na data da sentença. Tais hipóteses são: ter o indivíduo na data da ocorrência do crime o limite de idade até 21 anos e a idade mínima de 70 anos na data da sentença. Onde, a redução na primeira hipótese ficou enquadrada e reconhecida, majoritariamente pela doutrina, como ‘ʼmenoridade relativaʼ ,̓ já que se encontra na faixa de 18 aos 21 anos, por mais que com 18 anos atinja a maioridade e seja responsável pela maioria dos atos e efeitos norteados pelo Direito. Ressalta-se ainda que a redução pode ocorrer tanto na prescrição da pretensão punitiva quanto na executória. O menor de 21 anos perante a Redução da Prescrição Nessa primeira hipótese pouco importa a idade do autor do crime na data da sentença. O que interessa é que o agente criminoso tenha entre 18 anos completos e 21 anos incompletos na data do fato delituoso. Exemplo, se uma pessoa com 20 anos de idade atira em alguém, mas a vítima só morre quando o agente já completou 21 anos, aplica-se a redução pois vale aqui a regra do art. 4º do Código Penal, que diz que se considera cometido o delito no momento da ação ou omissão, ainda que o resultado seja posterior. Digna de menção é a explicação de Rogério Greco 2022, onde para o autor a imaturidade daqueles que ainda não estão com sua personalidade completamente formada, como acontece com aqueles que estão saindo da adolescência e entrando na fase adulta, pode conduzir à prática de atos ilícitos impensados. Além disso, a convivência carcerária do menor de 21 anos com criminosos perigosos acaba por deturpar a sua personalidade, razão pela qual, como medida despenalizadora, a lei penal reduz pela metade o cômputo do prazo prescricional, seja da pretensão punitiva, seja da pretensão executória. Ou seja, o menor de 21 anos, especificamente aqueles que figuram entre os 18 e 21 anos possuem tratamento diferenciado perante Código Penal vigente. Como já dito, Redução dos Prazos Prescricionais 2 por mais que seja efetivamente maior e capaz para todos os atos da vida civil, em frente a seus atos na esfera penal, que possuem consequências mais sérias e danosas, são tratados como se ainda não fossem plenamente capazes. Além de tudo, vale destacar que como decorrência do princípio da legalidade penal, a redução não sofre alteração caso o agente tenha sido emancipado antes dos 18 anos. Ademais, vale observação a redução no crime continuado. Prevalecendo-se o agente das mesmas circunstâncias de tempo, local e modo de execução (art. 71 do CP, praticando vários crimes da mesma espécie, sendo alguns antes dos 21 anos do criminoso e outros depois, a redução só incidirá nos crimes cometidos antes da maioridade. Já no caso de crime permanente, iniciado na menoridade e terminado na maioridade, não se reduz o prazo prescricional. O maior de 70 anos perante a Redução da Prescrição No caso do condenado maior de 70 anos, vale destacar que, apesar da norma referir-se à sentença, o termo deve ser interpretado de maneira ampla, como primeira decisão condenatória, incluindo-se, nesse conceito, o acordão condenatório, que em sede recursal substitui a sentença de primeiro grau. Logo, nessa segunda hipótese não importa a idade do agente na data do fato criminoso, interessando apenas sua idade na data da decisão que o condena. Contudo, vale observação nesta hipótese que, nesse precedente temos que se o réu não tiver mais de 70 anos na data da decisão condenatória, mas, na pendência de embargos de declaração, completar tal idade antes do julgamento, fará jus à redução da prescrição pela metade. Conclui-se, nessa segunda hipótese, a redução do prazo prescricional pela idade avançada do agente se orienta pelo vetor constitucional da dignidade da pessoa humana, baseadas no fundamento das alterações físicas e psicológicas que atingem pessoas em idade avançada, representada pela necessidade de proteção à velhice, levando em consideração a fragilidade que recai sobre o ser humano com o passar dos anos e como essa vulnerabilidade usualmente afeta seu comportamento, a qual merece tratamento especial à vista dos efeitos deletérios da longa duração do processo. Ainda mais, é importante destacar que o Estatuto do Idoso, ao considerar como idosa a pessoa a partir de 60 anos de idade, não alterou o art. 115 do CP, pois o Código Penal não se atém à garantia de direitos aos idosos, mas à idade biológica de quem está sendo processado. Sumula 74 Redução dos Prazos Prescricionais 3 ‘ʼPara efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábilʼʼ A súmula nos apresenta que se torna indispensável para o reconhecimento da redução da prescrição a comprovação da idade do condenado por meio de prova documental. Portanto, podemos afirmar que a mera referência do agente (acusado) à sua idade no ato do seu interrogatório não se constitui meio suficiente para o reconhecimento da redução prescricional da menoridade. Logo, estamos diante de uma verdadeira inversão da prova, onde o ônus para provar a idade passa a ser do acusado, exigindo a apresentação nos autos de documento idôneo para esta finalidade. Dentre os documentos aceitos pela jurisprudência estão as certidões de nascimento e de casamento, as carteiras de identidade, habilitação ou profissional CTPs), o título de eleitor, ou seja, qualquer documento oficial, que se revele idôneo. Finalizando, tanto a doutrina como a jurisprudência tem o entendimento conciso que a súmula não se aplica apenas para comprovar a menoridade, mas tem finalidade majoritariamente aplicada tanto para comprovar idade do ‘ʼmenor relativoʼʼ 18 a 21 anos), quanto para comprovar a idade do maior de 70 anos, exigindo-lhe deles, assim, a apresentação dos documentos oficiais nos autos do processo.