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Arte e Literatura: Reflexões

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Uma boa maneira de se familiarizar com as noções de literatura e, por 
extensão, de arte é ouvir o que os escritores têm a dizer sobre ela, seja em 
forma de poesia, seja em forma de prosa.
VERSÃO TEXTUAL
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de 
suas cores: é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que 
aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. 
O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, 
como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o 
máximo de matizes com um mínimo de elementos. De água e luz ele 
faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, 
por fim, que assim é o amor, oh minha amada; de tudo que ele suscita 
e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos 
recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz 
magnífico.
(BRAGA, 1996, p. 120)
COMENTANDO A CITAÇÃO
O autor do texto acima associa o esplendor do pavão à grandeza da obra 
de arte, ampliando-a depois para o tema do amor. O “luxo imperial” do 
pavão que exibe suas cores metaforiza a obra de arte, cujo trabalho tem no 
arranjo um de seus componentes mais importantes, isto é, a seleção e 
combinação de elementos que irão produzir a beleza da obra artística. 
Estendendo o mesmo raciocínio à obra de arte literária, constata-se que ela 
se faz de uma escolha e arranjo de palavras em que o escritor procura tirar o 
máximo efeito de sua utilização da língua, produzindo o que Roland Barthes 
chamou no texto do tópico 2 de encenação da linguagem.
Consideremos agora um pequeno poema da poeta Henriqueta Lisboa, 
que também fala de literatura, porém de uma maneira mais hermética, 
menos óbvia:
COMENTANDO A POESIA
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