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TÓPICO 03: VAMOS COLHER FEIXES? Talvez a proposta desse tópico nem lhe tenha trazido ideias verdes, campestres, muito menos bucólicas (dicionário!). Estamos tão longe dos campos, no tempo, no espaço e no gosto! Depois, como colher feixes, se nossos antepassados enfeixavam o que já havia sido colhido? Um feixe é feito de coisas amarradas juntas, como pequenos ramos com folhas ou talos de capim, de forma que, levando-se um dos componentes, vão todos. O termo metafórico foi utilizado, entre outros, pelos funcionalistas do Círculo Linguístico de Praga, para quem o fonema não se define bem nem por suas características psicológicas, nem por suas características físicas, mas por sua função, e funciona para distinguir significados na língua (Trubetzkoy, 1939; 41, apud Hyman, 1975: 67). Quando você atribui certa característica a alguém de quem ouve dizer que é “pabo”, em representação fonêmica /’pabu/, no dialeto culto, pábulo, é porque seu cérebro interpretou traços, características de uma cadeia de fala. SABE O QUE FAZ “PABO” DIFERENTE DE “PAPO”? Falante do português, você consegue perceber a distinção entre dois ruídos que podem ocorrer entre as vogais /a/ e /u/. Num deles, /p/, as cordas vocais param um instante de vibrar; no outro, /b/, elas continuam vibrando durante o fechamento e a explosão nos lábios. De resto, tanto em /p/, quanto em /b/, há fechamento completo que impede a passagem do ar. O ponto onde isso ocorre são os lábios - o véu palatino não permitem que o ar ressoe na cavidade nasal. Dizendo de outra maneira, /p/ e /b/ têm em comum os traços [Oclusivo], [Bilabial], [Oral], mas são diferentes no traço referente ao vozeamento: [Não-Vozeado] / [Vozeado]. Não há muita certeza quanto a como os falantes da língua sabem que as cadeias de fala se distinguem. Não se tem normalmente ideia clara de que uma imagem acústica é constituída LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA AULA 03: OS FONEMAS DO PORTUGUÊS E SUAS REALIZAÇÕES 27 Combinarenumerar.pdf LinguaPortuguesaFonologia_aula_03.pdf 03.pdf