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M1P05 1. Diferenciar a resposta inata e adaptativa 2. Entender a resposta imunológica na infecção por rubéola e toxoplasmose na gestação Exantema é uma erupção geralmente avermelhada que aparece na pele devido à dilatação dos vasos sanguíneos ou inflamação. O exantema cutâneo é, principalmente, resultado de um fenômeno imunológico devido à formação de complexo antígeno/anticorpo no endotélio capilar. É possível detectar a presença de vírus em biópsias de pele obtidas de regiões com ou sem exantema, mas o vírus não pode ser isolado dessa região. Outros locais onde ocorre a detecção de partículas virais são: saco conjuntival, urina, líquido sinovial, pulmão e liquor. A primeira imunoglobulina a ser detectada é a IgM, que aparece do 10 o ao 15 o dias e alcança picos após, aproximadamente, 4 semanas. Geralmente, após 6 meses, o nível de IgM começa a declinar, podendo ser detectada, em alguns casos, por mais de 1 ano. Após 3 semanas da infecção, IgG, IgA, IgD e IgE também podem ser encontradas. Em tecidos fetais congenitamente infectados observam-se pontos de necrose não inflamatórios, aparentemente devido à ação direta das células citotóxicas mediadas pelo complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classes I e II, tanto no feto quanto na placenta. A infecção da placenta, durante os 3 primeiros meses de gravidez, caracteriza-se por necrose do endotélio vascular, hipoplasia e placentite. O exame eletromicroscópico dos tecidos fetais congenitamente infectados demonstra a agregação tubular em cisternas do RE e um grande número de corpúsculos de inclusão, particularmente perto das lesões necróticas. Imunocomplexos circulantes contendo antígenos do vírus da rubéola podem ser detectados no soro de quase metade das crianças com SRC, o que explicaria os comprometimentos tardios, como diabetes mellitus ou tireoidite, encontrados em indivíduos que tiveram a infecção congênita. A prolongada persistência do vírus da rubéola sugere que nem a IgG materna, nem as defesas do feto desenvolvidas in utero (IgM) conseguem combater a infecção. A transmissão vertical de agentes infecciosos da mãe para o feto ou para o recém-nascido constitui um modo de transmissão comum de certos patógenos e pode ocorrer por diversas vias diferentes. A transmissão placentária-fetal tem mais probabilidade de ocorrer quando a mãe se torna infectada por um patógeno durante a gravidez. A aquisição da imunidade na toxoplasmose depende fundamentalmente da indução de uma resposta celular específica, onde IFN-y e IL-12 se comportam como citocinas-chave neste processo. - Mecanismo inatos ativam a resposta específica - Estimulam macrófagos, neutrófilos e células dendríticas a secretar IL-12 E TNFa - IL-2 induz NK a secretar IFN-Y e potencializa a toxoplasmicidde de macrofágos - A ação sinérgica dessas citocinas produzem NO e levam a morte dos parasitos - IL-12 vai proporcionar a diferenciação CD4+ ao perfil Thl e consequentemente aumento da IFN-Y, fator importante para aquisição da imunidade. - Durante a fase aguda essa citocina leva a conversão de taquizoítos para bradizoítos. - IFN-y suprime a conversão de bradizoítos em taquizoítos durante a fase crônica da infecção, impedindo assim a reativação da toxoplasmose. - IL-12 é importante para a inicialização de uma forte e efetiva resposta celular contra os taquizoítos de T gondii, - IL-10 desempenha um papel de modulação da síntese evitando desta maneira uma excessiva resposta imune que poderia causar uma extensa inflamação e dano aos tecidos dos hospedeiros. - As populações de células T CD8" são consideradas as células efetoras responsáveis por garantir a memória imune de longa duração A parasitemia por T gondii durante a gestação pode causar placentite e alguns taquizoítos podem atravessar Placenta e disseminar nos tecidos fetais. As consequências da toxoplasmose materna para o feto dependerão do grau de exposição do feto ao parasito, da virulência da cepa, da capacidade dos anticorpos maternos protegerem o feto e do período da gestação. A imunização é chamada de imunidade passiva. Um exemplo fisiologicamente importante de imunidade passiva é a transferência de anticorpos maternos através da placenta para o feto, a qual permite aos recém-nascidos o combate a infecções por vários meses antes que eles próprios desenvolvam a capacidade de produzir anticorpos 3. Compreender as implicações ao concepto decorrentes das infecções por rubéola e toxoplasmose. A detecção por PCR da rubéola parece ser melhor em amostras de vilosidades coriônicas do que em amostras obtidas pelo líquido amniótico, até mesmo superior ao teste sorológico no sangue fetal. As amostras obtidas de vilosidades coriônicas feitas entre 10 a 12 semanas de gestação permitem detecção mais precoce do que outras coletas, como sangue fetal obtido de 18 a 20 semanas de gestação. A avaliação ultrassonográfica da morfologia fetal pode evidenciar hidrocefalia, microcrania, anomalia cardíaca, hepatoesplenomegalia, catarata, hidropisia, entre outros achados. ● A taxa de infecção no primeiro trimestre está em torno de 81%; seguida de 25% no segundo trimestre, podendo chegar a 100% em fetos expostos após a 36a semana. ● O maior risco potencial ao feto encontra-se nas primeiras 16 semanas de gravidez. Os riscos são pronunciadamente menores após a 20a semana, e o crescimento fetal restrito é o acometimento mais visto, quando a infecção se torna presente no 3o trimestre. As manifestações neurológicas da infecção por rubéola congênita são variadas e podem afetar tanto o sistema nervoso central (SNC) quanto o periférico (SNP). O vírus da rubéola tem tropismo pelo tecido nervoso e pode causar lesões diretas ou indiretas no SNC e no SNP. As lesões diretas são decorrentes da replicação viral nas células nervosas, provocando necrose, degeneração e calcificação. As lesões indiretas são resultantes da resposta imune do hospedeiro, que pode gerar inflamação, edema e apoptose. Podendo comprometer o desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial das crianças afetadas, reduzindo sua qualidade de vida e aumentando sua morbidade e mortalidade. Algumas das complicações neurológicas mais comuns da infecção por rubéola congênita são: encefalite, meningite, hidrocefalia, calcificação intracraniana, atrofia cerebral, epilepsia, paralisia cerebral, neuropatia periférica e síndrome de Guillain-Barré. Essas complicações requerem um diagnóstico precoce e um tratamento adequado para reduzir as sequelas neurológicas e melhorar o prognóstico dos casos. O tratamento deve ser multidisciplinar e individualizado, envolvendo pediatras, neurologistas, oftalmologistas ● Possibilidade de contaminação toxoplasmose: primeiro trimestre 15 a 20% dos fetos serão contaminados; 25 a 30% no segundo trimestre; terceiro trimestre 50 a 90%. ● Risco de fenômenos disruptivos toxoplasmose: 60 a 80% no primeiro trimestre; 30 a 50% no segundo trimestre;10 a 20% no terceiro trimestre. As lesões oculares são as manifestações mais frequentes da toxoplasmose congênita, correspondendo a cerca de 70% das infecções. Poderão ocorrer retinocoroidite, atrofia do nervo óptico, microftalmia, paralisia ocular, catarata e estrabismo. As alterações neurológicas podem ser de extrema gravidade: microcefalia, ventriculomegalia, surdez neurossensorial, encefalomalácia, porencefalia e calcificações cerebrais. As alterações sistêmicas são menos comuns, mas podem ocorrer hepatoesplenomegalia, trombocitopenia, oligo ou polidrâmnio e hidropisia com derrame pericárdico, sendo estas duas últimas secundárias à insuficiência cardíaca causada pela invasão do parasita no miocárdio. Além disso, a toxoplasmose na gestação pode ocasionar perda fetal, natimortalidade e prematuridade. 4. Conhecer o tratamento e profilaxia por rubéola e toxoplasmose Na rubueola não há tratamento intrauterino que seja realmente benéfico para fetos expostos ou afetados. O tratamento na infecção aguda por rubéola pode incluir o acetaminofeno para alívio sintomático. O uso de glicocorticoides, a transfusão plaquetária, entreoutras medidas, são reservados para pacientes com complicações como encefalopatia ou trombocitopenia. A maioria dos casos de rubéola adquirida no pós-nascimento não requer tratamento específico. As complicações da rubéola são tratadas sintomaticamente. A vacina utilizada contra o vírus da rubéola pode ser encontrada na forma monovalente ou combinada com a vacina contra sarampo (MR), caxumba e sarampo (MMR) ou caxumba, sarampo e varicela (MMRV) para ser administrada por via subcutânea. Na campanha de vacinação de 2008 foi utilizada a MR para vacinar a população de 20 a 39 anos e a MMR para a população de 12 a 19 anos. A MR foi fornecida pela OPAS e constituída dos vírus atenuados do sarampo (estirpe Edmonston Zagreb) e vírus atenuados da rubéola (estirpe Wistar RA 27/3). A MMR (measles-mumps-rubella) é uma combinação dos vírus atenuados do sarampo (estirpe Schwarz), caxumba (estirpe RIT 4385 – derivada da estirpe Jeryl Lynn) e rubéola (estirpe Wistar RA 27/3). A rede pública disponibiliza na rotina uma dose da vacina SCR-V aos 15 meses. A segunda dose da varicela é aplicada aos 4 anos de idade, com a vacina varicela isolada. No caso de Indivíduos com história pregressa de sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora) são considerados imunizados contra as doenças, mas é preciso certeza do diagnóstico e em caso de dúvida, recomenda-se a vacinação, pode induzir linfoadenopatia branda, exantema e febre baixa. Não há evidências de teratogenia causada por vírus vacinal, mas a vacina é contraindicada durante a gravidez. Mulheres que queiram engravidar devem esperar 2 a 3 meses após a vacinação. Na toxoplasmose os medicamentos atuam contra a forma proliferativa de taquizoítos, recomendado em casos agudos e sintomáticos. ● TAS: pirimetamina com a sulfadiazina/sulfadoxina e adição de ácido folínico ● TAG: Se o feto não estiver infectado inicia o tratamento com espiramicina (antibiótico do grupo dos macrolídeos que atinge altas concentrações no tecido placentário, diminuindo o risco de transmissão vertical entre 60% e 70%, cada comprimido tem 500 mg, e a dose diária é de 3 gramas ao dia (2 comprimidos de 8/8 horas). Se o feto estiver contaminado Sulfadiazina, 3 g ao dia, Pirimetamina 50 mg ao dia e Ácido folínico, 10 a 20 mg 3 vezes por semana (podendo a dose ser aumentada por surgimento de neutropenia, anemia ou plaquetopenia). obs: o esquema tríplice será mantido até o parto, sem alternar com espiramicina. Também já está bem estabelecido que não há necessidade de suspender a sulfadiazina um mês antes do parto, como era preconizado antigamente. Para casos de infecção aguda diagnosticada no terceiro trimestre gestacional, devido à elevada taxa de transmissão vertical, a recomendação tem sido iniciar o esquema tríplice sem a realização da amniocentese Quanto à profilaxia da toxoplasmose recomenda-se não comer carne crua ou mal passada, dar preferência para carnes congeladas, não comer ovos crus ou mal cozidos, beber somente água filtrada/fervida,usar luvas para manipular alimentos e carnes cruas, não usar a mesma faca para cortar carnes, vegetais e frutas, lavar bem frutas, verduras e legumes , evitar contato com gatos e com tudo que possa estar contaminado com suas fezes, alimentar gatos domésticos com rações comerciais e evitar que circulam na rua, onde podem se contaminar, principalmente pela ingestão de roedores e usar luvas e máscara se manusear terra (inclusive para varrer pátio com terra). 5. Discutir o manejo da gestante de alto risco na rede assistencial As gestantes em situações de alto risco exigirão, além do suporte no seu território, cuidados de equipe de saúde especializada e multiprofissional, eventualmente até em serviço de referência secundário ou terciário com instalações neonatais que ofereçam cuidados específicos. Porém é a coordenação do cuidado pela Atenção Primária em Saúde (APS) o que permite que a gestante se mantenha vinculada ao território. O cuidado pré-natal, ainda que compartilhado, deve continuar a ser ofertado pela unidade de origem, por meio de consultas médicas e de enfermagem e visitas domiciliares. Isso garante a responsabilidade sobre o cuidado para com a gestante. Deve responder à lógica de ampliação do acesso às diversas tecnologias de cuidado em busca do princípio fundamental da equidade. Deve buscar sempre a diversificação dos espaços de cuidado e nunca a transferência e a desresponsabilização sobre ele. Por isso, a APS não deve deixar de assistir a gestante ainda que esta esteja sendo acompanhada em outro equipamento de saúde, pois é no território que as relações sociais e demandas ocorrem. É no território que a gestante vive e onde deve ser compreendida e cuidada, é onde as mulheres devem permanecer com suas famílias e a comunidade do entorno e, idealmente, é onde devem receber os cuidados necessários. A articulação entre as equipes pode se dar por meio de treinamentos, intervenções conjuntas, discussões de casos, reuniões de equipe, elaboração de projetos terapêuticos singulares, ampliação de exames laboratoriais e de imagem, entre outras formas de interação. Essa estratégia reduz a fragmentação da atenção, consolida a responsabilização clínica, valoriza o cuidado interdisciplinar e regula as redes assistenciais. É fundamental que a hierarquização da assistência pré-natal, com suas vias de encaminhamento, de referência e contrarreferência, seja bem planejada, bem desenhada e eficiente. Isso garante que toda gestante que esteja sendo acompanhada na rede de APS e que apresente alguma situação de risco obstétrico tenha acesso ágil aos serviços necessários, estejam eles alocados em equipamentos de nível secundários ou terciários, seja por meio de encaminhamento para seguimento conjunto, seja para a busca de segunda opinião nos serviços de referência. A contrarreferência, baseada em Witt(7), concretiza-se no cotidiano dos serviços de saúde através do preenchimento de um formulário específico que consolida informações relevantes. Isto permite à unidade de saúde que realizou o referenciamento compreender quais as condutas adotadas na unidade de maior complexidade, a fim de proporcionar a integralidade e a continuidade da assistência na unidade de origem, ação essa que também deve ser aplicada na assistência à gestante. Para realização do processo de R/CR, em qualquer nível de atenção à saúde, a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS-Cuiabá) definiu um formulário específico que deve ser preenchido de maneira padronizada para sua efetivação OBJETIVO 01 ABBAS, Abul K; LICHTMAN, Andrew H; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e Molecular. 9. ed. atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. 1581 p. ISBN 978-0-323-47978-3. OBJETIVOS 02, 03 E 04 NEVES, David P. PARASITOLOGIA HUMANA. 14. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: ATHENEU, 2022. 547 p. ISBN 9786555865196. OBJETIVO 02, 03 E 04 SANTOS, Norma Suely de Oliveira; ROMANOS, Maria Teresa Villela; WIGG, Marcia Dutra. Virologia Humana. 3. ed. atual.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda, 2015. 1308 p. ISBN 978-85-277-2736-5. OBJETIVO 03 SILVA, Caio Lívio kador e; FARIA, Gabriela Costa; REIS, Gabriela Bahia Ribeiro; CASTRO, Marcelo Fernandes Quintão Dias de; ARAÚJO, Anália Aguiar. MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS DA INFECÇÃO POR RUBÉOLA CONGÊNITA. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.], v. 9, n. 9, p. 866–879, 2023. DOI: 10.51891/rease.v9i9.11244. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/11244. Acesso em: 28 mar. 2024. OBJETIVOS 03, 04 E 05 MINISTÉRIO DA SAÚDE (DF). Secretaria de Atenção Primária à Saúde Departamento de Ações Programáticas (org.). Manual da Gestação de alto risco. 1. ed. aum. Brasília: 2022. 694 p. OBJETIVO 05 CORRÊA, ÁUREA C. DE P.; DÓI, H. Y. Contrarreferência de mulheres que vivenciaram gestação de risco a unidades de saúde da família em Cuiabá. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 13, n. 1, p. 104 - 110, 11 fev. 2014.