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QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL QUESTÃO 52 Leonardo adquiriu uma televisão na Loja Francesa pelo valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais), quantia que seria paga por meio de cartão de crédito em 12 (doze) parcelas de R$ 1.000,00. Ocorre que, após o pagamento da 6ª (sexta) parcela, a Loja Francesa passou a cobrar R$ 2.000,00 (dois mil reais) de Leonardo nas 6 (seis) parcelas restantes. Por ter constatado a cobrança indevida somente depois de realizar o pagamento integral, Leonardo ajuizou ação pelo procedimento comum em face da Loja Francesa para ser ressarcido em dobro pelo valor indevidamente cobrado na forma do Art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor. Depois da contestação e regular instrução, o Juízo da Vara Cível competente proferiu sentença julgando procedente o pedido de Leonardo, com a consequente condenação da Loja Francesa ao pagamento de R$12.000,00, acrescido de correção monetária e juros legais. Ato contínuo, a Loja Francesa interpôs recurso de apelação, que foi desprovido pelo Tribunal de Justiça. Em seguida, a Loja Francesa interpôs recurso especial, porém intempestivamente. Como existiam inúmeros recursos sobre a admissibilidade da devolução em dobro em caso de cobrança indevida contra o consumidor, com fundamento no Art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, essa controvérsia jurídica foi afetada para o rito do julgamento dos recursos repetitivos e implicou o sobrestamento do recurso especial da Loja Francesa. Ato contínuo, Leonardo requereu que o recurso especial da Loja Francesa não fosse sobrestado, uma vez que era intempestivo. Embora intempestivo o recurso, o referido requerimento foi indeferido. Na condição de advogado(a) de Leonardo, assinale a opção que indica o recurso cabível para alterar essa decisão. a) Não será possível interpor qualquer recurso, pois é irrecorrível a decisão que indefere o requerimento de exclusão de sobrestamento do recurso especial impactado pelo procedimento dos recursos especiais repetitivos. b) Reclamação, pois é irrecorrível a decisão que indefere o requerimento de exclusão de sobrestamento do recurso especial impactado pelo procedimento dos recursos especiais repetitivos. c) Ação rescisória, pois é irrecorrível a decisão que indefere o requerimento de exclusão de sobrestamento do recurso especial impactado pelo procedimento dos recursos especiais repetitivos. d) Agravo interno, pois esse é o recurso cabível contra a decisão que indefere o requerimento de exclusão de sobrestamento do recurso especial impactado pelo procedimento dos recursos especiais repetitivos. LETRA “D” CORRETA. FUNDAMENTO: ART. 1.036, §§ 2º E 3° DA LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL). Vejamos: Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça. § 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso. § 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento. § 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo interno. § 4º A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o relator no tribunal superior, que poderá selecionar outros recursos representativos da controvérsia. § 5º O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia para julgamento da questão de direito independentemente da iniciativa do presidente ou do vice- presidente do tribunal de origem. § 6º Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida. A opção correta é a letra d) "Agravo interno, pois esse é o recurso cabível contra a decisão que indefere o requerimento de exclusão de sobrestamento do recurso especial impactado pelo procedimento dos recursos especiais repetitivos." Isso se deve ao disposto no artigo 1.036, §§ 2º e 3º do Código de Processo Civil (CPC), que estabelece que, quando há a afetação de recursos para julgamento conjunto em casos repetitivos, o interessado pode requerer a exclusão do recurso que tenha sido interposto intempestivamente. Este requerimento deve ser dirigido ao presidente ou vice-presidente do tribunal, e da decisão que indeferir esse requerimento cabe apenas agravo interno. Portanto, como advogado(a) de Leonardo, o recurso cabível para alterar a decisão que indeferiu o requerimento de exclusão de sobrestamento do recurso especial é o agravo interno. UM POUCO MAIS! O agravo interno é um recurso utilizado no âmbito dos tribunais para impugnar decisões monocráticas proferidas por relatores. Ele se destina a levar a decisão monocrática para ser reavaliada pelo órgão colegiado do mesmo tribunal, ou seja, por um grupo de julgadores em vez de apenas pelo relator. Quando um recurso é interposto perante um tribunal, ele geralmente é inicialmente distribuído a um relator, que é um juiz designado para analisar o caso. Se o relator tomar uma decisão monocrática, ou seja, uma decisão tomada individualmente, e uma das partes discordar dessa decisão, ela pode interpor um agravo interno. O agravo interno, portanto, permite que a parte recorra da decisão do relator e apresente seus argumentos para reconsideração pelo órgão colegiado do tribunal, composto por mais de um julgador. Isso garante uma revisão mais ampla e diversificada da decisão, já que é submetida à análise de vários juízes, em vez de depender apenas da perspectiva do relator. Geralmente, o agravo interno deve ser interposto dentro de um prazo específico estabelecido pelo tribunal e deve conter os fundamentos pelos quais a parte discorda da decisão do relator. Este recurso é uma importante ferramenta processual para garantir o devido processo legal e a possibilidade de revisão das decisões monocráticas.