Prévia do material em texto
Conforto Ambiental: Luminotécnica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Altimar Cypriano Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Grandezas Fotométricas • O Projeto de Luminotécnica; • Iluminação Geral; • Iluminação de Trabalho; • Iluminação de Destaque. • Compreender as estratégias do projeto de luminotécnica. OBJETIVO DE APRENDIZADO Grandezas Fotométricas Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Grandezas Fotométricas O Projeto de Luminotécnica O projeto de luminotécnica como parte fundamental do projeto de iluminação – que contempla a iluminação natural e artificial –, atualmente ganhou maior im- portância, e diversos arquitetos têm se dedicado a essa prática. É imprescindível que sendo a luz intrínseca à arquitetura esta seja contemplada e, em certa medida, concebida conceitualmente no início do projeto de arquitetura. É fato que ainda atualmente, o projeto de iluminação é confundido como parte in- tegrante do projeto de elétrica, pois trata de questões funcionais de acionamentos de luminárias e ligações de circuitos, entretanto, o seu espectro é mais abrangente e seu caráter é outro além das questões práticas do funcionamento desses sistemas, contem- plando também questões associadas à percepção espacial, ambientação e conforto. É desejável – e talvez um objetivo a se alcançar no desenvolvimento de projetos de iluminação – uma associação da luz natural com a artificial de maneira que quan- do os ambientes estiverem sob a iluminação natural ou artificial não haja prejuízo no entendimento geral do espaço; embora a forma, quantidade e cor dessas fontes possam ser enormemente diferentes. As fontes artificiais de luz geralmente permitem maior controle e precisão, pois não são variáveis, ou a sua variação é previsível – diferentemente da luz natural, que proporciona iluminação diferente ao longo do dia e do ano. O projeto de luminotécnica ocorre dentro de muitos contextos. Os siste- mas de iluminação novos em edificações preexistentes são mais comuns do que em prédios recém-completados, porque a instalação elétrica, a decoração e os acessórios de um interior tendem a ser renovados mais do que uma vez durante a vida útil de um prédio. Os projetos novos são determinados pela natureza e como a edificação é projetada – os proces- sos de financiamento, contratação, projeto e construção de um prédio. No Reino Unido, por exemplo, isso mudou bastante na última década: o financiamento privado de edificações públicas tem levado ao envolvimen- to das construtoras desde o início do processo de projeto e, como elas agem como se fossem o cliente de fato [...]. Há edificações recentes com sistemas inovadores e espetaculares, bem como equipes de projeto multi- disciplinares conhecidas por sua criatividade. Seja qual for o rumo que o projeto assumir, o projetista do sistema de iluminação (que também pode ser o arquiteto geral, o engenheiro civil ou o arquiteto de interiores) pode dar várias contribuições diferentes: estudar as necessidades do cliente e dos usuários; desenvolver as soluções de conceito; testá-las em relação às exigências do projeto; avançar até a etapa final do projeto (detalhamento e especificação); e fazer a fiscalização, a execução e o comissionamento da obra. (TREGENZA; LOE, 2015, p. 132-133) Consideramos como luz natural a advinda do Sol, assim como por convenção a luz produzida pelo homem chamamos de luz artificial. A utilização da luz natural associada à luz artificial contribui para a leitura adequada dos espaços projetados 8 9 mesmo em diferentes momentos do dia, o que pode ser uma oportunidade de ex- plorar características espaciais ou materiais; tal associação ainda pode contribuir para eventual e esperada economia de energia. [...] e ao mesmo tempo favorecer a experiência do visitante através de recentes avanços na iluminação e na tecnologia de seu controle, tanto no caso da apropriação da luz do dia como através da iluminação elétrica. [...] Em outras palavras, queríamos criar espaços em que as pessoas pudessem apreciar a ponto de desejar visitá-los novamente. [...]. Ela também ilustra claramente a metodologia de projeto que busca um uso mais racional de energia. [...]. As janelas foram reabertas e restauradas, permitindo a iluminação natural nos saguões e reduzindo as necessidades de iluminação elétrica no período diurno. E a iluminação diurna, naturalmente acrescentou veracidade à experiência do “você está aqui”. Com réplicas dos lustres e candelabros de volta aos seus lugares, com as janelas novamente abertas como fontes de luz, tudo o que foi exigido com peças do século XX foi o acréscimo de poucos destaques e dispositivos de controle de intensidade da luz do dia e da luz elétrica. [...] A luz automatizada e os sistemas de controle de sombreamento permitiram não somente ao Sol e ao céu proverem a maior parte da iluminação, mas também controlar as intensidades da iluminação elétrica para melhor criar uma atmosfera visual para os visitantes de todas as diferentes exposições. Assim fomos capazes de usar níveis de iluminação bem abaixo dos recomendados pela Sociedade de Engenharia de Iluminação [trata-se da Illuminating Engineerring Society of North America. (BRANDSTON, 2010, p. 68-69) Portanto, o desenvolvimento de um projeto de luminotécnica deve procurar, sempre que possível, uma integração harmoniosa da iluminação natural com a iluminação artificial. Como estratégia de projeto, deve-se prever fontes de luz ade- quadas, bem como a sua distribuição, a fim de se obter o correto entendimento dos espaços, podendo, o projeto de iluminação, ser também um fator conciliador entre os aspectos quantitativos e qualitativos da luz. A Associação Brasileira de Normas Térmicas (ABNT), por meio da Norma Bra- sileira de Regulamentação (NBR) ISO 8995-1, recomenda níveis de iluminâncias (E) e outros requisitos que orientam o desenvolvimento de projetos de iluminação. É desejável, e talvez um objetivo a se alcançar no desenvolvimento de projetos de iluminação, uma associação da luz natural com a artificial de maneira que quando os ambientes estiverem sob a iluminação natural ou sob a artificial não haja prejuízono entendimento geral do espaço, embora a forma, quantidade e cor dessas fontes possam ser enormemente diferentes. As fontes artificiais de luz geralmente permitem maior controle e precisão, pois não são variáveis, ou a sua variação é previsível; diferente da luz natural, que proporciona iluminação específica ao longo do dia e ano. Como a luz e o espa- ço são fatores que determinam a aparência final de um determinado material, e como um projeto de arquitetura de qualidade depende de harmoniosa composição 9 UNIDADE Grandezas Fotométricas das superfícies luminosas de um ambiente, assim, é fundamental que durante o desenvolvimento do projeto o arquiteto tenha a capacidade da pré-visualização de como a cor e textura dos materiais de revestimento serão vistos pelo olho humano; utilizar ferramentas como perspectivas, painéis semânticos e maquetes eletrônicas, podendo contribuir nesse entendimento. Diversos fatores influenciam um projeto luminotécnico, por isso, tomar decisões pode ser muito difícil. As iluminações natural e elétrica devem ser projetadas ao mesmo tempo para que se complementem; também é preciso levar em consideração tanto a funcionalidade dos espaços quanto sua arquitetura; finalmente, é necessário usar a eletricidade de maneira responsável. Seguir todos esses critérios é trabalhoso até em situações abstratas; na prática, o processo é ainda mais complicado. O motivo é que, no mundo real, existem outros fatores, além do puramente visual, a serem considerados. O conforto (acústico e térmico), a estrutura e a construção estão condicionadas a regulamentos, códigos de edificações e limites de custo e tempo. Além disso, muitas outras pessoas estão envol- vidas nos projetos, como os membros da equipe de projetistas, os clientes e seus representantes, os fornecedores, os certificadores e os usuários das edificações adjacentes. (TREGENZA; LOE, 2015, p. 85) O lighting design norte-americano Howard Brandston (2010, p. 97), quando do desenvolvimento do projeto de iluminação da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, decidiu que as referências normativas, principalmente no que diz respeito aos critérios quantitativos, deveriam ser colocadas em um plano mais afastado do que as questões perceptivas e sensitivas, pois para esse autor, tratava-se da iluminação de uma obra de arte, preterindo essas referências normativas, ou seja, números, por uma aproximação mais poética; por se tratar de uma obra única, queria se dedicar à observação atenta dos detalhes mínimos. O projeto de luminotécnica deve considerar quatro etapas importantes: levan- tamentos, análises, diagnósticos e proposta, atendendo a alguns parâmetros, tais como o entendimento das necessidades do cliente, as respostas emocionais dos usuários e das intenções do projeto de arquitetura e interiores, o conceito da iluminação – ambientação –, a definição da luz – qualitativa e quantitativamente, sistemas utilizados, investimento envolvido. Ademais, o projeto de luminotécnica deve contemplar três iluminações: geral, de tarefas e de destaque. Basicamente, a iluminação responde a duas funções básicas: técnica – luz da razão – e estética – luz da emoção. São nove as grandezas fotométricas comumente utilizadas em luminotécnica: • Fluxo energético (P) ou potência: que é a quantidade de energia consumida por uma fonte de luz; a sua unidade é Watts (W); • Fluxo luminoso (ϕ): é quantidade total de luz emitida por uma fonte de luz; a sua unidade é lúmen (lm); 10 11 • Eficiência luminosa: é a relação entre o fluxo luminoso emitido – em lúmens – e o seu fluxo energético – potência em Watts –, conhecido também como rendimento ou eficácia; a sua unidade é lúmen/Watt; • Intensidade luminosa: é a quantidade de luz emitida por uma fonte em uma única direção – em um ponto –; sua unidade é candela (cd); • Iluminância (E): é o resultado do fluxo luminoso – luz incidente – por unidade de área – superfície iluminada –; a sua unidade é lux; • Luminância é a sensação: luminosa – reflexão dos raios luminosos que inci- dem em uma superfície; a sua unidade é cd/m²; • Contraste: é a diferença relativa entre as luminâncias de um objeto e o seu entorno; • Índice de Reprodução de Cor (IRC ou RA): é a capacidade que a fonte de luz tem em reproduzir as cores dos objetos e das superfícies; é dada em por- centagem, de modo que o IRC varia de 0 a 100; e • Temperatura de cor: é a aparência de cor de uma fonte de luz em compara- ção à cor emitida por um corpo negro – elemento metálico que muda de cor de acordo com a mudança da temperatura –; é dada em graus Kelvin (K). Veja as características das lâmpadas – tais como o fluxo luminoso, a intensidade luminosa, o IRC ou a temperatura de cor, nestes sites: http://bit.ly/2NxSI8T e http://bit.ly/2NTCwwj Ex pl or Iluminação Geral A iluminação geral é a primeira premissa que deve ser atendida, é a base da ilu- minação do ambiente, devendo ser uniforme, difusa, controlada, flexível e cativante. A iluminação geral preenche o espaço de luz. Para ambientes residenciais, por exemplo, as iluminâncias (E) devem estar entre 100 a 150 lux. Quanto à distribuição da luz, temos as seguintes tipologias: iluminação direta – luz no sentido vertical – para baixo; iluminação difusa – luz distribuída uniformemente no espaço; ilu- minação indireta – luz no sentido vertical voltada para cima, utilizando superfícies para a reflexão da luz – o teto é a principal superfície refletora –; iluminação direta- -indireta – parte da luz voltada para baixo e parte da luz chega por meio de reflexão. A fórmula básica para o cálculo da iluminância é: E A � � 11 UNIDADE Grandezas Fotométricas Em ambientes gerais de uma residência, a iluminação deve ser homogênea e em quantidade necessária para a adaptação visual; portanto, alguns cuidados especiais devem ser tomados em circulações e escadas. A iluminação geral deve atender a atividades diversas. Uma iluminação difusa apresen- ta menor contraste, eliminando sombras e produzindo ambientes mais aconchegantes. Os projetos residenciais de luminotécnica devem considerar as tarefas domésti- cas que serão realizadas, a idade dos usuários, as cores de acabamentos, o layout etc. Em ambientes de estar e áreas de acolhimento a iluminação geral não deve ser excessiva, nem deve ter uma distribuição muito homogênea, para produzir uma atmosfera mais relaxante – nestes casos, a uniformidade pode ser preterida. Iluminação de Trabalho A segunda premissa a ser observada no desenvolvimento do projeto de lumino- técnica é a iluminação destinada a ambientes de trabalho. Nos projetos residenciais é a iluminação que abastecerá de luz as áreas espe- cíficas onde serão realizadas tarefas que exigem precisão, tais como ler, escrever, cozinhar etc. Por sua vez, a iluminação de trabalho deve respeitar e atender às recomendações normativas, utilizando sistemas com distribuição de luz uniforme, garantindo planos de trabalho com iluminação mais homogênea possível. É acon- selhável a utilização de fontes de luz que promovam iluminação difusa, evitando fontes que gerem contrastes e sombras. A iluminação da área de tarefa propriamente dita deve ser a mais uniforme pos- sível e com a quantidade de luz compatível à tarefa desempenhada. Comumente a quantidade de luz necessária não é suprida apenas com a iluminação geral, porém, uma iluminação dedicada apenas para essa zona pode resultar em ambientes não muito atrativos, de modo que a associação da iluminação geral com a iluminação de tarefa será uma solução que, além de atender às questões quantitativas demanda- das pelas necessidades visuais das tarefas, corresponderá aos aspectos qualitativos, perceptivos e de ambientação. Existe uma definição muito simples de tarefa visual: qualquer atividade que pode ser mais bem desempenhada sob a luz do que na escuridão. Assim, a variedade de tarefas visuais inclui praticamente tudo o que faze- mos. Elas vão muito além do que chamamos de “trabalho”. Até mesmo emuma sala de aula ou um escritório, as tarefas visuais incluem ativi- dades como reconhecer as feições das pessoas, usar telefones celulares ou subir uma escada, assim como digitar em um teclado de computador e escrever sobre uma mesa. As tarefas variam em termos de dificulda- de visual. Uma tarefa visual pode ser o mero caminhar com segurança por um espaço ou o trabalho extremamente preciso executado por um operário na fabricação de componentes microeletrônicos. Um cirurgião 12 13 também tem a necessidade de observar detalhes minúsculos e complexos com muita clareza, e qualquer erro poderia ter consequências seríssimas. O primeiro passo em um projeto de luminoté cnica é definir o programa de necessidades, esclarecendo o propósito da iluminação. (TREGENZA; LOE, 2015, p. 106) Podemos ter incontáveis ambientes residenciais de trabalho, sendo que os prin- cipais e mais comuns são as cozinhas, áreas de serviço, home offices, ateliês, salas de estudo, bibliotecas e salas de jogos, mas podemos considerar ainda outras ta- refas que necessitam de iluminação, tais como closets, banheiros e salas de jantar. As fontes de luz utilizadas na maior parte das áreas das residências devem ter temperaturas neutras ou quentes de cor, com exceção das áreas de trabalho, que podem ter temperaturas neutras ou frias – porém, tal critério deve ser adequado a cada projeto. As cozinhas, juntamente com as áreas de serviço, são as mais comuns e princi- pais áreas de trabalho em ambientes residenciais. Nas cozinhas as tarefas se con- centram, na maioria das vezes, nas áreas das bancadas de pias e fogão. As ativi- dades de lavar, preparar e cozinhar estão diretamente relacionadas à separação, avaliação e seleção dos alimentos quanto à sua qualidade e condição de uso – cor, textura e aparência –, além da eventual leitura de livros e cadernos de receitas. A qualidade da luz é fundamental para o atendimento dos requisitos de acuidade visual, pois a velocidade e execução da tarefa exigem uma iluminação homogênea em todo o plano de trabalho. Assim, deve-se evitar os ofuscamentos diretos e indi- retos, de modo que cuidados especiais devem ser tomados com os materiais polidos ou refletivos, assim como com o direcionamento dos fachos de luz sobre essas su- perfícies e demais utensílios. Outro fator importante para este caso é a utilização de fontes de luz com elevado Índice de Reprodução de Cor (IRC ou RA), que garanta a melhor visualização dos alimentos. Sistemas complementares de iluminação com controle de acionamentos inde- pendentes são boas opções para cozinhas, pois algumas tarefas podem necessitar de iluminâncias (E) menores do que outras. Por exemplo, a leitura de receitas pode variar muito de tamanho de letras em livros, cadernos ou em embalagens com instruções. Para as áreas de serviço as tarefas mais comuns são lavar e passar roupas e eventualmente tingi-las. A lavagem de roupas implica em identificar manchas e sujeiras, preparar o produto adequado para o tipo de lavagem. Máquinas de lavar e secar precisam ser alimentadas com produtos em quantidades específicas e o programa de funcionamento deve ser selecionado corretamente; portanto, inde- pendentemente de possuírem painéis luminosos, a iluminação deve ser suficiente para atender a esses requisitos de acuidade visual – comumente, nas áreas das má- quinas a iluminação geral é suficiente para isso. Para as áreas de passar roupas as quantidades de luz são semelhantes. 13 UNIDADE Grandezas Fotométricas Áreas de trabalho como home offices, ateliês, salas de estudo etc., devem ser nutridas de iluminação em função do tempo que será dedicado à utilização do es- paço de trabalho, pois isso será fundamental para a determinação da iluminância (E) destinada ao ambiente. Para casos em que o espaço é utilizado eventualmente pode-se reduzir a iluminância (E), mantendo-se uma iluminação geral não tão alta, sem acréscimo de iluminação específica de tarefa. Já para situações em que a utilização do espaço é diária e por longas horas, haverá necessidade de uma ilu- minância (E) que atenda às recomendações normativas para o tipo de atividade, homogeneamente distribuída sobre o plano de trabalho e eventualmente um acrés- cimo de iluminação de tarefa. Igualmente, deve-se observar os brilhos das telas de computadores e as refletâncias de paredes e móveis, para evitar grandes contrastes entre os planos horizontal e vertical. Para as áreas de vestir ou closets, deve-se distribuir a iluminação necessária para a escolha da roupa de maneira que as portas dos armários ou as gavetas não obstruam a luz; nas áreas em que estão instalados espelhos, deve-se posicionar as fontes de luz – ou luminárias – orientadas de tal maneira que iluminem o corpo das pessoas (e não o espelho). O banheiro necessita de atenção especial, pois a iluminação desse ambiente deverá atender a diversas atividades, tais como secar, escovar, pentear e/ou tingir os cabelos, limpar, massagear ou maquiar o rosto ou o corpo e barbear. Assim, as fontes de luz devem ter excelente IRC e as luminárias devem ter proteção contra umidade e vapor, atendendo às recomendações das normas de instalações elétricas (NBR 5410). A sala de jantar é uma área da residência que necessita de um cuidado especial, pois está intimamente ligada às áreas de estar – acolhimento – e, portanto, a ilumi- nação geral dessa área deve ser compatível com as demais áreas; porém, a mesa de jantar desempenha um papel de protagonista, como elemento central dessa cena. A iluminação deve priorizar a exposição dos alimentos de maneira que as suas cores e texturas não sejam descaracterizadas – e sim evidenciadas. A mesa, os apa- radores ou expositores dos alimentos devem ser tratados como planos de trabalho e ter um certo destaque. A iluminação tem a responsabilidade de criar a atmosfera, sendo necessários controles de intensidade – dimers – e acionamentos indepen- dentes, pois podem contribuir na separação e no estabelecimento de cenas em diferentes ocasiões. A iluminação sobre o plano de trabalho, também chamada de ilumina- ção de serviço, é o uso da luz para tornar-se uma atividade mais fácil de realizar. Já a iluminação localizada ou de destaque visa iluminar uma ex- posição em um museu ou um objeto em uma vitrine, de modo a chamar atenção e revelar seus melhores atributos. Tradicionalmente, discute-se separadamente esses dois tipos de iluminação. No entanto, eles são ape- nas diferentes aspectos do mesmo processo e é interessante revisá-los juntos. O segredo de ambos os tipos é criar contrastes: na iluminação localizada, busca-se principalmente o contraste entre o objeto e seu pano 14 15 de fundo; na iluminação sobre o plano de trabalho, em geral é necessário criar um contraste com esse plano, seja para ter boa legibilidade das pa- lavras em um monitor de computador, seja para lê-las no papel. Ambos os tipos costumam ser exigidos: nossos olhos precisam estar focados em uma parte específica do campo visual e melhorar a visibilidade dos deta- lhes dentro dele. (TREGENZA; LOE, 2015, p. 105) Veja o fluxo luminoso – a quantidade de luz de fontes indicadas para a distribuição homo- gênea da iluminação – das lâmpadas fluorescentes – tubulares, compactas e circulares – e lâmpadas de Light Emitting Diode (LED) em: http://bit.ly/2NxSI8T http://bit.ly/2NTCwwj Ademais, veja imagens de luminárias técnicas específicas para a iluminação de ambientes de trabalho, disponibilizadas em: http://bit.ly/37ndNIj http://bit.ly/30RtsgD http://bit.ly/2TWJaG5 http://bit.ly/2RMAnnr http://bit.ly/36o0sye Ex pl or Iluminação de Destaque A iluminação geral preenche os espaços com uma quantidade de luz básica, su- ficiente para que os usuários os utilizem com segurança, e a iluminação de trabalho é destinada a atender às necessidades humanas no desempenho de tarefas, respei- tando as recomendações normativas. A construção da atmosfera, ambientação e percepção espacial podem receber contribuições significativasda iluminação, explo- rando experiências e expectativas das pessoas. As diferenças de luminâncias entre objetos, assim como o contraste entre áreas bem iluminadas e escuras, podem criar efeitos de dramaticidade desejada, orientando o olhar para objetos, elementos arqui- tetônicos ou espaços específicos, estabelecendo a hierarquia previamente definida. A iluminação de destaque é a última “camada” a ser observada no desenvolvi- mento do projeto de luminotécnica e tem a incumbência de contribuir na constru- ção da atmosfera pretendida, reforçando essa narrativa. A sua missão principal é, a partir de uma seleção prévia de elementos arquitetônicos ou objetos, criar pontos de atração dentro dos ambientes, atuando no processo do desenho da luz como catalizador para “criar o clima”. Com a iluminação cênica, podem-se criar calabouços, castelos, um pôr- -do-sol, uma praia tropical, entre muitos outros cenários que, sempre que estamos no teatro, percebemos como reais. Isso acontece porque os padrões de claro e escuro e as cores das luzes e dos materiais possuem 15 UNIDADE Grandezas Fotométricas um significado para nós. As associações inconscientes que construímos entre imagens e emoções vão desde as lembranças mais remotas de livros infantis até o que vemos no cinema e na televisão, e incluem também nossas próprias experiências. Em cada novo cenário, procuramos indi- cadores que podem desencadear uma relação; assim que identificamos o que vemos como sendo um lugar específico ou um tipo de local, associa- mos o cenário com nossas memórias e com significados culturais. Esse processo perceptivo não se limita ao teatro, pelo contrário, é assim que normalmente se dá nossa interação com o mundo. Enxergamos através dos “filtros da experiência” e, por isso, temos expectativas que controlam o modo como nos comportamos, bem como aquilo que percebemos. A relação entre iluminação e caráter de um recinto é fundamentalmente subjetiva. As sensações que temos a respeito dos lugares – os juízos de va- lor que fazemos e o quanto estamos conscientes do que nos rodeia – são determinadas pelas experiências que tivemos no passado. Os padrões de luzes e cores são como pistas que indicam as características de um recinto. Isso é possível porque eles acionam relações com locais já explo- rados pelo usuário. Desse modo, é normal que tenhamos a sensação de que um cômodo tem um caráter particular. Por isso, tendemos a expres- sar esses sentimentos em frases que podem tanto ser descrições físicas quanto subjetivas – expressões como “quentinho e aconchegante”, “sem graça”, “estimulante”, “claro e arejado” ou “ameaçador”. (TREGENZA; LOE, 2015, p. 88) A iluminação de destaque promove também a hierarquia com que os objetos – ou elementos da arquitetura – se apresentarão aos usuários, mediante a seleção e classificação, desses elementos, por parte do designer que determina não apenas a ordem de visualização, como as intensidades que serão dispensadas para cada um. A seleção dos elementos que serão destacados deve ser cuidadosa, afinal, muitos elementos destacados com as mesmas intensidades e efeitos de luz similares produ- zem ambientes monótonos e com pouca qualidade estética. A luz tem o poder de condicionar, unificar e diferenciar espaços, podendo também orientar, direcionar e definir foco e hierarquia. Para Howard Brandston (2010, p. 61), podemos aproximar os padrões da iluminação aos da música, pois a iluminação possui harmonia e ritmo que podem ser constantes e repetitivos, rápidos e staccatos. Staccato: termo que, na linguagem musical, significa uma nota destacada de suas vizinhas, e perceptível por uma pausa de articulação, e com certa ênfase.Ex pl or Relacionar os padrões da iluminação com os da música pode auxiliar a entender melhor como a iluminação pode contribuir para uma harmonização desses espaços com uma atmosfera mais adequada ao ser humano. 16 17 Os efeitos da luz sobre a superfície contribuem para a elaboração de ambientes cênicos/dramáticos, pensados para atender a diversas necessidades. Geralmente esses efeitos são obtidos por meio de fontes pontuais de luz, concentradas e que acentuam o contraste entre objetos e o seu entorno, possibilitando a ênfase de su- perfícies e texturas. De maneira geral, para a obtenção de destaque, deve-se utilizar fontes de luz ou luminárias com fachos concentrados que possuem grande intensi- dade luminosa, que podem ser direcionados diretamente ao objeto ou à superfície que se quer destacar. Entender o lugar é essencial para o desenvolvimento de uma arquitetura em sin- tonia com a natureza, de modo que a correta orientação do edifício e a sua relação com a paisagem são necessárias. A iluminação deve ser estruturada de acordo com a sua fonte e com as características das superfícies do ambiente. Uma mudança nas condições de luz significa uma alteração em nossa percepção sobre os espaços. O modo como a iluminação e os espaços interagem define esse ambiente que per- cebemos como habitável e confortável – ou inabitável e desconfortável. Ademais, a definição de conforto tem mudado através do tempo, variando de acordo com a cultura e circunstância. Procure informações adicionais sobre intensidade luminosa – em candelas – de lâmpadas puntiformes e de lâmpadas de LED nestes sites: http://bit.ly/2NxSI8T http://bit.ly/2NTCwwj Ademais, veja imagens de luminárias técnicas específicas para a iluminação de destaque – pontual –, disponibilizadas pelos fabricantes nestes sites: http://bit.ly/37ndNIj http://bit.ly/30RtsgD http://bit.ly/2TWJaG5 http://bit.ly/2RMAnnr http://bit.ly/36o0sye Ex pl or 17 UNIDADE Grandezas Fotométricas Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros NBR ISO/CIE 8995-1 – iluminação de ambiente trabalho ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/CIE 8995-1 – iluminação de ambiente trabalho. Rio de Janeiro, 2013. NBR 5410 – instalações elétricas de baixa tensão ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410 – instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2008. Iluminating Engineering Society, Handbook ILLUMINATING ENGINEERING SOCIETY OF NORTH AMERICA. Iluminating Engineering Society, Handbook. v. 2. New York, 2003. Percepção visual aplicada à arquitetura e à iluminação LIMA, M. R. C. de. Percepção visual aplicada à arquitetura e à iluminação. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2010. Light revealing architecture MILLET, M. Light revealing architecture. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos PALLASMAA, J. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre, RS: Bookman, 2011. Iluminação e arquitetura VIANNA, N. S.; GONÇALVES, J. C. S. Iluminação e arquitetura. 2. ed. São Paulo: Geros Arquitetura, 2004. 18 19 Referências BRANDSTON, H. Aprender a ver. A essência do design da iluminação. Trad. Paulo Sergio Scarazzato. [S.l.]: De Maio Comunicação e Editora, 2010. CYPRIANO, A. Iluminação artificial na percepção da arquitetura. Considerações sobre aspectos quantitativos e qualitativos no processo de projeto. 2013. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. GUERRINI, D. P. Iluminação – teoria e projeto. São Paulo: Erica, 2008. TREGENZA, P.; LOE, D. Projeto de iluminação. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2015. 19