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Alegações Finais em Processo Criminal

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA 
Aluna: Izabela Gonçalves
Matrícula: 20191106733
Campus: Barra da Tijuca 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2º VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE CABO FRIO - RJ
Processo nº xxx 
NORBERTO, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move o Ministério Público
Estadual, por intermédio do seu advogado infra-assinado vem apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
tempestivamente, no prazo legal de 5 dias, com fulcro no art. 403, §3° do CPP, consoante os fatos e
fundamentos de direito aduzidos a seguir:
I – ERRO DE TIPO – FATO ATÍPICO:
Todas as provas produzidas durante a audiência de instrução e julgamento demonstram que
o réu não tinha a intenção de praticar o crime de estupro de vulnerável. Ficou provado, também, que
a vítima se vestia e se comportava como pessoa maior de idade e que estava em estabelecimento
que permite a entrada somente de pessoas maiores de 18 anos. 
Portanto, verifica-se a existência de erro de tipo, nos termos do art. 20, caput do CP. O erro
de tipo exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo quando existe previsão legal. Como
não existe estupro culposo, o fato é atípico.
II – TIPO MISTO ALTERNATIVO – CRIME ÚNICO:
O réu foi acusado de praticar dois crimes de estupro de vulnerável em concurso material (art.
69, do C.P), por ter praticado conjunção carnal e sexo oral, com a vítima.
Contudo, após a lei 12.015/2009 entrar em vigor, o crime de estupro do art. 213 do C.P.
passou a tipificar a conduta de praticar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso como
sendo único crime. O crime de estupro possui tipo misto alternativo, portanto, o réu deve responder
por único crime de estupro de vulnerável!
III – INEXISTÊNCIA DE EMBRIAGUEZ PRÉ-ORDENADA:
O Ministério Público pediu aplicação a agravante genérica do art. 61, inciso II, alínea “L” do
C.P, pela embriaguez pré-ordenada.
Entretanto, as testemunhas de defesa, declararam em audiência que o réu não estava
embriagado e, ainda, a acusação não produziu provas de que o réu se embriagou com a finalidade
de praticar o crime de estupro de vulnerável. Portanto, na hipótese de condenação deve ser afastada,
da segunda fase da dosimetria da pena, a agravante genérica da embriaguez pré-ordenada.
IV – DIREITO A PENA MÍNIMA:
Trata-se de réu primário, de bons antecedentes, que responde a único processo, acusado da
prática de único crime e que possuía 20 anos na data da conduta. E ainda, a prática dos atos sexuais
foram realizados com o consentimento da vítima e o acusado confessou a prática da conduta. 
Assim, todas as circunstancias judiciais do art. 59 do Código Penal são favoráveis ao réu, e
ainda, devem ser aplicadas as atenuantes genéricas do art. 65, incisos I e III, alínea D do Código
Penal, uma vez que o réu era menor de 21 anos na data da conduta e confessou espontaneamente.
Portanto, na hipótese de condenação, o réu tem direito a que seja aplicada a pena mínima de
8 anos.
V – INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2°, §1° DA LEI DE CRIMES HEDIONDOS:
O Ministério Público em suas Alegações Finais pede que o réu seja condenado e que inicie o
cumprimento da pena no regime fechado, na forma do art. 2°, §1° da lei. 8.072/90.
Entretanto, o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1°, do art. 2°, da lei de crimes
hediondos, afirmando que, cabe ao juiz a individualização da pena e a determinação do regime
inicial para o cumprimento da pena, na forma do art. 33, do C.P.
VI – PENA MÍNIMA DE 8 ANOS – REGIME SEMIABERTO:
Conforme exposto acima, na hipótese de condenação, o réu tem direito a pena mínima que é
de 8 anos de reclusão. Por tanto, nos termos do art. 33, § 2°, alínea b, do Código Penal, o réu tem
direito a iniciar o cumprimento da pena no regime semiaberto.
VII – DOS PEDIDOS:
1º O acusado pede que seja julgada improcedente a pretensão punitiva do Estado, absolvendo o
réu por ausência de tipicidade, reconhecendo o erro de tipo, com fundamento no art. 386,
inciso III, do CPP.
2º De forma alternativa, na hipótese de condenação, pede que seja:
A) reconhecida a existência de único crime, afastando, portanto, o concurso material de crimes;
B) afastada da dosimetria da pena a agravante genérica da embriaguez pré-ordenada, por falta
de prova;
C) fixada a pena no mínimo legal de 8 anos;
D) declarada a inconstitucionalidade do §1, do art. 2º da lei 8.072/90;
E) determinado o regime semiaberto para o início do cumprimento da pena nos termos do art.
33, §2, alínea b do CP.
NESTES TERMOS,
PEDE DEFERIMENTO.
Rio de Janeiro, 23 de junho de 2023.
Advogado
OAB

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