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Conceito de Pessoa na Teologia


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TEOLOGIA
LINDUARTE TAVARES DA SILVA NETO
O CONCEITO DE PESSOA
CAMPO GRANDE – MS
2022
UNIVERSIDADE PITAGORAS UNOPAR
TEOLOGIA
RELIGIÃO E AÇÃO COMUNITÁRIA
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO II
TEOLOGIA MEDIEVAL: O CRISTIANISMO E A IGREJA CATÓLICA
ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
LINDUARTE TAVARES DA SILVA NETO
O CONCEITO DE PESSOA
CAMPO GRANDE – MS
2022
1. INTRODUÇÃO
Uma pessoa é um ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso, partindo do princípio que apresenta plena capacidade mental, é responsável pelos seus atos. Alguns sinônimos da palavra pessoa são: personagem, individualidade, cidadão, personalidade, indivíduo ou ser.
O conceito de pessoa aplicar-se-ia, então, no rol das expressões e afirmações universalizadas, que passam para a convergência internacional porque todos as utilizam, de tanto repetidas vão gastando o sentido.
O conceito de pessoa surge, assim, como realidade ontológica, única, fechada, incomunicável, sendo a natureza humana racional singularizada na existência concreta de cada ser. Pessoa que pertencendo a si mesmo, é autônomo e independente.
2. DESENVOLVIMENTO
O cristianismo criou uma nova dimensão do homem até então pouco percebida: a da pessoa humana. Tal noção era tão estranha ao racionalismo clássico, que é praticamente impossível de se achar na filosofia grega as categorias e as palavras para exprimir essa nova realidade. O pensamento helênico não estava em condições de conceber que o infinito e o universal pudessem exprimir-se em uma única pessoa, o fundamento da dignidade humana, pois, não se pode conceber a dignidade humana sem o seu pressuposto lógico-filosófico, qual seja – a concepção de pessoa humana individualmente considerada com valor em si mesma, noção esta, formatada justamente pela genuína doutrina Cristã.
São Tomás de Aquino define pessoa como subsistente indivíduo em alguma natureza racional. Concebe o significado da ideia de pessoa como relação, ou seja, a substancialidade da relação in divinis. Para ele, não haveria outra forma de elucidar o significado das pessoas divinas, senão a de esclarecer as relações entre elas, com o mundo e com os homens.
O Cristianismo afirma a imortalidade da pessoa, que, por ter consciência dos seus atos, é sujeita a punição e pena. Assim, através da ideia de imortalidade, existe lugar à crença no sujeito e na sua identidade, como ser único dotado de corpo e alma e de características que lhe são próprias, que fazem o conjunto da sua personalidade. Porque tem consciência de si e da sua identidade, a pessoa pode reconhecer-se como autor dos seus atos e com capacidade para julgá-los. Ser uma pessoa é ser dotado de consciência e de razão.
De um modo geral, ser uma pessoa está associado à existência de racionalidade, consciência de si, controlo e capacidade para agir, etc.
Pessoa tem um significado de carácter moral e jurídico, ou seja, é aquele que possui direitos e deveres perante a lei e onde todos os homens têm igual valor. Com Kant, a noção de pessoas, é a de se opor à de coisa.
 A pessoa é não só um sujeito de direitos, mas também um objeto de dever. Segundo Kant, a pessoa tem um valor absoluto e existe como fim, em oposição às coisas que têm um valor relativo e que são utilizadas como meios de obtenção de algo.
Nos nossos dias, pessoa passou a designar aquele que desempenha um papel na vida. Um dos sentidos atuais do termo é ser autoconsciente ou racional. Este sentido tem precedentes filosóficos irrepreensíveis. John Locke define uma pessoa como "um ser inteligente e pensante, dotado de razão e reflexão e que pode considerar-se a si mesmo aquilo que é, a mesma coisa pensante, em diferentes momentos e lugares".
A dignidade humana, por excelência é o elemento civilizador e humanizado do Direito. O homem, o ser humano, como a realidade central da sociedade e do Direito, não pode ser objeto de caprichos, de menoscabo ou de violência, antes, deve ser tratado como ser digno como portador que é de direitos inerentes ao seu próprio ser para que possa se desenvolver e se realizar.
Portanto, não se pode esquecer a origem divina da dignidade humana. Só assim se garantirá o respeito devido à mesma (PÉREZ, 1986, p 29). É importante notar que sempre que uma sociedade negou ou relativizou o valor absoluto da dignidade, objetivamente considerada, teorizando equivocadamente sua natureza ou seu fundamento, pagou um preço caro por isto e não resistiu por muito tempo, ou, teve que se reorientar ideológica ou deontologicamente ou, ainda que se mantivesse, fê-lo ao custo da opressão e do sacrifício extremo da dignidade de inocentes.
Consoante leciona o mesmo Péres (1986, p.29), o Estado não poderá intervir no que afeta a liberdade e a dignidade humana nascidos de sua origem divina e que, portanto, antes pertencem a Deus que ao Estado. Os homens esquecem frequentemente este ponto de partida, essencial na ordem jurídica; mas voltam seus olhos a Deus cada vez que um novo absolutismo de direita ou de esquerda suprime liberdades e afronta a dignidade do homem.
Os direitos humanos como conhecemos hoje foram idealizados na década de 40, após a Segunda Guerra Mundial, pela Organização das Nações Unidas. Entretanto, são fruto de uma trajetória mais longa na humanidade em busca de minimizar as diversas injustiças cometidas contra as pessoas.
O mundo havia passado por muitas guerras e genocídios, por conta disso, já havia certa preocupação em assegurar o direito à vida desde o começo da Idade Moderna (após o período medieval).
Um passo importante na luta pelos direitos humanos foi a criação do Habeas Corpus, em 1679, no Reino Unido. A ação jurídica tem o intuito de zelar pela liberdade de locomoção do indivíduo frente a uma situação de abuso de poder.
Em 1776, quando os Estados Unidos tornaram-se independentes, eles emitem uma declaração valorizando a liberdade e o direito à vida de seus cidadãos.
Posteriormente, com a Revolução Francesa (1789-1799) foi criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. É nesse contexto que surge o termo "direitos do homem".
Mas foi após as atrocidades cometidas na Primeira Guerra e posteriormente pelo governo nazista de Hitler na Segunda Guerra que decidiu-se criar uma organização mundial objetivando zelar pela paz e bem comum dos seres humanos. Essa entidade é a Organização das Nações Unidas (ONU).
O Cristianismo passou a mensagem de que a salvação, além de ser individual e depender de uma decisão pessoal, também leva em consideração o valor do outro. Assim, deixou um sentimento de solidariedade que será refletido nas noções de direitos sociais e mínimo existencial. 
Anos depois, o Iluminismo colocou fim a visão religiosa em detrimento da razão humana. Isso trouxe para a concepção de dignidade humana uma visão sobre direitos individuais e a democracia, além de buscar a igualdade entre os homens no âmbito político. 
Em seguida, Kant apresenta o que até hoje se entende como a formulação mais consistente e complexa da natureza do homem e suas relações. O autor afirma que o homem é o fim em si mesmo, sendo assim, dispõe de uma dignidade ontológica e o Direito e o Estado devem se propor ao benefício dos indivíduos. 
Desde o século XX, somou-se à concepção Kantiana a ideia de separação dos poderes e direitos individuais e, a partir do fim da Primeira Guerra Mundial, os direitos sociais. 
Por fim, a Segunda Guerra Mundial é o último momento histórico que agregou a concepção de dignidade da pessoa humana, em razão das barbáries cometidas. Com isso, passou-se a ter a dignidade da pessoa humana como “valor máximo dos ordenamentos jurídicos e princípio orientador da atuação estatal e dos organismos internacionais”.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos pois que o homem foi criado imagem e semelhança de Deus, tanto a filosofia quanto ao evangelho.
 Um fazendo parte do outro vem tentando reconstruir o homem no seu caráter humano e no seu caráter divino resgatando ele para um ser mais justo, mais ético, mais responsável consigo mesmo. Essa restituiçãose dá através de uma alta disciplina do ser pessoal do qual faz parte de uma sociedade, sendo esse ser pensante ao mesmo tempo cheio de ações deve ele pensar qual é o seu dever para uma sociedade mais justa.
 Só se pode dar isso da ,moral espiritual e racional.
4. REFERENCIAS
PÉREZ, Jesus Gonzáles. La Dignidade de la persona y el Derecho. Madrid: Civita, 1986. 
. ALVES, Cleber Francisco. O princípio constitucional da Dignidade da pessoa humana: o enfoque da doutrina social da igreja. Rio de Janeiro: Renovar, Biblioteca de Teses, 2001.
BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. Rio de Janeiro. Forense, 2019.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 33ª ed. São Paulo. Atlas, 2017.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 18ª ed. São Paulo. Saraiva, 2018.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 18ª ed. São Paulo. Saraiva, 2020.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007.
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