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Virologia Veterinária
Curso de Medicina Veterinária
Rhabdoviridae
Rhabdoviridae
Características
• Vírus da família infectam uma grande variedade de espécies, incluindo artrópodes, plantas e 
vertebrados (vírus de vertebrados, existem rabdovírus que infectam mamíferos, aves e peixes).
• Importância clínica, econômica e saúde pública.
• Associada a surtos em animais de produção.
• O vírus da raiva (RabV) e o vírus da estomatite vesicular (VSV ).
• Raiva urbana, silvestre, animais de produção, ciclo aéreo.
• Estomatite vesicular (VS), que afeta os bovinos, suínos e equinos. Em bovinos e suínos, a VS apresenta 
características clínicas muito semelhantes à febre aftosa (FMD).
• Rabdovírus têm sido identificados como patógenos emergentes em humanos - Australian bat lyssavirus
e o vírus Chandipura, um vírus reemergente causador de encefalite em crianças na Índia.
Taxonomia
• Os rabdovírus são classificados em seis gêneros e dois deles contêm apenas vírus de
plantas
Vesiculovirus, Lyssavirus, Ephemerovirus, Cytorhabdovirus, Novirhabdovirus e
Nucleorhabdovirus. Os gêneros Vesiculovirus, Lyssavirus e Ephemerovirus contêm vírus
que infectam vertebrados.
Estrutura
• Apresentam-se sob a forma de projétil ou de cone, enquanto os que infectam plantas são geralmente 
baciliformes.
• Os rabdovírus geralmente contêm cinco proteínas principais:
uma grande RNA-polimerase RNA-dependente (G), uma glicoproteína superficial (GP), uma
nucleoproteína (N), uma proteína componente da polimerase viral (P) e uma proteína da matriz (M).
• A proteína GP forma os peplômeros (espículas) superficiais que interagem com os receptores da
célula hospedeira, facilitando a endocitose do vírion. Além disso, a proteína GP induz anticorpos
vírus-neutralizantes e imunidade mediada por células.
• A replicação ocorre no citoplasma (com exceção dos nucleorrabdovírus). 
• Os nucleocapsídeos recém-sintetizados adquirem envelopes a partir da membrana celular quando os 
vírus brotam da célula. 
Características físico-quimicas
• Os vírions são estáveis na faixa de pH de 5 a 10. 
• São rapidamente inativados pelo aquecimento a 56°C, pelo tratamento com solventes 
lipídicos e pela exposição à luz UV.
Introdução - Raiva
• Raiva - trata-se de uma encefalite aguda, que leva as vitimas ao óbito em
praticamente 100% dos casos, sendo uma das mais antigas doenças conhecidas.
• Ainda nos dias atuais, a raiva representa um serio problema de saúde publica e
produz grandes prejuízos econômicos a pecuária.
Introdução
Epidemiologia
• A distribuição da raiva e mundial.
• Apos mais de 115 anos do desenvolvimento da vacina anti-rábica, por Louis
Pasteur, a raiva persiste em algumas regiões sob a forma epidêmica.
• Razão mais provável: multiplicidade de reservatórios domésticos ou
silvestres da raiva.
Prejuízos econômicos 
• Quando se consideram os prejuízos econômicos causados pela raiva, devem ser
computados, além das mortes dos animais de interesse econômico, os prejuízos
indiretos, como a quebra da produção leiteira e da carne, a depreciação do couro
dos animais, pelos frequentes ataques dos morcegos hematófagos, e o dano
econômico pelas horas perdidas por homem nos tratamentos antirrábicos bem
como o próprio custo dos tratamentos.
Epidemiologia
O vírus da raiva
• Neurotrópico: afinidade pelo Sistema Nervoso
• Vírus RNA, filamento único, envelopado, polaridade negativa 
• Tamanho: 75nm de diâmetro e 100nm a 300nm de comprimento (forma de projétil)
• Ordem: Mononegavirales
• Família: Rhabdoviridae
• Gênero: Lyssavirus
•A raiva e uma doença que acomete mamíferos em geral, e é causada por um vírus RNA da ordem
Mononegavirales, família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus e espécie Rabies vírus (RABV).
•Na família Rhabdoviridae, existe um amplo numero de espécies de vírus que infectam animais
vertebrados (mamíferos, peixes e répteis), invertebrados e plantas, o que demonstra a grande
diversidade desses vírus
O vírus da raiva
O vírus é sensível à luz solar e raios ultravioleta, ao calor, detergentes, halogênios e solventes 
lipídicos.
O vírus é inativado em breves minutos por:
0,2% de compostos de amónio quaternário, 1% de solução de sabão, 5-7%sol. de iodina ou 
40%-70% sol. álcool.
O vírus é inativado por aquecimento a 56ºC/30 min ou por exposição ao éter a 50% ou 
concentrações inferiores de desoxicolato, formalina ou beta-propiolactona durante algumas 
horas.
Conserva-se durante anos a temperaturas inferiores a - 60ºC ou em amostras liofilizadas 
O vírus da raiva
Período de incubação
• Extremamente variável, desde dias até um ano, com média de 45 dias, no homem, e 
de 10 dias a 2 meses, no cão.
• Em crianças, existe tendência para um período de incubação menor que o do
indivíduo adulto. O período de incubação está intrinsecamente ligado a localização e
gravidade da mordedura, arranhadura ou lambedura de animais infectados,
proximidade de troncos nervosos e quantidade de partículas virais inoculadas.
Período de transmissibilidade 
•Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre entre 2 a 5 dias antes do
aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença.
•A morte do animal ocorre, em média, entre 5 a 7 dias após a apresentação dos
sintomas. Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de
transmissão, sabendo-se que varia de espécie para espécie.
•Por exemplo: especificamente os quirópteros podem albergar o vírus
por longo período, sem sintomatologia aparente.
Fontes de infecção
• Mordedura, lambedura ou arranhadura: a mais comum, pelo depósito da saliva
contendo vírus rábico em pele ou mucosa.
• Via respiratória: pela inalação de aerossóis, contendo o vírus da raiva, provavelmente
pela penetração pela mucosa da oro faringe ou das vias aéreas superiores.
• Zoofilia: práticas sexuais com animais pela penetração do vírus pela pele e mucosa da
região genital.
• Inter-humana: na literatura científica há descrição de 2 casos na Etiópia: mãe após
mordedura, em dedo da mão, do filho que faleceu de raiva; e filho que beijou na boca da
sua mãe repetidas vezes, quando esta já estava com raiva.
• Transplante de órgãos: transplante de córnea e outros órgãos (pulmões, rins e fígado).
• Via transplacentária e transmamária: descrita em bovinos e morcegos.
• Ingestão de carne, leite e outros derivados.
• Manipulação de carcaças.
Patogenia
• A patogenia da raiva e semelhante em todas as espécies de mamíferos.
• O vírus se replica no local da inoculação, inicialmente nas células musculares ou
nas células do tecido subepitelial, ate que atinja concentração suficiente para
alcançar as terminações nervosas, sendo este período de replicação extra-neural
responsável pelo período de incubação relativamente longo da raiva.
• Nas junções neuromusculares, o vírus rábico, por meio da glicoproteína, se liga
especificamente ao receptor nicotínico da acetilcolina.
• Após essa fase, os vírus atingem os nervos periféricos, seguindo um trajeto
centrípeto, em direção ao sistema nervoso central (SNC).
• O vírus segue o fluxo axoplasmático retrógrado e o transporte e célula a célula.
• Estima-se que o genoma viral tenha um deslocamento de 25 a 50 mm por dia, ate
chegar ao sistema nervoso central. A distribuição do vírus rábico não é homogênea
no SNC e, por tal razão, a porção de eleição para encaminhamento ao laboratório de
diagnostico varia de espécie para espécie. As regiões mais habitualmente atingidas
são:
o hipocampo, o tronco cerebral e as células de Purkinje, no cerebelo.
Muitas vezes, os sintomas estão associados com a localização anatômica no cérebro
• Nos ruminantes suspeitos de raiva, deve ser feita a colheita de todo o encéfalo ou, de
preferência, de fragmentos do sistema nervoso (córtex, cerebelo e hipocampo ou corno
de Amon) de ambos os hemisférios.
• Nos equídeos, deve-se enviar, também, o bulbo e fragmentos das porções inicial, medial
e terminal da medula espinhal.
• Nos cães, a porção de eleição e o corno de Amonou o hipocampo.
• Ressalta-se que, na coleta de amostras de todas as espécies (domesticas ou silvestres), 
deve ser encaminhada porção da medula. 
Primeiro caso de cura descrito - 2004Primeiro caso de cura no Brasil - 2008
Diagnóstico diferencial 
• Tétano, pasteureloses por mordedura de gato ou cão;
• infecção por vírus B (Herpesvirus simiae) por mordedura de macaco; botulismo;
• febre por mordida de rato (Sodoku);
• febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); quadros
psiquiátricos;
• outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus, tularemia.
• Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arboviroses existentes no meio
brasileiro, principalmente na região amazônica, já relatadas e descritas com quadro de
encefalite compatível com o da raiva.
• Ao exame, considerar para a suspeita clínica o fácies, a hiperacusia, a hiperosnia, a
fotofobia, a aerofobia, a hidrofobia e as alterações de comportamento.
Colheita do material
• A raiva e uma doença que se apresenta de forma variável nas diferentes espécies de
mamíferos, razão pela qual todo animal suspeito deve ter o sistema nervoso central coletado
e enviado, em condições adequadas, ao laboratório de diagnostico, para a confirmação de
uma suspeita clinica.
• O laboratório de diagnostico devera receber amostras em bom estado de conservação,
devidamente identificadas e com ficha de remessa de material suficientemente elucidadora.
O material para diagnóstico laboratorial deverá ser encaminhado da seguinte maneira:
A. Material de animais silvestres: os animais deverão ser encaminhados inteiros, de 
forma a permitir sua perfeita identificação;
B. Material de cães e gatos: devera ser encaminhado com a cabeça inteira ou com o 
sistema nervoso central coletado;
C. Material de bovinos, equídeos e outros: devera ser encaminhado com o sistema 
nervoso central coletado
•E importante, em cães e carnívoros silvestres, a realização do diagnostico 
diferencial da raiva e da cinomose. 
•Entre bovinos, a necessidade do estabelecimento de um sistema de vigilância 
epidemiológica da encefalopatia espongiforme dos bovinos (EEB) possibilita que as 
amostras negativas para raiva, em especial o tronco encefálico, sejam encaminhadas 
para os laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento. 
•A semelhança do que ocorre com a espécie bovina, um diagnostico negativo para 
raiva em equinos que apresentaram sintomas de encefalites, de igual forma, exige o 
direcionamento dessas amostras para o diagnostico diferencial da encefalomielite 
equina tipos leste, oeste e venezuelana e, mais recentemente, para febre do Nilo 
Ocidental. 
Necropsia
Materiais para necropsia
Coleta de material
Diagnóstico laboratorial 
• A confirmação laboratorial em vida, dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo 
método de imunofluorescência direta em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual 
(swab), tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da
região cervical.
• A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a 
possibilidade de infecção. 
• A realização de necropsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica. 
• A técnica de imunofluorescência direta se constitui método rápido, sensível e específico. A
prova se baseia no exame microscópico de impressões de tecido nervoso (cérebro, cerebelo
e medula).
• A prova biológica é uma técnica para isolamento do vírus em camundongo.
• A técnica de tipificação viral serve para a identificação de anticorpos monoclonais e quando
fornece resultados inesperados deve ser realizado o sequenciamento genético.
• A técnica de avaliação sorológica para raiva é utilizada em indivíduos previamente
imunizados e expostos ao risco de contraírem a doença.
• Todos os indivíduos pertencentes aos grupos de risco devem ser avaliados a cada seis meses.
Tratamento 
O paciente deve ser atendido na unidade de saúde mais próxima, sendo evitada sua
remoção. Quando imprescindível, ela deve ser cuidadosamente planejada.
Deve ser mantido em isolamento, em quarto com pouca luminosidade, sem ruídos,
com proibição de visitas e entrada permitida apenas para o pessoal da equipe de
atendimento.
As equipes de enfermagem e de higiene e limpeza devem estar devidamente
capacitadas para lidar com o paciente e o seu ambiente.
Recomenda-se o uso de equipamentos de proteção individual.
Não existe tratamento específico.
Recomenda-se como tratamento de suporte: dieta por sonda nasogástrica; hidratação;
correção de distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos; controle de febre e do vômito; uso
de betabloqueadores na hiperatividade simpática; instalação de PVC e correção da
volemia e tratamento das arritmias.
A imunidade é conferida através da vacinação pré e pós-exposição. Uma vez
manifestados os primeiros sintomas da doença, a evolução é a morte.
Notificação
• Todo caso humano suspeito de raiva deve ser compulsoriamente notificado.
• Obs: ver notificação de epizootias, Portaria SVS/MS n0 5 de 21/02/06,
anexo II, inciso IV, b. 
Definição de caso
Caso suspeito - Todo doente que apresenta quadro clínico sugestivo de encefalite
rábica, com antecedentes ou não de exposição ao vírus rábico.
Caso confirmado - Todo aquele comprovado laboratorialmente e todo indivíduo
com quadro clínico compatível de encefalite rábica associado a antecedentes de
agressão ou contato com animal suspeito, evoluindo para óbito.
Medidas de controle
A prevenção da raiva transmitida em áreas urbanas ou rurais, por animais domésticos,
mediante:
manutenção de altas coberturas vacinais nesses animais,
através de estratégias de rotina e campanhas;
controle de foco e bloqueio vacinal;
captura e eliminação de cães de rua;
envio de amostras para exame laboratorial, para monitoramento da circulação viral.
Ações de educação em saúde e mobilização comunitária. 
A profilaxia da raiva humana é feita com o uso de vacinas e soro, quando os indivíduos são
expostos ao vírus rábico através da mordedura, lambedura de mucosas ou arranhadura
provocada por animais transmissores da raiva.
Referências 
• Apresentação de projeto de pesquisa. Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-
pasteur/pdf/wrd2015/patogeniadaraivaatrajetoriadovirusrumoaosnc-elaineranierofernandes.pdf
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças 
infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. rev. – Brasília : 
Ministério da Saúde, 2005. 320 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) 
• Manual de coleta de raiva. Disponível em: 
http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/zoonoses/publicacoes/Manual_de_Coleta_para_Raiva.pdf

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