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História da Educação desde a Grécia Antiga

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História das ideias educacionais e da educação formal desde a Grécia Antiga. 
Contextualização nos aspectos sócio-econômico-político-culturais. Problemas e 
perspectivas da educação brasileira e paraense na contemporaneidade. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO I 
 
1 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUNDIAL ................................................................ 02 
2 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ........................................................... 13 
3 – A REALIDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ...................................................... 34 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
História da Educação 
“A educação é para a vida social aquilo que a nutrição e a reprodução são para a vida psicológica”. John Dewey P
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Capítulo I 
 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUNDIAL 
 
Educação na Grécia 
 
Na Grécia antiga, dada à supremacia do estado, a educação visava preparar os 
jovens para as relações com a cidade-estado. Cada estado tinha suas características e 
os sistemas educacionais deviam adaptar-se a elas para preparar adequadamente a 
juventude. Daí decorrem as concepções de Platão e de Aristóteles, de uma educação 
uniforme, regulamentada em seus mínimos detalhes pela autoridade estatal e 
compulsória para todos os homens livres. Platão, na República e nas Leis, mostra a 
que extremos pode chegar a educação quando extrapola os aspectos essenciais da 
vida. O cidadão-guarda do estado ideal não tem direito à vida doméstica e aos laços 
familiares. Aristóteles não chega a esse exagero, mas considera a educação familiar 
prejudicial à criança. 
 
O sistema educacional que mais se aproximou dessa concepção foi o adotado por 
Esparta, onde os jovens eram preparados sob a supervisão direta do estado, numa 
espécie de acampamento militar: os rapazes tornavam-se guerreiros, e as moças 
preparavam-se para se tornarem mães de futuros guerreiros. Em Atenas havia leis que 
dispunham sobre a freqüência às escolas dos filhos dos cidadãos livres, e os 
estabelecimentos de ensino eram regulamentados por legislação especial. 
 
Os instrumentos de educação mais em harmonia com a concepção e a cultura 
gregas eram a música e a cultura literária e artística nacionais, para desenvolver o 
espírito de lealdade à pátria; e a ginástica para o corpo. Esta era individual, e só 
indiretamente visava estreitar os laços sociais. À medida que a cultura ateniense 
avançava, os estudos de natureza intelectual assumiam maior importância e a 
educação física entrava em decadência. Essa tendência provocou críticas, segundo as 
quais os jovens efeminavam-se pelo excesso de conforto. Mas uma força 
desintegradora, a que inutilmente se opuseram Platão e Aristóteles, já comprometera o 
sistema educacional: a retórica dos sofistas. 
 
História da Educação 
“A educação é para a vida social aquilo que a nutrição e a reprodução são para a vida psicológica”. John Dewey P
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Na cidade-estado democrática, o orador facilmente se tornava um demagogo, pois 
a oratória abria caminho à ambição pessoal, e induzia os jovens às escolas dos 
sofistas. As relações cada vez mais estreitas entre os estados gregos aproximaram os 
ideais cívicos e trouxeram uma concepção mais cosmopolita da educação. O processo 
completou-se com a perda da independência das cidades-estado, sob domínio 
macedônico. 
 
A universidade de Atenas, por exemplo, foi o resultado de uma fusão das escolas 
filosóficas privadas com a organização estatal para a educação dos rapazes. Existiram 
outros centros de alta cultura, sobretudo em Alexandria, onde o contato do pensamento 
grego com as religiões e filosofias do Egito originaram as filosofias místicas, que 
culminaram no neoplatonismo. Em Atenas, a educação transformou-se numa retórica 
vazia, até que a universidade foi fechada por Justiniano, no ano 529. 
 
Educação em Roma 
 
Quando os romanos conquistaram a Grécia, já encontraram um sistema 
educacional decadente. No início da república, a educação romana era ministrada na 
família e na vida social. O pai tinha poder ilimitado sobre os filhos e era publicamente 
censurado quando fracassava no ensino dos preceitos morais, cívicos e religiosos. 
Ainda não havia escolas, mas o jovem aprendia a reverenciar os deuses, a ler e a 
conhecer as leis do país. 
 
Com a importação da cultura grega, a literatura helênica tornou-se o principal 
instrumento de educação. Surgiram as escolas de gramática, mais tarde 
suplementadas pelas de retórica e filosofia. Estas ofereciam meios de cultura mais 
elevados a quem não podia estudar em Atenas e Alexandria. No império, as escolas de 
retórica foram organizadas pelo sistema estatal. A concepção da cultura retórica é 
mostrada por Quintiliano, no ano 95 da era cristã, em sua Institutio oratoria (Instituição 
oratória), o mais sistemático tratado de educação do mundo antigo. Para ele, o orador 
deveria ser a síntese do homem culto, sábio e honrado. Com o advento da autocracia, 
que logo descambou para a tirania do império, a retórica deixou de representar uma 
preparação para a vida. As condições da sociedade não admitiam mais tal tipo de 
educação. Os costumes se corromperam e renasceu o paganismo. Nessas 
circunstâncias históricas surgiu o cristianismo, que trouxe um renovado sopro de vida. 
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“A educação é para a vida social aquilo que a nutrição e a reprodução são para a vida psicológica”. John Dewey P
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A atitude geral dos cristãos para com a educação tradicional evidenciou-se no 
protesto contra o edito de Juliano que os proibiu de ensinar nas escolas públicas. 
Estabeleceu-se um conflito: enquanto a educação pagã consistia numa ética 
individualista e orgulhosa, a cristã exaltava a humildade como uma das mais elevadas 
virtudes e considerava o orgulho um pecado mortal. Para o cristianismo, o estado 
supremo era o êxtase amoroso da contemplação mística de Deus. A vida monástica 
passou a ser vista como ideal cristão. Tais concepções, seguidas por várias gerações, 
reduziram o valor da cultura clássica, que já na época de são Gregório o Grande, entre 
590 e 604, estava superada como meio de educação. 
 
Durante todos esses séculos, a gradual penetração dos bárbaros no Império 
Romano ajudou a desintegrar a cultura, e muitas escolas públicas desapareceram. 
Embora os bárbaros absorvessem parcialmente a velha cultura, imperou a obscuridade 
intelectual. Logrou-se apenas preservar parte da herança do passado, na obra de 
filósofos como Boécio, Cassiodoro e Isidoro. 
 
Educação na Idade Média 
 
O currículo medieval compreendia, no aspecto secular, as sete artes liberais - o 
trivium (gramática, dialética e retórica) e o quadrivium (geometria, aritmética, música e 
astronomia) e a filosofia; e no dogmático, as doutrinas da igreja e das escrituras. A 
teologia ainda não fora organizada num sistema filosófico, e essa foi a grande obra da 
Idade Média. As artes liberais representavam um legado da velha educação romana, e 
seu escopo era mais amplo do que sugerem seus nomes na modernidade. A gramática 
incluía o estudo do conteúdo e da forma literárias; a dialética restringia-se à lógica 
formal; a retórica compreendia o estudo das leis e dos métodos de composição literária 
em prosa e verso. A geometria correspondia ao que se compreende modernamente por 
geografia, história natural e botânica. 
 
A aritmética consistia apenas em cálculos práticos exigidos pela vida cotidiana. A 
música não passava de um conjunto de regras relativas a canções sacras, teoria do 
som e conexões entre a harmonia e os números. No campo da filosofia, os livros mais 
divulgados foram o De consolatione philosophiae (Sobre a consolação da filosofia) e as 
Categoriae e De interpretatione, de Aristóteles. 
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“A educação é para a vidasocial aquilo que a nutrição e a reprodução são para a vida psicológica”. John Dewey P
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No século XI, após várias guerras e invasões, a Europa teve estabilidade política e 
social. Surgiu nova tradução da Metafísica, de Aristóteles, e no século XIII, versões de 
suas principais obras, diretamente do grego. A filosofia peripatética pôs-se a serviço da 
teologia e propiciou o renascimento escolástico no setor educacional. 
 
As figuras mais representativas desse período foram Abelardo e santo Tomás de 
Aquino. Este, na Summa theologica, sistematizou toda a doutrina da igreja. O interesse 
humano voltou-se sobretudo para os problemas espirituais, e a autoridade eclesiástica 
em matéria de crença tornou-se inquestionável. O conteúdo da educação escolástica 
esteve em harmonia com os interesses intelectuais da época. Sua maior contribuição 
foi promover a fundação de universidades na Europa. A introdução de estudos 
derivados do grego propiciou uma crescente liberdade de ensino. 
 
O esquema de instrução era estruturado de modo que os estudos especiais 
baseavam-se em ampla cultura geral. Das quatro faculdades que compunham a 
universidade, a de artes funcionava como preliminar às de teologia, direito e medicina. 
Os métodos de instrução fundamentavam-se na leitura ou comentário de textos e na 
emulação, pela qual os estudantes se adestravam no uso dos conhecimentos 
absorvidos. Essa evolução do ensino superior foi acompanhada pelo aumento do 
número de escolas elementares. 
 
Além do ensino espiritual, o sistema social da época mantinha um tipo de 
educação própria da classe feudal, que consistia na preparação de pajens e senhores 
na arte da cavalaria. Tal educação não se opunha à religião, pois a cavalaria era 
santificada pelos clérigos. Seu objetivo era tornar os jovens da classe nobre dignos da 
admiração dos servos, justos, sábios e prudentes no trato das coisas do estado. 
 
A unificação dos conhecimentos existentes e a sistematização da teologia 
completaram a obra dos escolásticos. As manifestações do sentimento nacional, no 
entanto, minaram lentamente o sistema feudal. Generalizou-se o desejo por novos 
estilos de vida. A educação européia, ameaçada de se transformar em retórica vazia, 
foi salva pelo renascimento dos estudos clássicos, iniciados ainda nas primeiras 
décadas do século XIV. 
 
 
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Humanismo 
 
Desde o século XI as cidades do norte da Itália apresentavam maior progresso 
material e cultural que o resto da Europa. O espírito clássico, na verdade, nunca 
morrera. A Divina comédia, de Dante, demonstrou que o poeta escolástico era também 
um estudioso dos clássicos latinos. O grande impulso para o retorno aos clássicos foi 
dado por Petrarca e Boccaccio. O movimento, iniciado na Universidade de Florença, 
logo se espalhou a outros países; mas as ricas comunas italianas permaneceram como 
centros de irradiação da cultura. 
 
O serviço mais valioso prestado pelos humanistas peninsulares foi abrir caminho 
para a instauração de uma atmosfera intelectual mais livre. Mas o espírito do 
movimento reside na oposição à autoridade e na afirmação da liberdade individual, que 
se manifestou de várias formas. Na Itália, refletiu-se nas artes e na literatura, em que o 
paganismo substituiu o cunho moral ou religioso. Na Alemanha, surgiu em forma de 
reação contra o sistema doutrinário da igreja, e único meio de abolir os abusos 
eclesiásticos. Nesse sentido, a Reforma protestante de Lutero foi a manifestação do 
movimento renascentista alemão. 
 
A princípio, o interesse pelo estudo da literatura clássica não deixou transparecer 
qualquer antagonismo com a fé católica, e muitos de seus mais calorosos partidários 
professavam o catolicismo. Muitas escolas realizaram versões cristianizadas de 
Quintiliano e Plutarco. Alguns humanistas, como Nicolau de Cusa, Alexander Hegius e 
Jakob Wimpheling, na Alemanha; Erasmo, na Holanda; William Grocyn, Thomas More 
e John Fisher, na Inglaterra, buscaram difundir o estudo clássico junto com o 
ensinamento religioso. 
 
Quando a Reforma religiosa de Lutero dividiu toda a Europa em dois campos 
antagônicos, a maioria das escolas e muitas universidades aceitavam com certa frieza 
os estudos humanistas. Os efeitos imediatos da controvérsia religiosa sobre a 
educação foram desastrosos. Em muitos casos, a secularização da propriedade 
eclesiástica absorveu as dotações das escolas e provocou o desaparecimento de 
muitas delas. As discussões teológicas invadiram a universidade e seguiu-se um 
período de decadência cultural e de dissolução dos costumes. Houve tentativas de 
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restauração, entre elas a iniciada pelo teólogo e educador alemão Philipp Melanchton, 
que fundou e reorganizou numerosas escolas na Alemanha. 
 
Nos países católicos, a igreja reteve o controle da educação. A supressão dos 
abusos eclesiásticos pelo Concílio de Trento e a energia da Companhia de Jesus, 
fundada por Inácio de Loiola, recuperaram para a igreja a maior parte do sul da 
Alemanha. As universidades eram dirigidas por padres, e o escolasticismo, expurgado 
dos exageros, foi restaurado. Os métodos de ensino da Companhia de Jesus e seu 
currículo clássico, elaborado com grande habilidade, ganharam fama. 
 
Renascimento da vida universitária. O final do século XVII presenciou um 
verdadeiro renascimento da vida universitária em Cambridge, sobretudo através da 
obra de Isaac Newton e da crescente atenção dedicada às ciências físicas e às 
matemáticas, ainda que o número de estudantes continuasse bastante reduzido. 
Também na Alemanha inaugurou-se nova era para a educação com a fundação das 
universidades de Halle, em 1694, e de Göttingen, em 1737, nas quais se combateu a 
velha concepção de que a função da universidade era transmitir conhecimentos 
completos, o que proporcionou o advento de uma nova cultura, atraiu numerosos 
estudantes e espalhou sua influência para outras universidades alemãs. 
 
Em Halle iniciou-se um movimento em favor da educação dos filhos dos pobres. 
Campanhas do mesmo estilo foram realizadas na França e na Inglaterra. Os 
resultados, porém, não foram compensadores: as amplas massas do povo 
permaneceram, em toda a Europa, afastadas da cultura. 
 
 
Educação nos séculos XVIII e XIX 
 
Os movimentos intelectuais do século XVIII foram de caráter marcadamente 
aristocrático. Na França, Voltaire e os enciclopedistas defendiam a idéia de que a 
educação devia ser reservada a um grupo restrito. Tais concepções individualistas não 
deixaram de exercer influência sobre as classes cultas. Voltado contra o artificialismo e 
a superficialidade da educação clássica, Jean-Jacques Rousseau conclamou a um 
retorno às coisas da natureza. Suas idéias não representavam uma simples revolta 
transitória contra o convencionalismo reinante, mas a expressão exata de um novo 
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estilo de vida e de uma nova educação, que influenciaram profundamente a Europa. O 
seu Émile representou uma verdadeira declaração de direitos da infância. Entretanto, 
sua insistência na eficácia da natureza, evidenciada na teoria de que o homem nasce 
bom e capaz de encontrar a felicidade, se entregue a seus próprios instintos, mostrou-
se muito unilateral. 
 
Kant insurgiu-se contra tais idéias: para ele, o elemento essencial da educação era 
a coerção, que pela formação dos hábitos preparava o jovem para receber como 
princípios de conduta as leis impostas de fora. Segundo Kant, o supremo guia da vida é 
a lei do dever, que sempre se opõeaos impulsos da inclinação. 
 
A revolução francesa foi a segunda fase do movimento iniciado com a Reforma. 
Reafirmou a preponderância dos direitos naturais, de que derivou o direito que tem 
toda criança de ser adequadamente preparada para a vida. O reconhecimento desse 
direito teve como conseqüência a criação de um sistema nacional de educação, que é 
a característica fundamental da história da educação da maioria dos países no século 
XIX. 
O educador suíço Johann H. Pestalozzi foi o primeiro a defender a generalização 
da instrução, e a Prússia a primeira nação a pôr tais idéias em prática. Na França e no 
Reino Unido, só nas duas últimas décadas do século XIX o estado demonstrou 
interesse pela educação das classes pobres. 
 
O sistema de instrução pública se impôs em quase toda a Europa ocidental e nos 
Estados Unidos, e também estendeu-se às mulheres, que até então se achavam 
excluídas dos programas educacionais. Entre as causas de tais modificações 
destacou-se a convicção de que, com a crescente distribuição do poder político, o 
estado tinha o direito de exigir um mínimo de conhecimento de cada cidadão. 
 
Educação contemporânea 
 
No século XX surgiram vários movimentos, experiências e teorias educacionais 
destinadas a renovar os métodos da escola tradicional. Assim, a herança dos 
conhecimentos pedagógicos do século XIX permitiu que se chegasse no século XX a 
um conceito bem mais pragmático da educação. 
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A nova escola e a escola ativa. A chamada "escola nova" abarcou várias correntes 
pedagógicas. Reagindo contra a organização tradicional do ensino em compartimentos 
estanques, o médico e educador belga Ovide Decroly criou o método globalizador, que 
se concentrava no princípio do interesse da criança. Já o francês Célestin Freinet 
valorizou o ensino baseado em métodos ativos e no trabalho de equipe como meio de 
formação do educando, centralizando as atividades escolares em torno do uso da 
imprensa na escola. 
 
A partir do princípio de que o ensino simultâneo não levava em conta as diversas 
aptidões e tipos de inteligência dos alunos, procurou-se estabelecer a "diferenciação 
pedagógica" em graus e ciclos sucessivos, da qual já se havia cogitado anteriormente. 
Nesse sentido, o psicólogo suíço Edouard Claparède, que deu a seu método a 
denominação de "educação funcional", criou o "sistema de grupos móveis". Desse 
sistema, a pedagogia passou à individualização do aprendizado, no que sobressaiu o 
trabalho da italiana Maria Montessori, baseado no princípio da auto-educação. Na 
América Latina, Lorenzo Luzuriaga, Lourenço Filho e Anísio Teixeira foram os grandes 
pedagogos da escola ativa. 
 
Educação em liberdade. O inglês Alexander S. Neill, em sua escola de Summerhill, 
pôs em prática a educação em liberdade. Aboliu a hierarquia professor-aluno e, 
portanto, a relação de autoridade na experiência pedagógica, encaminhando a criança 
à auto-educação, de acordo com seu ritmo individual de desenvolvimento. 
 
O suíço Jean Piaget destacou-se entre os educadores que preconizaram o 
respeito à liberdade e à individualidade da criança, defendendo um sistema educativo 
menos diretivo, menos autoritário e uniforme. Piaget procurou demonstrar que a 
educação devia ajustar-se às leis e etapas do desenvolvimento psicológico da criança. 
 
Educação socialista. Só no século XX foi elaborada uma doutrina marxista para a 
educação. A maior figura da pedagogia marxista foi o soviético Anton Semenovitch 
Makarenko, que criou as "escolas da comunidade". Outros pensadores de orientação 
marxista, como o francês Louis Althusser, analisaram o papel da escola tradicional que, 
ao inculcar no educando o sistema de valores das classes sociais dominantes, seria 
responsável pela perpetuação das desigualdades sociais. 
 
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Na União Soviética, após a morte de Stalin, em 1953, as mudanças na política 
oficial afetaram diretamente a escola. A idéia central passou a ser o estreitamento dos 
laços entre a escola e a vida, em todos os níveis. Reviveu a idéia da educação 
politécnica, mas no sentido de preparar estudantes secundários para o trabalho 
especializado na indústria e na agricultura. Essa orientação, que vigorou no período do 
governo de Nikita Khrutchev, foi substituída por uma política de universalização da 
educação secundária, com ênfase na criação de escolas secundárias técnicas. No 
entanto, os ganhos quantitativos dessa política não tiveram correspondência na 
melhoria da qualidade de ensino. 
 
Na China, desde a revolução comunista até à morte de Mao Zedong (Mao Tsé-
tung), em 1976, a educação teve como tônica a doutrinação ideológica em todos os 
campos e níveis, que ocupou, por lei, dez por cento do currículo escolar. O novo 
governo deslocou a ênfase para a modernização, principal bandeira do regime pós-
Mao. Todo o esforço educacional passou a ser dirigido no sentido das "quatro 
modernizações" (indústria, agricultura, defesa nacional e ciência e tecnologia). 
 
Educação libertadora. Para o brasileiro Paulo Freire o objetivo da educação 
deveria ser a liberação do oprimido, que lhe daria meios de transformar a realidade 
social a sua volta mediante a "conscientização" (conhecimento crítico do mundo). 
 
No período 1958-1964 no Brasil e depois de 1964 no Chile, Paulo Freire pôs em 
prática, com bons resultados, seu método de alfabetização de adultos. A eficácia e a 
validade do método estribam-se no fato de partir da realidade do alfabetizando, do seu 
universo, do valor pragmático das coisas e fatos de sua vida cotidiana, de suas 
situações existenciais. Obedece às normas metodológicas e lingüísticas, mas vai além 
delas, ao desafiar o homem ou a mulher que se alfabetizam a se apropriarem do 
código escrito com vistas a sua politização. O trabalho de Paulo Freire pode ser visto 
não apenas como um método de alfabetização, mas como um processo de 
conscientização, por levar em conta a natureza política da educação. 
 
Educação em uma sociedade sem escolas. O austríaco Ivan Illich, que passou a 
trabalhar no México a partir de 1962, propôs a desescolarização da sociedade. 
Segundo ele, a maior parte dos conhecimentos úteis se aprendia fora da escola, em 
contato com as realidades familiares, sociopolíticas e culturais. Abolido o "monopólio" 
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dispendioso e irracional do ensino público, deveria ser instalado um sistema educativo 
capaz de assegurar simplesmente a quantos desejassem instruir-se, em qualquer 
assunto, o acesso aos conhecimentos adequados. De "funil" seletivo e autoritário, o 
sistema educacional passaria a ser uma igualitária "rede de intercâmbio" entre espíritos 
curiosos, libertos de toda autoridade docente. Só uma renovação total das instituições 
educativas, segundo Illich, propiciaria a esperada mudança social. 
 
Educação permanente. Em 1965 a UNESCO passou a usar o termo "educação 
permanente" para designar a educação contínua, planejada para cobrir todo o ciclo da 
existência humana. Diferencia-se do conceito tradicional de educação, dado que este 
sempre se compreendeu como processo de integração social e cultural a consumar-se 
durante parte da vida, ou seja, durante o transcurso da infância e da adolescência. A 
educação permanente constitui, portanto, um conceito novo, uma tendência da 
educação contemporânea, e não um ramo especial da educação. Figura ao lado de 
outros que o complementam, oferecendo-lhe meios de realização, como por exemplo, o 
de educação extra-escolar ou paralela. Esta engloba todasas formas assistemáticas 
de educação, como: educação de rua, educação familiar, educação de grupos etc. 
Atinge, assim, a sociedade inteira. 
 
Os jovens podem ampliar sua formação cultural e profissional com programas 
especiais desenvolvidos pelos centros docentes. A formação de adultos pode variar 
desde a necessidade de alfabetização até os cursos de reciclagem profissional. A 
educação permanente de adultos tende a apoiar-se no desenvolvimento de sistemas 
de auto-aprendizagem e nos métodos de treinamento para a formação ou reciclagem 
de profissionais que devem adaptar-se às mudanças de uma sociedade submetida a 
constantes avanços científicos e tecnológicos. 
 
Educação e tecnologia. Todas as correntes citadas abordaram, sob ângulos 
diversos, os problemas gerados pelo desenvolvimento tecnológico no âmbito da 
educação. As novas situações criadas pela sociedade pós-industrial, o avanço contínuo 
da informática e dos meios de comunicação e a complexidade crescente dos novos 
conhecimentos e técnicas acentuaram o conflito entre dois tipos de orientação 
educacional: a educação científica e a humanista. Além disso, a desigualdade 
econômica entre as nações industrializadas e os países subdesenvolvidos constituiu 
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um obstáculo a um planejamento global da educação, que sempre foi reflexo das 
condições socioeconômicas. 
 
Todavia, a educação no século XX procurou assumir um caráter internacional. Em 
1919, surgiu o Bureau International des Écoles Nouvelles (Escritório Internacional das 
Escolas Novas). Expandiram-se os centros de estudos de âmbito internacional; 
sucederam-se os congressos, assembléias e simpósios sobre educação; lançaram-se 
várias publicações especializadas na matéria. 
 
No século XX, entre as organizações internacionais existentes, destacaram-se 
duas: o Bureau International d'Éducation (Escritório Internacional de Educação), em 
Genebra, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(UNESCO), fundada em 1946, voltada para educação, ciências exatas e naturais, 
ciências sociais, atividades culturais, assistência técnica, intercâmbio de pessoas e 
informação. A UNESCO procurou dar ênfase à luta contra o analfabetismo, à educação 
dos adultos, bem como à "educação permanente", já que as mudanças se 
processavam com grande rapidez, exigindo, portanto, uma constante atualização de 
métodos e programas educacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo II 
 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
 
História da Educação Brasileira não é uma História difícil de ser estudada e 
compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. 
 
A primeira grande ruptura travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao 
território do Novo Mundo. Não podemos deixar de reconhecer que os portugueses 
trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as 
populações que por aqui viviam já não possuíam características próprias de se fazer 
educação. E convém ressaltar que a educação que se praticava entre as populações 
indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu. 
 
Num programa de entrevista na televisão o indigenista Orlando Villas Boas 
contou um fato observado por ele numa aldeia Xavante que retrata bem a característica 
educacional entre os índios: Orlando observava uma mulher que fazia alguns potes de 
barro. Assim que a mulher terminava um pote seu filho, que estava ao lado dela, 
pegava o pote pronto e o jogava ao chão quebrando. Imediatamente ela iniciava outro 
e, novamente, assim que estava pronto, seu filho repetia o mesmo ato e o jogava no 
chão. Esta cena se repetiu por sete potes até que Orlando não se conteve e se 
aproximou da mulher Xavante e perguntou por que ela deixava o menino quebrar o 
trabalho que ela havia acabado de terminar. No que a mulher índia respondeu: "- 
Porque ele quer." 
 
 Podemos também obter algumas noções de como era feita a educação entre os 
índios na série Xingu, produzida pela extinta Rede Manchete de Televisão. Neste 
seriado podemos ver crianças indígenas subindo nas estruturas de madeira das 
construções das ocas, numa altura inconcebivelmente alta. 
 
 Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral, os 
costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. 
 
Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma 
nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por 
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“A educação é para a vida social aquilo que a nutrição e a reprodução são para a vida psicológica”. John Dewey P
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Marquês de Pombal. Se existia alguma coisa muito bem estruturada em termos de 
educação o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentou-se as aulas régias o 
subsídio literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo de Napoleão 
na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo. 
 
 Na verdade não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras 
brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova ruptura com a situação 
anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil D. João VI abriu Academias 
Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua 
iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Segundo alguns 
autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma 
complexidade maior. 
 
 A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver 
que enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em 
1538 já existia a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de Lima, a 
nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em São Paulo. 
 
Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se fez 
pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a 
Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova 
guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu uma processo de 
evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo. 
 
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a 
educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do 
mundo, que é a de manter o "status quo" para aqueles que freqüentam os bancos 
escolares. 
 
Concluindo podemos dizer que a Educação Brasileira tem um princípio, meio e 
fim bem demarcado e facilmente observável. 
 
Cada página representa um período da educação brasileira cuja divisão foi 
baseada nos períodos que podem ser considerados como os mais marcantes e os que 
sofreram as rupturas mais concretas na nossa educação. Está dividida em texto e 
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cronologia, sendo que o texto refere-se ao mesmo período da Cronologia. A cronologia 
é baseada na Linha da Vida ou Faixa do Tempo montessoriana. Neste método é feita 
uma relação de fatos históricos em diferentes visões. No nosso caso realçamos fatos 
da História da Educação no Brasil, fatos da própria História do Brasil, que não dizem 
respeito direto à educação, fatos ocorridos na educação mundial e fatos ocorridos na 
História do Mundo como um todo. 
 
Estes períodos foram divididos a partir das concepções do autor em termos de 
importância histórica.Se considerarmos a História como um processo em eterna 
evolução não podemos considerar este trabalho como terminado. 
 
 
PERÍODO JESUÍTICO (1549 · 1759) 
 
 A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola e um pequeno grupo 
de discípulos, na Capela de Montmartre, em Paris, em 1534, com objetivos 
catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na 
Europa. 
 
Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em março de 1549 
juntamente com o primeiro governador geral, Tome de Souza. Comandados pelo 
Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola 
elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, 
contando apenas 21 anos. Irmão Vicente tornou·se o primeiro professor nos moldes 
europeus e durante mais de 50 anos dedicou·se ao ensino e a propagação da fé 
religiosa. 
 
 O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta, 
nascido na Ilha de Tenerife e falecido na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no litoral 
sul do Estado do Espírito Santo, em 1597. Anchieta tornou·se mestre·escola do 
Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente, onde escreveu na areia os 
"Poemas à Virgem Maria" (De beata virgine Dei matre Maria), missionário em 
Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da Companhia de Jesus de 1579 
a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. Além disso foi autor da Arte de gramática 
da língua mais usada na costa do Brasil. 
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No Brasil os jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao trabalho 
educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem 
que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu·se para o sul e 
em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de 
instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de 
Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). 
 
Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por 
Inácio de Loiola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio 
Studiorum. Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso 
elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e 
o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de 
sacerdotes. No curso de Letras estudava·se Gramática Latina, Humanidades e 
Retórica; e no curso de Filosofia estudava·se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e 
Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam 
estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no 
campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, 
a mais procurada na área da medicina. 
 
Com a descoberta os índios ficaram à mercê dos interesses alienígenas: as 
cidades desejavam integrá-los ao processo colonizador; os jesuítas desejavam 
converte-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados 
em usá-los como escravos. Os jesuítas então pensaram em afastar os índios dos 
interesses dos colonizadores e criaram as reduções ou missões, no interior do 
território. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, 
também são orientados ao trabalho agrícola, que garantiam aos jesuítas uma de suas 
fontes de renda. 
 
 As Missões acabaram por transformar os índios nômades em sedentários, o que 
contribuiu decisivamente para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguem, 
às vezes, capturar tribos inteiras nestas Missões. 
 Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante 
duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias 
portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, 
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primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da expulsão os jesuítas 
tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários 
menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia 
casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande 
ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional. 
 
PERÍODO POMBALINO (1760 - 1808) 
 
 Com a expulsão saíram do Brasil 124 jesuítas da Bahia, 53 de Pernambuco, 199 
do Rio de Janeiro e 133 do Pará. Com eles levaram também a organização monolítica 
baseada no Ratio Studiorum. 
 
Pouca coisa restou de prática educativa no Brasil. Continuaram a funcionar o 
Seminário episcospal, no Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que não se 
encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e Edificações Militares, na 
Bahia; e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro. 
 
Os jesuítas foram expulsos das colônias por Sebastião José de Carvalho e Melo, 
o Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777, em função de 
radicais diferenças de objetivos. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o 
proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que 
se encontrava diante de outras potências européias da época. A educação jesuítica 
não convinha aos interesses comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas 
da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou 
em organizar a escola para servir aos interesses do Estado. 
 
Marquês de Pombal 
 
Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as 
escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, Pombal criava as aulas régias 
de Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que só passou a 
funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula régia era autônoma e isolada, 
com professor único e uma não se articulava com as outras. 
 
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Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era 
preciso oferecer uma solução. Para isso instituiu o "subsídio literário" para 
manutenção dos ensinos primário e médio. Criado em 1772 era uma taxação, ou um 
imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Além de 
exíguo, nunca foi cobrado com regularidade e os professores ficavam longos períodos 
sem receber vencimentos a espera de uma solução vinda de Portugal. 
 
Os professores eram geralmente mal preparados para a função, já que eram 
improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de 
bispos e se tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias. 
 
De todo esse período de "trevas" sobressaiu-se a criação, no Rio de Janeiro, de 
um curso de estudos literários e teológicos, em julho de 1776, e do Seminário de 
Olinda, em 1798, por Dom Azeredo Coutinho, governador interino e bispo de 
Pernambuco. O Seminário de Olinda "tinha uma estrutura escolar propriamente dita, 
em que as matérias apresentavam uma seqüência lógica, os cursos tinham uma 
duração determinada e os estudantes eram reunidos em classe e trabalhavam de 
acordo com um plano de ensino previamente estabelecido" (Piletti, 1996: 37). 
 
O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX (anos 
1800...), a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema 
jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo delesfoi organizado 
para dar continuidade a um trabalho de educação. 
 
Esta situação somente sofreu uma mudança com a chegada da família real ao 
Brasil em 1808. 
PERÍODO JOANINO 
 
ANO 
HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA 
HISTÓRIA 
DO 
BRASIL 
1808 · É fundado uma escola de educação, 
onde se ensinavam as línguas 
portuguesa e francesa, Retórica, 
· Chegada da Família Real ao Brasil. 
· Abertura dos portos às nações 
amigas. 
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Aritmética, Desenho e Pintura. 
· É criada a Academia de Marinha, 
no Rio de Janeiro. 
· São criados cursos de cirurgia no 
Rio de Janeiro e na Bahia. 
· É criada uma cadeira de Ciência 
Econômica, na Bahia, da qual seria 
regente José da Silva Lisboa, o futuro 
Visconde de Cairu. 
· Impresso em Londres, por Hipólito da 
Costa, o Correio Braziliense é o 
primeiro jornal em língua portuguesa a 
circular no Brasil. 
· Impresso o primeiro periódico do 
Brasil: Gazeta do Rio de Janeiro. 
1810 · Desfazendo·se de seus próprios 
livros (60.000 volumes), D. João VI 
funda a nossa primeira biblioteca. 
· É criada a Academia Militar. 
 
1812 · São criados cursos de Agricultura na 
Bahia. 
· É criada a escola de serralheiros, 
oficiais de lima e espingardeiros, em 
Minas Gerais. 
· É criado o laboratório de química no 
Rio de Janeiro. 
 
1814 · Franqueada a população a biblioteca 
real torna·se nossa primeira biblioteca 
pública. 
· São criados cursos de agricultura no 
Rio de Janeiro. 
 
1815 · Elevação do Brasil a Reino Unido ao 
de Portugal e Algarves. 
1816 · É criada a Escola Real de 
Ciências, Artes e Ofícios. 
 
1817 · É criado um curso de química na 
Bahia. 
· Tem início a Revolução 
Pernambucana. 
1818 · Surge um curso de desenho com o 
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objetivo de "beneficiar muitos ramos 
da indústria". 
· É criado o Museu Nacional no Rio 
de Janeiro. 
1820 · A Escola Real de Ciências, Artes e 
Ofícios muda para Real Academia 
de Pintura, Escultura e Arquitetura 
Civil e depois para Academia de 
Artes. 
 
 
 
PERÍODO IMPERIAL (1822 - 1888) 
 
 
Para o professor Lauro de Oliveira Lima a vinda da Família Real representou a 
verdadeira "descoberta do Brasil" (Lima, [197_], 103). Ainda segundo o professor 
Lauro, "a 'abertura dos portos', além do significado comercial da expressão, significou a 
permissão dada aos 'brasileiros' (madereiros de pau-brasil) de tomar conhecimento de 
que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura" (Idem) 
 
 Em 1820 o povo português mostra-se descontente com a demora do retorno da 
Família Real e inicia a Revolução Constitucionalista, na cidade do Porto. Isto 
apressa a volta de D. João VI a Portugal em 1821. Em 1822, a 7 de setembro, seu filho 
D. Pedro I declara a Independência do Brasil e, inspirada na Constituição francesa, 
de cunho liberal, em 1824 é outorgada a primeira Constituição brasileira. O Art. 179 
desta Lei Magna dizia que a "instrução primária e gratuita para todos os cidadãos". 
 
 Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores institui-se o Método 
Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um aluno treinado (decurião) ensina um grupo 
de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. 
 
Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas 
primárias), Liceus, Ginásios e Academias. E, em 1827 um projeto de lei propõe a 
criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na 
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seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para 
meninas. 
 
 Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a 
ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso, 
em 1835, surge a primeira escola normal do país em Niterói. Se houve intenção de 
bons resultados não foi o que aconteceu, já que, pelas dimensões do país, a educação 
brasileira se perdeu mais uma vez, obtendo resultados pífios. Em 1880 o Ministro 
Paulino de Souza lamenta o abandono da educação no Brasil, em seu relatório à 
Câmara. Em 1882 Ruy Barbosa sugere a liberdade do ensino, o ensino laico e a 
obrigatoriedade de instrução, obedecendo as normas emanadas pela Maçonaria 
Internacional. 
 
 Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de 
Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo 
pedagógico para o curso secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu 
se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. 
 
Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se fez de 
concreto pela educação brasileira. O Imperador D. Pedro II quando perguntado que 
profissão escolheria não fosse Imperador, respondeu que gostaria de ser "mestre-
escola". Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi feito, em sua 
gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema educacional. 
 
 
PERÍODO DA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889 - 1929) 
 
 A República proclamada adota o modelo político americano baseado no sistema 
presidencialista. Na organização escolar percebe-se influência da filosofia positivista. 
 A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a 
liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes 
princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira. 
 
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 Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de 
alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era 
substituir a predominância literária pela científica. 
 
Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava os 
princípios pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária, já 
que o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando o 
ensino enciclopédico. 
 
 É importante saber que o percentual de analfabetos no ano de 1900, segundo o 
Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística, era de 75%. 
 
O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as matérias e retira a 
biologia, a sociologia e a moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da 
científica. 
 
 A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se 
tornasse formador do cidadão e não como simples promotor a um nível seguinte. 
Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se como 
a possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais, e de freqüência. 
Além disso prega ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de 
assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao ensino superior 
para as faculdades. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para a educação 
brasileira. 
 
 A Reforma de Carlos Maximiliano, em 1915, surge em função de se concluir 
que a Reforma de Rivadávia Correa não poderia continuar. Esta reforma reoficializa o 
ensino no Brasil. 
 
Num período complexo da História do Brasil surge a Reforma João Luiz Alves 
que introduz a cadeira de Moral; e Cívica com a intenção de tentar combater os 
protestos estudantiscontra o governo do presidente Arthur Bernardes. 
 
A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de 
mudança das características políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o 
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Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do 
Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 
1927). 
 
 Além disso, no que se refere à educação, forma realizadas diversas reformas 
de abrangência estadual, como a de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de Anísio 
Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas, 
em 1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (atual Rio de Janeiro), em 
1928 e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928. 
 
 O clima desta década propiciou a tomada do poder por Getúlio Vargas, 
candidato derrotado nas eleições por Julio Prestes, em 1930. 
 
A característica tipicamente agrária do país e as correlações de forças políticas 
vão sofrer mudanças nos anos seguintes o que trará repercussões na organização 
escolar brasileira. A ênfase literária e clássica de nossa educação tem seus dias 
contados. 
 
 
PERÍODO DA SEGUNDA REPÚBLICA (1930 - 1936) 
 
 A década de 1920, marcada pelo confronto de idéias entre correntes 
divergentes, influenciadas pelos movimentos europeus, culminou com a crise 
econômica mundial de 1929. Esta crise repercutiu diretamente sobre as forças 
produtoras rurais que perderam do governo os subsídios que garantiam a produção. A 
Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo capitalista 
de produção. A acumulação de capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil 
pudesse investir no mercado interno e na produção industrial. 
 
A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e 
para tal era preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério 
da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona decretos 
organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes. 
Estes Decretos ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos": 
 
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 - O Decreto 19.850, de 11 de abril, cria o Conselho Nacional de Educação e os 
Conselhos Estaduais de Educação (que só vão começar a funcionar em 1934). 
 
 - O Decreto 19.851, de 11 de abril, institui o Estatuto das Universidades 
Brasileiras que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o 
regime universitário. 
 
 - O Decreto 19.852, de 11 de abril, dispõe sobre a organização da Universidade do 
Rio de Janeiro. 
 
 - O Decreto 19.890, de 18 de abril, dispõe sobre a organização do ensino 
secundário. 
 
 - O Decreto 20.158, de 30 de julho, organiza o ensino comercial, regulamenta a 
profissão de contador e dá outras providências. 
 
 - O Decreto 21.241, de 14 de abril, consolida as disposições sobre o ensino 
secundário. 
 
 Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros 
conceituados educadores da época. 
 
O Governo Provisório foi marcado por uma série de instabilidades, 
principalmente para exigir uma nova Constituição para o país. Em 1932 eclode a 
Revolução Constitucionalista de São Paulo. 
 
 Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira 
vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos 
Poderes Públicos. 
 
 Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada 
a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as normas 
do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. 
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 Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a 
Universidade do Distrito Federal, com uma Faculdade de Educação na qual se situava 
o Instituto de Educação. 
 
 Em função da instabilidade política deste período, Getúlio Vargas, num golpe 
de estado, instala o Estado Novo e proclama uma nova Constituição, também 
conhecida como "Polaca". 
 
PERÍODO DO ESTADO NOVO (1937 - 1945) 
 
 Refletindo tendências fascistas é outorgada uma nova Constituição em 10 de 
novembro de 1937. A orientação político-educacional para o mundo capitalista fica bem 
explícita em seu texto sugerindo a preparação de um maior contingente de mão-de-
obra para as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido a nova 
Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e profissional. 
 
 Por outro lado propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam livres à iniciativa 
individual e à associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do 
Estado o dever da educação. Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino 
primário Também dispõe como obrigatório o ensino de trabalhos manuais em todas as 
escolas normais, primárias e secundárias. 
 
 No contexto político o estabelecimento do Estado Novo, segundo Otaíza 
Romanelli, faz com que as discussões sobre as questões da educação, profundamente 
rica no período anterior, entre "numa espécie de hibernação"(1993: 153). As conquistas 
do movimento renovador, influenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas 
nesta nova Constituição de 1937. Marca uma distinção entre o trabalho intelectual, para 
as classes mais favorecidas, e o trabalho manual, enfatizando o ensino profissional 
para as classes mais desfavorecidas. Ainda assim é criada a União Nacional dos 
Estudantes - UNE e o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP. 
 
 Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são reformados alguns 
ramos do ensino. Estas Reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e 
são compostas pelas seguintes Decretos-lei, durante o Estado Novo: 
 
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 - O Decreto-lei 4.048, de 22 de janeiro, cria o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial - SENAI. 
 
 - O Decreto-lei 4.073, de 30 de janeiro, regulamenta o ensino industrial. 
 
 - O Decreto-lei 4.244, de 9 de abril, regulamenta o ensino secundário. 
 
 - O Decreto-lei 4.481, de 16 de julho, dispõe sobre a obrigatoriedade dos 
estabelecimentos industriais empregarem um total de 8% correspondente ao número 
de operários e matriculá-los nas escolas do SENAI. 
 
 - O Decreto-lei 4.436, de 7 de novembro, amplia o âmbito do SENAI, atingindo 
também o setor de transportes, das comunicações e da pesca. 
 
 - O Decreto-lei 4.984, de 21 de novembro, compele que as empresas oficiais com 
mais de cem empregados a manter, por conta própria, uma escola de aprendizagem 
destinada à formação profissional de seus aprendizes. 
 
 O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de curso primário, 
quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser na modalidade clássico ou 
científico. O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para o 
ensino superior, e passou a preocupar-se mais com a formação geral. Apesar desta 
divisão do ensinosecundário, entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre 
o científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial (Piletti, 1996: 90). 
 
 Ainda no espírito da Reforma Capanema é baixado o Decreto-lei 6.141, de 28 
de dezembro de 1943, regulamentando o ensino comercial (observação: o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC só é criado em 1946, após, portanto 
o Período do Estado Novo). 
 
Em 1944 começa a ser publicada a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 
órgão de divulgação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP. 
 
 
 
História da Educação 
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PERÍODO DA NOVA REPÚBLICA (1946 - 1963) 
 
 O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma nova Constituição 
de cunho liberal e democrático. Esta nova Constituição, na área da Educação, 
determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá competência à União 
para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Além disso a nova 
Constituição fez voltar o preceito de que a educação é direito de todos, inspirada nos 
princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros da Educação 
Nova, nos primeiros anos da década de 30. 
 
 Ainda em 1946 o então Ministro Raul Leitão da Cunha regulamenta o Ensino 
Primário e o Ensino Normal, além de criar o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Comercial - SENAC, atendendo as mudanças exigidas pela sociedade após a 
Revolução de 1930. 
 
 Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de 1946, o Ministro 
Clemente Mariani, cria uma comissão com o objetivo de elaborar um anteprojeto de 
reforma geral da educação nacional. Esta comissão, presidida pelo eminente educador 
Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: uma para o Ensino Primário, 
uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino Superior. Em novembro de 1948 este 
anteprojeto foi encaminhado a Câmara Federal, dando início a uma luta ideológica em 
torno das propostas apresentadas. Num primeiro momento as discussões estavam 
voltadas às interpretações contraditórias das propostas constitucionais. Num momento 
posterior, após a apresentação de um substitutivo do Deputado Carlos Lacerda, as 
discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do Estado 
quanto à educação, inspirados nos educadores da velha geração de 30, e a 
participação das instituições privadas de ensino. 
 
 Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada a Lei 4.024, em 20 
de dezembro de 1961, sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo as 
reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de 
ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da 
educação aos brasileiros. 
 
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 Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação 
Nacional foi o fato marcante, por outro lado muitas iniciativas marcaram este período 
como, talvez, o mais fértil da História da Educação no Brasil: 
 
 - Em 1950, em Salvador, no Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro 
Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua 
idéia de escola-classe e escola-parque. 
 
 - Em 1952, em Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima 
inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean Piaget: o Método 
Psicogenético. 
 
 - Em 1953 a educação passa a ser administrada por um Ministério próprio: o 
Ministério da Educação e Cultura. 
 
 - Em 1961 a Prefeitura Municipal de Natal, no Rio Grande do Norte, inicia uma 
campanha de alfabetização ("De Pé no Chão Também se Aprende a Ler"). A técnica 
didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha-se a alfabetizar em 40 
horas adultos analfabetos. A experiência teve início na cidade de Angicos, no Estado 
do Rio Grande do Norte, e, logo depois, na cidade de Tiriri, no Estado de Pernambuco. 
 
 - Em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, cumprindo o artigo 9o da 
Lei de Diretrizes e Bases. Este substitui o Conselho Nacional de Educação. São 
criados também os Conselhos Estaduais de Educação. 
 
 - Ainda em 1962 é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional 
de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método Paulo 
Freire. 
 
 Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a 
educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram "comunizantes e 
subversivas". 
 
PERÍODO DO REGIME MILITAR (1964 - 1985) 
 
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 Alguma coisa acontecia na educação brasileira. Pensava-se em erradicar 
definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em 
conta as diferenças sociais, econômicas e culturais de cada região. 
 
 A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova 
proposta universitária, com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, 
valendo, para o ingresso na Universidade, o rendimento do aluno durante o curso de 2° 
grau. (ex-Colegial e atual Ensino Médio) 
 
 O período anterior, de 1946 ao princípio do ano de 1964, talvez tenha sido o 
mais fértil da história da educação brasileira. Neste período atuaram educadores que 
deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações. Neste período 
atuaram educadores do porte de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço 
Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de 
Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros. 
 
 Depois do golpe militar de 1964 muito educadores passaram a ser perseguidos 
em função de posicionamentos ideológicos. Muito foram calados para sempre, alguns 
outros se exilaram, outros se recolheram a vida privada e outros, demitidos, trocaram 
de função. 
 
 O Regime Militar espelhou na educação o caráter antidemocrático de sua 
proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades 
foram invadidas; estudantes foram presos, feridos, nos confronto com a polícia, e 
alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes 
proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores; o 
Ministro da Justiça declarou que "estudantes têm que estudar" e "não podem fazer 
baderna". Esta era a p rática do Regime. 
 
 Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. E, para 
acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para mas não 
conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório. 
 Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização - 
MOBRAL. Aproveitando-se, em sua didática, no expurgado Método Paulo Freire, o 
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MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil... Não conseguiu. E entre 
denúncias de corrupção... Foi extinto. 
 
 É no períodomais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular 
contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, 
que é instituída a Lei 5.692/71, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 
1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional 
um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos "slogans" propostos pelo governo, 
como "Brasil grande", "ame-o ou deixe-o", "milagre econômico", etc., planejava-se fazer 
com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da produção 
brasileira. 
 
 A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de vários 
setores da sociedade, que o processo de abertura política tornou-se inevitável. Mesmo 
assim, os militares deixaram o governo através de uma eleição indireta, mesmo que 
concorressem somente dois civis (Paulo Maluf e Tancredo Neves). 
 
PERÍODO DA ABERTURA POLÍTICA (1986 - 2001) 
 
Chamamos de abertura política o período que vai de 1986 a 2001, já que 
consideramos que a ditadura militar deixou significativas marcas na sociedade 
brasileira. A questão da participação popular até os dias de hoje não foi resolvida. 
Resquícios da ditadura ainda estão expressos nas Medidas Provisórias, utilizadas 
constantemente pelo governo federal, e pelas repressões violentas dos órgãos policiais 
às manifestações públicas da sociedade civil. 
Com o fim do Regime Militar, a eleição indireta de Tancredo Neves, seu falecimento e a 
posse de José Sarney, pensou-se que poderíamos novamente discutir questões sobre 
educação de uma forma democrática e aberta. A discussão sobre as questões 
educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter 
político. Para isso contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas 
do conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que 
as questões pertinentes a escola, a sala de aula, a didática e a dinâmica escolar em si 
mesma. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante o 
Regime Militar, profissionais da área de sociologia, filosofia, antropologia, história, 
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psicologia, entre outras, passaram a assumir postos na área da educação e a 
concretizar discursos em nome da educação. 
 
 O Projeto de Lei da nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo 
Deputado Octávio Elisio em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge Hage envia a 
Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um 
novo Projeto que acaba por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos após ao 
encaminhamento do Deputado Octávio Elisio. 
 
 O Governo Collor de Mello, em 1990, lança o projeto de construção de Centros 
Integrados de Apoio à Criança - CIACs, em todo o Brasil, inspirados no modelo dos 
Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, do Rio de Janeiro, existentes desde 
1982. 
 
Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase politicamente 
marcante na educação, foi o trabalho do Ministro Paulo Renato de Souza à frente do 
Ministério da Educação. Logo no início de sua gestão, através de uma Medida 
Provisória extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho Nacional de 
Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o 
Conselho menos burocrático e mais político. Mesmo que possamos não concordar com 
a forma como vêm sendo executados alguns programas, temos que reconhecer que, 
em toda a História da Educação no Brasil, contada a partir do descobrimento, jamais 
houve execução de tantos projetos na área da educação numa só administração. 
 
 Entre esses programas destacamos: 
 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de 
Valorização do Magistério - FUNDEF 
 Programa de Avaliação Institucional - PAIUB 
 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB 
 Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM 
 Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs 
 Exame Nacional de Cursos - ENC 
 Entre outros Programas que vem sendo executados. 
 
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 Desses Programas, o mais contestado, foi o Exame Nacional de Cursos e o seu 
"Provão", onde os alunos das universidades têm que realizar uma prova ao fim do 
curso para receber seus diplomas. Esta prova, em que os alunos podem simplesmente 
assinar a ata de presença e se retirar sem responder nenhuma questão, é levada em 
consideração como avaliação das instituições. Além do mais, entre outras questões, o 
exame não diferencia as regiões do país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo III 
A REALIDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO 
 
Introdução 
 
A palavra educação possui conceitos diversos e diferentes. Para chegarmos aos 
conceitos é importante que partamos da etimologia da palavra. Assim, podemos dizer 
que a palavra “educação” tem origem em termos latinos, tais como os verbos 
“educare” e “educere”. Este último, vem de “ex–ducere”, que significa literalmente, 
conduzir (à força) para fora; o primeiro, vem de “educare” que significa amamentar, 
criar, alimentar, por isso mesmo se aproxima do vocábulo latino “cuore”(coração). Daí, 
a palavra “caridade”: oferecer algo que vem do coração. 
 
É possível, então, chegar a duas expressões práticas da ação de “educar”: de 
um lado, a idéia de conduzir, impondo uma direção, o que a aproxima de “ensino” – 
introjetar a sina, o destino de alguém; de outro lado, a idéia de oferta, dádiva que 
alimenta, possibilitando o crescimento (Ver: FULLAT, 1994). Dessa forma, podemos 
chegar à “pedagogia”. Na Grécia, a “paidagogia (paidós agein) era atividade exercida 
pelo “paidagógos” – aquele que conduz as crianças (O espanhol antigo usava a palavra 
“crianza” para significar a tarefa de educar. Denotava a ação de alimentar, proteger os 
filhos que não podiam alimentar-se ou proteger-se por si mesmos, precisando do 
auxílio de um adulto). Por esse motivo, escrevia VARRÓN: “Educit obstetrix, educat 
nutrix, instituit pedagogus, docet magister” (“A parteira traz à luz, a ama de leite 
alimenta, o pedagogo instrui, o mestre ensina”). 
 
Creio que é possível afirmar que a educação é aquilo que alguém conquistou ao 
fim de um processo em que interagem a prática e a teoria, a teoria e a prática, a ciência 
e a técnica (tekne), o saber e o fazer. É um processo de vida, de construção, de 
experimentação. A rigor, é a passagem do ser para o dever-ser. A educação tem, 
portanto, uma conotação lógica alimentada por uma ação teleológica, num processo 
pleno de intersubjetividade. 
 
A educação escolar, isto é, aquela educação veiculada por uma instituição de 
ensino, é uma “peça chave na montagem jurídica de filiação simbólica que toda 
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sociedade precisa para ser,existir e conviver – uma forma particular de como uma 
sociedade se institucionaliza com o auxílio da escola” (LEGENDRE, 1994, lição III). 
 
Desde que o homem é homem a educação se apresenta como um elemento 
fundamental da construção da comunidade e da subjetividade. A educação se 
operacionaliza na medida em que constrói e reconstrói a cultura, constrói e 
democratiza saberes, inclui atores, rememora a história, mitos e ritos e projeta sinais da 
sociedade futura que ela ajuda a edificar, costurando atos e pactos no tecido social. 
 
Aquele que procura a instituição escolar para nela se matricular, pertence, antes 
de ser um membro da escola, a um corpo social que inclui a família e a comunidade da 
qual se origina e da qual participa. A escola irá somar-se a esses organismos da 
sociedade para auxiliar o educando a construir a sua cidadania, isto é, a sua inserção 
na sociedade de forma madura e consciente. Por isso, a “missão” conferida à escola é 
não só apaixonante, mas, também, política. Apaixonante porque sem a imersão dos 
atores do processo educativo na tarefa de educar e de se educar, mergulhando na 
construção de um projeto de vida, não é possível “fazer” educação. È política, no 
sentido de que ela irá auxiliar na construção da “polis” enquanto “civitas”, a comunidade 
dos “cidadãos”; talvez por isso mesmo, a tarefa de fazer educação apaixona e desafia. 
 
Para Jean-Paul SARTRE (1968), a história é a conquista da liberdade, num 
enredo que envolve amor e ódio, discórdia e concórdia, guerra e paz, vitórias e 
derrotas. A educação, em especial a escolar, tem também produzido uma história de 
amor e de conflitos ao longo da qual a sua ação qualificadora cuja meta seria gerar 
igualdade, produziu posições socialmente diferenciadas, carregadas de elitismo e 
exclusão, como diz FRIGERIO (1973). 
 
A escola que tem sido questionada até quanto à necessidade de sua existência 
tal qual ela se apresenta (ILLICH, 1973), é, também, contraditoriamente, chamada a 
não deixar esmorecer a esperança de dias melhores para a sociedade humana. 
 
A educação, vocacionada a ser o motor por excelência do acesso e do manejo 
da palavra falada (FREIRE, 1974), escrita e lida, não somente prepara cidadãos 
capazes da denúncia de injustiças e do anúncio da Boa Nova, solidária e 
transformadora, como pode e deve ser fonte da palavra que provoca rupturas 
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epistemológicas e conflitos sócio-cognitivos. Nesse sentido, podemos dizer que a 
escola, por meio da educação, deve oferecer a possibilidade de que o “socialmente 
significativo se articule com o subjetivamente significativo” (FIRGERIO, 1999). 
 
Isso faz com que a escola lembre constantemente de levar em consideração a 
experiência e o pensamento do educando, pois ele é um ser- no – mundo, vindo de 
uma comunidade que o gerou e o dotou de uma bagagem cultural que não pode ser 
esquecida pelos agentes educativos da escola no momento de ser trabalhado o 
processo de ensino-aprendizagem. A inter-subjetividade entre educando e educador se 
realiza quando o educador reconhece no educando um ser que não é uma “tábua 
rasa”, uma folha de papel em branco, mas possui uma densidade de conhecimento, a 
partir do qual tem início a educação escolar. Se a escola acredita possuir o monopólio 
do saber, torna-se autoritária e transmissora do saber dominante. Alimentar a 
reciprocidade e a troca está na essência da aprendizagem. 
 
Assim, se a instituição escolar, por meio da educação, realiza a articulação do 
social com o subjetivo, permitindo que um penetre o outro numa combinação dialética 
de dinamismo interno e externo, ela estará correspondendo aos anseios daqueles que 
apostam na sua necessidade e permanência enquanto fermento de uma sociedade 
melhor. 
 
Isso implica em fazer da prática pedagógica uma ação vivida todos os dias, 
conjugando as experiências dos atores que fazem parte do processo de aprendizagem, 
somando saberes e transformando-os em conhecimento (LATERZA, 1971). 
 
Dessa maneira, é possível pensar a instituição escolar e a educação que ela 
socializa, como catalisadoras das transformações sonhadas, das inovações projetadas 
e das tradições que devem ser preservadas, pois educador e educando são partícipes 
da mesma ação, digamos, pedagógica; aquele não é um mero funcionário, e este não 
se reduz a um cliente. 
 
Assim, os projetos que são pensados no interior da instituição escolar como são 
gerados num campo de tensão entre o dado que pretende se manter e o por vir que 
deseja nascer, aparecer, vir à lua. São os projetos construídos nas instituições 
escolares que as definem e anunciam suas imagens, seus símbolos, suas 
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características próprias, mas são também os atores que nelas desempenham papéis 
dos mais diversos níveis no drama do cotidiano que embutem nos projetos sua 
vivência, sua identidade, suas interpretações da realidade. É aí que aqueles que nelas 
militam esculpirão com seus cinzéis os matizes do futuro da instituição, aquiescendo, 
completando, enriquecendo os projetos, ou criando obstáculos à sua efetivação. 
 
Tudo isso faz parte do “jogo” tenso entre o individual e o coletivo, o novo e o 
velho. Mas, é da tensão que nasce o novo. Do encontro da expressão dos 
pensamentos escondidos, às vezes fé forma clara, outras, nem tanto, de cada um, 
nasce a construção do saber que irá dar vida à instituição. 
 
Essa construção coletiva engendra a filiação de cada um e de todos à instituição 
e seus projetos, aos projetos e sua instituição, uma filiação social, simbólica, que faz de 
cada um “socius” dos projetos quando estes se expressam em forma de programas 
concretos, isto é, quando eles deixam de ser letra sobre o papel e tornam-se vida nas 
instituições. 
 
Por isso, a prática pedagógica, digamos interativas, levariam em conta as 
diferenças, as individualidades, às subjetividades que totalizam a comunidade escolar. 
Consideraria, ainda, as tensões que afluem a cada instante no interior da comunidade. 
Mas, também, é fundamental que se reflita de forma clara a identidade e a natureza 
das instituições que a constroem e a concretizam no cotidiano da sua existência 
escolar. Sem se dar conta desses elementos, uma prática pedagógica escolar tende a 
provocar um consentimento interno artificial e uma rejeição subjetiva nem sempre 
manifestada, o que leva os atores a renegarem a ação transformadora em favor do 
ativismo improdutivo e enfadonho. 
 
 
A Educação no Mundo Hoje: O Impacto do Neoliberalismo 
 
Há, aproximadamente cento e cinqüenta anos, Marx e Engels escreveram que a 
lógica do sistema capitalista levaria o próprio sistema, de crise em crise, para o caos. 
Disseram eles: “ a transformação contínua da produção, o abalo incessante de todo o 
sistema social, a insegurança e o movimento permanentes distinguem a época 
burguesa de todas as demais...Tudo o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é 
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sagrado é profanado...Ao invés das necessidades antigas, satisfeitas por produtos do 
próprio país, temos novas demandas supridas por produtos dos países mais distantes, 
de climas os mais diversos. No lugar da tradicional auto-suficiência e do isolamento das 
nações surge uma circulação universal, uma interdependência geral entre os países.. 
As relações de troca e as relações burguesas de produção, as relações burguesas de 
propriedade, a moderna sociedade burguesa, que fez surgir como que por encanto 
possantes meios de produção e de troca, assemelha-se ao feiticeiro que

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