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ATLAS DE FOTOGRAMETRIA FORENSE Curso de Radiologia Forense 2024 Wendell da Luz Silva Mestre em Direito Médico Professor de Radiologia Forense na Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas - EEP HCFMUSP E-mail: wenndell.luz@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7261-3100 Abraão Cruz Lima Técnico em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email:abraaocruzlima3@gmail.com Camila Aparecida Barbosa Barroso Tecnólogo em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: camila.vbb@gmail.com Catia Neuman de Carvalho Doria Técnica em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: carvalhocatia79@gmail.com Cíntia Silva Técnico em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: cintia06silva@gmail.com Gizelle Cristine Viotto Técnica em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: gizelle.viotto@gmail.com Simone Maria Fernandes De Camargo Técnica em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: monec6@gmail.com Marcelo Mota Monteiro Técnico em radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: marmotam@hotmail.com Renato Almeida da Silva Tecnólogo em Radiologia Discente no Curso de Capacitação em Radiologia Forense - Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas EEPHCFMUSP Email: rassar1@hotmail.com 1 https://orcid.org/0000-0002-7261-3100 mailto:abraaocruzlima3@gmail.com mailto:camila.vbb@gmail.com mailto:carvalhocatia79@gmail.com mailto:cintia06silva@gmail.com mailto:gizelle.viotto@gmail.com mailto:monec6@gmail.com mailto:marmotam@hotmail.com mailto:rassar1@hotmail.com Atlas Interativo 3D de Radiologia Forense Objetivo: Criar um atlas interativo em 3D para auxiliar no estudo e análise de imagens radiológicas em contextos forenses. Metodologia: - Utilização de técnicas avançadas de fotogrametria e estereofotogrametria para gerar imagens anatômicas tridimensionais. - Documentação meticulosa e descrição abrangente das imagens. - Foco em evidências forenses. Benefícios: - Amplia o entendimento anatômico. - Aprimora a capacidade de análise em contextos forenses. - Ferramenta educacional e de referência interativa. Autores e Contribuições: - Simone Maria Fernandes De Camargo: Manipulação de material, aquisição de imagens e medição. - Camila Aparecida Barbosa Barroso: Aquisição e análise de imagens, medição e descrição detalhada dos objetos. - Marcelo Mota Monteiro: Medição precisa de estruturas, suporte na aquisição de imagens e documentação. - Renato Almeida da Silva: Medição, pesagem, registro fotográfico, descrição detalhada do material e manipulação dos órgãos. - Gizelle Cristine Viotto: Medição, apoio na estruturação da aquisição de imagens, manipulação, suporte na documentação e manipulação dos objetos utilizados. - Abraão Cruz Lima: Aquisição de imagens, realização das fotografias e contribuição na descrição minuciosa do material. - Cíntia Silva: Medição precisa, pesagem, e descrição detalhada do material. - Catia Neuman de Carvalho Doria: Descrição das imagens. 2 Foto Oficial - Esta foto foi tirada no laboratório de radiologia da Escola de Educação Permanente, em 23 de janeiro, durante a disciplina de "Inovações Metodológicas Periciais", no curso de Radiologia Forense, turma RXF123-23N, da Escola de Educação Permanente do Hospital da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (EEPHCFMUSP). A produção da foto é creditada a Letícia Bueno de Camargo. 3 História da Radiologia Forense O nascimento da Radiologia Forense no mundo acompanha a descoberta dos raios-X pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923) em 1895. Esse marco revolucionário ocorreu quando Roentgen, após realizar experimentos com o tubo de vácuo, fez uma descoberta surpreendente: um papel contendo platino cianeto de bário ficou fluorescente ao ser exposto aos raios provenientes da ampola. Essa revelação inicial sobre os raios-X abriu um vasto campo de possibilidades para a ciência e, em particular, para a área forense (Vale, 2009). Brogdon e Brecher (2011) relatam que o envolvimento da Radiologia Forense com a Justiça teve um episódio em Montreal, no Canadá, três dias antes da comunicação de Roentgen à sociedade científica de Würzburg (Imagem 1). Brogdon e Brecher (2011, p.12) (Imagem 2) relatam: George Holder disparou a sua arma sobre a perna de Tolson Cunning. Várias tentativas foram realizadas para tentar localizar o projéctil, mas resultaram todas em infortúnios. A ferida cicatrizou, mas o senhor Cumning persistiu com a sintomatologia. A pedido do médico da vítima, um professor de Física da Universidade de McGill, James Cox realizou uma radiografia da extremidade ferida. Num anfiteatro de Física todo o material foi disponibilizado, e no final de 45 minutos de exposição a “fotografia” mostrava um projéctil achatado “enclausurado” entre a tíbia e o perónio. Tolson Cumning foi então sujeito a uma intervenção cirúrgica. A descoberta dos raios-X e sua aplicação na Radiologia Forense representaram um avanço significativo na obtenção de informações sobre o corpo humano, especialmente em situações em que lesões internas ou objetos estranhos precisavam ser identificados. A capacidade de visualizar estruturas ocultas, como projéteis, fraturas ósseas e outros vestígios, abriu novas perspectivas na análise forense (Barbosa, 2017). 4 Imagem 1 - Impressão fotográfica da radiografia da mão do professor von Kolliker, apresentada por Röntgen em 23 de janeiro de 1896 (Brogdon, 2011, p.12). No ano seguinte, em 1896, ocorreu nos Estados Unidos um caso criminal emblemático em que o uso dos raios-X se mostrou essencial. Tratava-se de um homicídio cometido com arma de fogo, e o exame radiológico da mandíbula da vítima foi determinante para a solução do crime. Através da radiografia, foi possível identificar a presença do projétil de chumbo na estrutura exposta, revelando de forma inequívoca a autoria do assassinato. Esse acontecimento reforçou a importância da Radiologia Forense como uma ferramenta valiosa na investigação criminal e abriu caminho para seu desenvolvimento e aplicação em outros casos judiciais (Sousa, 2017). 5 Imagem 2 - A perna de Tolson Cunning foi submetida a um exame de raios X para localizar o projétil disparado por George Holder na véspera de Natal de 1895. O exame foi realizado no Laboratório de Física da Universidade McGill, em Montreal, em 7 de fevereiro de 1896. O resultado foi a primeira placa de raio-X a ser admitida em um tribunal na América do Norte (Brogdon, 2011, p.13). Marie Curie e sua filha, Irene Joliot-Curie, também desempenharam um papel importante no avanço da Radiologia. Elas foram pioneiras na implementação de Raios-X móveis em campos de guerra, contribuindo para o diagnóstico e tratamento de lesões em soldados feridos. Essa aplicação dos raios-X em situações de conflito foi crucial para evitar mutilações e permitir intervenções médicas adequadas em um cenário desafiador (Vale, 2009; Brogdon, 1988, p. 5). No entanto, é importante mencionar que o uso dos raios-X e a exposição à radiação também trouxeram consigo riscos e desafios. Inúmeros acidentes e mortes decorrentes de exposições irresponsáveis levaram ao aprofundamento da pesquisa sobre os efeitos da radiação na interação com a matéria. Esses incidentes trágicos foram fundamentais para o avanço do conhecimento sobre os efeitos da radiação e para o estabelecimento de medidasde segurança e proteção radiológica (Loaiza; Daza; Archila, 2013). 6 Imagem 3 - A primeira radiografia de um ser humano foi da mão de Bertha Röntgen, realizada no laboratório em novembro de 1895 (Brogdon, 2011, p.11). É interessante destacar que, no início, os exames radiológicos eram vistos com certo grau de desconfiança e até mesmo como "manifestações do sobrenatural". A novidade é a capacidade de visualizar estruturas ocultas dentro do corpo humano despertaram fascínio e, ao mesmo tempo, receios e interpretações equivocadas (Imagem 3). No entanto, com o passar do tempo e o aprimoramento das técnicas radiológicas, a Radiologia Forense conquistou reconhecimento e confiabilidade como uma disciplina científica fundamental para a investigação criminal e para o sistema de justiça (Oliveira, 2014). O impacto das descobertas no campo da Radiologia Forense despertou interesse em diversos intelectuais, provenientes de diferentes áreas do conhecimento humano. Um desses indivíduos foi o Dr. Fovau D'Courmelles, renomado diretor do American X Ray Journal, que reconheceu o potencial revolucionário dos raios-X. Em suas palavras, ele afirmou: "Saber da existência de uma fratura em uma pessoa queimada ou mutilada, além do reconhecimento possível, nos permite descobrir sua identidade por meio dos Raios-X" Essa afirmação enfatiza a importância dos exames radiológicos na identificação e caracterização de lesões em corpos que sofreram queimaduras ou mutilações, fornecendo informações cruciais para determinar a identidade das vítimas (Vale, 2009). Apesar do potencial evidente da Radiologia Forense, nos Tribunais, muitos magistrados demonstravam um ceticismo coletivo em relação aos exames radiológicos. Essa 7 desconfiança era frequentemente expressa através de argumentos como "É como se nos oferecessem a imagem de um fantasma" Essa postura refletia a resistência inicial de alguns membros do sistema judiciário em aceitar e compreender a novidade representada pelos exames radiológicos. A natureza invisível e não familiar dos raios-X parecia desafiar a compreensão convencional e gerar desconfiança sobre a validade das evidências apresentadas. No entanto, ao longo do tempo, com a acumulação de evidências sólidas e a ampliação do conhecimento sobre a tecnologia radiológica, a Radiologia Forense conquistou gradualmente a confiança e o reconhecimento dos tribunais como uma ferramenta confiável para auxiliar na busca da verdade e na administração da justiça (Brogdon, 1998; Alves et al., 2015). É interessante notar que o ceticismo inicial em relação aos exames radiológicos também pode ser atribuído à falta de familiaridade e ao desconhecimento sobre os princípios fundamentais dos raios-X. A comparação com a imagem de um fantasma ilustra a percepção inicialmente desconcertante e misteriosa dos resultados radiográficos. No entanto, à medida que a comunidade científica e os profissionais da justiça se familiarizaram com os princípios e aplicações da Radiologia Forense, essa percepção foi gradualmente substituída por uma compreensão mais informada e aceitação da utilidade dos exames radiológicos como prova científica sólida (Vale, 2009; Barbosa, 2017). No Brasil, a história dos primeiros pesquisadores a realizar exames de radiologia é envolta em certo grau de incerteza devido à simultaneidade de seus trabalhos. Dessa forma, é extremamente desafiador determinar com precisão quem foi o primeiro cientista a introduzir o método no país. No entanto, existem relatos diversos que mencionam alguns nomes importantes nesse contexto, tais como o Professor Doutor Alfredo Brito, que atuou na Bahia, a Professora Doutora Silvia Ramos, em São Paulo, e o Professor Doutor Francisco Pereira Neves, no Rio de Janeiro (Carvalho, 1965, p. 1-4; Croce Júnior, 2017; França, 2017). Embora a ordem exata dos pioneiros da radiologia brasileira seja incerta, é inegável o papel relevante desempenhado por esses profissionais na introdução e desenvolvimento dessa disciplina no país. O Professor Doutor Alfredo Brito, na Bahia, contribuiu significativamente para o avanço da radiologia, deixando um legado importante em termos de pesquisa e aplicação clínica. Já a Professora Doutora Silvia Ramos, em São Paulo, trouxe contribuições valiosas para o campo, impulsionando o crescimento e a disseminação do conhecimento radiológico. Por sua vez, o Professor Doutor Francisco Pereira Neves, no Rio de Janeiro, desempenhou um papel fundamental na introdução e consolidação da radiologia no cenário acadêmico e profissional (Carvalho, 1965, p. 1-4). É válido ressaltar que esses pesquisadores foram responsáveis por iniciar uma 8 trajetória de estudos e descobertas no campo da radiologia brasileira. Suas contribuições abriram caminho para o desenvolvimento da especialidade, estimulando a formação de profissionais capacitados e a criação de instituições dedicadas à pesquisa e prática radiológica em todo o país. Verifica-se que o primeiro equipamento de radiologia no Brasil foi importado pelo médico Carlos Pereira Pires no final do século XIX. Naquela época, a maior dificuldade residia na falta de energia elétrica e tecnologias médicas para aprimorar a análise e a qualidade dos exames. Nos primórdios da radiologia, no ano de 1897, durante a Guerra de Canudos (novembro de 1896 - outubro de 1897), o médico e professor baiano Alfredo Brito realizou exames radiológicos no campo de batalha, localizando projéteis de arma de fogo em feridos. Nesse período, foram realizadas aproximadamente 98 radiografias e radioscopias (Oliveira, 2014; Aalves et al., 2015; Furtado et al., 2018). É indispensável destacar que a concepção do século XIX em relação à radiologia, embora seja considerada uma ciência na contemporaneidade, naquela época ainda não tinha sua aplicação consolidada nas Ciências Criminais. A evolução da Radiologia Forense no Brasil não apenas acompanhou o desenvolvimento tecnológico e científico da medicina, mas, sobretudo, da Medicina Legal (Croce Júnior, 2017; Furtado et al., 2018). Chama a atenção o primeiro trabalho de medicina legal no país, atribuído a Gonçalves Gomide por Oscar Freire e Flamínio Fávero, datado de 1814. Nessa época, surgiram dois centros científicos no Brasil: na Bahia e no Rio de Janeiro. Na Bahia, foi fundada a escola médico-legal, que contou com importantes estudiosos como Raimundo Nina Rodrigues (1894-1906), Estácio de Lima (catedrático em 1965) e Oscar Freire de Carvalho (professor de 1914 a 1923). Da mesma forma, no Rio de Janeiro, com os ilustres professores Ferreira de Abreu, Afrânio Peixoto e Tenner de Abreu. Assim, o desenvolvimento das Ciências Criminais acompanha o surgimento dos métodos de execução de crimes, o que explica a institucionalização e oficialização das perícias criminais no Brasil (Carvalho, 1965, p. 1-4; Brasil, 1998). Sobretudo no século XX, a radiologia brasileira passou por uma reviravolta com a chegada de médicos e cientistas brasileiros que retornaram da Europa com novas pesquisas, métodos e equipamentos. O ponto alto desse desenvolvimento ocorreu com a descoberta do método de abreugrafia, desenvolvido pelo médico Manuel Dias de Abreu (1849-1962), indicado ao Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina (1946) por detectar vítimas de tuberculose por meio de raios-X de tórax. No final dos anos 40, surgiram as primeiras iniciativas de institucionalização e burocratização da atividade dos profissionais das técnicas radiológicas, a fim de atender às especificações governamentais em relação ao uso das radiações em seres 9 humanos e fornecer ampla formação a esses profissionais. O primeiro curso criado com esse propósito foi em São Paulo, no Hospital das Clínicas, em março de 1951. Durante o curso, o governo promulgou a primeira legislação da área, a Lei nº 1.234/50 (Oliveira, 2014). Somente 55 anos depois, em 29 de outubro de 1985, foi promulgada a Lei 7.394/85, originada do Projeto de Lei nº 317/1975, de autoria do Deputado Gomes de Amaral ecom enormes contribuições do Sr. Jair Pereira, então presidente da Associação dos Técnicos em Radiologia do Estado de Goiás (ATREGO) e vice-presidente da Federação das Associações dos Técnicos em Radiologia do Brasil (FATREB) (Furtado et al., 2018). Conforme a Portaria SVS/MS nº 453, de 1º de junho de 1998, que versa sobre a aprovação do regulamento técnico estabelecendo as Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico, são estabelecidas as diretrizes para o uso de raios-x diagnósticos em todo o território nacional. Em 2019, com a necessidade de aprimoramento das medidas de proteção radiológica, acompanhando a evolução da tecnologia e substituindo a Portaria SVS/MS nº 453, foi formulada a RDC nº 330, emitida pelo Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Diretoria Colegiada. Essa RDC foi posteriormente revogada pela RDC nº 611, em 2022, que estabelece os requisitos sanitários para a organização e funcionamento de serviços de radiologia diagnóstica ou intervencionista, além de regulamentar o controle das exposições médicas, ocupacionais e do público decorrentes do uso de tecnologias radiológicas diagnósticas ou intervencionistas (Santos; Dias; Silva, 2021). Um marco significativo para o avanço das técnicas de radiologia forense foi a experiência adquirida após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. O Departamento de Patologia Radiológica do Instituto de Patologia das Forças Armadas colaborou estreitamente com o Gabinete do Médico Legista das Forças Armadas na investigação forense das vítimas do ataque ao Pentágono. O foco da radiologia forense durante essa investigação esteve voltado para seus objetivos tradicionais, incluindo a identificação de restos mortais humanos e o auxílio na avaliação forense da cena do crime (Levy; Harcker, 2011, p. 1-2). Atualmente, a falta de uma doutrinação específica da Radiologia Legal no Brasil é clara, tanto no ordenamento jurídico quanto nos Conselhos que regulamentam as especialidades médicas e técnicas em radiologia. Essa lacuna dificulta a aplicação prática e teórica dessa disciplina. Portanto, é crucial estabelecer os limites do ensino da Radiologia Legal como base para reflexões sobre suas aplicações jurídicas. 10 OSSOS DO CRÂNIO HUMANO O crânio humano é verdadeiramente uma obra-prima da natureza, uma estrutura complexa que desempenha um papel crucial na proteção e suporte das funções vitais da cabeça. Composto por uma série de ossos cuidadosamente dispostos e interligados, o crânio é muito mais do que apenas uma estrutura óssea; é o guardião do órgão mais essencial do corpo humano: o encéfalo. Essa caixa craniana é composta por 22 ossos que se unem em articulações chamadas suturas. Essa união de ossos não apenas protege o encéfalo, mas também abriga e suporta os órgãos dos sentidos, como os olhos, os ouvidos, o nariz e a boca, ao mesmo tempo que fornece a estrutura básica para o rosto humano. Ao explorar a anatomia do crânio, podemos dividi-lo em duas partes principais, cada uma desempenhando funções distintas e igualmente importantes. A primeira parte é conhecida como neurocrânio, composta por 8 ossos que formam a caixa craniana que envolve e protege o cérebro. Esses ossos incluem o frontal, parietal (bilateral), occipital, temporal (bilateral), esfenoide e etmoide. A segunda parte é o viscerocrânio, formado por 15 ossos que compõem a estrutura da face. Esses ossos incluem a maxila (bilateral), mandíbula, zigomático (bilateral), lacrimal (bilateral), nasal (bilateral), vômer, palatino (bilateral), concha nasal inferior (bilateral) e osso hioide. Imagens - Porção do osso frontal dividido. Vista interna. 11 Imagens - Porção do osso frontal dividido. Vista externa. Porção Osso Frontal: 37 gramas, vista da porção lado direito. Osso Frontal O osso frontal, situado na região frontal do crânio, é mais do que um simples escudo para o cérebro. Ele é uma estrutura complexa e vital que contribui para a nossa aparência, protege o órgão mais importante do corpo e facilita a expressão de emoções. O osso frontal é composto por duas partes: - Escama frontal: A porção maior e lisa que forma a testa, responsável pela nossa aparência frontal. - Parte nasal: Uma região menor que se articula com os ossos nasais e etmoides, formando a ponte do nariz e contribuindo para a estrutura facial. Uma Fortaleza para o Cérebro: O osso frontal atua como uma barreira protetora, resguardando o lobo frontal do cérebro contra traumas e impactos. Essa proteção é fundamental para prevenir danos cerebrais e garantir o bom funcionamento das funções cognitivas, motoras e sensoriais. Tela para Emoções: Os músculos faciais se inserem no osso frontal, permitindo a expressão de emoções como alegria, tristeza, raiva e surpresa. A elevação das sobrancelhas, o franzir da testa e outros movimentos faciais dependem da articulação entre o osso frontal e os músculos da face. 12 Percepção: O osso frontal também contribui para a percepção sensorial. Ele abriga os seios frontais, cavidades revestidas por mucosas que se conectam à cavidade nasal. Os seios frontais auxiliam na produção de muco, umidificando o ar inspirado e protegendo o sistema respiratório. Imagens - Osso temporal. Vista externa. Osso temporal: 30 gramas, vista da porção do lado esquerdo. Imagens - Osso temporal. Vista interna. Osso Temporal 13 O osso temporal, guardião da audição e da articulação mandibular, é um osso do neurocrânio de formato irregular, presente em ambos os lados da cabeça. Mais do que um simples osso, ele é um microcosmo de estruturas complexas e inter-relacionadas, cada uma com sua função vital. Desvendando as Três Partes do Osso Temporal: Parte Petromastoídea: - Processo Estilóide: Ponto de ancoragem para músculos (estilofaríngeo, esternocleidomastóideo, estiloglosso e estilo-hioideo) e ligamentos (estilo-hioideo e estilomandibular). - Forames: Aberturas que permitem a passagem de nervos e vasos sanguíneos, com destaque para o forame mastóideo, onde o seio transverso se conecta à dura-máter. Parte Escamosa: - Arco Zigomático: Articula-se com o osso zigomático e serve como local de inserção do músculo masseter, um dos protagonistas da mastigação. - Face Temporal: Abriga o músculo temporal, outro importante músculo mastigador. - Fossa Mandibular: Ponto de articulação com a mandíbula através do côndilo mandibular, permitindo os movimentos mastigatórios e a fala. Parte Timpânica: - Meato Acústico Externo (MAE): Forma a parede anterior e parte da posterior do MAE, canalizando as ondas sonoras para o ouvido médio. - Sulco Timpânico: Alojamento da membrana timpânica, fundamental para a percepção auditiva. - Fossa Mandibular: Participa da formação da fossa mandibular, articulando-se com a mandíbula. Funcionalidades Essenciais do Osso Temporal: - Proteção: Abriga e protege o ouvido interno e externo, estruturas vitais para a audição e o equilíbrio. - Articulação: Participa da articulação temporomandibular (ATM), permitindo os movimentos da mandíbula e a mastigação. - Audição: Essencial para a captação e condução das ondas sonoras, viabilizando a percepção auditiva. 14 Imagens - Mandíbula. Vista de perfil. Peso: 42 gramas, vista da porção lado direito. Imagens - Mandíbula. Vista anterior. A Mandíbula Embora frequentemente relegada a uma simples ferramenta para mastigar, a mandíbula é, na verdade, uma fascinante obra de engenharia evolutiva. Este osso robusto e 15 móvel desempenha funções essenciais que vão muito além da alimentação, tornando-se indispensável para a fala, a expressão facial e até mesmo a respiração. Arquitetura: A mandíbula é o único osso móvel do crânio, conectada ao restante da estrutura através da articulação temporomandibular (ATM). Seu formato de ferradura abriga os dentes inferiores, distribuindo as forças da mastigação de forma eficiente. Mas não se engane pela aparente simplicidade: a mandíbula possui diversasestruturas importantes: - Corpo mandibular: Forma a base da mandíbula, sustentando os dentes e músculos da mastigação. - Ramo mandibular: Cada lado da mandíbula se bifurca em ramos, que se conectam ao crânio pela ATM. - Côndilo mandibular: Uma estrutura arredondada no topo de cada ramo que se encaixa na cavidade glenoidea do crânio, permitindo o movimento da mandíbula. - Processos coronoides: Projeções ascendentes na parte anterior dos ramos, servindo como pontos de ancoragem para o músculo temporal, essencial para a mastigação. - Forame mentoniano: Abertura na parte anterior da mandíbula por onde passam nervos e vasos sanguíneos. Um Maestro da Expressão: A mandíbula não se limita apenas à mastigação. Graças à sua conexão com músculos faciais, ela desempenha um papel crucial na expressão de emoções como alegria, tristeza, surpresa e raiva. O movimento sutil da mandíbula pode transmitir nuances da comunicação verbal e não verbal, tornando-nos seres expressivos e sociais. Equilíbrio Delicado: A ATM, responsável pela articulação da mandíbula, é uma estrutura complexa e sensível. Disfunções nessa região podem causar dor, dificuldade para mastigar e abrir a boca, além de outros problemas. Dores de cabeça, zumbido no ouvido e alterações na mordida também podem estar relacionados à disfunção da ATM. 16 ENCÉFALO BOVINO O encéfalo dos bovinos, assim como em outros mamíferos, é uma estrutura complexa que desempenha um papel crucial no controle de várias funções vitais do corpo. Em termos de peso e diâmetro, o encéfalo bovino varia dependendo da idade e do tamanho do animal, mas em média, possui algumas características específicas. O peso do encéfalo bovino pode variar consideravelmente de acordo com a idade e o tamanho do animal. Em um bovino adulto de tamanho médio, o peso do encéfalo pode variar cerca de 400 a 600 gramas. No entanto, esse peso pode aumentar significativamente em animais maiores e mais velhos. Quanto ao diâmetro, o encéfalo bovino apresenta dimensões proporcionais ao tamanho do animal. Em geral, o diâmetro médio do encéfalo de um bovino adulto fica em torno de 12 a 15 cm. Novamente, essas dimensões podem variar dependendo da raça, do tamanho e da idade do animal. O encéfalo bovino é composto por várias partes semelhantes ao encéfalo humano, incluindo o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico. O cérebro bovino é dividido em hemisférios cerebrais, embora seja proporcionalmente menor em relação ao tamanho do crânio do que o cérebro humano. O cerebelo, localizado na parte posterior do encéfalo, é responsável pelo controle motor fino e pelo equilíbrio. O tronco encefálico, localizado entre o cérebro e a medula espinhal, desempenha um papel vital no controle de funções autônomas, como respiração, frequência cardíaca e pressão sanguínea. Essas características do encéfalo bovino refletem sua importância na regulação de diversas funções corporais essenciais para a sobrevivência do animal. 17 Imagens - Tronco e bulbo da medula espinhal. Comprimento: 10 cm largura: 5,5 cm peso: 14 gramas. Imagens - Tronco e bulbo da medula espinhal. O mesencéfalo é o segmento mais curto do tronco encefálico, localiza-se entre a ponte e o diencéfalo. Sua maior parte se encontra na face posterior do crânio, seu limite superior que separa do cérebro, é um plano horizontal entre os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo. A ponte no tronco encefálico, está localizada entre o mesencéfalo cranialmente e o bulbo distalmente. Algumas lesões que podem ser identificadas na ponte costumam ser caracterizadas 18 pela oftalmoplegia (lesão do nervo abducente), perda de sensibilidade facial e fraqueza dos músculos da mastigação, fraqueza dos músculos da face, surdez e vertigem. Estes sinais podem se associar a paralisias ou perdas de sensibilidade no tronco e membros por lesão das vias ascendentes e descendentes que transitam pela ponte. O Bulbo é a porção mais inferior do tronco cerebral, tem a forma de um cone e é contínua com a medula espinhal. Não existe uma linha de demarcação exata entre a medula e o bulbo, mas considera-se o limite inferior uma linha imaginária. A medula espinhal é uma porção do sistema nervoso central que se localiza no interior do canal vertebral. As vértebras e ossos que formam a coluna vertebral, também são como uma proteção à medula espinhal, que, ao ser lesionada, pode desencadear vários problemas, como paralisia. A medula espinhal atua em vários processos importantes do nosso corpo, garantindo o transporte de informações até o encéfalo e atuando nos movimentos. Imagens - Hemisfério direito de bovino. Vista anterior. Comprimento: 13 cm largura: 9,5 cm peso: 105 gramas. 19 Imagens - Peças de bovino: Hemisférios direito do encéfalo de bovino e tronco/bulbo da medula espinhal. Imagens - Hemisférios direito do encéfalo de bovino. Comprimento: 13 cm largura: 9,5 cm peso: 105 gramas. 20 Imagens - Tronco/bulbo da medula espinhal seccionado demonstrando a perda da diferenciação córtico-medular entre a substância branca e a cinzenta (“H” da medula). Imagens - Hemisfério encefálico bovino direito seccionado na altura do sulco frontal superior. 21 Rompendo Barreiras: Ao analisar o caso em questão, podemos observar que o cérebro e o bulbo já estão em processo de decomposição, evidenciando a presença de fenômenos destrutivos. Estes fenômenos aceleram a decomposição, e neste caso específico, já é possível observar a ocorrência da autólise. Autólise: A autólise se refere a fenômenos putrefativos anaeróbicos intracelulares, que causam a decomposição enzimática dos tecidos do corpo. Ela se inicia logo após a morte e é acelerada por fatores como temperatura, umidade e presença de bactérias. Consequências da Autólise no Cérebro e Bulbo: No caso do cérebro e do bulbo, a autólise pode levar à: - Destruição das células nervosas e da mielina: Comprometendo a função cerebral e a condução dos impulsos nervosos. - Liquefação do tecido cerebral: Transformando-o em uma massa pastosa. - Liberação de toxinas: Que podem causar danos a outros órgãos e sistemas do corpo. Sinais e Sintomas da Autólise: Os sinais e sintomas da autólise variam de acordo com o tempo decorrido desde a morte, a temperatura ambiente e a causa da morte. Alguns sinais comuns incluem: - Odor fétido: Em decorrência da liberação de gases durante a decomposição. - Mudança na cor da pele: Escurecimento da pele, especialmente em áreas expostas ao ar. - Inchaço do corpo: Acúmulo de gases e líquidos nos tecidos. - Rigidez muscular: Que se instala nas primeiras horas após a morte e diminui gradualmente. Fatores que Aceleram a Autólise: - Temperatura: Temperaturas elevadas aceleram a decomposição. 22 - Umidade: Ambientes úmidos favorecem o crescimento de bactérias e aceleram a decomposição. - Presença de bactérias: As bactérias produzem enzimas que aceleram a decomposição dos tecidos. 23 CORAÇÃO BOVINO O coração é o órgão central que, por contrações rítmicas, bombeia continuamente o sangue através dos vasos sanguíneos. Nos mamíferos, ele consiste em quatro câmaras: átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo esquerdo. A base do coração é formada pela parede dos átrios que é muito fina e visualmente delimitada da parede dos ventrículos por um sulco coronário circundante que contém os principais troncos de vasos coronários envoltos por tecido adiposo. As artérias coronárias são os vasos responsáveis pelo suprimento sanguíneo ao próprio músculo cardíaco (miocárdio). Já o ápice do coração é formado pela parede dos ventrículos, principalmente do ventrículo esquerdo que é bem mais espesso que o direito. O coração apresenta movimentação involuntária, isto é, possui seu próprio gerador de energia embutido em sua musculatura. Embora o sistema de condução elétrica do coração não seja visível a olho nu, ele tem importância fisiológica O coração bovino encontra-se 5/7 do lado esquerdo do plano mediano do tórax, devido aogrande tamanho do pulmão direito. Pesa em 2,5 kg (bovino adulto), sua frequência cardíaca é de 70 bat/min (semelhante ao humano). Apresenta-se em forma de cone irregular, achatado, tem uma altura de 17cm (do sulco coronário ao ápice), possui também uma base voltada dorsocranialmente com largura de 12 cm, ligada aos grandes vasos. A face direita do coração recebe o sangue desoxigenado (venoso) do corpo e o envia ao tronco arterial pulmonar, que o conduz aos pulmões para a reoxigenação. Por sua vez, a face esquerda do coração recebe o sangue oxigenado dos pulmões através das veias pulmonares e o lança na artéria aorta, que o distribui ao corpo todo. Nota-se que todo vaso que chega ao coração é chamado de veia e todo vaso que deixa o coração é chamado de artéria; porém, nem toda veia transporta sangue venoso e nem toda artéria transporta sangue arterial (as exceções aqui estão nos vasos sanguíneos dos pulmões e no feto nos vasos sanguíneos do cordão umbilical). 24 Imagens - Coração bovino. Comprimento: 23 cm. Dimensões: superior 38 cm, médio 33 cm, inferior: 28 cm. Peso: 1,269 kg. Artérias e veias coronárias. Sistema arterial. O componente arterial coronário esquerdo consiste do tronco coronário esquerdo (TCE), artéria descendente anterior (ADA), artéria circunflexa (ACX), ramos diagonais (RD) e ramos marginais (RM). O componente arterial coronário direito consiste da artéria coronária direita (ACD), ramo conal (RC), ramo ventricular direito (RVD), ramo marginal (RM), artéria descendente posterior (ADP) e ramo ventricular posterior (RVP). Sistema venoso. Composto pelo seio coronário (SC), veia cardíaca magna (VCMG), veia cardíaca média (VCM), veia cardíaca parva (VCP), veias posteriores do ventrículo esquerdo (VSVE) e pequenas veias cardíacas (PVC). 25 Imagens - Simulação de facada no coração bovino. 26 Imagens - Simulação de facada no coração bovino. Imagens - Coração de bovino. Demonstrando a lesão pérfuro-cortante com 3 cm. 27 Imagens - Coração de bovino. Medição da lesão perfuro-cortante com 3 cm. Imagens - Lesão pérfuro-cortante produzida no tecido cardíaco bovino. 28 Imagens - Lesão pérfuro-cortante produzida no tecido cardíaco bovino. Lesão pérfuro -cortante características: Orifício de entrada: Um pequeno orifício, muitas vezes circular ou fusiforme, com pouca evidência de sangramento externo, coberto por uma crosta sero-hemática. Essa lesão pode causar danos significativos internos, incluindo perfurações de órgãos, vísceras e hemorragias. Essas consequências são influenciadas pela elasticidade e contratilidade da pele, em conformidade com as Leis de Filhos de Langer. Características de Agentes Perfurantes: Trajetória: - Geralmente retilínea; - Predomina o comprimento sobre o diâmetro; - Pode terminar em fundo cego (lesão penetrante); - Em casos transfixantes, o orifício de saída pode ser semelhante ao de entrada. Lei de Filhos e Langer A Lei de Filhos e Langer, também conhecida como Lei das Linhas de Tensão da Pele, é um conceito fundamental na medicina legal e na dermatologia. Ela explica como as feridas punctórias, ou seja, aquelas causadas por objetos pontiagudos, assumem formas específicas devido à ação das linhas de tração da pele. 29 As Linhas de Tração da Pele: A pele humana é composta por fibras elásticas que se organizam em diferentes direções, criando linhas de tração. Essas linhas são mais visíveis em áreas como o abdômen, as coxas e os braços. A Influência das Linhas de Tração nas Feridas Punctórias: Quando uma ferida punctória é causada por um objeto pontiagudo, a pele se retrai em torno da lesão. Essa retração é influenciada pelas linhas de tração da pele, que tendem a puxar a ferida em direções específicas. Formas Fascinantes das Feridas Punctórias: - Forma de "botoeira": É a forma mais comum de ferida punctória, especialmente em áreas com pouca elasticidade da pele. A retração da pele em torno da lesão cria uma borda circular e um centro deprimido, semelhante a um botão. - Forma de ponta de seta: Essa forma ocorre quando a ferida punctória é causada por um objeto que penetra na pele em um ângulo. A retração da pele puxa a ferida em direção à linha de tração mais próxima, criando uma forma semelhante a uma ponta de seta. - Formas bizarras: Em alguns casos, a confluência de diferentes linhas de tração pode resultar em formas bizarras e irregulares de feridas punctórias. Importância da Lei de Filhos e Langer: A Lei de Filhos e Langer é uma ferramenta importante para: - Determinar a direção do agente causador da lesão: A forma da ferida punctória pode fornecer pistas sobre a direção em que o objeto pontiagudo penetrou na pele. - Diferenciar feridas autoinfligidas de feridas causadas por outras pessoas: As feridas autoinfligidas geralmente são lineares e seguem as linhas de tração da pele, enquanto as feridas causadas por outras pessoas podem ter formas mais irregulares. - Avaliar a gravidade da lesão: A forma da ferida punctória pode indicar a profundidade da penetração do objeto e a extensão do dano aos tecidos subjacentes. 30 Lesão em Acordeão: Desvendando o Sinal de Lacassagne O que é Lesão em Acordeão? A lesão em acordeão, também conhecida como sinal de Lacassagne, é um tipo específico de lesão que pode ser causada por objetos perfuro-cortantes, como facas ou estiletes. Essa lesão se caracteriza por apresentar pregas na pele ao redor da ferida, semelhantes às dobras de um acordeão. Como a Lesão em Acordeão se Forma? Quando um objeto perfurocortante penetra na pele, ele comprime os tecidos à sua frente. Essa compressão faz com que a pele se estique e se dobre, criando as pregas características da lesão em acordeão. Fatores que Influenciam a Formação da Lesão em Acordeão: - Profundidade da penetração: A profundidade com que o objeto penetra na pele é um fator determinante na formação da lesão em acordeão. Quanto mais profunda a penetração, mais pregas serão formadas. - Elasticidade da pele: A elasticidade da pele também influencia na formação da lesão em acordeão. Em áreas com pele mais elástica, as pregas serão mais pronunciadas. - Ângulo de penetração: O ângulo em que o objeto penetra na pele também pode influenciar na formação da lesão em acordeão. Ângulos oblíquos tendem a produzir mais pregas do que ângulos perpendiculares. Importância da Lesão em Acordeão: A lesão em acordeão pode ser um indicador importante na investigação de crimes. A presença dessa lesão pode ajudar a determinar: - O tipo de arma utilizada: A forma e o tamanho das pregas podem fornecer pistas sobre o tipo de arma que causou a lesão. - A direção da penetração: A orientação das pregas pode indicar a direção em que a arma foi utilizada. - A força utilizada: A quantidade de pregas pode indicar a força utilizada para causar a lesão. Limitações da Lesão em Acordeão: É importante ressaltar que a lesão em acordeão não é um indicador infalível. 31 - Comprimento da arma: Não é possível determinar o comprimento da arma apenas pelo comprimento da lesão. Em alguns casos, a profundidade da penetração pode ser maior que o próprio comprimento da arma. - Depressibilidade dos tecidos: A formação da lesão em acordeão pode ser influenciada pela presença de depressões nos tecidos, como dobras ou cicatrizes. 32 Imagens - Faca de cozinha para corte. Imagens - Faca de cozinha para corte. Comprimento: 28 cm largura: 3 cm. 33 ESCORPIÃO O exoesqueleto dos escorpiões é uma estrutura essencial para a sua sobrevivência e adaptação aos diferentes ambientes em que habitam. Composto principalmente por quitina, uma substância resistente, o exoesqueleto fornece proteção, suporte e mobilidade a esses artrópodes. O peso e o diâmetro do exoesqueleto variam conforme a espécie e o tamanho do escorpião. Em média, o peso do exoesqueleto pode representar uma porção significativa do peso corporal total do animal, variando de algumas gramas a cerca de 20% do peso total em espécies maiores. Quanto ao diâmetro,ele é geralmente consistente ao longo do corpo do escorpião, adaptando-se ao seu formato alongado e segmentado. Cada parte do exoesqueleto tem uma função específica para garantir a sobrevivência e a eficácia do escorpião em seu ambiente. O tegumento, ou camada externa, protege contra danos físicos, desidratação e infecções, além de servir como uma barreira contra predadores e agentes ambientais adversos. Os segmentos articulados do exoesqueleto permitem a flexibilidade e a movimentação do corpo, sendo essenciais para a locomoção e a manipulação de objetos. Na extremidade do abdômen, encontra-se o telson, uma estrutura em forma de agulha que abriga o ferrão venenoso dos escorpiões, usado para injetar veneno em presas ou em situações de defesa contra predadores. As articulações entre os segmentos garantem movimentos suaves e coordenados, proporcionando agilidade e destreza durante a caça e a locomoção. Algumas regiões do exoesqueleto apresentam placas espinhais proeminentes, que oferecem proteção adicional contra ataques de predadores e são utilizadas na defesa ativa em situações de perigo. 34 Imagens - Escorpião (Scorpiones). Imagens - Escorpião (Scorpiones). Imagens - Escorpião (Scorpiones). 35 FETO HUMANO Durante a gestação, o feto e a placenta são estruturas fundamentais para o desenvolvimento saudável do bebê. Ao longo das semanas, essas estruturas passam por mudanças significativas em termos de peso, diâmetro e desenvolvimento. No início da gestação, o feto é pequeno e suas estruturas ainda estão em estágio inicial de formação. A placenta, por sua vez, começa a se desenvolver a partir do tecido embrionário e é responsável por fornecer oxigênio e nutrientes ao feto, além de eliminar resíduos metabólicos. Conforme a gestação avança, o feto cresce e suas estruturas se tornam mais complexas. Por volta da 16ª semana de gestação, o feto já possui muitas de suas estruturas bem desenvolvidas. Os órgãos internos, como o coração, pulmões, rins e intestinos, estão em funcionamento e continuam a se desenvolver. Os membros, dedos e unhas já estão formados, e os movimentos do feto podem ser percebidos pela mãe. Nesse estágio, o peso do feto varia de acordo com fatores como genética, saúde materna e nutrição. Em média, um feto de 16 semanas pode pesar cerca de 100 a 150 gramas e ter um comprimento de aproximadamente 11 a 14 centímetros. O diâmetro do feto também aumenta gradualmente à medida que ele cresce e se desenvolve. Quanto à placenta, ela continua a crescer e se desenvolver para garantir o suprimento adequado de nutrientes e oxigênio ao feto. Sua função é vital para o bem-estar do bebê durante toda a gestação. É importante destacar que as variações no peso, diâmetro e desenvolvimento das estruturas do feto e da placenta ao longo da gestação são normais e esperadas. Cada fase da gestação é marcada por mudanças significativas que refletem o progresso do desenvolvimento fetal e a preparação para a vida fora do útero materno. 36 Imagens - Feto de 16ª semanas. Imagens - Feto de 16ª semanas. Imagens - Feto de 16ª semanas. 37 Imagens - Placenta de 16ª semanas. Desenvolvimento Semanal do Bebê 4ª a 8ª Semana: - Formação do Tubo Neural: Estrutura crucial para o desenvolvimento do cérebro e da medula espinhal. - Desenvolvimento dos Órgãos: Coração, vasos sanguíneos, olhos, nariz, boca, braços, pernas, dedos das mãos e dos pés começam a se formar. - Diferenciação Celular: Camadas de células se especializam para formar os diferentes órgãos e sistemas do corpo. 8ª a 12ª Semana: - Formação dos Órgãos Internos: Coração se divide em quatro câmaras, rins se formam e começam a funcionar, sistema digestivo se desenvolve. - Desenvolvimento dos Ossos: Ossificação dos ossos inicia. - Movimentos Fetais: Movimentos rudimentares começam a ser realizados. - Diferenciação Sexual: Órgãos genitais externos se desenvolvem e o sexo do bebê pode ser identificado. 12ª a 16ª Semana: 38 - Desenvolvimento dos Sentidos: Visão e audição começam a se desenvolver. - Movimentos Fetais Mais Frequentes: O feto se move livremente no útero. - Formação da Placenta: Órgão vital para a troca de nutrientes e oxigênio entre a mãe e o bebê. - Crescimento Acelerado: O feto cresce rapidamente e suas características se definem. 39 EQUIPAMENTOS Item - Balança de Precisão Digital – Marca: Bridge Magazine Modelo: BM-400 – Capacidade: 10KG Item - Celular Motorola One Action – Resolução: 2520x1080 pixel - Câmera: 12 megapixels 40 Item - Celular Infinix Hot 11 – Resolução 1640x720 pixel – Câmera – 50 megapixels Item - Câmera Nikon D3100 DSLR Com Lente Zoom Nikkor Com Foco Automático 18-55 mm F / 3.5-5.6 – Resolução máxima: 14,8 megapixels 41 Item - Ring Light 8 Polegadas de Mesa com Suporte de Celular. Dimensões do equipamento: 26 x 26 x 16 cm; 700 g. Peso: 700 g. Referências bibliográficas do curso ALVES, Gabrielli Mariana; FARJE, Luís Alberto Domingo Francia. Radiologia Forense. Faculdade de Tecnologia de Botucatu (FATEC), Botucatu, Brasil. E-mails: gabriellimarialves@gmail.com; luis.farje@fatec.sp.gov.br. Apresentado na Décima Jornada Científica de Tecnologia da FATEC Botucatu, 2021. AMARAL, J. B., TREMORI, T. M., SILVA, W. L., & REIS, H. M. G. Perícias legal e forense no laboratório veterinário: Revisão. Pubvet, 17(7), e1420, 2023. DOI: 10.31533/pubvet.v17n7e1420 ARCHILA, G. A.; DAZA, A. F. O.; LOAIZA, G. A. M. Applications of conventional radiology in the medical forensic field. Rev. Colomb. Radiol., v. 24, n. 4, 2013. BARBOSA, J. S. et al. Radiologia Forense. Rev. Conexão Eletrônica, Três Lagoas, v. 14, n. 1, 2017. BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF, 2015. BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, DF, 1941. BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF, 1940. BRASIL. Lei nº 7.394, de 29 de outubro de 1985. Regula o Exercício da Profissão de Técnico em Radiologia. Brasília, DF, 1985. BRASIL. Lei n. 12.030, de 17 de setembro de 2009. Dispõe sobre as perícias oficiais e dá outras providências. Brasília, DF, 2009. BRASIL. Lei n. 10.268, de 28 de agosto de 2001. Altera dispositivos do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal. Brasília, DF, 2001. 42 https://doi.org/10.31533/pubvet.v17n7e1420 BRASIL. Lei n. 11.690, de 9 de junho de 2008. Altera dispositivo do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativo à prova, e dá outras providências. Brasília, DF, 2008. BRASIL. Resolução RDC nº 611. Estabelece os requisitos sanitários para a organização e o funcionamento de serviços de radiologia diagnóstica ou intervencionista e regulamenta o controle das exposições médicas, ocupacionais e do público decorrentes do uso de tecnologias radiológicas diagnósticas ou intervencionistas. Brasília, DF, 2022. BRASIL. Projeto - Lei. (Deputado Eduardo Gomes). Regulamenta o exercício da atividade, define a atribuição do Perito Judicial e do assistente técnico e dá outras providências. Brasília, DF, 2007. BROGDON, B. G. et al. Forensic Radiology. 1ª ed. Florida, USA: CRC Press LLC, 1998. BROGDON, G. Forensic radiology. 2. ed. Boca Raton: CRC Press, 2011. CAMPOS, Roberto Augusto de Carvalho; OLIVEIRA, Luiz Rogério Monteiro de. Os laudos periciais nas ações judiciais por alegado erro médico: uma análise crítica. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 105, p. 319-354, jan./dez. 2010. CARVALHO, H. V. et al. Lições de Medicina Legal. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1965. 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