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AULA 03 GEOGRAFIA E POLÍTICA


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GEOGRAFIA POLÍTICA E 
GEOPOLÍTICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Emílio Sarde Neto 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, abordaremos as práticas estatais e sociais na produção dos 
territórios, a Guerra Fria e suas consequências, o Estado enquanto estrutura de 
poder e seu papel na Nova Ordem Mundial. Ainda trabalharemos as disputas 
territoriais e a formação das fronteiras, a Globalização, as ações multilaterais, a 
centralização do poder e as contradições da atualidade. 
TEMA 1 – PRÁTICAS ESTATAIS E SOCIAIS NA PRODUÇÃO DOS TERRITÓRIOS 
As dinâmicas que produzem a apropriação dos territórios pelos vários 
povos estão nas maneiras como se apoderam dos recursos energéticos e 
naturais. As grandes potências tornaram-se grandes potências em consequência 
da apropriação dos recursos localizados em determinadas áreas. 
Historicamente, as primeiras civilizações em suas gêneses, ainda na 
época em que a dinâmica era tribal de comunismo primitivo, era necessário 
territórios de caça para garantir fontes de proteínas, o rio para a irrigação das 
grandes plantações comunitárias e para a pesca. Esse domínio territorial 
proporciona condições para o desenvolvimento comunitário e o crescimento 
populacional, consequentemente criando a necessidade da expansão territorial. 
A expansão das fronteiras territoriais mais cedo ou mais tarde se chocarão com 
outras fronteiras de outros povos que também buscam a ampliação das suas 
áreas de subsistências. 
Nessa perspectiva, as grandes potências, desde os períodos das 
comunidades ditas primitivas à modernidade contemporânea, necessariamente 
passaram por processos históricos repletos de relações de poder que envolvem 
os territórios e suas populações. Seguindo essa dinâmica, surge a necessidade 
de conquista de mais territórios e recursos naturais, aparecem novas 
tecnologias, as fronteiras se encontram e, em consequência, há guerras de 
expansão, bem como o domínio de uns povos sobre outros e as alianças. 
No mundo contemporâneo, o mais importante para que as grandes 
potências continuem exercendo suas condições hegemônicas é o domínio dos 
recursos energéticos, como o carvão mineral (hulha), petróleo, e outros 
explorados há mais tempo, com a madeira e o ferro, todos recursos utilizados de 
maneira estratégica. 
 
 
3 
As grandes guerras imperialistas que abalaram o século XX são o 
resultado da corrida pelo domínio desses recursos energéticos estratégicos e 
também pela hegemonia no comércio mundial. As grandes civilizações 
delinearam a configuração atual do planeta, em seu desenvolvimento histórico, 
em que suas grandes explosões desenvolvimentistas tecnológicas se iniciaram 
ainda no século XVIII com a Revolução Industrial, passaram pelo século XIX e 
adentraram o século XX em uma grande expansão territorial e exploração de 
terras e povos por todo o mundo. 
Na atualidade, as grandes potências exercem seu poder político, militar e 
econômico sobre povos mais fracos. Por exemplo, podemos destacar os atuais 
conflitos em andamento no Oriente Médio. A guerra que se arrasta na Síria por 
mais de duas décadas é financiada por potências ocidentais que precisam de 
recursos energéticos como o petróleo e o gás natural, estratégicos e 
fundamentais para a manutenção da hegemonia mundial. 
Acordos políticos são estabelecidos para a exploração e comercialização 
desses recursos pelas grandes potências. A negativa dos países mais fracos em 
ceder às exigências dos países mais fortes leva à aplicação da força e à 
imposição realizada por meio bélico, com o patrocínio de grupos rivais e até o 
uso de meios terroristas para derrubada de governos. 
O patrocínio dessas guerras objetiva especificamente a conquista política 
de territórios e, em consequência também a conquista econômica. É importante 
ressaltar que por trás dessas guerras existem como principais patrocinadores as 
empresas transnacionais, que de tão poderosas são capazes de derrubar e 
eleger governos, ultrapassando o poder dos Estados. 
Outro fator de suma importância utilizado como instrumento de 
apropriação e reprodução do território é a cultura. Em sua origem, a palavra 
cultura está relacionada com o cultivo, com a agricultura; com o passar do tempo, 
a palavra adquiriu o significado atual. Nesse sentido, podemos exemplificar a 
cultura católica: no interior de Roma, capital da Itália, está o Estado do Vaticano, 
que é governado pelo Papa, o qual representa simbolicamente a Igreja Católica 
Apostólica Romana; assim, historicamente durante a Idade Média, toda a Europa 
Ocidental tornou-se católica, incluindo as colônias fora da Europa. Essa religião 
exerceu um grande poder sobre os territórios, estabelecendo desse modo 
grande influência cultural sobre os povos das regiões sob domínio europeu. 
 
 
4 
Ainda na perspectiva cultural, a territorialidade como estratégia de 
controle e domínio de lugares está vinculada a questões diretamente 
relacionadas com os sentimentos. Por exemplo, podemos mencionar as 
sociedades tribais, em que sua relação com os territórios não é somente para o 
sustento e sobrevivência material, mas sim há um vínculo que é intrínseco à vida 
das pessoas, um apego emocional ao passado, com lugares dentro do território 
em que o apego é sentimental, em que os familiares mortos são enterrados. 
Assim, diferentemente da territorialidade dos animais, que depende do 
território somente para sobrevivência, os seres humanos, além das relações 
nutricionais, têm acima de tudo relações que são culturais e emotivas, são 
vínculos que estão amalgamados aos ideais coletivos. 
As territorialidades representam os ideais coletivos, logo, a maneira como 
se sente e se manifesta no território vai diferir de um grupo humano para outro, 
a relação se estabelece de diferentes maneiras, nas sociedades capitalistas, 
está acima de tudo vinculada ao capitalismo, ao que se pode retirar da terra para 
lucrar. Assim, as relações humanas estabelecidas com o território dependem dos 
juízos de valores e da sensibilidade dos grupos envolvidos na posse da terra. 
TEMA 2 – ESTADO ENQUANTO ESTRUTURA DE PODER E SEU PAPEL NA 
NOVA ORDEM MUNDIAL 
O Estado acima de tudo é uma estrutura de poder que reflete os grupos 
hegemônicos que detêm o poder político e econômico. Assim, o Estado aplica o 
poder sobre as pessoas que vivem dentro dele e sob sua tutela. 
Para Max Weber (2004), o Estado, enquanto instituição que detém o 
poder sobre a população, pode estabelecer a dominação direta de três maneiras 
distintas: a tradicional, a racional legal e a carismática. 
A dominação tradicional está vinculada ao poder consuetudinário, que 
envolve as questões culturais, com destaque para as monarquias, que são o 
resultado de outros monarcas anteriores, para a fundação de dinastias, 
normalmente amparadas pela religião, em que as famílias se perpetuam no 
poder por gerações alegando direitos divinos de governo. A forma de dominação 
cultural normalmente é finalizada por meio de golpes militares e guerras civis, 
momento em que são substituídas por outras dinastias. Na dominação cultural, 
está intrínseco à população a obediência ao monarca, ou seja, o súdito deve 
obedecer ao rei. 
 
 
5 
Outra maneira de dominação cultural pode ser exemplificada por meio das 
sociedades tribais de comunismo primitivo, que se diferenciam das monarquias, 
em que existe uma sucessão do poder de pais para filhos. Nas sociedades 
tribais, mesmo que não vivam em sociedades de Estado, são os núcleos 
embrionários dos Estados em suas trajetórias históricas até a atualidade dos 
Estados Modernos. Assim, o líder tribal ascende ao poder em razão de suas 
qualidades pessoais, como astúcia, inteligência, força e destreza, sendo 
reconhecido pela sua comunidade como o mais apto à liderança do coletivo. 
São exemplos de dominação cultural que se diferencia. Na primeira, a 
população deve obedecer seguindouma trajetória histórica de imposição de um 
grupo hegemônico minoritário sobre outro majoritário (a nobreza sobre os 
plebeus e servos); no outro caso, o reconhecimento da maioria autentica a 
dominação de um grupo sobre outro minoritário. 
A dominação racional legal está diretamente vinculada às leis do Estado; 
é racional porque existe um código, um conjunto de leis que deve ser 
obrigatoriamente obedecido por todos. Nas democracias em que vigora o Estado 
de Direito, a derrubada de governos legitimamente eleitos por maioria de votos 
configura a quebra institucional e os acordos coletivos. 
Essas quebras institucionais estão diretamente relacionadas aos grupos 
hegemônicos que fazem a política por meio da economia, usando o Estado e 
suas instituições para governar em benefício próprio, com a imposição das leis 
por intermédio dos aparatos repressivos do Estado. 
A dominação carismática se distingue das demais por constituir-se em 
dominação consentida pela imagem positiva de um político popular, que assume 
o poder do Estado exclusivamente pela aceitação majoritária do coletivo. Assim, 
o Estado administra a população por meio da figura de um líder político 
carismático, que mesmo sem condições intelectuais ou capacidade de 
articulação política administra com o consentimento da população ou das elites. 
Para o cientista Karl Marx (Marx; Engels, 1998; Marx, 2007), o sistema 
econômico hegemônico no planeta é o capitalismo, assim, as leis são 
construídas mais para beneficiar a burguesia, minoritária, em detrimento do 
proletariado, majoritário. 
Na perspectiva marxista, as leis são organizadas de maneira que o Estado 
possa exercer seu poder sobre as massas, sendo essa imposição exercida por 
intermédio dos órgãos repressivos do próprio Estado, que é dominado 
 
 
6 
politicamente pela burguesia. Assim, o Estado é um instrumento das elites 
econômicas para governar e manter o domínio dos trabalhadores e das massas 
excluídas. 
Para Émile Durkheim (1999), o Estado e as leis são criadas para atender 
aos interesses coletivos, porém, na prática, não é o que acontece; as elites 
detém o poder e legislam em causa própria, criando sanções sociais para manter 
a ordem social e o poder sobre as pessoas que não atendem às exigências do 
Estado. 
Se os ideais são coletivos, todos deveriam participar do governo e da 
formação do Estado, mas isso não acontece. Por exemplo, podemos destacar o 
exemplo da própria elaboração das leis, em que os legisladores na sua maioria 
não derivam das camadas populares; assim, o governo não beneficia toda a 
coletividade, mas uma minoria detentora do poder econômico. 
A Nova Ordem Mundial e os agrupamentos políticos e econômicos estão 
relacionados com os poderes transnacionais e a participação de vários Estados 
Nacionais na política internacional, materializados nas instituições internacionais 
como a Organização das Nações Unidas (ONU). Esses Estados estabelecem 
acordos e alianças levando em consideração interesses em comum. Desse 
modo, muitas vezes é comum desentendimentos entre grupos nacionais no 
âmbito internacional, situações que muitas vezes redundam em conflitos. 
TEMA 3 – DISPUTAS TERRITORIAIS E FORMAÇÃO DAS FRONTEIRAS 
O território pode ser entendido como um espaço delimitado pelas pessoas 
para que estas utilizem aquele espaço para sua organização coletiva. Como 
mencionamos anteriormente, o território para os animais diverge do território 
para os seres humanos, pois sua exclusividade está na satisfação de 
necessidades orgânicas nutritivas, enquanto para os humanos está não somente 
nos aspectos orgânicos, mas também culturais. Assim, o território é a 
possibilidade de continuação ancestral que se converte no espaço necessário 
para a existência do coletivo. 
Na história da humanidade, os seres humanos sempre viveram em 
disputa, desde as sociedades tribais aos estados modernos. O território é 
marcado por conflitos, pois dentro deles estão os meios necessários para a 
sobrevivência, são os lugares em que se encontram os recursos naturais, os 
estratégicos e as pessoas. 
 
 
7 
As fronteiras dos territórios quase sempre são formadas de maneiras 
violentas. Por exemplo, podemos destacar a América Latina, no final do século 
XIX, na Guerra do Pacífico, um conflito armado entre três países sul-americanos 
por uma região rica em salitre e combustível animal, localizada entre os atuais 
Peru, Bolívia e Chile. 
Além do fator territorial e seus recursos, era fundamental à estratégia 
britânica, país que dominava os países da região, isolar a Bolívia, um país jovem 
com saída para o mar e que tinha planos próprios de autogestão, por ser 
riquíssimo em metais preciosos e estratégicos como antimônio, bismuto, ouro, 
chumbo, cobre, prata, estanho e volfrâmio. 
Dessa maneira, os ingleses financiaram economicamente e militarmente 
o Chile contra a Bolívia; o Peru ficou do lado dos bolivianos, mas ambos 
pereceram frente ao poderio inglês. O Chile, após vencer a guerra ocupou a 
parte do território boliviano com saída para o mar e parte do território peruano. 
Na atualidade, a Bolívia luta em tribunais internacionais pela devolução do seu 
território tomado pelos chilenos com a ajuda dos britânicos. 
Entre os exemplos de formação de fronteira que envolvem a Bolívia, 
podemos destacar a Guerra do Chaco com o Paraguai e a conhecida Questão 
do Acre, em que a Bolívia perdeu a parte do território que compreende o estado 
brasileiro do Acre. Importante ressaltar que os bolivianos nutrem revanchismo 
pela perda dos seus territórios, tudo está muito bem documentado e registrado 
nos livros de história da Bolívia. No caso brasileiro, as fronteiras do Brasil de fato 
só foram definitivamente estabelecidas no século XX. 
As fronteiras podem ser definidas em naturais e artificiais. As naturais são 
delimitadas por rios, montanhas, cânions, mares, entre outros, sendo a natureza 
usada como delimitador dos territórios; nas fronteiras artificiais, linhas 
imaginárias são criadas pelos seres humanos para definir onde terminam e onde 
iniciam territórios, sendo inúmeros os exemplos. 
Sobre o tamanho e a influência dos territórios, necessariamente seu 
tamanho não define o poder econômico de uma país. Em outros tempos, o 
tamanho era um fator fundamental; na atualidade, outros fatores passaram a 
definir o poderio de um Estado, como as riquezas artificiais e virtuais próprias do 
momento histórico atual, como os bancos, as ações em bolsas de valores, joias, 
empresas de tecnologia. 
 
 
8 
Nesse sentido, é importante ressaltar que, no caso dos bancos, parte dos 
seus investimentos são meramente valores virtualizados que circulam e não se 
constituem em benefício material, com lastro em ouro ou outros valores 
palpáveis, mas números emitidos pela casa da moeda com base em outros 
valores prováveis. 
TEMA 4 – GLOBALIZAÇÃO E NOVA ORDEM MUNDIAL 
Na contemporaneidade, é como se o mundo todo se encontrasse ligado 
pela globalização, porém, as contradições demonstram que somente alguns 
grupos realmente se beneficiaram e se beneficiam com a rede de interrelações 
criadas na modernidade. 
A globalização pressupõe a integração política, econômica, social e 
cultural entre os povos do mundo. Para os estudiosos, esses vínculos se 
iniciaram com as Grandes Navegações e as relações ocasionadas com a 
expansão do mercantilismo. 
O mercantilismo também é definido como pré-capitalismo, pois o 
capitalismo ainda não havia se estabelecido como sistema econômico 
hegemônico e ainda não tinha as dimensões nem as características adquiridas 
na atualidade. Dessa maneira, as Grandes Navegações se constituem como o 
início da globalização, pois acabou de alguma maneira estreitando as relações 
entre os povos dos continentes. 
O próprio conceito da “globalização” foi criado prevendo um mundo 
totalmente interligado, em que todos os povos viveriam em harmonia com grandeintercâmbio de culturas, tecnologias, saberes e comércio, em uma grande “aldeia 
global”. Para Santos (2000), até o momento, o que se percebe é que a previsão 
ainda não ocorreu. Muitos dos povos ainda não estão ligados pelas tecnologias 
de comunicação e transporte, e os que já estão ainda vivem as contradições do 
sistema hegemônico e não se beneficiam de fato dessa globalização. 
No período pós-guerra, o mundo estava polarizado entre países alinhados 
aos capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e pelos países de modelo 
estalinista, liderados pela Rússia, representante da União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas, período conhecido como Guerra Fria, pois essas duas 
grandes potências nunca se enfrentaram diretamente, mas financiaram várias 
guerras e competições pelo mundo, uma polarização que ocorreu em vários 
âmbitos, tanto econômicos quanto tecnológicos, culturais e até desportivos. 
 
 
9 
A Guerra Fria se constituiu no apoio dessas grandes potências à 
intervenção política e militar, no patrocínio de guerras dos países aliados, nas 
conquistas de territórios, na derrubada e criação de governos, modificações de 
fronteiras, deslocamento de grupos étnicos e exploração. 
Um exemplo dessas intervenções é a criação das duas Coreias. Em fins 
do século XIX, o Japão iniciou sua corrida imperialista com investidas naquela 
região do Pacífico, expandindo seus territórios e construindo o Império Nipônico 
no Extremo Oriente. 
Ainda no final do século XIX, o Japão iniciou uma guerra com os chineses 
pelos territórios da Coreia, e depois, nos primeiros anos do século XX, travou 
uma guerra com a Rússia pelas regiões da Manchúria, no nordeste da China. O 
país conquistou a região derrotando a Rússia e subjugando a China, e 
conquistou a Coreia, iniciando sua ocupação definitiva em 1910. 
Na década de 1930, os japoneses ampliaram a intromissão na China, 
invadiram-na oficialmente e aumentaram a ocupação e exploração da 
Manchúria, iniciando uma guerra generalizada com os chineses que se estendeu 
na década seguinte; com a ajuda dos russos, foram expulsos pelos chineses 
durante a Segunda Guerra Mundial. 
Com o Japão enfraquecido, os coreanos, auxiliados por russos e 
chineses, iniciaram o processo de expulsão dos japoneses da Coreia, porém, os 
Estados Unidos, ao derrotarem definitivamente os nipônicos após jogarem duas 
bombas nucleares nas cidades de Hiroshima e Nagazaki, em seguida, passaram 
a ocupar várias regiões, entre elas o sul da península da Coreia. 
Os coreanos, auxiliados pela China e pela Rússia, buscavam o controle 
de toda a península e rumaram para o sul, em 1950. Os Estados Unidos, 
auxiliados por uma coalisão internacional, inclusive com colaboradores 
japoneses e locais, rechaçaram os coreanos vindos do Norte e estabeleceram 
uma fronteira separando o mesmo povo em dois países. 
Outro exemplo bastante relevante sobre a Guerra Fria foi a Revolução 
Cubana na América Latina, na década de 1950. Cuba, antes da revolução, era 
um país capitalista, repleto de hotéis e cassinos de uso exclusivo de burgueses 
estadunidenses, com grande desigualdade, exploração e injustiça social. Em 
meio a escândalos de corrupção e fraude, cubanos revoltados se uniram e 
iniciaram uma guerra civil para tomar o poder, confiscaram os bens dos grandes 
proprietários e os expulsaram os colaboradores deles. 
 
 
10 
Os Estados Unidos não aceitaram a tomada do poder pelos 
revolucionários e passaram a financiar militarmente os exilados, bem como a 
contratar mercenários, mas com a ajuda dos russos, os cubanos resistiram aos 
avanços estadunidenses e fundaram a primeira república socialista da América. 
Como estratégia para enfraquecer os cubanos, os Estados Unidos 
estabeleceram um bloqueio econômico sobre a ilha de Cuba que permanece até 
a atualidade, dificultando o desenvolvimento da população. 
A década de 1970 principiou o fim da Guerra Fria, com a “Distenção” 
momento em que as EUA e URSS concordaram em desacelerar a corrida 
armamentista. Nesse período, ainda algumas guerras apoiadas pelos dois lados 
perduraram, como a Guerra do Vietnã, guerras na África e também novos 
conflitos, como a Guerra no Afeganistão. 
Os países alinhados à URSS foram se desligando; o governo da Rússia 
criou e implantou políticas reformistas, como a Glasnost (“Transparência”), que 
buscava democratizar e socializar as decisões políticas, implantada juntamente 
com a Perestroika (“Reestruturação”), que buscou acabar com a centralização 
econômica e abrir o mercado soviético para o mundo. 
O fim da Guerra Fria desencadeou uma Nova Ordem Mundial, que está 
refletida no multilateralismo, situação em que várias são as ideologias. Surgem 
outras superpotências, novos blocos econômicos são formados e em várias 
partes do mundo alguns países têm mais autonomia em seu desenvolvimento 
econômico e tecnológico. 
A Rússia, como centro e capital da URSS, com a abertura entrou em 
depressão e foi ultrapassada por países menores da Europa. A China abriu seus 
mercados para o mundo e, em pouco tempo, tornou-se a segunda economia no 
Produto Interno Bruto (PIB), com crescimento acelerado em vias de ultrapassar 
os EUA, mas que em Paridade de Poder de Compra (PPC) já ultrapassou seu 
concorrente. 
Países menores, mas com grande desenvolvimento econômico, como 
Japão e Alemanha, são seguidos de perto por países com grande extensão 
territorial, como a Rússia e o Brasil, que disputam colocações em seus PIBs com 
países desenvolvidos membros da União Europeia (UE). 
Importante ressaltar que esses países, buscando a dinamização das suas 
economias, uniram-se formando “blocos econômicos”, como a União Europeia 
(UE), o Mercosul, na América do Sul, ou ainda, maiores e intercontinentais, como 
 
 
11 
o Brics, abreviação dos nomes dos países-membros (Brasil, Rússia, Índia e 
África do Sul), cinco países com as economias consideradas as mais 
promissoras. Dessa maneira, constituíram-se como grande ameaça para a 
hegemonia econômica dos blocos do Nafta (América do Norte), e UE (países da 
Europa Ocidental). 
Assim, acompanhando a união em blocos econômicos, também são 
formadas alianças militares. Entre elas, as ativas e mais conhecidas são: 
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), constituída em 1947 e na 
atualidade formada por trinta países, entre eles, EUA, Alemanha, França, Itália 
e Reino Unido; Organização para Cooperação de Xangai (OCX), criada, em 
2001, por China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão; 
e União de Nações Sul-Americanas (Unasul), formada, em 2004, por 12 países, 
entre eles, Brasil, Argentina, Bolívia e Venezuela. 
TEMA 5 – AÇÕES MULTILATERAIS E CENTRALIZAÇÃO DO PODER 
As grandes potências influenciavam as dinâmicas mundiais e o fazem na 
atualidade. As relações de poder estabelecidas com nações mais fracas estão 
diretamente relacionadas a questões econômicas. Imaginemos, por exemplo, 
uma situação hipotética em que um país, mais fraco e com um regime 
democrático, em que sua elite intelectual se comprometeu a beneficiar toda a 
população; porém, para isso é necessário retirar privilégios dos mais ricos, 
diminuindo seus lucros. Como consequência, eles sofrem a ruptura do estado 
democrático de direito. 
A retirada dos privilégios afeta diretamente os interesses externos 
refletidos nas grandes empresas transnacionais. Historicamente podemos citar 
o caso do Chile, em que, em 1970, foi eleito Salvador Allende, líder popular 
fundador do Partido Socialista Chileno. A desigualdade social no Chile era muito 
grande, dessa maneira, ele iniciou um processo de reforma agrária, projetos 
sociais, controle do mercado interno, nacionalização dos recursos estratégicos 
e de serviços essenciais para a população. 
Essas atitudes levaram a burguesia internacional, principal beneficiada da 
exploração do Chile, juntamente com a extrema direita, a reivindicar a destruiçãode Allende e seus colaboradores. Assim, Richard Nixon, presidente do EUA, 
iniciou todo tipo de sabotagem econômica e ordenou que a Agência Central de 
Inteligência (CIA), estadunidense, articulasse um golpe militar para depor 
 
 
12 
Allende por meio da compra de generais, entre eles, Augusto Pinochet. Este 
organizou um ataque ao governo, bombardeou sua sede e assinou Allende e 
seus aliados. 
Esse fenômeno de intervenção na soberania dos países pelos EUA 
ocorreu em toda a América Latina, África e Ásia. Essas intromissões têm uma 
relação direta com os interesses do capital estrangeiro, refletidas nas elites 
locais, suas colaboradoras. Importante ressaltar que as grandes potências são 
as detentoras do poder dos órgãos internacionais, assim, interferem nas 
soberanias dos países com aval de outras nações; porém, muitas vezes mesmo 
com os votos contrários majoritários, “passam por cima”, e de maneira unilateral 
executam seus intentos. 
Um caso ilustrativo de imposição e desrespeito às normas e deliberações 
internacionais foi a invasão do Iraque, em 2003, pelos Estados Unidos. Com o 
discurso de levar democracia e acabar com a produção de armas de destruição 
em massa, os EUA lideraram um ataque que desestabilizou toda a região e abriu 
espaço para a ação de grupos extremistas islâmicos apoiados pelo próprio EUA. 
Tudo para maquiar o interesse pelos poços de petróleo da região e o 
escoamento de armas. 
Os conflitos gerados pela instabilidade originada por essas intervenções 
militares duram até a atualidade e já causaram a morte de milhões de pessoas, 
fora outros milhões de feridos, mutilados, refugiados e miseráveis, que não têm 
nem tinham relações com os grupos políticos da região. São vítimas de uma 
política militar e econômica internacional que refletem as contradições dom 
mundo que vivemos. 
As grandes potências têm condições de atuação multilateral graças ao 
seu poderio econômico e militar; já os países pobres, subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento não têm condições de atuar de maneira a contrapor os ímpetos 
das grandes potências. Assim, o fenômeno de deposição de presidentes que 
atuam no campo popular e o assassinato de líderes populares são 
consequências desses interesses. 
NA PRÁTICA 
Desenvolva uma pesquisa sobre os conflitos no mundo que estão em 
andamento, e com olhar crítico aponte os principais motivos para essas guerras, 
seus apoiadores e número de vítimas registradas pela imprensa e por 
 
 
13 
pesquisadores. Produza um quadro separando os grupos que estão em conflitos, 
os lugares onde ocorrem, as ideologias, os grupos financiadores, a estimativa de 
envolvidos e vítimas. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, analisamos como as práticas desenvolvidas pelos Estados e 
a atuação social das populações influenciam a formação dos territórios, que o 
Estado nas mãos da classe dominante pode servir de instrumento das elites 
econômicas para governar e manter o domínio dos trabalhadores e de todas as 
massas excluídas; da mesma maneira, as massas também podem impor suas 
políticas sobre a minoria dominante. 
Estudamos a globalização, sua origem e a relação entre os Estados, as 
pessoas e suas contradições. Ainda, estudamos o período da Guerra Fria, suas 
consequências e intervenções, como também a Nova Ordem Mundial, com 
algumas das suas características, como autonomia e multilateralismo. Ainda, os 
blocos econômicos, as alianças militares, as organizações internacionais e os 
interesses econômicos. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
DURKHEIM, É. Da Divisão do Trabalho Social. São Paulo: Martins Fontes, 
1999. 
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Boitempo, 
1998. 
_____. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. 
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 
São Paulo: UNB, 2004. 
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência 
universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.

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