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Emoções: O neurologista francês Paul Broca notou em 1878 que todos os mamíferos possuem, na superfície medial do cérebro, um grupo de áreas corticais que são bastante distintas do córtex circundante. Broca designou essas estruturas como lobo límbico. O lobo límbico (Broca, 1878) Conceitos funcionais do sistema límbico: Papez circuit, 1937: MacLean, 1949: Conceito do sistema límbico Desde então: Inclusão de muitas outras estruturas do cérebro no sistema límbico. Isso gerou muitas criticas porque todo o conceito e o termo límbico viraram bastantes frouxas. emoção motivação memoria { Modern anatomical definition of the limbic system: The limbic system contains all non-isocortical parts of the cortical mantle together with the laterobasal-cortical amygdaloid complex. Thus defined, the limbic lobe contains all of the major cortical and cortical like structures (e.g. orbitofrontal, cingulate and insular cortices + hippocampal formation) known to be important for emotional and motivational functions (Heimer & Van Hoesen, 2006). Amígdala e emoções: Amígdala e emoções Síndrome de Kluver-Bucy (1939): Lobotomia temporal bilateral - Reconhecimento visual deficiente - Hiperoralidade - Hipersexualidade - Mudanças emocionais: diminuição do medo e da agressividade Lesões seletivas bilaterais da amígdala - Experimentos no laboratório, em colônias de macacos Estimulação elétrica da amígdala em pacientes Aumento do alerta, e da atenção Ansiedade Medo • Lesão bilateral da amígdala lateral abole as respostas motoras (somáticas e viscerais) aprendidas. Amígdala e o medo aprendido: From: Le Doux (1994) sound sound,electricity sound freezing freezing • Um estímulo originalmente neutro através de associação com estímulo primário (apetitivo ou aversivo) adquire uma valência, um significado emocional. Kandel et al., 2013 Amígdala e medo condicionado Lesão da amígdala humana afeta respostas de medo e bloqueia o medo condicionado Estímulos condicionados de medo ativam a amígdala humana A amígdala não parece ser importante para a maioria das formas de avaliação explicita, mas é importante para a avaliação de expressões faciais e é particularmente altamente envolvido em mecanismos de medo. Amígdala e emoções: Além da amígdala, áreas corticais contribuem para o processamento emocional: - córtex pré-frontal ventromedial - região ventral do córtex cíngulato anterior - ínsula Uma comunicação eficiente entre a amigdala e o córtex-pré-frontal é essencial para uma regulação eficiente da ansiedade. Luta entre processos “bottom-up” and “top-down” (de baixo para cima e de cima para baixo) From: Kim et al., Behav. Brain Res. 223 (2011) 403-410. Na ansiedade patológica, o grau de estimulação nervosa central e autonômica não é proporcional às necessidades objetivas da situação externa. Por exemplo, em fobias especificas, o insucesso de estabelecer mecanismos do tipo “top-down” permite as respostas do tipo “bottom-up” penetrar no funcionamento cognitivo normal. Papel da amígdala na memória emocional: “Emotional colouring of memories” Interação dinâmica entre amígdala e hipocampo Córtex pré-frontal ventromedial Lesões Pré-Frontais Ventromediais e Sociopatia Sentimentos associados à interação social (empatia, auto-estima, vergonha, culpa ...) e tomada de decisões são afetados. Esses pacientes não tem alterações da freqüência cardiáca ou condutância palmar frente a estímulos emocionais ou na tomada de decisões que envolvem risco ou recompensa versus punição. Outras estruturas Outras estruturas relacionadas com experiência emocional Giro do cíngulo anterior (território subcaloso) Giro do cíngulo anterior (território subcaloso) Córtex órbito-frontal e tomada de decisões Rápida reversão da associação estímulo-reforço quando mudam as contingências de reforço Comportamento flexível, adaptativo Córtex órbito-frontal amígdala Rolls et al., 1996 • Representação do valor de ações • Gerar ações exploratórias ACC • Representação das expectativas de recompensas • Representação de preferências OFC From: Rushworth et al., 2007 ACC gyrus lesion OFC lesion Papéis diferentes do córtex orbitofrontal e pré-frontal medial em “decision making”: Sentimentos: mapas multidimensionais nos córtices SmII, insular e cingulato anterior António Damásio: Em busca de Espinosa, Companhia das Letras, 2005 Com base em sinais do meio interno, das vísceras e dos músculos esqueléticos são gerados nestas áreas corticais “mapas multidimensionais” do estado do organismo e enviados comandos para a manutenção da homeostase (Damasio, 2004). Esses mapas multidimensionais formam a base de estados mentais chamados sentimentos. Assim como imagens se baseiam no padrão de atividade de áreas visuais de ordem superior, sentimentos se baseiam no padrão de atividade de áreas sómato-sensorias complexas. Experimentos recentes reforçam este ponto de vista (Damasio et al., 2000). Emoções auto- geradas ativam as áreas corticais acima mencionadas bem como regiões do prosencéfalo basal, o hipotálamo e núcleos do tronco cerebral. É importante ressaltar que as alterações de parâmetros fisiológicos (freqüência cardíaca e condutância da pele) precedem o sentimento, e que sentimentos diferentes se correlacionam com padrões de atividade neural diferentes. Correlatos neurais do sentimento de alegria e tristeza Alegria Tristeza Ínsula, córtex órbito-frontal, giro do cíngulo, córtex somato- sensorial secundário Prosencéfalo basal, Damasio et al., 2000 Wicker et al., 2003 We performed an fMRI study in which participants inhaled odorants producing a strong feeling of disgust. The same participants observed video clips showing the emotional facial expression of disgust. Observing such faces and feeling disgust activated the same sites in the anterior insula and to a lesser extent in the anterior cingulate cortex. The insular cortex: The human insular cortex was first described by J.C. Reil in 1796 and has since been known as the island of Reil. It lies in the depth of the lateral sulcus and can be directly observed only by removal of the overlaying frontal and temporal lobes. The insula has widespread connections with other parts of the brain. In rats, the insular cortex is interconnected with the autonomic system as well as limbic and frontal regions Diversas emoções ativam a parte anterior da ínsula. Interoception and emotional awareness: Interoception is the sense of the physiological condition of the body (Craig, 2002, 2003). The ongoing discussion on the relationship between interoception and emotional awareness can be dated back to the era of William James (1884) and Carl Lange (1885). Lange considers cardiovascular responses as a basis for emotional awareness, whereas James extends this view by including autonomic functions other than cardiovascular responses. Their ideas, usually mentioned together as the James-Lange theory, was challenged by the Cannon-Bard theory (Bard, 1928; Cannon, 1932), which argues that bodily responses are the result, not the cause, of emotions and that a central nervous system is needed to generate emotional feelings. Anterior Insular Cortex (AIC) and Emotional Awareness: The human anterior insular cortex (AIC) is crucially involved in emotional awareness, defined as the conscious experience of emotions. Interestingly, the anterior part of the insular cortex is agranular, and thus can be considered as a classical part of the limbic system. From: Gu et al. (2013) HIPOTÁLAMO SN somático SN vegetativo hipófise SISTEMA LÍMBICO CÓRTEX CEREBRALAf. viscerais Af. viscerais Af. viscerais Af. viscerais TRONCO ENCEFÁLICO Experiência emocional Expressão emocional O sistema de recompensa (Reward system, Olds & Milner,1954) Auto estimulação elétrica intracraniana Experimento de Olds e Milner (1954) Adopted from: Principles of Neural Science, Fourth Edition Main Dopamine Pathways: German e Manaye (1993) J. comp. Neurol. 331:297-309 Three-dimensional view of dopaminergic cell groups in the mesencephalon: Vermelho = A 10 , Amarelo = A 9, Azul = A8 Grupos dopaminérgicos no mesencéfalo A8 = núcleo retrorubral A9 = substância negra, parte compacta A10 = área tegmental ventral Parent, 1996 Sistema dopaminérgico mesotelencefálico - sistema nigroestriatal - sistema mesolímbico-cortical A administração de drogas de abuso libera DA em estruturas do sistema mesolímbico. O núcleo acumbens (Acb) é uma região cerebral situada no estriado ventral, contextualizada como uma interface entre a motivação e a ação (MOGENSON et al., 1980). O Acb é implicada no controle de comportamentos relatados a reforços naturais, como a ingestão de comidas e comportamentos sexuais, assim como no controle de comportamentos relatados a reforços artificiais como drogas de abuso (Kelley, 2004). O Acb esta altamente envolvido em mecanismos de aprendizagem e memória de novos movimentos voluntários (aprendizagem instrumental, memória procedural; Smith-Roe and Kelley, 2000). Núcleo acumbens: sensitização retirada “Ecstasy” esta atuando em primeira linha no sistema serotonérgico e em particular no receptor de serotonina do tipo 2A. Ativação do córtex pré-frontal (MPFC), núcleo acumbens (Nacc) e área tegmental ventral (VTA) por uma recompensa monetária. Sítios de ação de drogas de abuso: núcleo accumbens, córtex prefrontal medial e orbital, amigdala, área tegmental ventral, substância negra, hipocampo. Função da dopamina: Primariamente foi proposto que DA no Acb medeia diretamente o prazer (hedonia) causado por reforços naturais e drogas de abuso (WISE e BOZARTH, 1985). Robinson e Berridge (1993, 2008) postularam que a neurotransmissão dopaminérgica no Acb medeia a assinatura de um significado (saliência) para recompensas, e também para pistas que antecipam recompensas, que faz com que essas pistas possam provocar um intenso estado de desejo (“wanting”). DA sinaliza estímulos salientes ou preditores de reforço ( Schultz, 1998; 2002). Neurônios dopaminérgicos na VTA exercem um papel chave em processos de aprendizagem relacionados a recompensas. A função primária desses neurônios seria direcionar a atenção a estímulos que sinalizem uma recompensa, particularmente a estímulos chamativos que sinalizam recompensas inesperadas Muitas teorias recentes postulam que a repetitiva liberação de DA no Acb conseqüente ao uso de drogas de abuso, causa a “sensitização” ou alteração de mecanismos celulares de aprendizagem, resultando em associações estímulo-resposta aberrantes que constituem a base da dependência (DI CHIARA, 1998, 1999; KELLEY 1999a; BERKE e HYMAN, 2000). Dopaminergic neurons fire in response to unexpected reward or the conditioned stimulus associated with reward (Schultz, 1998), whereas aversive stimuli or the conditioned stimulus associated with aversive events often inhibit dopamine neuron activity (Matsumoto e Hikosaka 2009; Hong et al. 2011). Different modes of DA neurons firing: Schultz, 2001 Os neurônios dopaminérgicos sinalizam um erro na predição de uma recompensa. Erros de predição representam a diferença entre o resultado previsto e o resultado concreto de uma ação. Quanto mais inesperado é uma recompensa, quanto maior é a ativação de neurônios dopaminérgicos. Quanto a recompensa é omitida, os neurônios dopaminérgicos param por um curto período (“dip”). The reward prediction error hypothesis: Acredita-se que alterações na liberação de dopamina modificam respostas futuras a estímulos de modo a maximizar a probabilidade de obter uma recompensa e a minimizar esforços não recompensados. Drogas de abuso sequestram o sistema de recompensa do cérebro e enganam nosso cérebro sinalizando que tudo é melhor que previsto. The anti-reward system: 1.) The habenular complex The habenular complex is composed of the medial habenula (MHb) and the lateral habenula (LHb) and has traditionally been considered a crossroad between the basal forebrain and monoaminergic cell groups in the midbrain and mesopontine tegmentum (Herkenham and Nauta, 1979, Sutherland, 1982 - Concept of the dorsal diencephalic conduction system). From: Hikosaka (2010) Via dopaminérgica mesolímbica • cocaína aumenta a DA extracelular no Acb (Koob et al., 1993, 1999) – inibição do DAT Efeitos da cocaína: 1. Inibição da re-captação da dopamina pelo transportador da dopamina. Preferência para um lugar condicionado. Auto administração de drogas de abuso. Diversas drogas de abuso agindo em diferentes sistemas de neurotransmissores são auto-administrados em sítios distintos do cérebro. From: Ikemoto & Bonci, 2014. Muitas drogas de abuso estão atuando em receptores presentes em neurônios dopaminérgicos e GABAérgicos da área tegmental ventral (VTA). Quase todas as drogas de abuso estão atuando em receptores já presentes no cérebro. Efeitos de marihuana no cérebro: Distribuição de receptores de canabinóides do tipo CB1 Ligantes endógenas dos receptores de canabinóides = anandarnides Endogenous cannabinoid as a retrograde messenger from depolarized postsynaptic neurons to presynaptic terminals Recent studies have clarified that endogenous cannabinoids are released from depolarized postsynaptic neurons in a calcium-dependent manner and act retrogradely onto presynaptic cannabinoid receptors to suppress neurotransmitter release. Tratamento medicamentoso com Antiepilépticos: Objetivos principais: - Eliminar as convulsões - Reduzir a frequência o máximo possível. - Evitar os efeitos adversos associado ao uso prolongado. - Ajudar o paciente a manter ou restaurar seu estilo de vida. - Fenômenos como a adição e relapso não podem ser explicados somente pela liberação de dopamina no Acb . - Novos dados estão claramente indicando que a ativação de eferências glutamatérgicas vindas da amigdala e do córtex pré-frontal, assim como adaptações ao longo prazo nos neurônios alvos dessas projeções no Acb estão criticamente envolvidos na expressão de mecanismos de adição (Kalivas, 2004). Uma única dose de cocaína é suficiente de causar LTP na VTA ....It is suggested that structural plasticity associated with exposure to drugs of abuse reflects a reorganization of patterns of synaptic connectivity in these neural systems, a reorganization that alters their operation, thus contributing to some of the persistent sequela associated with drug use -including addiction. Muitas teorias recentes postulam que a repetitiva liberação de DA no Acb consequente ao uso de drogas de abuso, causa a “sensitização” ou alteração de mecanismos celulares de aprendizagem, resultando em associações estímulo-resposta aberrantes que constituem a base da dependência (DI CHIARA, 1998, 1999; KELLEY 1999a; BERKE e HYMAN, 2000).: Com uma exposição repetitiva a mesma recompensa (droga), as células dopaminérgicas param de disparar em resposta a própria recompensa, mas já disparam em uma resposta antecipatória aos estímulos condicionados (“cues”) que predizem a entrega da recompensa (Schultz et al., 2000). Efeitos de cocaína: PFC Saliency From: Volkow et al., (2003) OFC Hip. Amygdala VTA - NAc NAc = Núcleo accumbens OFC = Córtexorbitofrontal PFC = Córtex pré-frontal medial VTA = Área tegmental ventral Etapas do ciclo de adição: From: Volkow et al., The New England Journal of Medicine 374 (2016) 363 – 371. GAD-67 + TH O sistema de punição do cérebro: Vias da habênula para a área tegmental ventral e os núcleos da rafe envolvidas na sinalização de estímulos aversivos. Laboratório de Anatomia Funcional Fisiologia & Biofísica, Instituto de Ciências Biomédicas I – USP The anti-reward system: 1.) The habenular complex The habenular complex is composed of the medial habenula (MHb) and the lateral habenula (LHb) and has traditionally been considered a crossroad between the basal forebrain and monoaminergic cell groups in the midbrain and mesopontine tegmentum (Herkenham and Nauta, 1979, Sutherland, 1982 - Concept of the dorsal diencephalic conduction system). From: Hikosaka (2010) The habenula is hyperactive in healthy people when receiving negative feedback regarding a failed performance in a task: LHb neurons are powerfully activated by aversive stimuli and reward omission and inhibited by reward predictive cues or unexpected rewards. (Matsumato & Hikosaka 2007; 2008). This response pattern is opposite of that observed in dopamine neurons. From: Hikosaka (2010) LHb neurons respond to aversive stimuli: LHb neurons encode negative prediction errors: When reward is predicted, a change in behavior depends on the recent history of reward, which is often referred to as reward prediction error (RPE). When the actual reward is larger than the predicted reward (that is, positive RPE) DA neurons fire and the action associated with the reward is facilitated (approach or Go). When the actual reward is smaller (that is, negative RPE), LHb neurons fire and the action is suppressed (avoid or No Go). Electrical stimulation of the LHb powerfully inhibits DA neurons in the substantia nigra and VTA at short latency through a GABA mediated mechanism (Christoph et al., 1986; Ji & Shepard, 2007). From: Ji & Shepard (2007) Deep brain stimulation of the lateral habenula in treatment resistant major depression Alexander Sartorius a,*, Fritz A. Henn a,b Med Hypotheses 69:1305–1308 (2007). A hyperactive habenula = Depression? βCaMKII in Lateral Habenula Mediates Core Symptoms of Depression Kun Li,1,2* Tao Zhou,1,2* Lujian Liao,3† Zhongfei Yang,1 Catherine Wong,3† Fritz Henn,4 Roberto Malinow,5 John R. Yates III,3 Hailan Hu1‡ 30 AUGUST 2013 VOL 341 SCIENCE www.sciencemag.org Synaptic potentiation onto habenula neurons in the learned helplessness model of depression Bo Li1,2*, Joaquin Piriz1*, Martine Mirrione2,3*, ChiHye Chung1*, Christophe D. Proulx1, Daniela Schulz3, Fritz Henn2,3 & Roberto Malinow1 2 4 F E B R U A RY 2 0 1 1 | V O L 4 7 0 | N AT U R E | 5 3 5