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Fases do desenvolvimento: da infância a adolescência Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • refletir sobre o desenvolvimento característico da infância; • estudar alguns transtornos e patologias desta fase; • entender as características psicológicas da adolescência. Olá. A partir desta aula vamos estudar sobre as fases do desenvolvimento, ou seja, a infância, a adolescência, a vida adulta e a terceira idade, suas características, seu desenvolvimento, suas dificuldades. Enfim, vamos iniciar com a infância e adolescência. Bons estudos! 3ºAula 26Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 1- A primeira infância 2- A segunda infância 3- Crianças com necessidades especiais 4- O adolescente 5- Aspectos psicológicos da adolescência 6- Adolescência hoje 1- A primeira infância Períodos do Desenvolvimento Humano – Psicologia “O campo do desenvolvimento humano concentra-se no estudo científico dos processos sistemáticos de mudança e estabilidade que ocorrem nas pessoas” (Papalia, p. 36). Olá, pessoal! Existe uma grande área de estudos chamada de desenvolvimento humano, na qual o objeto de estudo é o processo de mudança que ocorre ao longo do ciclo da vida; mudanças no desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. A Psicologia é uma das ciências presentes nesta área de estudos, uma área desde o início interdisciplinar, ou seja, que reúne os conhecimentos da medicina, antropologia, sociologia, biologia, genética, educação, história. Neste texto, vamos descrever as 8 etapas ou fases típicas do desenvolvimento. Embora possamos demarcar tais fases por idades, sendo até certo ponto arbitrário. Em outras palavras, a demarcação das idades visa facilitar o estudo. Assim, por exemplo, é evidente que existe uma passagem da vida intrauterina (a fase 1) para a primeira infância (fase 2), como geralmente é possível demarcar o início da adolescência (fase 5) pelas transformações da puberdade. Outras fases, como a vida adulta intermediária (fase 7) não possui demarcação tão clara. Desta forma, entendemos as 8 fases, etapas ou períodos como um critério arbitrário, mas necessário em termos didáticos. 1) Período pré-natal É comum pensar que a vida começa com o nascimento. Porém, os nove meses (em média) que o antecedem são responsáveis por um complexo desenvolvimento intrauterino. As características genéticas já começam a interagir com o meio no qual o bebê se encontra. A alimentação da mãe afeta diretamente no crescimento e o bebê passa a responder à voz da mãe, a distingui-la das demais, e ter preferência por ela. 2) Período da primeira infância A primeira infância começa com o nascimento e vai até os 3 anos de idade. Nos primeiros meses, os cinco sentidos começam a se desenvolver. Na parte cognitiva, “as capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do final do segundo ano de vida”(Papalia, p. 40). Neste período, a criança começa a formar vínculos fortes com os pais ou cuidadores. Há o início da percepção de si Seções de estudo mesmo (autoconsciência) e o interesse por outras crianças. 3) Período da segunda infância Segundo os desenvolvimentistas, os cientistas do desenvolvimento, a segunda infância vai dos 3 aos 6 anos de idade. O corpo tende a se tornar mais esguio e as partes do corpo começam a se assemelhar, em termos de proporções, com as de um adulto. O apetite tende a diminuir e podem aparecer distúrbios do sono, como insônia. “O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo. Desenvolve-se a identidade de gênero” (Papalia, p. 40). É curioso que normalmente pensamos que o cérebro está em crescimento, que o córtex, a massa cinzenta, está em expansão, razão pela qual uma criança teria pensamentos menos lógicos ou abstratos que um adulto. Porém, como sabemos através das neurociências, “a substância cinzenta diminui em uma onda inversa à medida que o cérebro amadurece e conexões neurais são desativadas”, ou seja, com o tempo há uma perda na densidade da massa cinzenta, o que gera, paradoxalmente, um maior amadurecimento, um funcionamento mais eficiente. 4) Período da terceira infância Nesta fase, há uma diminuição do crescimento físico. Existe a tendência de aparecerem problemas respiratórios, entretanto, é uma das fases que, em média, nota-se a presença de maior saúde. Entre os 6 e 11 anos, há uma diminuição do egocentrismo, ou seja, a criança não é mais tão centrada em si mesma. A escolarização ajuda neste processo e igualmente na estimulação da memória e da linguagem (que melhoram independentemente da escola). Certas crianças podem apresentar necessidades especiais de educação ou, no extremo oposto, talentos que exigem cuidado também. O conceito de si (autoconceito) fica mais complexo, o que pode igualmente gerar modificações na autoestima. A convivência com colegas com idade próxima é um fator a ser levado em conta neste período. 5) Período da adolescência Como vimos, a divisão da vida em etapas é arbitrária. O conceito de adolescência é recente. Segundo o dicionário etimológico: “A palavra “adolescente” vem do particípio presente do verbo em latim adolescere = crescer. Já o particípio passado, adultus deu origem à palavra “adulto”. Em português, as palavras seriam equivalentes a “crescente”e “crescido”, respectivamente. Muitas culturas não possuem esta ideia que temos da adolescência, como um período entre a infância e a idade adulta. Como sabemos, nesta fase ocorre a maturidade reprodutiva, quando torna-se possível para os indivíduos serem pais ou mães. A saúde é afetada, geralmente, pelo comportamento, como transtornos alimentares ou uso de drogas. Na cognição, “desenvolvem-se a capacidade de pensar em termos abstratos e de usar o raciocínio científico. O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e comportamentos. A busca pela identidade, incluindo a 27 identidade sexual, torna-se central” (Papalia, p. 41). 6) Período início da vida adulta Os cientistas do desenvolvimento demarcam o início da vida adulta a partir dos 20 anos e indo até os 40. “A condição física atinge o auge, depois declina ligeiramente. O pensamento e os julgamentos morais tornam-se mais complexos. São feitas escolhas educacionais e vocacionais, após um período exploratório. Traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelas fases e acontecimentos da vida. São tomadas decisões sobre relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais, mas podem não ser duradouros. A maioria das pessoas casa-se e tem filhos” (Papalia, p. 41). Aqui, vemos que a fase anterior, a adolescência, pode se prolongar e ainda haver uma certa intersecção de fases. Afinal, não é possível demarcar com precisão quando começa a idade adulta. Alguns argumentam que esta se inicia com o primeiro trabalho e o auto-sustento, outros com o início da faculdade ou com a constituição de uma nova família. 7) Período da vida adulta intermediária Esta fase vai dos 40 aos 65 anos de idade. Há mudanças significativas nas condições físicas (saúde, vigor), porém, com grandes diferenças de uma pessoa para outra. “As mulheres entram na menopausa. As capacidades mentais atingem o auge, a especialização e as habilidades relativas à solução de problemas práticos são acentuadas. A produção criativa pode declinar, mas melhorar em qualidade. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu máximo, para outros, poderá ocorrer esgotamento ou mudança de carreira. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio” (Papalia, p. 41). 8) Período da vida adulta tardia Este período começa a partir dos 65anos. “A maioria da pessoas é saudável e ativa, embora geralmente haja um declínio da saúde e das capacidades físicas. O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos funcionais. A maioria das pessoas está mentalmente alerta. Embora inteligência e memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra meios de compensação. A aposentadoria pode oferecer novas opções para aproveitar o tempo. As pessoas desenvolvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas pessoas e a morte eminente. O relacionamento com a família e com amigos íntimos pode proporcionar um importante apoio. A busca de significado para a vida assume uma importância fundamental” (Papalia, p. 41). 2- A segunda infância O recém-nascido pesa em média 3,5 kg e mede 40 cm. Nas primeiras semanas, os bebês tem um estado de sono regular, depois uma fase de sono irregular, acompanhada de movimentos dos membros e expressões faciais, seguida de uma fase de sonolência e uma fase de inatividade alerta na qual os olhos do bebê brilham e seguem objetos. Em seguida, há uma fase de atividade desperta na qual o bebê tem atividade motora de defesa envolvendo o corpo todo, depois há uma fase de desconforto caracterizada pelo choro. O número de horas de sono diminui bastante, de aproximadamente 18 horas por dia durante o primeiro mês, para cerca de 12 horas quando a criança atinge 2 anos. É normal que o bebê apresente alguns reflexos ao nascer. Um deles é o da sucção. É normal também que apresentem percepção a objetos a sua volta, e a tendência a responder a estímulos. O primeiro ano de vida é caracterizado por um crescimento físico rápido, em geral e em condições saudáveis de alimentação, o aumento físico é de 50% na altura e 200% no peso. Síndrome da Morte Súbita Embora seja o cérebro do bebê que controla as funções metais básicas, tais como batimento cardíaco e respiração, um pequeno número de crianças têm estas funções cerebrais menos maduras, e corre o risco de morte súbita, na qual o bebê morre asfixiado em geral enquanto dorme. A síndrome da morte súbita raramente ocorre após 6 meses de idade. No primeiro ano de vida ocorre também uma maturação do cérebro e, com isso o aumento das sinapses e da conexão entre suas várias partes. Daí a necessidade da estimulação usual, da fala e da aprendizagem. Após o primeiro ano de vida, esta taxa do crescimento torna-se mais lenta, o aparecimento da fala ocorre entre 1 e 3 anos de idade. Com a maturação cerebral, há também uma maior agilidade motora da criança, permitindo que sente, engatinhe e ande, o que ocorre em média em torno de 1 ano de vida. O desenvolvimento cognitivo, como a memória, a linguagem e a autoconsciência não estão localizadas em lugares específicos do cérebro, mas derivam de relações complexas entre as diferentes partes do cérebro. A mutação do S.N.C, as tendências perceptuais e as experiências permitem que a criança adquira dois tipos de estrutura psíquica: Os esquemas e as respostas condicionais. 1. Os Esquemas são uma representação de elementos que se destacam em um evento e suas relações um com o outro evento. Existem esquemas visuais, auditivos, olfativos e táteis. Quanto mais esquemas a criança tiver maior será seu desenvolvimento cognitivo. Os esquemas também são importantes, pois proporcionam a criança a capacidade de distinguir objetos (ou pessoas) desconhecidos. • Verifique os esquemas a partir da teoria de Piaget 2. Respostas condicionadas: Refere-se a aprendizagem de relações entre eventos. Exemplo: Uma criança aprende que toda vez que chorar sua mãe lhe dá colo, assim, chora quando quer atenção, quando quer alguma coisa, quando quer mamar, condicionando o choro a suas vontades atendidas. • Ver aula teorias da aprendizagem 28Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem FIGURA 1 – O PAPEL DA MEMÓRIA Disponível em: http://mdemulher.abril.com.br/imagem/familia/interna- slideshow/como-brincar-com-bebe-9405.jpg. Acesso em: 12 mar. 2012. O Papel da Memória Os processos da memória ajudam o bebê a criar protótipos esquemáticos e usá-los para atingir uma meta. Se um bebê de 4 meses vê um brinquedo desconhecido apenas uma vez durante 15 segundos, parece que ele esquece tal experiência após um intervalo de 1 minuto. Os bebês foram visitados em casa a cada duas semanas, dos 3 aos 7 meses de idade. Cada bebê recebia um determinado brinquedo para brincar durante 15 segundos. O brinquedo era, então, retirado gentilmente, e depois de um intervalo ou de 10 segundos, 1 minuto, 3 minutos, 15 minutos, ou 1 hora, mostravam simultaneamente ao bebê um par de brinquedos – o brinquedo com o qual ele já tinha brincado antes e um outro. Como foi notado anteriormente, os bebês têm uma tendência natural para olhar para objetos desconhecidos. Portanto, se eles se lembrassem dos brinquedos com os quais haviam brincado antes, deveriam olhar mais tempo para o brinquedo novo. Os bebês com menos de 4 meses de idade olhavam mais tempo para o brinquedo desconhecido se o intervalo era apenas de 10 segundos. Mas quando o intervalo era de 1 minuto eles se comportavam como se tivessem esquecido que haviam brincado com o brinquedo. Somente após 6 meses de idade os bebês lembravam-se do brinquedo depois de um intervalo de 15 minutos (Mussen, 1995, p.104/105). FIGURA 2 – DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA Disponível em: http://3.bp.blogspot.com_V5gBGYc5EYM/ScWSVCj7jLI/ AAAAAAAAAmM/tWxMMhQlZsU/s1600-h/1aq.jpg. Acesso em: 12 mar. 2012. A partir de um ano e com a capacidade melhor da memória é comum que os bebês relacionem o passado e o presente. Diferenças temperamentais nos bebês Alguns bebês choram bastante, outros ficam quietos, alguns são agitados, outros dormem muito. Essas tendências inatas são chamadas de temperamento. O temperamento pode vir das disposições genéticas e pelo período pré-natal. Claro que estamos nos referindo ao temperamento e não a atitude dos pais, em relação a este último pode agravar ou facilitar o psicológico da criança. Será que a brincadeira promove o desenvolvimento cognitivo? Uma hipótese conhecida na Psicologia do Desenvolvimento é que a brincadeira facilita o desenvolvimento intelectual. A evidência para essa afirmação vem de estudos que mostram que as crianças que não tem brinquedos e dispõem de poucas oportunidades para brincar com outras crianças apresentam um atraso no desenvolvimento cognitivo, em comparação com outras da mesma idade. Além disso, crianças de famílias economicamente desfavorecidas parecem se envolver menos em brincadeiras de “faz de conta” na pré- escola do que as de classe média. Assim, alguns psicólogos acreditam que uma razão segundo a qual muitas crianças de classe desfavorecida têm problemas de aprendizagem quando entram na escola é que as brincadeiras foram menos frequentes, menos complexas e menos variadas do que aquelas realizadas pela maioria das crianças de classe média. Por outro lado, alguns antropólogos têm relatado culturas em que não há brincadeiras de “faz de conta”, apesar de a maioria das crianças brincar simbolicamente. As crianças hopi simulam caças a coelhos e fazem de conta que estão modelando vasos de barro, como seus pais. As crianças israelitas cujas famílias vieram de comunidades do Oriente Médio se envolvem muito menos em brincadeiras de faz de conta do que as crianças de israel cujas famílias emigraram da Europa. Assim, há diferenças entre culturas e classes importantes na frequência com que as crianças brincam. Se a brincadeira é importante para o pleno desenvolvimento intelectual, a introdução e a estimulação da brincadeira pode ser um meio de promover o desenvolvimento cognitivo. Phyllis Levenstein desenvolveu um programa para distribuir brinquedos a crianças desfavorecidas economicamente. As mães aprendem como usar os brinquedos nas brincadeiras com as crianças. Os brinquedos servem, assim, como veículos para promover interações estimulantese agradáveis entre as mães e seus filhos. Como se sabe que a estimulação verbal e as interações afetivas promovem o desenvolvimento cognitivo das crianças, os efeitos benéficos do programa podem ser devidos a esse aspecto, e não aos brinquedos em si. Os brinquedos apropriados podem ajudar ligeiramente as crianças mais velhas a aprender comportamentos sociais positivos na pré-escola. As crianças deficientes atendidas pelos programas Head Start assistiam a programas de televisão que estimulavam comportamentos positivos, tais como ajudar, compartilhar e cooperar. Em algumas classes havia brinquedos, bichinhos, discos e bonecas que eram parecidos com aqueles personagens e temas dos programas de televisão; outras classes continham brinquedos que não se relacionavam aos temas sociais do programa de televisão. 29 Quando os brinquedos suplementavam as mensagens dadas pelos programas, as crianças adotavam alguns dos comportamentos sociais que estavam sendo ensinados; os brinquedos aparentemente ajudavam-nas a pôr em prática os comportamentos que elas tinham aprendido. Embora esses e outros estudos mostrem que os brinquedos podem ser usados eficientemente em combinação com pais, professores ou em programas de televisão, para promover o desenvolvimento das crianças, há poucas evidências de que o oferecimento de brinquedos, por si só, contribuam para o desenvolvimento cognitivo ou social das crianças desfavorecidas (Mussen, 1995, p.167). A partir dos dois anos e meio, é comum que as crianças comecem a adquirir o comportamento de brincar com outras crianças, sendo bem raro antes dessa idade. Mussen (1995) também observa que, por volta dos dois anos e meio, as crianças começam a desenvolver padrões sobre os objetos. Exemplos: os brinquedos não devem ser quebrados, as roupas não devem estar rasgadas, como também padrões de comportamento correto e incorreto, como obediência aos pais, controle da agressão, higiene, dão início a compreensão do certo e do errado, do bom e do mal etc. Teóricos da psicologia acreditam que até os seis anos de idade não se deve julgar a fantasia da criança como mentira, mas, sim, a capacidade de simbolizar e fantasiar. 3- Crianças com necessidades especiais ‘‘A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho a seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo, mais claramente, cada qual pode. Cada um deles é um impulso em direção ao ser.” Herman Hesse A criança com necessidades especiais é aquela que se desvia do “normal” físico, social ou mental, a ponto de precisar de cuidados especiais, seja por algum tempo ou permanentemente, podendo apresentar-se como atraso mental, lentidão na aprendizagem e altas habilidades. O atendimento pode ser feito na escola, em classes especiais e regulares, porém, desvios extremos requerem instalações apropriadas e profissionais especializados. A criança deficiente intelectual FIGURA 3 – A CRIANÇA DEFICIENTE INTELECTUAL Disponível em: https://www.portalcorenrs.gov.br/index.php?categoria=ser vicos&pagina=noticias-ler&id=6807. Acesso em: 12 mar. 2012. Em relação à Deficiência Mental, segundo a classificação da OMS - (Organização Mundial da Saúde), a gravidade do quadro é classificada em 4 níveis: profundo, grave, moderado e leve. Profundo: São pessoas com uma incapacidade total de autonomia. Os que têm um coeficiente intelectual inferior a 10, inclusive aquelas que vivem em um nível vegetativo. Grave: Fundamentalmente necessitam que se trabalhe para instaurar alguns hábitos de autonomia, já que há probabilidade de adquiri-los. Sua capacidade de comunicação é muito primária. Podem aprender de uma forma linear, são crianças que necessitam revisões constantes. Moderado: O máximo que podem alcançar é o ponto de assumir um nível pré-operativo. São pessoas que podem ser capazes de adquirir hábitos de autonomia e, inclusive, podem realizar certas atitudes bem elaboradas. Quando adultos, podem frequentar lugares ocupacionais, mesmo que sempre estejam necessitando de supervisão. Leve: São casos perfeitamente educáveis. Podem chegar a realizar tarefas mais complexas com supervisão. São os casos mais favoráveis. Não são os 3 níveis mais sérios de Deficiência Intelectual a preocupar o diagnóstico causal das DA. Esses pacientes mostram claramente o grau de comprometimento intelectual que apresentam. O problema está na Deficiência Intelectual Leve, às vezes, limítrofe entre o normal e o sub-normal. Nesses casos o aluno desenvolve-se sofregamente durante um certo tempo, mas a partir de um determinado nível de exigência mental começam a apresentar dificuldades. Distingue-se pela incapacidade de generalizar, classificar, abstrair, analisar, quando esta está na escola. A primeira suspeita vem com seu lento desenvolvimento motor. A criança não engatinha, não anda no tempo próprio, sua linguagem não é desenvolvida, ou seja, existem sérios comprometimentos funcionais do encéfalo. A criança demora a aprender, precisando de repetição de estímulos de maneira intensa, daí a importância de conhecer a fisiologia do encéfalo para favorecer a educação sensorial. Ela apresenta dificuldades na discriminação dos objetos, percepção exata que, por deficiência dos sentidos, prejudicam o aprendizado. As causas podem ser: • pré-natais; • perinatais-durante o parto; • pós-natais. Pode ser diagnosticada em três etapas: • durante a gestação – causas genéticas, metabólicas, más formações e doenças familiares; • no momento do parto – traumatismo de parto, falta de oxigenação no nascimento; • durante as fases da vida – fatores nutricionais, afecções do sistema nervoso central, traumatismo craniano, falta de estímulos sensoriais, motores e emocionais. 30Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem É importante destacar que os PcD não podem ter inteira responsabilidade sobre a própria conduta, mas é importante que respondam por si, tanto quanto possível. A criança com lentidão para aprender É educável em classes regulares. O educador que tiver em sua classe um ou mais alunos apresentando esse ritmo estará diante da desafiadora tarefa de ajudá-los a se adaptarem à escola. Por conseguinte, fazem-se necessários: • utilizar-se de experiências concretas para aprender; • estímulos e motivação para aprender; • elogio e recompensa, individual ou em grupo; • atenção individual. Para isso, o educador deverá seguir alguns princípios: • aceitá-lo como é; • ser paciente; • apresentar sugestões positivas; • dar-lhe segurança, deixando-o perceber por palavras e ações que pode estar confiante; • procurar descobrir suas aptidões, pois as deficiências já são do seu conhecimento; • ele tem mais semelhanças que diferenças com seus companheiros que aprendem depressa. Independentemente dos critérios de agrupamento da escola, o educador deve preparar-se para encontrar sua classe diversificada, ajustando os trabalhos à classe para permitir o desenvolvimento máximo das aptidões de cada um. A criança e as Altas Habilidades Revela-se por um conjunto de traços e características, e não apenas pela velocidade do desenvolvimento ou por demonstração de inteligência. São, geralmente, independentes, confiantes de ideias claras, atitudes pertinentes. São capazes de formular conceitos críticos e pensar de modo organizado. Só pode ser definido se a criança possui altas habilidades depois dos cincos anos, caso a criança permaneça apresentando “fôlego intelectual”. A inteligência superior faz parte do conjunto, sendo usada de maneira criativa, apresentando outras características, tais como: • perseverança diante de uma tarefa; • procura explicações mais profundas do que as aceitas por outras crianças; • tem alto nível crítico, exigindo muito das respostas, e comportamento do adulto; • prefere o pensamento abstrato ao pensamento crítico; •a percepção do mundo que a rodeia é mais abrangente, mais sensível e intuitiva do que se espera para sua faixa etária; • é capaz de ter muitas ideias a respeito de qualquer situação-problema; • costuma ser independente, autossuficiente e estável no aspecto emocional. Na educação, essa criança merece ter atenção especial pelo menos para ter oportunidades correspondentes à sua idade mental e a outras aptidões e para desenvolver plenamente suas potencialidades sociais, estéticas e intelectuais. Aulas que não ofereçam desafios irão aborrecê-la e seu interesse diminuirá. Existem casos de crianças com AH que não são bem compreendidas, não são aceitas pelo grupo e, por isso, podem apresentar desajustes no comportamento ou nos problemas psicológicos. Os pais não devem tratá-los como adultos, pois necessitam de carinho e afeto infantil. No ambiente escolar, é importante incentivar o convívio com outras crianças, entre as quais encontrem estímulos para jogar e realizar brincadeiras normais de sua idade. Concluindo, o ideal é que a criança AH consiga uma relação satisfatória com as outras crianças, comportando-se de acordo com sua idade e, ao mesmo tempo, mantendo-se em seus interesses especiais. A criança e a paralisia cerebral A investigação da aprendizagem acadêmica em estudantes com insucesso escolar tem contribuído para a busca de uma maior compreensão dos processos envolvidos na aquisição dos repertórios de ler e escrever. A criança com lesão cerebral ocorrida em estágios precoces de seu desenvolvimento torna-se exposta às diversidades que interferem no contínuo e dinâmico amadurecimento do sistema nervoso. Condições essas importantes no processamento de informações relacionadas à aprendizagem, particularmente das aquisições mais elaboradas da mente humana, que é a capacidade de ler e escrever. O termo Paralisia Cerebral (PC) tem sido empregado em um grupo heterogêneo de condições clínicas, caracterizados por distúrbios motores e alterações posturais permanentemente, de etiologia não progressiva, que ocorre no cérebro imaturo, podendo ou não estar associado às alterações cognitivas. Atualmente, com os avanços das técnicas laboratoriais, da genética e da neuroimagem, tem sido possível identificar com maior precisão as referidas causas pré-natais e pós-natais. Parto traumático, infecções, agentes tóxicos e prematuridade, aumentam a suscetibilidade à hipoxemia perinatal (falta de oxigênio). A criança com PC pode ter os recursos neurológicos não otimizados para aprender decorrentes da própria condição lesional. No entanto, estruturas integrantes do sistema de recompensa podem ser ativadas quando se executam atividades que causam prazer, levando à motivação e à repartição de atos. Tais estruturas compreendem córtex cingulado, pré- frontal, núcleo acumbente, hipotálamo, amígdala cerebral e o hipocampo. Dessa forma, compensatoriamente, ela pode responder com maior dinamismo e eficácia, tendo essas disposições internas ativadas, organizadas, reguladas e direcionadas ao objeto específico. Um contexto facilitador é fundamental, principalmente, tratando-se da criança com alta frequência de insucessos nos meios acadêmicos e social, pois a criança com PC é frequentemente destituída de reação comportamental, tornando-se passiva durante atividades, perdendo a oportunidade de realizar os ajustamentos que contribuem na aprendizagem do próprio esquema corporal, das relações 31 com o meio e da autoconfiança em realizar- se. Além disso, é privada a oportunidade de aprender por tentativa e erros e por experimentações, condições estas essenciais para as aquisições educacionais sistemáticas. A criança com PC depende de exposição contínua à aprendizagem. Para que a linguagem ocorra, alguns fatores são importantes, tais como: a integridade dos sistemas nervoso central e sensorial, dos processos perceptuais, fatores motivacionais e a estimulação ambiental. Para Lent (2001), a associação, a mielinização e a riqueza de redes neurais são elementos que determinam, em parte, a evolução da linguagem de forma específica e, de maneira geral, a aprendizagem. A gravidade vai desde a mínima alteração de pronúncia ou articulação das palavras até a ausência de linguagem. Para criança com desenvolvimento normal, a aprendizagem de leitura e escrita constitui a segunda oportunidade de comunicação; para a criança com PC, esse domínio pode representar uma das formas mais viáveis de comunicação e integração, pois, entre a vontade de realizar e o objetivo a ser atingido, há o obstáculo constituído e construído pela deficiência. Os meios acabam não correspondendo aos fins, culminado no fracasso da ação. A limitação não permite que a criança realize plenamente sua intenção e ação. Todas as crianças têm possibilidades de aprender, em maior ou menor grau. Quando isso ocorre, é necessário investigar o mais precocemente a dificuldade. Para finalizar, acrescento, portanto, que a qualidade de vida deve ser garantida nos anos da infância, da adolescência e da adultícia, sendo responsabilidade de os pais, os responsáveis, os professores evitarem a decadência silenciosa da educação e do aprendizado catastroficamente comprometido. A criança aguarda com prazer o referido aprendizado, acelerando espontaneamente por meio da motivação que amadurece, e se diferencia de forma progressiva em direção à qualidade do desempenho geral, acadêmico e profissional. A criança e as síndromes genéticas São definidas como alterações no desenvolvimento fetal, presentes desde a fecundação, localizadas ou nos cromossomos (cromossomopatias) ou nos genes (doenças gênicas). Determinam modificações físicas e/ou bioquímicas no feto, que ficarão toda a vida, desde o embrião à velhice. Cito alguns sinais disgenéticos que educadores precisam identificar: CABEÇA: • Orelhas malformadas e de implantação baixa; • Inclinação anormal das fissuras palpebrais; • Hipertelorismo (afastamento horizontal exagerado dos olhos); • Macroglossia (língua grande); • Microftalmia (olhos pequenos); • Macrognatia (tamanho anormal da mandíbula); • Curvaturas anormais da abertura bucal e lábios alterados. NAS MÃOS E/OU PÉS: • Polidactilia (quantidade maior que os cinco dedos); • Sindactilia (dedos grudados); • Clinodactilia (inclinação lateral da última falange dos dedos); • Braquidactilia (dedos pequenos e polegar grosso). NO SISTEMA NERVOSO: • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; • Hipotonia; • Surdez; • Epilepsia; • Deficiência intelectual; • Hiperatividade; • Hidrocefalia; • Microcefalia; • Fechamento precoce da fontenela. TIPOS DE SÍNDROMES: • Síndrome de Down – conhecida como trissomia do cromossomo 21. • Síndrome de Edwards – outra trissomia do cromossomo 18 • Síndrome de Patan – trissomia do cromossomo 13. Algumas vezes, alteração cromossômica não depende da presença de um pedaço extra de cromossomo, mas sim de mudanças na posição (translocação), falta de um pedaço (deleção), fragilidade em uma determinada ligação (x-frágil). a) Síndrome de Turner – é localizada no cromossomo sexual X. Se for constituído por XX e 22 pares, será uma menina; ou por XY e 22 pares, será um menino. Quando um embrião contém apenas um cromossomo X, desenvolve-se uma anomalia cromossômica, só meninas podem apresentar tal transtorno, caracteriza-se além do cariótipo baixa estatura, gônada feminina anormal, pescoço alado, tórax largo com mamilos afastados, anomalias renais e cardiovasculares. b) Síndrome de Klinefelter – afeta também os cromossomos sexuais, atinge os meninos e depende da trissomia do cromossomo Y. Apresenta testículos pequenos, seios desenvolvidos, voz feminina, deficiência intelectual, membros longos, andar sem equilíbrio e sem coordenação motora. c) Síndrome do X-Frágil – é o comprometimento localizado no cromossomo X, que se torna susceptível a “quebrar-se”no contato com uma determina substância. A principal manifestação é comprometimento da inteligência, que determina desde dificuldades de aprendizagem até causas mais frequentes de deficiência intelectual. Pode atingir vários membros da família, sem que se observem sinais disgenéticos importantes. d) Síndrome Feto-Alcoólico – não é uma síndrome genética, porém adquirida em fase embrionária. Tem como características clínicas baixo peso, baixa estatura, comprometimento cognitivo, microcefalia, aberturas palpebrais pequenas, anomalias cardíacas, longa distância entre o nariz e os lábios, linguagem e fala atrasada, desenvolvimento escolar bastante prejudicado. É bom lembrar que as Síndromes Genéticas podem ter 32Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem o exame do cariótipo normal e, mesmo assim, tratar-se de doença que acomete o desenvolvimento embrionário desde a fecundação. 4- O adolescente Cerca de 300 anos antes de Cristo, Aristóteles queixava- se de que os adolescentes são “apaixonados, irracionais e sujeitos a serem levados por seus impulsos” (Kiell apud Mussen, 1967, p. 18-19). Platão aconselhava que não fosse permitido aos meninos beber antes dos 18 anos, devido à sua excitabilidade: “Fogo não deve ser derramado no fogo” (Platão, 1953, p. 14). Em um sermão fúnebre, um pároco do século XVII comparou a juventude a “um novo navio navegando no oceano sem um leme ou lastro nem um capitão para manejá-lo” (Smith, 1977, p. 497). No início desse século, G. Stanley Hall, fundador da American Psychological Association e iniciador do estudo científico da adolescência, introduziu a noção da adolescência como um período de grande “tormenta e tensão”, bem como de imenso potencial físico, mental e emocional. No entanto, não pode ser negado que a adolescência seja um período desafiador e, às vezes, difícil da vida. Afinal, a adolescência é considerada um período de mudanças – não só físicas, sexuais, psicológicas e cognitivas, mas também nas demandas sociais feitas pelos pais, companheiros, professores e pela sociedade em si. Várias demandas para socialização, por independência, mudanças de relacionamento com os companheiros e com os adultos, ajustamento sexual, preparação educacional e vocacional são feitas ao mesmo tempo em que o jovem está passando por um nível de maturação biológica quase sem precedentes. Além de ter que lidar com todas essas mudanças no desenvolvimento, os adolescentes estão lutando para alcançar suas próprias identidades e buscando por respostas à velha questão: “Quem sou eu?”. Segundo Mussen (1995), o termo adolescência vem do latim adolescere, que significa “crescer para a maturidade”. A adolescência começa com as questões biológicas de mudança na estrutura corporal e termina com as questões culturais, pois em algumas culturas pode ser breve, saindo da infância e assumindo a vida adulta, em outras culturas a adolescência se prolonga por anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente a adolescência é definida como uma etapa da vida entre os 12 e os 18 anos. O termo puberdade refere-se a primeira fase da adolescência, na qual há a maturação sexual, o aumento dos hormônios, sendo assim aumento dos ovários nas meninas e dos testículos nos meninos, que normalmente é acompanhado do “estirão de crescimento” no peso e na altura. Em ambos os sexos, o estirão de crescimento adolescente dura cerca de 4 anos e meio (Boxer; Petersen apud Mussen, 1995). Para os meninos, o pico crescimento ocorre, em média, aos 13 anos, nas meninas, isso ocorre aproximadamente dois anos antes, aos 11 anos. Em média, o estirão do crescimento no menino começa alguns meses antes de completar 11 anos, embora possa começar aos 9 anos. Da mesma forma, o estirão de crescimento geralmente se completa um pouco depois de 15 anos, mas pode continuar até os 17 anos. Nas meninas, o estirão de crescimento geralmente começa e termina cerca de dois anos antes. Pode haver um crescimento mais lento durante muitos anos, depois do estirão de crescimento se completar. Uma vez que o início do estirão de crescimento é tão variável, alguns jovens completam seu período de crescimento no período da puberdade antes dos outros começarem. Mudança de aparência física Segundo Mussen (1995), as mudanças na altura e no peso são acompanhadas de mudanças corporais, como a cabeça, os pés e as mãos atingem seu tamanho máximo, os braços e as pernas crescem mais rapidamente que o tronco. Neste sentido, fica evidente porque alguns adolescentes se sentem desajustados e muitas vezes “desastrados”, afinal perdem a noção corporal e ficam sujeitos aos pequenos acidentes e esbarrões. Os meninos desenvolvem ossos mais largos e espessos, mais tecido muscular e ombros mais largos, como resultado, os homens se tornam mais fortes. Nas meninas, há o aumento dos seios e dos quadris. Outro fator interessante nos meninos é o aumento do coração e pulmão, consequentemente havendo maior oxigenação sanguínea e maior resistência a esforços físicos. Torna-se completo o desenvolvimento dos pelos pubianos, seguido do desenvolvimento maduro das mamas e termino do desenvolvimento dos pelos axilares; Termina o período de “esterilidade adolescente” e a menina se torna capaz de conceber (até um ano aproximadamente após a menarca). 5- Aspectos psicológicos da adolescência O surgimento do conceito de adolescência ocorreu, primeiramente, por meio de Rosseau, no século XVIII, ao escrever a sua obra Emílio. Segundo Rosseau, a adolescência é um período de modificações, um segundo nascimento em direção à autonomia da vida adulta. Na psicologia, o conceito de adolescência foi introduzido no início do século XX, com Stanley Hall (1844-1924), considerado o fundador da psicologia do adolescente, concebendo-a como uma etapa marcada por crises, angustias, turbulências e conturbações vinculadas à sexualidade. A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano em que o indivíduo se prepara para uma grande mudança de status, da infância para a vida adulta. Segundo Outeiral (2003), a identidade sexual adquire sua estrutura e seu perfil definitivo na adolescência. Ocorrendo, assim, a passagem da bissexualidade (infantil) para a heterossexualidade (adulto), esta transição se dá como uma vivência muito importante, tanto socialmente como para o mundo interno do indivíduo, pois assim ele poderá dar conta de sua incompletude. O termo adolescência vincula-se às teorias psicológicas, considerando o indivíduo como ser psíquico, pautado pela realidade que constrói e por sua experiência subjetiva. Vigotski (2004) destaca: A adolescência caracteriza-se pelo 33 estabelecimento das relações com o meio por ser uma fase de transição entre a infância e a juventude. É uma etapa entre a infância e a juventude. Uma fase extremamente importante do desenvolvimento, com características muito próprias, que levará o adolescente a tornar-se um adulto, acrescida da capacidade de reprodução (Vigotsky, 2004, p.56). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência constitui-se em um processo fundamentalmente biológico, durante o qual se acelera o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade. Abrange as idades de dez a dezenove anos, divididas nas etapas de pré- adolescência (dos dez aos quatorze anos) e de adolescência propriamente dita (de quinze a dezenove anos). Assim, a adolescência como fase da vida, caracteriza-se como um momento de vida, um período de transição entre a infância e a vida adulta, entre a dependência e a maturidade. Entre as principais alterações pelas quais o adolescente passa, destacam-se o desenvolvimento do pensamento abstrato e formal, o estabelecimento da identidade sexual e a solidificação de amizades com a provável experimentação de grupos. A adolescência é uma fase de grandes mudanças físicas e psicológicas e caracteriza, principalmente nas culturas ocidentais, a passagem da infância para a vidaadulta. A maturação sexual é acompanhada por reações emocionais mistas (ansiedade, temor, excitação, prazer) e mudanças frequentes de humor, alternando-se desânimo e entusiasmo. O nível de estresse do adolescente também está aumentando à medida que a sociedade se torna mais complexa, exigindo mecanismos psicológicos adaptativos mais elaborados (Nascimento, 2011, p. 65). A sexualidade também é um elemento importante para a análise da dinâmica do adolescente. Ela é classificada por muitos autores como atividade de risco. As mudanças que caracterizam a adolescência incluem a consolidação do tipo de atração sexual vivida pelo indivíduo. Essa formação de identidade, causa no adolescente vários conflitos e a busca das experiências. A formação da identidade começa na infância, e conclui-se na adolescência. Porém, é na adolescência, devido às mudanças físicas e psicológicas, sexuais e cognitivas que estes precisam integrar todas as características. Tendo uma visão muito mais sofisticada de si e de suas características pessoas e psicológicas. Pesquisas feitas por meio de autodescrição comprovam que uma criança se descreve bem mais por meio de suas características físicas e um adolescente se descreve por meio das características psicológicas. Oito Estágios do Desenvolvimento de Erik Erikson Erik Erikson, um teórico psicanalítico, propôs revisões importantes das ideias de Freud sobre os estágios de desenvolvimento. Erikson achava que Freud havia valorizado demasiadamente os determinantes biológicos e sexuais da mudança no desenvolvimento e subestimava a importância das experiências de educação dos filhos, das relações sociais e das influencias culturais no desenvolvimento do ego ou eu. Acreditava ainda que as importantes mudanças no desenvolvimento acorriam depois da meninice. Assim, Erikson, propôs uma serie de oito estágios de desenvolvimento, estendendo-se por toda a vida. A teoria de Erikson estimulou poucas pesquisas sobre crianças pequenas. Entretanto, foi influente na geração de pesquisas sobre o desenvolvimento adolescente e adulto. Os oito estágios propostos por Erikson são apresentados na figura deste Quadro. Cada estagio é definido por uma tarefa de desenvolvimento ou crise que precisa ser resolvida para que o individuo mantenha um padrão saudável de desenvolvimento. - A maior preocupação do primeiro estágio é o estabelecimento da confiança. Erikson acreditava que os bebês desenvolvem a confiança quando seu mundo é coerente e previsível – quando eles são alimentados, recebem cuidados, carinho, e seu bem-estar é mantido de forma constante. - O 2ª estágio é descrito como um conflito entre a autonomia, a vergonha e a dúvida. Entre 1 e 2 anos, as crianças começam a afirmar sua independência – elas dizem não, podem andar e correr para onde quiserem. O treino de toalete, frequentemente iniciado nesse período, pode se tornar uma batalha onde a criança se recusa a fazer o que os pais desejam. Erikson acreditava que é importante dar às crianças um sentido de autonomia e não ser ríspido e punitivo durante esse período. Os pais que deixam seus filhos envergonhados por se portarem mal poderiam criar uma dúvida básica sobre ser independente. - O 3ª estágio envolve um conflito entre a iniciativa e a culpa. A criança nessa fase começa a ser orientada para tarefas e a planejar as novas atividades. É um período em que a masturbação e a curiosidade sexual são notadas frequentemente pelos pais. O perigo nesse período, de acordo com Erikson, é que a criança pode desenvolver culpa excessiva de suas ações. - Durante a meninice, as crianças precisam resolver o conflito entre o esforço e a inferioridade. As crianças entram na escola, começam a realizar tarefas e adquirem habilidades importantes. O desempenho em um sentido de competência específica ou passar por experiências repetidas de fracasso pode desenvolver sentimentos fortes de inferioridade. - O principal conflito na adolescência é a formação de identidade versus confusão de papel. A pessoa jovem solidifica muitos elementos da identidade da meninice e forma uma clara identidade vocacional e pessoal. A falha em resolver este conflito pode resultar em confusão de papel ou difusão de identidade. Erikson reconhecia que a formação de identidade podia prosseguir de modo diferente para os dois sexos, porque a sociedade realça papéis adultos diferentes para eles. Julgava que a identidade de carreira era extremamente importante para o sexo masculino, mas a identidade para as mulheres podia centrar-se no futuro marido e em seu papel de esposa e mãe. As mudanças nos papéis das mulheres nos últimos anos levaram muitos psicólogos a revisar esse trecho da teoria, a fim de incluir também metas de carreira profissional como parte da identidade feminina. - No estágio adulto jovem, o conflito principal é a intimidade em contraposição ao isolamento. Precisam ser formados relacionamentos pessoais profundos e duradouros. Uma pessoa que não os forma pode ficar psicologicamente isolada das outras e ter apenas relacionamentos sociais superficiais. De acordo com Erikson, o relacionamento intimo mais importante é um relacionamento sexual comprometido com um parceiro do outro sexo. Uma vez mais, esse ponto de vista foi contestado como desnecessariamente restrito; algumas pessoas argumentaram que muitos tipos de relacionamento íntimos são importantes e compensadores. No estágio adulto médio, o conflito é entre a produção 34Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem e a estagnação. Uma forma de produção é ter filhos, mas ser produtivo e criativo no próprio trabalho ou em outras atividades também pode ser importante. Sem um sentido de produção ou criatividade, Erikson argumentou, um adulto fica estagnado e deixa de crescer. O conflito final é entre integridade do ego e desespero. A pessoa com integridade do ego tem um senso de ordem e significado na vida e um sentimento de satisfação com o que foi realizado em suas vidas. Percebem-se como integrantes da cultura maior ou do mundo. o desespero pode ocorrer quando as pessoas começam a temer a morte ou quando não aceitam a vida que levaram como satisfatória ou digna (Erikson, 1963 apud Mussen, 1995, p. 559-561). 6- Adolescência hoje Segundo Bock (2008), um grupo de psicólogos e pesquisadores da Universidade de Roma realizou uma pesquisa com jovens italianos, originando um extenso volume chamado “A condição juvenil: Critica à Psicologia do Adolescente e do Jovem”, publicado em 1980. Nesse livro, procuraram discutir a definição da adolescência e do jovem chegando a conclusão que adolescência e juventude não tem definição precisa. Já no senso comum existe o conhecimento destes termos, sendo o período que ocorre após a infância e antecede a fase adulta. Porém, os critérios que definem e identificam essa etapa são construídos pela cultura. Assim como em uma cultura como a nossa, na qual existe uma exigência que seus membros se preparem para a vida adulta. Para entender melhor este sentido da adolescência enquanto uma construção cultural, Bock (2008) cita um estudo realizado por Bronislaw Maliowski, sobre os nativos trobriandeses, das ilhas da Nova Guiné, na Oceania. Nesta ilha, os nativos jovens iniciam a puberdade muito antes que em nossa sociedade e com isso, meninos e meninas já iniciam sua vida sexual. Não há ritos de passagem, o rapaz apenas vai participando cada vez mais das atividades econômicas da tribo até se tornar um membro pleno. Neste sentido, a autora esclarece que por mais que exista uma inicialização deste jovem tribal a fase adulta, é muito diferente em nossa cultura, principalmente em relação a iniciação sexual. Na nossa sociedade, são aspectos normais da adolescência a busca de si mesmo e da identidade, tendência grupal, necessidade de intelectualizar e fantasiar, crises religiosas, deslocalização temporal, evolução sexual, atitude social reivindicatória com tendências anti ou associais,contradições sexuais, separação progressiva dos pais e constantes flutuações de humor. Como já vimos, a adolescência é uma construção moderna e tem a ver com as formas de vida da sociedade industrial. Na sociedade pré-industrial, as crianças passavam da infância a fase adulta, desde pequenos trabalhavam com seus pais e a partir do momento que tivessem força física, tamanho e possibilidade de procriação iniciavam no mundo dos adultos. Com a revolução industrial, as crianças já não tinham com quem aprender um ofício e surgiram então as escolas, local onde ficavam enquanto os pais estavam nas fábricas. A revolução industrial trouxe muitas mudanças para o mundo e para a vida. Uma delas foi deslocar os adultos, que até então trabalhavam em casa ou perto dela, para a fábrica. As crianças que aprendiam o oficio de seus pais agora não aprenderiam mais, precisariam de outro espaço para ficar enquanto os pais trabalhavam e precisariam de algum lugar para aprender a trabalhar. A escola então se apresentou, e ali as crianças ficavam para ocupar o tempo enquanto seus pais estavam nas fábricas e, posteriormente para aprender os conteúdos mínimos necessários para trabalhar na sociedade industrial (Bock, 2008, p. 300). Posteriormente, houve a necessidade de manter as crianças mais tempo na escola. Bock (2008) cita que com o avanço da tecnologia, houve o aumento da longevidade da população e com isso a necessidade de um “ represamento dos jovens” na escola, para que não ocupassem o lugar dos pais no mercado de trabalho. Viveriam coletivamente a mesma contradição – capazes, mas não autorizados a ocupar um lugar de adulto. Identificariam-se entre si por viverem esta mesma situação social. Estariam dadas as condições históricas para o surgimento de um grupo social que apresentaria comportamentos semelhantes, relacionados a essa situação: rebeldia contra o mundo adulto, onipotência, crise de identidade, tendência a construção de grandes planos e projetos futuros, grupalização e formação de turmas (Bock, 2008, p. 300). Atualmente, o que vemos é a adolescência assumindo diferentes padrões, conforme a classe social a qual o jovem esta inserido. Assim, a adolescência não é igual para todos os jovens. Alguns jovens de família de baixa renda entram no mercado de trabalho muito cedo, já assumindo responsabilidades financeiras de ajudar nas despesas domésticas, enquanto outros jovens de classe média e classe média alta permanecem na casa dos pais, sendo sustentados por estes até concluírem seus estudos superiores ou de pós graduação. Alguns autores chamam de “prolongamento da adolescência”. Claro que em relação ao contexto acima, o mercado de trabalho não é o único meio de definir a adolescência. É importante entender que a adolescência é o período de preparação para a fase adulta e de construção da sua identidade. É comum neste período, as chamadas crises da adolescência, que nada mais são que crises de identidade. Afinal, o jovem que viveu até o momento com os valores familiares, se depara com outros conhecimentos e valores sociais, de grupos de amigos, assim passam a questionar os ensinamentos tidos como único recebidos até aquele momento. Nesta ânsia de ser adulto independente e de tomar suas próprias decisões, como alguns conceitos do que é certo ou errado, com alguns ensinamentos visto como corretos até o momento, juntamente com a angústia de não ser mais criança 35 e de querer ser adulto e tomar suas próprias decisões entra em crise de identidade. Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar esse tópico, vamos recordar: Retomando a aula 1 - A primeira infância No primeiro ano de vida, ocorre também uma maturação do cérebro e, com isso, o aumento das sinapses e da conexão entre suas várias partes. Daí a necessidade da estimulação usual, da fala e da aprendizagem. Após o primeiro ano de vida, esta taxa do crescimento torna-se mais lenta, o aparecimento da fala ocorre entre 1 e 3 anos de idade. Com a maturação cerebral, há também uma maior agilidade motora da criança, permitindo que sente, engatinhe e ande, o que ocorre em média em torno de 1 ano de vida. O desenvolvimento cognitivo, como a memória, a linguagem e a autoconsciência não estão localizadas em lugares específicos do cérebro, mas derivam de relações complexas entre as diferentes partes do cérebro. A capacidade da memória parece aumentar após 8 meses de idade. É comum nesta idade os pais brincarem escondendo um brinquedo sob um pano e os bebês o recuperarem. 2 - A segunda infância Mussen (1995) cita que as crianças nesta idade têm tendência e a capacidade de tratar um objeto como se fosse outra coisa, ou seja, um talento para o “faz de conta”, sendo que esta é provavelmente uma qualidade exclusivamente do ser humano. Os psicólogos supõem que, durante a maior parte do primeiro ano, as crianças reagem a novos eventos, criando esquemas cujas características correspondem àquelas do evento original. O simbolismo que a criança faz traz noção de brincadeira. As crianças, em seus desenhos, mesmo se tratando das garatujas, estão desenvolvendo a função simbólica. Outro tipo de brincadeira simbólica da criança é fazer de conta que é outra pessoa, em geral pai ou mãe. A partir dos dois anos e meio, é comum que as crianças comecem a adquirir o comportamento de brincar com outras crianças sendo bem raro antes dessa idade. 3 - Crianças com necessidades especiais A criança com necessidades especiais é aquela que se desvia do “normal” físico, social ou mental, a ponto de precisar de cuidados especiais, seja por algum tempo ou permanentemente, podendo apresentar-se com atraso mental, lentidão na aprendizagem e altas habilidades. O atendimento pode ser feito na escola, em classes especiais e regulares, porém, desvios extremos requerem instalações apropriadas e profissionais especializados. Em relação à Deficiência Intelectual, segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a gravidade do quadro seria classificada em 4 níveis: profundo, grave, moderado e leve. A criança demora a aprender, precisando de repetição de estímulos de maneira intensa, daí a importância de conhecer a fisiologia do encéfalo para favorecer a educação sensorial. Apresenta dificuldades na discriminação dos objetos, percepção exata que, por deficiência dos sentidos, prejudicam o aprendizado. A criança com Altas Habilidades revela-se por um conjunto de traços e características, e não apenas pela velocidade do desenvolvimento ou por demonstração de inteligência. São geralmente independentes, confiantes de ideias claras, atitudes pertinentes. São capazes de formular conceitos críticos e pensar de modo organizado. Só pode ser definida se a criança possui altas habilidades, depois dos cincos anos, caso a criança permaneça apresentando “fôlego intelectual”. A criança com lesão cerebral, ocorrida em estágios precoces de seu desenvolvimento, torna-se exposta às diversidades que interferem no contínuo e dinâmico amadurecimento do sistema nervoso, condições essas importantes no processamento de informações relacionadas à aprendizagem, particularmente das aquisições mais elaboradas da mente humana, que é a capacidade de ler e escrever. O termo Paralisia Cerebral (PC) tem sido empregado em um grupo heterogêneo de condições clínicas, caracterizados por distúrbios motores e alterações posturais permanentemente, de etiologia não progressiva, que ocorre no cérebro imaturo, podendo ou não estar associado às alterações cognitivas. A criança com Síndromes Genéticas tem alterações no desenvolvimento fetal, presentes desde a fecundação, localizadas ou nos cromossomos (cromossomopatias) ou nos genes (doenças gênicas). Determinam modificações físicas e ou bioquímicas no feto, que ficarão toda a vida, desde o embrião à velhice. 4- O adolescente A adolescência é considerada um período de mudanças– não só físicas, sexuais, psicológicas e cognitivas, mas também nas demandas sociais feitas pelos pais, companheiros, professores e pela sociedade em si. Várias demandas para socialização, por independência, mudanças de relacionamento com os companheiros e com os adultos, ajustamento sexual, preparação educacional e vocacional, são feitas ao mesmo tempo em que o jovem está passando por um nível de maturação biológica quase sem precedentes. Segundo Mussen (1995), o termo adolescência vem do latim adolescere, que significa “crescer para a maturidade”. A adolescência começa com as questões biológicas de mudança na estrutura corporal e termina com as questões culturais, pois em algumas culturas pode ser breve, saindo da infância 36Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem e assumindo a vida adulta, em outras culturas a adolescência se prolonga por anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente a adolescência é definida como uma etapa da vida entre os 12 e os 18 anos. O termo puberdade refere-se à primeira fase da adolescência, na qual há a maturação sexual, o aumento dos hormônios, sendo assim aumento dos ovários nas meninas e dos testículos nos meninos, que normalmente é acompanhado do “estirão de crescimento” no peso e na altura. Para a teoria de Jean Piaget o início da adolescência é caracterizado pela fase do pensamento operatório formal. É importante compreender que esta fase não ocorre repentinamente, mas gradativamente. 5 - Aspectos psicológicos da adolescência A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano em que o indivíduo se prepara para uma grande mudança de status, da infância para a vida adulta. Segundo Outeiral (2003), a identidade sexual adquire sua estrutura e seu perfil definitivo na adolescência. Entre as principais alterações pelas quais o adolescente passa, destacam-se o desenvolvimento do pensamento abstrato e formal, o estabelecimento da identidade sexual e a solidificação de amizades com a provável experimentação de grupos. Essa formação de identidade causa no adolescente vários conflitos e a busca das experiências. É na adolescência, devido às mudanças físicas e psicológicas, sexuais e cognitivas que estes precisam integrar todas as características. Tendo uma visão muito mais sofisticada de si e de suas características pessoas e psicológicas. 6 - Adolescência hoje A adolescência é uma construção moderna e tem a ver com as formas de vida da sociedade industrial. Na sociedade pré-industrial, as crianças passavam da infância a fase adulta, desde pequenos trabalhavam com seus pais e a partir do momento que tivessem força física, tamanho e possibilidade de procriação iniciavam no mundo dos adultos. Atualmente, o que vemos é a adolescência assumindo diferentes padrões, conforme a classe social a qual o jovem esta inserido. Assim, a adolescência não é igual para todos os jovens, nem é igual em todas as culturas. É importante entender que a adolescência é o período de preparação para a fase adulta e de construção da sua identidade, sendo comuns as crises de identidade. FEURESTEIN I. Aprender a Aprender. São Paulo: SENAC. 1999. Vale a pena ler Vale a pena CALLIGARIS, Contardo. A Adolescência. 2. ed. São Paulo: Publifolha. 2009. Meu filho Meu mundo/ O óleo de Lorenzo. Vale a pena assistir Minhas anotações