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ASSISTENCIA AO PARTO 2019 PROTOCOLO SOFIA FELDMAN


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ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL 
 
janeiro/2019 – Substitui versões anteriores 
Data prevista para revisão: janeiro/2021 
Introdução 
O nascimento é um dos eventos mais importantes na vida de uma sociedade. Afinal o 
surgimento de um novo ser desperta corações e mentes. Nasce não apenas um novo 
indivíduo, mas um novo homem, uma nova mulher, uma nova família e um novo mundo. 
Desde os seus primórdios, no momento do nascimento humano, quase sempre alguém 
esteve por perto para assistir à mulher e, independente do local onde acontece, a 
assistência ao parto e ao nascimento se reveste de uma importância particular. Quando as 
mulheres e suas famílias procuram assistência, além da preocupação sobre a sua saúde e 
a do seu filho ou filha, estão também em busca de uma compreensão mais ampla e 
abrangente do processo que estão vivenciando, pois para elas o momento da gravidez e 
do nascimento, em particular, é um dos eventos mais marcantes nas suas vidas e de suas 
famílias, assim como de todos aqueles que as cercam. 
Além das tecnologias duras, ou seja, aquelas baseadas na utilização de máquinas e 
equipamentos, a assistência ao parto e nascimento carece também das tecnologias leve-
duras, ou seja, aquelas baseadas no conhecimento e na sua aplicação e também das 
tecnologias leves, ou seja, aquelas baseadas nas relações humanas. Nesse processo 
assistencial deve-se adotar uma concepção multidimensional onde, tanto os eventos que 
comprometem a estrutura ou função do corpo, como lesões, incapacidade, disfunção ou 
mesmo a morte, assim como o sofrimento social, psicológico, moral e cultural devem ser 
levados em consideração. 
A variedade de práticas existentes no processo de assistência ao parto e nascimento pode 
colocar em risco a segurança das parturientes e seus filhos ou filhas já que, em muitos 
casos, não devem estar recebendo a assistência mais adequada às suas necessidades e 
de acordo com as melhores evidências derivadas de estudos científicos bem desenhados. 
Em outros casos também, podem estar sendo submetidas a práticas diagnósticas e/ou 
terapêuticas com potencial de provocar danos. Além do mais, a enorme expansão do 
conhecimento científico publicado nos últimos anos dificulta a sua aquisição de forma rápida 
e eficiente por parte daqueles envolvidos na assistência. Muitos problemas podem ter a sua 
origem na aplicação inadequada do conhecimento ou mesmo a não aplicação da prática 
mais eficaz para lidar com situações específicas. 
As diretrizes clínicas baseadas em evidências fornecem uma ferramenta adequada de 
Assistência ao Parto 
 2 
consulta para os profissionais na sua atividade diária já que, se corretamente 
desenvolvidas, com avaliação sistemática e sintetização da informação científica 
disponível, são potentes aliadas na tomada de decisões. Nesse processo, as habilidades e 
experiência clínica do provedor de cuidados associadas às expectativas e necessidades 
únicas das mulheres e suas famílias, mais a informação derivada da melhor pesquisa 
científica, formam o tripé que se chama de prática clínica baseada em evidência, uma das 
regras básicas para uma assistência focada na qualidade. 
Este Protocolo/diretriz deverá servir de guia para uma assistência de qualidade ao parto e 
nascimento no Hospital Sofia Feldman de acordo com o seu escopo e metodologia de 
elaboração. 
Escopo e finalidades 
Objetivos gerais 
Este Protocolo/Diretriz tem como finalidades principais: 
Sintetizar e avaliar sistematicamente a informação científica disponível em relação às 
práticas mais comuns na assistência ao parto e ao nascimento fornecendo subsídios e 
orientação a todos os envolvidos no cuidado no Hospital Sofia Feldman, no intuito de 
promover, proteger e incentivar o parto normal 
Objetivos específicos 
• Uniformizar e padronizar as práticas mais comuns utilizadas na assistência ao parto 
normal; 
• Diminuir a variabilidade de condutas entre os profissionais no processo de assistência 
ao parto; 
• Reduzir intervenções desnecessárias no processo de assistência ao parto normal e 
consequentemente os seus agravos; 
• Estimular práticas baseadas em evidências na assistência ao parto normal; 
• Fazer recomendações das melhores práticas sem, no entanto, em situações 
excepcionais, substituir o julgamento individual do profissional, da parturiente e dos pais 
em relação à criança, no processo de decisão no momento de cuidados individuais. 
A quem este protocolo/diretriz se destina 
Este Protocolo/Diretriz deverá servir de referência e orientação para a assistência a: 
• Mulheres em trabalho de parto com parto normal planejado (espontâneo ou induzido) 
com gestação a termo e pós-termo, com feto único, vivo e em apresentação cefálica; 
• Parturientes que apresentarem eliminação de mecônio imediatamente antes ou durante 
o trabalho de parto; 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 3 
• Anormalidades ou complicações mais comuns encontradas na assistência ao trabalho 
de parto e parto em todas as suas fases; 
• Recém-nascido normal imediatamente após o parto e nas primeiras horas de vida; 
• Recém-nascido imediatamente após o parto na presença de líquido meconial. 
As seguintes situações não serão cobertas pela Diretriz: 
• Mulheres em trabalho de parto prematuro (antes de 37 semanas de gestação); 
• Manejo de outras anormalidades ou complicações do trabalho de parto e parto não 
constantes do protocolo/diretriz; 
• Mulheres com diagnóstico de morte fetal e/ou com complicações da gestação tais como 
desordens hipertensivas, diabetes, gravidez múltipla, restrição de crescimento fetal, 
apresentações anômalas, etc; 
• Métodos e técnicas de indução do parto; 
• Técnicas de parto vaginal operatório ou cesariana; 
• Mulheres que necessitem de cuidados adicionais por infecção pelo HIV, herpes genital, 
estreptococo do grupo B ou outras infecções; 
• Manejo da hemorragia pós-parto; 
• Manejo da distócia de ombro: 
• Recém-nascidos que necessitem de reanimação avançada logo após o nascimento. 
Nas mulheres em trabalho de parto a termo, espontâneo ou induzido, com complicações 
da gestação tais como desordens hipertensivas, diabetes, gravidez múltipla, restrição de 
crescimento fetal, etc. também poderá servir de referência já que algumas práticas e 
intervenções podem ser semelhantes. 
Para efeito deste protocolo/diretriz entende-se como parto normal ou espontâneo aquele 
que não foi assistido por fórceps, vácuo extrator ou cesariana, podendo ocorrer 
intervenções baseadas em evidências, em circunstâncias apropriadas, para facilitar o 
progresso do parto e um parto vaginal normal, tais como: 
• Estimulação do trabalho de parto com ocitocina; 
• Ruptura artificial de membranas; 
• Alívio farmacológico da dor (peridural, opióides, óxido nitroso); 
• Alívio não farmacológico da dor; 
• Manejo ativo do terceiro período. 
Usuários do Protocolo/Diretriz 
Audiência primária: 
• Todos os profissionais envolvidos diretamente na assistência ao parto no Hospital Sofia 
Feldman, tais como médicos obstetras, pediatras, neonatologistas, anestesiologistas, 
enfermeiras obstétricas, enfermeiras assistenciais, técnicos de enfermagem, etc. 
• Todos os profissionais em processo de treinamento envolvidos diretamente na 
assistência, tais como especializandos e residentes de enfermagem obstétrica e 
neonatal e médicos residentes de obstetrícia, neonatologia e anestesiologia. 
Assistência ao Parto 
 4 
Audiência secundária: 
• Todos os profissionais envolvidos indiretamente na assistência ao parto como 
fisioterapeutas, psicólogos, etc. 
• Estudantes de graduação na prática de estágio curricular ou extracurricular envolvidos 
no processo de assistência ao parto; 
• As mulheres, seus familiares ou representantes; 
• Doulas, educadores perinatais, etc. 
Quem desenvolveu este Protocolo/Diretriz 
Este protocolo/diretriz foi elaborado por um grupo multidisciplinar do Hospital Sofia 
Feldman, o Grupo Elaborador do Protocolo/Diretriz ou GEPD. O grupo foi composto por 2 
médicos obstetras, 1 médiconeonatologista, 1 enfermeira obstétrica, 1 médico residente. 
Foi designado como coordenador do GEPD um médico obstetra. 
Metodologia para elaboração deste Protocolo/Diretriz 
Este Protocolo/Diretriz foi elaborado a partir das versões anteriores do mesmo e atualizado 
de acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal da CONITEC/MS, 
da OMS, outras diretrizes e protocolos além de outras publicações secundárias com 
análise, sintetização e classificação das evidências, adaptadas à realidade do Hospital 
Sofia Feldman. Os mesmos estão listados na bibliografia e devem servir de referência para 
maior aprofundamento nos assuntos do protocolo, de acordo com os interesses dos 
usuários. 
Avaliação, síntese, classificação das evidências e força das recomendações 
A avaliação, síntese e classificação das evidências foi realizada nos documentos que 
serviram de fonte para o protocolo. O grupo elaborador deste Protocolo/Diretriz decidiu não 
descrever e nem classificar as evidências, adaptando apenas as recomendações das 
diretrizes fonte. Entretanto, o uso do verbo deve ou outros verbos no infinitivo ou imperativo 
(ex. “realizar”, “realize”, “informar”, “informe”, etc.) se referem a recomendações onde existe 
uma forte confiança de que os efeitos desejáveis da intervenção superam os efeitos 
indesejáveis e o uso do negativo não precedendo estes verbos, se refere a recomendações 
onde os efeitos indesejáveis da intervenção superam os efeitos desejáveis. Quando os 
efeitos desejáveis de uma intervenção provavelmente superam os efeitos indesejáveis, mas 
a confiança na magnitude desses efeitos não é forte, utiliza-se o verbo considerar. Foi 
mantida parte do texto da última versão do Protocolo/Diretriz, com atualização de acordo 
com a necessidade. Os interessados em se aprofundar nos temas e avaliar as evidências 
que embasaram as recomendações podem consultar os documentos fonte da adaptação 
constantes da bibliografia. 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 5 
Guia rápido de referência 
A seguir uma série de fluxogramas são apresentados para servir como um guia rápido de 
referência do protocolo. Os mesmos não devem substituir a consulta ao inteiro conteúdo do 
documento, mas poderão ser consultados em situação de necessidade para se obter uma 
resposta mais rápida e orientar o manejo. Nos fluxogramas são apresentados ícones 
definindo as atribuições dos membros da equipe de médicos obstetras, enfermeiras 
obstétricas, enfermeiras neonatais, médicos pediatras e neonatologistas do Hospital Sofia 
Feldman no processo de assistência ao parto normal, como a seguir: 
 
Tanto enfermeiras obstétricas ou residentes de enfermagem obstétrica sob 
supervisão, como médicos obstetras ou médicos residentes de obstetrícia 
sob supervisão podem prestar os cuidados. 
 
Um médico obstetra ou um médico residente de obstetrícia de nível II ou III 
deve ser comunicado e consultado sobre a situação e tal fato registrado no 
prontuário. 
 
Um médico obstetra ou um médico residente de nível II ou III deve ser 
comunicado e o mesmo deve assumir a liderança do cuidado, registrar no 
prontuário e assinar. No caso de médico residente, o mesmo deve 
comunicar ao médico obstetra responsável. 
 
Tanto enfermeiras obstétricas ou neonatais, como médicos generalistas, 
pediatras ou neonatologistas, com habilidades básicas de reanimação 
neonatal, exclusivos para assistência ao recém-nascido, podem prestar os 
cuidados. 
 
Um médico com habilidades avançadas em reanimação neonatal 
(generalista, pediatra, neonatologista ou residente de neonatologia) deve 
prestar os cuidados. 
EO 
 
MO 
 
MO 
 
MO 
 
EON 
 
MPN 
 
MPN 
 
Fluxograma: Assistência durante a recepção da gestante 
Orientar e liberar 
para o domicílio 
EO 
 
MO 
 
Fatores de risco? 
Box 1 e tabelas 3 e 4 
SIM 
NÃO 
2o período 
Ver fluxograma 
próprio 
Trabalho de 
parto? 
NÃO 
SIM 
SIM 
1o período 
Ver fluxograma 
próprio 
Solicitar avaliação, discutir, 
referir, manejar segundo 
protocolos MO 
 
MO 
 
Gestante a termo com 
sinais/sintomas de 
trabalho de parto 
Avaliação inicial 
Entrevista/Anamnese 
• Cumprimentar a mulher; 
• Motivo da consulta; 
• Dor e intensidade/contrações; 
• Perdas vaginais (líquido, sangue, 
secreções, etc.); 
• Outros sintomas; 
• Movimentos fetais 
• Avaliar cartão de pré-natal; 
• Antecedentes obstétricos/problemas 
da gravidez atual; 
• Antecedentes familiares e pessoais; 
• Riscos para não amamentar ou de 
fazê-lo num prazo insuficiente; 
• Avaliar plano de parto; 
Exame Clínico/Obstétrico 
• Pulso, PA e temperatura; 
• Palpação abdominal (manobras de 
Leopold) e altura uterina; 
• Atividade uterina; 
• Ausculta dos BCF; 
• Dilatação e apagamento cervical; 
• Apresentação, altura e variedade da 
apresentação; 
• Exame por sistemas, SN 
EO 
 
MO 
 
ACCR
 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 7 
Fluxograma: Assistência durante o primeiro período do trabalho de 
parto 
Fase ativa do TP 
• Admitir para assistência; 
• Oferecer apoio emocional, físico e 
estratégias de alívio da dor; 
• Orientar e comunicar de forma 
adequada; 
• Rever plano de parto; 
• Oferecer liberdade de movimentação; 
• Encorajar participação de 
acompanhante; 
• Dieta líquida ou baixo resíduo; 
• Não realizar enema, tricotomia de rotina; 
• Iniciar partograma; 
• Não realizar amniotomia de rotina; 
• PA e temperatura de 4 em 4 hs.; 
• Pulso de 1 em 1 h.; 
• Ausculta fetal de 30 em 30 min.; 
• Atividade uterina em 10’ de 1 em 1 h.; 
• Dilatação cervical e descida da 
apresentação de 4 em 4 hs. ou menos 
frequente (avaliação individual); 
• Avaliar função e estimular esvaziamento 
vesical de 2 em 2 hs. 
Contrações uterinas 
regulares E 
dilatação cervical de 
pelo menos 5 cm? 
 
NÃO 
SIM 
Fatores de risco? 
(Box 2) 
Falha de progresso? 
(ver fluxograma) 
SIM 
NÃO 
Gestante a termo no 1o 
período 
do trabalho de parto 
Solicitar avaliação, discutir, 
referir, manejar segundo 
protocolos MO 
 
MO 
 
 
Fase de latência do TP 
• Oferecer apoio individual, informações 
sobre a fase e o que fazer se sentir dor; 
• Oferecer orientação ao(s) 
acompanhante(s); 
• Encorajar e orientar a mulher e, se 
residir próximo ao Hospital, aconselhá-la 
a ir para sua casa e retornar se houver 
intensificação da frequência e 
intensidade das contrações, levando-se 
em consideração as suas preocupações, 
a distância do Hospital e o risco do parto 
acontecer sem assistência; 
• Caso vá para casa: 
oOferecer informações sobre o que 
esperar e quando procurar assistência; 
o Estabelecer um plano de cuidados 
com a mulher, incluindo orientação de 
quando e com quem contatar 
posteriormente. 
• Nas demais situações, ou por desejo da 
mulher, admitir em regime de 
observação por 2 a 3 horas. 
EO 
 
MO 
 
• Continuar assistência 
• Antecipar parto vaginal 
• Identificar 2o período (ver 
fluxograma) 
EO 
 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
Assistência ao Parto 
 8 
Fluxograma: Ruptura prematura de membranas no termo 
• Coletar líquido e realizar medida 
do pH com fita de urinálise OU 
• Depositar em uma lâmina e deixar 
secar em ar ambiente por 10 
minutos e realizar microscopia 
pH ≥ 7 ou 
cristalização ao 
microscópio? 
 
Relato de eliminação 
de líquido claro que 
molha roupas íntimas 
e escorre pelos mmii 
ou dúvidas? 
Admitir e repetir 
todos os passos 
após hidratação 
Permanece 
dúvidas? Oligohidrâmnio? 
Líquido claro fluindo 
pela vulva, 
espontaneamente ou 
após manobra de 
Valsalva? 
Líquido no 
fundo de 
saco? 
Gestante a termo com 
queixa de eliminação de 
líquido pelos genitais sem 
contrações regulares 
Ruptura de Membranas 
• Indução imediata – preferencial OU 
• Aguardar no máximo 24 horas – preferência da 
mulher: 
o Internar; 
o Temperatura e pulso de 4/4 h; 
oObservar alteração na cor ou cheiro das 
perdas vaginais; 
oCTG basal inicial e ausculta fetal de 4/4 h; 
oOrientar mobilograma fetal e comunicar 
diminuição dos MF; 
• Se a mulher optar por aguardar no domicílio:oMesmas recomendações anteriores, exceto 
ausculta fetal; 
o Informar que tomar banho não está associado 
com um aumento da infecção, mas ter 
relações sexuais pode estar. 
MO 
 
Líquido claro fluindo 
pelo orifício cervical, 
espontaneamente ou 
após manobra de 
Valsalva? 
 
não 
• Não realizar toque 
• Realizar exame especular 
MO 
 
Inspecionar vulva 
EO 
 
MO 
 
sim 
não 
MO 
 
sim 
Liberar para o 
domicílio com 
orientações 
MO 
 
sim 
não 
Realizar 
ultrassonografia 
não 
sim 
sim 
sim 
não 
não 
MO 
 
não sim 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 9 
Fluxograma: Falha de progresso no primeiro período do parto 
Dilatação 
cervical ≥1 cm 
em 2 hs? 
≤ 2 hs: alerta para falha de 
progresso 
Avaliar: 
• Descida, variedade de 
apresentação e rotação do pólo 
cefálico; 
• Intensidade, duração e 
frequência das contrações; 
• Paridade; 
• O ambiente onde a mulher está 
sendo assistida; 
• A atitude da mulher: postura 
mais ativa ou não, estado 
emocional, tipo de apoio e 
suporte que está recebendo. 
Manejar: 
• Fortalecer as medidas de apoio 
e suporte físico e emocional; 
• Estimular postura mais ativa; 
• Realizar novo exame cervical 
em 2 hs. 
EO 
 
MO 
 
Observação e acompanhamento 
de acordo com fluxograma de 
assistência no 1o período 
Gestante a termo na fase ativa do 1o período 
do parto com dilatação cervical que ultrapassa 
a linha de alerta do partograma 
≥ 4hs – falha de progresso 
confirmada 
• Manejar conforme fluxograma 
próprio 
• Se no CPN transferir p/ 
maternidade 
MO 
 > 2 hs < 4hs – suspeita de falha 
de progresso 
Avaliar: 
• Descida, variedade de 
apresentação e rotação do pólo 
cefálico; 
• Intensidade, duração e 
frequência das contrações 
uterinas; 
• Paridade; 
• O ambiente onde a mulher está 
sendo assistida; 
• A atitude da mulher: postura 
mais ativa ou não, estado 
emocional, tipo de apoio e 
suporte que está recebendo 
Manejar: 
• Fortalecer as medidas de apoio 
e suporte físico e emocional; 
• Estimular postura mais ativa da 
mulher; 
• Considerar amniotomia 
• Realizar novo exame cervical 
em 2 hs. 
MO 
 
SIM 
NÃO 
Assistência ao Parto 
 10 
Fluxograma: Falha de progresso confirmada no primeiro período do 
parto 
Realizar exame cervical 4 hs após 
atividade uterina adequada OU 6hs após 
atividade uterina inadequada E doses 
máximas de ocitocina 
Iniciar 
ocitocina 
Realizar 
amniotomia 
Realizar exame 
cervical após 2 hs 
• Confirmar diagnóstico; 
• Revisar: 
oDescida, variedade de apresentação, 
rotação do pólo cefálico e adequação 
pélvica; 
o Intensidade, duração e frequência das 
contrações uterinas; 
o Estado das membranas; 
o Paridade. 
 
Considerar realização 
de cesariana 
Observação e acompanhamento 
de acordo com fluxograma de 
assistência no 1o período 
NÃO 
≥ 4 hs? SIM 
Gestante a termo na fase 
ativa do 1o período 
do parto com falha de 
progresso confirmada 
Atividade uterina 
adequada?* 
SIM 
NÃO 
SIM 
NÃO Atividade uterina 
adequada?* 
NÃO 
SIM 
≥ 4 hs? 
SIM 
NÃO 
Membranas 
íntegras? 
 
SIM 
Dilatação 
cervical ≥ 2 
cm? 
SIM 
NÃO 
SIM 
NÃO 
Dilatação 
cervical ≥ 1 
cm? 
* Presença de 4-5 
contrações em 10 
minutos, com duração 
de 50-60 segundos 
MO 
 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 11 
Fluxograma: Assistência durante o segundo período do trabalho de 
parto 
2o período ativo 
• Oferecer apoio emocional, físico e 
estratégias de alívio da dor; 
• Encorajar participação do acompanhante; 
• Orientar e comunicar de forma adequada; 
• Oferecer líquidos entre as contrações; 
• Posição: 
o Lateral, quatro apoios, ajoelhada, em 
pé, semi-sentada – preferidas 
o No banco, sentada, de cócoras – evitar 
por longos períodos 
o Dorsal, litotomia – evitar 
o Imersão em água – individualizar por 
desejo da mulher 
• Evitar puxo dirigido; 
• Não realizar manobra de Kristeller; 
• PA de 1 em 1 h; 
• Pulso de 15 em 15 min. ou durante 
ausculta fetal para distinção; 
• Contrações de 30 em 30 min.; 
• Ausculta fetal de 5 em 5 min ou após 
cada contração por 1 min.; 
• Avaliar descida da apresentação junto 
com puxo; 
• Massagem perineal; 
• Compressas mornas no períneo; 
• Técnica de ‘mãos sobre’ para proteção 
perineal e controle do desprendimento 
fetal; 
• Não realizar episiotomia de rotina. 
2o período passivo 
Dilatação total do colo sem sensação 
involuntária de puxo OU parturiente sob 
analgesia regional e cabeça fetal ainda 
não visível 
 
• Não estimular puxo; 
• Reavaliar em 1 hora; 
• Estimular puxo se cabeça fetal visível e 
ausência de sensação involuntária de 
puxo ou por desejo da mulher. 
 
Solicitar avaliação, discutir, 
referir, manejar segundo 
protocolos MO 
 
MO 
 
Fatores de risco? 
(Box 2) 
Falha de progresso? 
(ver fluxograma) 
SIM 
NÃO 
Gestante a termo no 2o 
período 
do trabalho de parto 
Dilatação cervical completa 
Cabeça fetal visível ou 
sensação involuntária 
de puxo? 
 
SIM 
Fatores de risco? 
(Box 2) 
SIM 
3o período 
(ver fluxograma) EO 
 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
NÃO 
Assistência ao Parto 
 12 
Fluxograma: Falha de progresso no segundo período do trabalho de 
parto 
Condições elegíveis 
para parto vaginal 
assistido? 
• Revisar descida, variedade da 
apresentação e rotação do polo 
cefálico; 
• Amniotomia se membranas íntegras; 
• Ocitocina se atividade uterina 
inadequada* 
• Revisar descida, variedade da 
apresentação e rotação do polo 
cefálico; 
• Ocitocina se atividade uterina 
inadequada* 
• Avaliar necessidade de manobras 
corretivas (ex. rotação de pólo 
cefálico); 
• Antecipar parto vaginal assistido; 
• Reavaliar a cada 15-30 min. 
Duração > 60 e 
< 120 min. 
Nulípara 
MO 
 
MO 
 
Gestante a termo na fase 
ativa do 2o período 
do trabalho de parto 
Multípara 
Duração > 30 e 
< 60 min. 
Duração ≥ 120 
min. 
Duração ≥ 60 
min. 
• Duração ≥ 180 min. em 
nulípara OU 
• ≥ 120 min em multípara OU 
• Estado fetal não tranqulizador 
OU 
• Solicitação materna por ajuda 
MO 
 
*< 4-5 contrações em 10 
minutos, com < 50-60” 
Fórceps ou vácuo-
extrator 
Considerar realização 
de cesariana 
SIM 
NÃO 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 13 
 
Fluxograma: Assistência durante o terceiro período do parto 
• Transferir para alojamento 
conjunto; 
• Cuidados puerperais de 
rotina; 
 
Fatores de risco? 
(Box 3) 
Retenção placentária/ 
Trauma perineal grave? 
(ver fluxograma) 
Manejo: 
• Ativo – preferencial: 
o 10 UI de ocitocina IM após 
desprendimento fetal COM ou SEM 
o tração controlada de cordão; 
• Fisiológico – por desejo da mulher: 
o sem uso de uterotônicos; 
o clampemento do cordão após parar a 
pulsação; 
o expulsão da placenta por esforço 
materno; 
• Clampeamento de cordão após 1-3 min; 
Cuidados e observações: 
• Examinar a placenta e membranas; 
• Condições físicas e emocionais da 
mulher em resposta ao trabalho de parto 
e parto; 
• Revisão do canal de parto; 
• Revisão da cavidade uterina caso se 
suspeite de retenção de restos 
placentários ou membranas; 
• Reparar trauma perineal 
leve/episiotomia; 
• Temperatura, pulso, PA, sangramento e 
involução uterina de 15 em 15 minutos 
nas primeiras 2 horas; 
• Micção bem-sucedida; 
3o período do parto 
Desde o nascimento até a expulsão 
da placenta e membranas 
SIM 
NÃO 
Solicitar avaliação, discutir, 
referir, manejar segundo 
protocolos MO 
 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
Assistência ao Parto 
 14 
Fluxograma: 30 período do parto – Retenção placentária 
• Providenciar acesso venoso calibroso 
e infundir solução salina de forma 
rápida; 
• Providenciar analgesia adequada; 
• Não usar Ocitocina IV adicional de 
rotina para desprendimento da 
placenta; 
• Se houver hemorragia ativar 
protocolo próprio; 
• Realizar exame vaginal minucioso 
sob analgesia adequada; 
• Após analgesia, realizar extração 
manual da placenta: 
o Sustentar o fundo uterino com uma 
das mãos; 
o Introduzir a mão mais hábil na 
vagina e útero, até alcançara borda 
placentária; 
o Deslizar os dedos entre a placenta 
e as paredes uterinas, liberando as 
aderências; 
o Uma vez liberada completamente, 
retirar a mão com a placenta; 
o Administrar 0,2 mg de 
metilergometrina IM; 
o Realizar curetagem uterina com 
cureta romba; 
MO 
 
Retenção placentária 
≥ 30 min. após 
desprendimento fetal 
Puérpera no 3o período 
do parto 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 15 
Fluxograma: Trauma perineal 
II grau/episiotomia 
• Reparar# parede vaginal e 
músculo com sutura contínua; 
• Reparar# pele com sutura 
subcuticular contínua – se bordas 
bem aproximadas, não suturar; 
• Realizar toque retal após reparo – 
se houver fio transpassando a 
mucosa cortá-lo e remover 
sutura; 
 I grau 
• Reparar# pele com sutura 
subcuticular contínua – se 
bordas bem aproximadas, não 
suturar; 
• Lacerações periclitorianas, 
periuretrais e nos pequenos 
lábios – suturar apenas as que 
sangram ou distorcem a 
anatomia; 
Revisão sistemática 
• Explicar novamente o que será realizado e porque; 
• Providenciar analgesia local, inalatória ou regional efetiva; 
• Avaliar toda a extensão do trauma, incluindo as estruturas envolvidas, o 
ápice da lesão e o sangramento; 
• Na suspeita de lesão da musculatura, realizar exame retal e verificar 
integridade do esfíncter anal externo e interno e do epitélio anal; 
• No exame retal: 
o introduzir o dedo indicador da mão dominante no ânus e o polegar 
ipsilateral na vagina; 
o com os dois dedos realizar um movimento de rolagem e avaliar a 
espessura do esfíncter; 
o introduzir o dedo indicador mais profundamente no reto e avaliar 
integridade da parede retal anterior; 
• Classificar o trauma* e reparar sob anestesia e técnica apropriadas à lesão 
 
LOEA 
• Realizar reparo em sala 
cirúrgica, sob anestesia regional; 
• Administrar (1,0 g) de cefoxitina; 
• Reparar# mucosa retal com 
suturas contínuas ou 
interrompidas; 
• Reparo# do esfíncter: 
o EAI: pontos simples, sem 
sobreposição; 
o EAE com laceração completa: 
sobreposição ou termino-
terminal. Se laceração parcial, 
sutura término-terminal 
o Realizar toque retal após 
reparo – se houver fio 
transpassando a mucosa 
cortá-lo e remover sutura; 
• Registrar lesão e seu reparo, 
textualmente e por desenhos; 
• Prescrever laxantes após o 
reparo; 
• Monitorar e registrar diurese no 
pós-parto e comunicar se 
ausente por 6 hs; 
• Agendar consulta de revisão em 
6-12 s. 
Revisão do canal de parto e região perineal – princípios gerais 
• Assegurar privacidade; 
• Explicar o que será realizado e porque e obter consentimento verbal antes da avaliação; 
• Assegurar analgesia adequada; 
• Posicionar a mulher confortavelmente, com boa iluminação e exposição dos genitais; 
• Inspecionar visualmente a região periuretral, lábios, paredes vaginais proximais e franzimento na região 
anal anterior; 
• Realizar exame vaginal com inspeção de colo, cúpula vaginal, paredes laterais, assoalho e períneo 
posterior; 
Cuidados 
puerperais de rotina 
Trauma 
identificado? 
NÃO 
SIM 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
EO 
 
* Classificação do trauma perineal 
1o grau – lesão apenas da pele e mucosas; 
2o grau – lesão dos músculos perineais sem atingir o esfíncter anal; 
3o grau – lesão envolvendo o complexo do esfíncter anal: 
3a – menos de 50% do EAE lesado; 
3b – mais de 50% do EAE lesado; 
3c – laceração do EAE e EAI; 
4o grau – lesão do EAI, EAE e epitélio anal. 
# Para a sutura da mucosa retal utilizar fio poligalactina 3-0 e, para 
mucosa vaginal, músculos (incluindo esfíncter) e pele, utilizar 2-0. 
• Prescrever AINES ou dipirona ou paracetamol 
• Opiáceos apenas para dor refratária aos anteriores 
MO 
 
MO 
 
EO 
 
MO 
 
EO 
 
Lacerações de 3o e 4o grau 
são coletivamente 
chamadas de LOEA 
EAE: esfíncter anal externo; EAI: esfíncter anal interno; LOEA: 
lesões obstétricas do esfíncter anal 
Assistência ao Parto 
 16 
Fluxograma: Assistência ao recém-nascido imediatamente após o parto 
FC < 100 
bpm? 
Desconforto 
respiratório ou 
cianose persistente? 
FC < 100 bpm 
Apnéia ou respiração 
ofegante? 
Fatores 
de risco?* • Diminuir a intensidade de luz na sala (penumbra); 
• Evitar conversas em tom de voz muito alto; 
• Estimular o contato pele-a-pele imediato; 
• Secar boca, face e fossas nasais; 
• Cobrir a criança com um campo ou toalha morna 
e mantê-la até o nível do coração materno; 
• Não realizar aspiração orofaringeana e nem 
nasofaringeana de rotina; 
• Clampear cordão entre 1 a 3 minutos ou quando 
cessar a pulsação; 
• Avaliar o índice de Apgar ao 1º e 5º min.; 
• Estimular aleitamento na 1a h de vida; 
• Evitar a separação mãe-filho na 1a h p/ 
procedimentos de rotina; 
• Circunferência cefálica, temperatura, peso, 
profilaxia da oftalmia e vitamina K após a 1a h; 
• Realizar exame físico inicial; 
• Não realizar sondagem nasogástrica ou retal 
de rotina; 
 
• Chamar médico com habilidades 
avançadas em reanimação neonatal 
se não presente 
• Iniciar VPP com ar ambiente 
• Monitorar SpO2 
• Considerar monitor de ECG 
• Coletar sangue de cordão p/ 
gasometria 
 
• Prover calor 
• Posicionar cabeça 
• Aspirar vias aéreas s/n 
• Secar/estimular 
 
Chamar médico com habilidades avançadas 
em reanimação neonatal se não presente 
Respirando ou 
chorando 
Tônus muscular 
em flexão? 
Parturiente a termo 
imediatamente antes do 
nascimento 
MPN 
 
EON 
 
MPN 
 
*Fatores de risco p/ reanimação neonatal 
• Líquido amniótico meconial moderado/espesso 
OU fétido/purulento; 
• Anormalidades da FCF à AI, CTG anormal; 
• Febre materna; 
• Indicação de parto vaginal operatório; 
• Diagnóstico ou suspeita de CIUR, oligohidrâmnio, 
polihidrâmnio. 
Nascimento 
não 
EON 
 
MPN 
 
sim 
EON 
 
MPN 
 
EON 
 
MPN 
 
sim 
sim 
Continuar reanimação de acordo 
com protocolo da SBP/ILCOR 
6
0
 s
e
g
u
n
d
o
s
 
(M
in
u
to
 d
e
 O
u
ro
) 
não 
MPN 
 • Monitorar SpO2 pré-ductal 
• O2 suplementar, s/n 
• Considerar CPAP 
não 
Cuidados de rotina 
junto à mãe 
EON 
 
MPN 
 
sim 
não sim 
FC: frequência cardíaca; AI: ausculta intermitente; CTG: 
cardiotocografia; CIUR: crescimento intrauterino restrito; 
LA: líquido amniótico; SBP: Sociedade Brasileira de 
Pediatria; ILCOR: International Liasion Committee on 
Ressuscitation; ECG: eletrocardiograma 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 17 
 
Esquema de uso de ocitocina para estimulação uterina 
 Tempo após o 
início (min) 
Dose de ocitocina 
(mU/min) 
Volume infundido 
ml/hora 
 Diluição 5 UI em 
500 ml de SF 0,9% 
0 1 6 
30 2 12 
60 4 24 
90 8 48 
120 12 72 
150 16 96 
180 20 120 
210 24 144 
240 28 168 
270 32 192 
As doses realçadas só devem ser prosseguidas após 
aconselhamento/orientação de médico obstetra. 
 
Assistência ao Parto 
 18 
Filosofia de Cuidados 
A assistência ao parto e nascimento no Hospital Sofia Feldman deve basear as suas 
práticas nos seguintes pilares: a) a valorização da experiência humana; b) a mulher e a 
família como centros do processo de atenção; c) o fortalecimento da mulher como cidadã, 
respeitando a sua dignidade; d) promoção, proteção e apoio ao parto normal; e) práticas 
baseadas em evidências científicas; d) trabalho em equipe multidisciplinar; e) custo-
eficácia. 
A experiência humana 
A gravidez e o nascimento são eventos únicos na vida da mulher e todos aqueles envolvidos 
na assistência devem lhe proporcionar uma atmosfera de carinho e humanismo que a apoie 
neste momento tão importante. O local do nascimento não pode ser um ambiente hostil, 
com rotinas rígidas e imutáveis, onde a mulher não possa expressar livremente seus 
sentimentos e necessidades. O tratamento dado a ela deve ser individualizado e flexível. A 
mesma deve se sentir segura e protegida por todos aqueles que a cercam. A presença de 
uma pessoa ao seu lado (marido, familiar, amiga, doula, etc.) deve ser encorajada e deve-
se evitar a separação mãe-filho por qualquer momento, desde o nascimento até a alta. 
Tanto os fatores científicos ehumanos devem ser considerados para assegurar uma 
experiência bem-sucedida e gratificante para todos os envolvidos, transformando a alegria 
do nascimento na celebração da vida e do amor. 
A mulher e a família como centros da atenção 
O objetivo principal de uma assistência de qualidade à maternidade é favorecer uma 
experiência positiva para a mulher e sua família, mantendo a sua saúde física e emocional, 
prevenir complicações e responder às emergências. Uma boa comunicação entre a equipe 
e entre esta e a mulher e sua família é fundamental para se alcançar tal objetivo. Ambos, 
mulher e familiares, devem receber apoio constante da equipe assistencial, e suas 
angústias e questionamentos devem ser esclarecidos com uma linguagem clara e 
accessível e com tom de voz que traduza calma e serenidade. Deve ser realizada uma 
avaliação das visões, crenças, necessidades e expectativas desses em relação ao parto e 
nascimento, procurando sempre uma individualização do cuidado, de encontro a estas 
expectativas, sempre que possível. Além do mais, é necessário que a mulher sinta que está 
sendo compreendida, que pode exercer sua autonomia e que também faz parte do 
processo assistencial. Todos os procedimentos a serem realizados devem vir 
acompanhados de uma explicação sobre o motivo da sua adoção e a mulher deve sentir 
que os mesmos são realmente necessários e que poderão contribuir tanto para o seu bem-
estar, como para o de seu filho ou filha. 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 19 
Fortalecimento da mulher como cidadã 
As atitudes dos membros da equipe em relação à mulher devem buscar a valorização e 
fortalecimento da sua dignidade, aumentando a sua autoestima. A redução da mesma a 
apenas um número de leito ou chamamentos tais como “mãezinha”, “minha filha”, “dona 
Maria”, etc. devem ser evitados. Ela deve sempre ser chamada pelo seu primeiro nome e 
atitudes agressivas mesmo que sutis, são inadmissíveis. Manifestações de julgamento e 
censura em relação aos seus atos não são aceitáveis e a mesma deve ser encorajada a 
manifestar suas angústias e ansiedades, cabendo aos membros da equipe assistencial a 
adoção de posturas que a respeitem como ser humano e cidadã plena de direitos. 
Promoção, proteção e apoio ao parto normal 
A gravidez e o nascimento não devem ser tratados como doença e sim como expressão de 
saúde, devendo-se dar uma maior ênfase no resgate das características fisiológicas e 
naturais do processo. A adoção de práticas desnecessárias deve ser evitada, já que existe 
um grande corpo de evidências científicas demonstrando que a facilitação do processo 
fisiológico do nascimento, permitindo que o mesmo ocorra de acordo com suas 
características normais, pode resultar em melhores resultados maternos e perinatais. A 
filosofia do “pior caso” deve ser evitada, pois apenas em raras ocasiões podem surgir 
complicações que justifiquem a adoção de determinadas intervenções. A menos que haja 
desvios da normalidade, constatados através de controles maternos e fetais periódicos, 
com avaliação contínua de risco, não se justifica qualquer tipo de intervenção neste 
processo. 
Práticas baseadas em evidências científicas 
Várias evidências científicas têm demonstrado que muitas práticas correntes na assistência 
obstétrica são aplicadas sem a devida validação por estudos científicos bem desenhados. 
Também a introdução de novas práticas e tecnologias sofisticadas na assistência ao parto 
com a esperança de se obter resultados melhores não foi acompanhada dos resultados 
esperados. O uso extensivo e rotineiro de tais tecnologias deve ser evitado, devendo-se 
adotar apenas aquelas práticas validadas pela melhor evidência científica disponível, 
aliando a arte da atenção obstétrica com a ciência, visando um nascimento seguro para a 
mãe e a criança, com o mínimo de intervenções necessárias. 
Trabalho em equipe multidisciplinar 
O trabalho integrado em equipe multidisciplinar, pedra angular da utilização racional dos 
recursos humanos disponíveis, também deve ser uma prática constante na assistência. 
Desta forma, as potencialidades de cada membro da equipe podem ser utilizadas 
plenamente, de acordo com suas habilidades técnicas e legais, em benefício da mulher e 
Assistência ao Parto 
 20 
da criança. 
Custo-eficácia 
A assistência ao parto e nascimento deve se fundamentar em bases que garantam os 
melhores resultados possíveis com o menor custo. Deve se organizar segundo o princípio 
da hierarquização e equidade de cuidados, propiciando o uso racional dos recursos 
disponíveis, alocando mais para quem mais necessita. O uso de tecnologias, simples, de 
baixo custo e baseadas em evidências científicas, pode significar em uma melhoria 
substancial nos indicadores de saúde materna e perinatal com uma melhor relação 
custo/benefício. 
 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 21 
Assistência durante a recepção da gestante 
O parto e o nascimento são eventos fisiológicos normais. Entretanto, para muitas 
mulheres, pode ser um momento de medo, incerteza, excitação e ansiedade, assim 
como de antecipação. Todos devem ter em mente que as experiências vivenciadas 
pela mulher durante esse período permanecerão indelevelmente gravadas em sua 
memória. No sentido de facilitar esse processo, a filosofia de cuidados deve enfatizar 
o respeito à mulher e sua família, assim como às suas escolhas, dentro dos limites 
técnicos da assistência. Os cuidados devem ser flexíveis e deve-se procurar sempre 
um ambiente de colaboração entre a equipe, a mulher e sua família. 
Acolhimento 
Toda mulher grávida ou com suspeita de estar grávida deve ser imediatamente acolhida 
assim que chegar ao Hospital solicitando atendimento. O atendimento deve ser realizado 
de acordo com o protocolo de Acolhimento Com Classificação de Risco (ACCR) do 
Ministério da saúde. 
Avaliação inicial 
A mulher que se apresenta com suspeita de estar em trabalho de parto deve ser avaliada 
inicialmente no pronto atendimento obstétrico para avaliação do seu estado de saúde e da 
criança, diagnóstico do estágio e progresso do trabalho de parto, necessidades da mulher 
e sua família e se a mesma deverá ser admitida ou não. Esta avaliação pode ser realizada 
por enfermeira obstétrica ou residente de enfermagem obstétrica sob supervisão, tanto 
quanto por médico obstetra ou médico residente de obstetrícia sob supervisão. As situações 
onde a presença do médico é mandatória estão descritas nas diversas seções deste 
protocolo. Deverão ser realizados uma entrevista, exame clínico/obstétrico e exame clínico 
geral, se necessário. 
Entrevista 
Um dos bons momentos para se estabelecer uma boa comunicação com a mulher e seu 
acompanhante é durante a entrevista inicial. O profissional responsável deve: 
• Cumprimentar a mulher com um sorriso e uma boa acolhida, se apresentar e explicar o 
qual o seu papel nos cuidados e indagar sobre as suas necessidades, incluindo como 
gostaria de ser chamada; 
Assistência ao Parto 
 22 
• Verificar se a mulher tem dificuldades para se comunicar da forma proposta, se possui 
deficiência auditiva, visual ou intelectual; perguntar qual língua brasileira (português ou 
libras) prefere utilizar ou, ainda, para o caso de mulheres estrangeiras ou indígenas 
verificar se compreendem português; 
• Perguntar como ela está se sentindo e o que a preocupa; 
• Encorajar a participação do acompanhante; 
• Indagar sobre a presença e intensidade de qualquer sintomatologia dolorosa; 
• Avaliar presença de contrações, intensidade, frequência e duração; 
• Indagar sobre perdas vaginais; 
• Indagar sobre percepção atual de movimentos fetais e se há mudanças em sua 
frequência ou intensidade nas últimas 24 horas; 
• Realizar leitura do cartão de pré-natal e avaliar circunstâncias do mesmo; 
o Se a mulher não traz cartão de pré-natal, constatar se fez controle, número de 
consultas efetuadas e obter qualquer informação complementar necessária; 
• Avaliar antecedentes familiares e pessoais;• Avaliar antecedentes obstétricos e problemas da gravidez atual. 
• Avaliar riscos para não amamentar ou de fazê-lo num prazo insuficiente; 
• Verificar se tem um plano de parto, realizar a leitura do mesmo e discuti-lo com a 
mulher. 
Exame Clínico/Obstétrico 
• Avaliar pulso, PA (pressão arterial) e temperatura; 
• Realizar palpação abdominal e determinar altura uterina, situação, posição, 
apresentação e altura da apresentação fetal; 
• Avaliar contrações uterinas (frequência e duração) através da palpação abdominal em 
um período contínuo de 10 minutos, mensurando a sua duração desde o início até o fim. 
Ver figura 1; 
• Realizar ausculta dos batimentos cardiofetais com estetoscópio de Pinard, Sonnar, etc. 
por um mínimo de 1 minuto entre as contrações (se houver) para determinar a 
frequência cardíaca fetal (FCF) basal e após uma contração para identificar 
desacelerações. Palpar pulso materno para diferenciar do pulso fetal. Ver figura 1; 
• Realizar exame digital cervical se não houver suspeita de placenta prévia para avaliar: 
o Amplitude e elasticidade das partes moles; 
o Possíveis obstáculos do canal de parto; 
o Dilatação, apagamento e posição do colo; 
o Apresentação, variedade e altura da apresentação fetal; 
o Proporção feto-pélvica. 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 23 
• Se houver sangramento vaginal avaliar possibilidade de placenta prévia e/ou 
descolamento de placenta e não realizar toque vaginal se não for conhecida a 
localização da placenta. 
Estado das membranas 
Diante do relato de eliminação de líquido pelos genitais: 
• A mulher deve ser indagada sobre as condições de eliminação. O relato de eliminação 
de líquido claro que molha roupas íntimas e escorre pelos membros inferiores e 
continua, é bastante sugestivo de ruptura de membranas. 
o Realizar diagnóstico diferencial com emissão involuntária de urina; 
• A vulva deve ser inspecionada. Na presença de líquido nas características acima, 
fluindo pela vulva, confirmar diagnóstico de ruptura de membranas. 
o O líquido amniótico é transparente e de odor característico, seminal ou a hipoclorito 
de sódio, e pode ter cor amarelada ou esverdeada (mecônio), ou purulento, se 
houver infecção; 
• Não realizar exame especular se o diagnóstico de ruptura das membranas for evidente; 
• Não realizar toque vaginal se o diagnóstico de ruptura das membranas for evidente e 
não houver contrações uterinas dolorosas; 
• Se houver dúvida em relação ao diagnóstico de ruptura das membranas, realizar um 
exame especular: 
160 
150 
130 
120 
100 
60” 
FCF FCF 
FC
F 
CO
N
TR
AÇ
Õ
ES
 
Figura 1 – Exemplo de ausculta dos batimentos cardiofetais com estetoscópio de Pinard 
ou sonar e avaliação da dinâmica uterina (DU). Cerca de 1 minuto após o início da 
avaliação a mulher apresentou uma contração uterina com duração de cerca de 50” (essa 
contração deve ser considerada). Cerca de 4 minutos após essa contração, apresentou 
outra com a mesma duração. A anotação deverá ser DU = 2/10’/50”. Entre as contrações 
foi realizada a ausculta da FCF por 1 minuto, sendo encontrada uma medida de 140 bpm. 
Ao término da segunda contração, foi iniciada outra ausculta e cerca de 20” após o seu 
início uma desaceleração até 120 bpm, com duração de cerca de 20” foi detectada. Deve-
se anotar: FCF basal = 140 bpm, com desaceleração (120 bpm/20”). 
140 
110 
Período de observação = 10 min. 
Assistência ao Parto 
 24 
o Se houver líquido claro fluindo pelo orifício cervical, espontaneamente ou após 
manobras de Valsalva, confirmar diagnóstico de ruptura de mebranas; 
o Se houver líquido em qualquer quantidade no fundo de saco vaginal e houver 
dúvida se é líquido amniótico, realizar medida de pH do líquido com fita-teste de 
urina. Na presença de pH básico (≥ 7) considerar o diagnóstico de ruptura das 
membranas. Falsos positivos podem ocorrer na presença de vaginose bacteriana, 
cervicite, sangue, semem, urina alcalina, sabão e soluções antissépticas alcalinas; 
o Coletar pequena quantidade do líquido do fundo de saco, depositar em uma lâmina 
e deixar secar em ar ambiente por 10 minutos. Na presença de cristalização ao 
microscópio, considerar o diagnóstico de ruptura das membranas; 
• Se após a anamnese, exame clínico e realização dos testes acima ainda houver dúvidas 
quanto ao diagnóstico de ruptura de membranas, realizar uma ultrassonografia para 
avaliação do líquido amniótico. Na presença de oligohidrâmnio, associado à história da 
paciente, considerar o diagnóstico de ruptura de membranas; 
• Se após os passos acima ainda houver dúvidas quanto ao diagnóstico, a mulher deve 
ser admitida para um período de observação e todos os passos acima devem ser 
repetidos após hidratação oral intensiva; 
• As mulheres com diagnóstico confirmado ou considerado de ruptura precoce de 
membranas devem ser orientadas que: 
o O risco de infecção neonatal grave é de 1%, comparado com 0,5% para mulheres 
com membranas intactas; 
o 60% das mulheres com ruptura precoce de membranas no termo entrará em 
trabalho de parto dentro de 24 horas; 
o A indução do trabalho de parto é recomendada imediatamente ou até no máximo 
24 horas após a ruptura precoce das membranas. 
• Se a mulher optar pela indução imediata, seguir protocolo de indução do parto; 
• Se a mulher optar por manejo semi-conservador (até 24 horas após a ruptura de 
membranas) a mesma deve ser orientada para internação e aguardar no Hospital. 
Durante o período de observação: 
o Medir a temperatura e pulso materno a cada 4 horas e observar qualquer alteração 
na cor ou cheiro das perdas vaginais; 
o Realizar cardiotocografia basal inicial, ausculta fetal de 4 em 4 horas, orientar a 
mulher a avaliar a movimentação fetal e comunicar imediatamente qualquer 
diminuição dos mesmos; 
• Se a mulher recusar a internação e optar por aguardar no domicílio manter as mesmas 
recomendações anteriores, exceto ausculta fetal, e informá-la que tomar banho não está 
associado com um aumento da infecção, mas ter relações sexuais pode estar. 
Perda de secreções e/ou sangue pelos genitais 
Se o motivo da consulta não é a percepção de contrações, mas sim a perda de secreções 
e/ou sangue por via genital: 
• Avaliar momento de aparição, quantidade, aspecto, cor, odor, etc. Estas perdas podem 
corresponder a: 
o Tampão mucoso (secreção espessa e sanguinolenta cuja emissão obedece ao 
começo da dilatação e ao apagamento do colo uterino), líquido amniótico, urina, 
sangue ou secreções purulentas; 
o Pequenos sangramentos associados à dilatação cervical; 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 25 
o Patologias cervicais (incluindo o câncer cérvico-uterino) e ruptura uterina; 
o Descargas purulentas (processos infecciosos na vulva, vagina, colo ou infecção 
amniótica); 
o Hemorragias mais graves (encharcar um absorvente em 5 minutos ou menos) 
podem ser devidas a placenta prévia e/ou descolamento prematuro da placenta 
(DPP). 
Avaliação da apresentação 
Quando se toca um polo rígido e regular e este corresponde com a identificação do polo 
cefálico por manobra de Leopold, pode se concluir que a apresentação é cefálica. Quando 
se encontra a escavação vazia ou um polo volumoso amolecido e irregular e a palpação 
abdominal mostra rechaço no fundo ou em um dos flancos, deve-se suspeitar de uma 
apresentação pélvica ou uma situação transversa. 
Dilatação, apagamento e posição do colo 
O apagamento é a redução do comprimento do canal cervical. Ao completar-se o 
apagamento, o orifício cervical externo se confunde com o interno. Habitualmente, a 
primigesta completa o apagamento antes de se iniciar a dilatação. Na multípara os 
processos habitualmente são simultâneos. O apagamento se descreve indicando o 
comprimento do canal endocervical, em valores absolutos (1 a 4 cm), ou em porcentagem 
(0 a 30% = 4cm; 40-50% = 2-4 cm; 60-70% = 1-2 cm e > 80% = < 1cm). A dilatação é a 
ampliação transversal do colo uterino que varia entre alguns milímetros até 10 cm. A 
dilatação se mede introduzindoos dedos exploradores pelo orifício cervical e separando-
os até tocar as bordas do colo. No colo imaturo, o orifício cervical externo se encontra 
geralmente no fundo de saco posterior. Ao amadurecer, sua posição muda e se torna 
Assistência ao Parto 
 26 
centralizado (ver figura 2). 
Altura e variedade de posição na apresentação cefálica de vértice 
As técnicas seguintes podem ser utilizadas para se determinar o encaixamento e altura do 
polo cefálico no canal de parto: 
• Sinal de Farabeuf: quando a cabeça está encaixada somente dois dedos poderão ser 
introduzidos entre o polo fetal descendente e o plano sacrococcígeo; 
• Sinal de Demelin: quando a cabeça está encaixada, o dedo indicador introduzido 
perpendicularmente à face anterior da sínfise púbica e paralelamente à sua borda 
inferior, choca-se contra a apresentação; 
• Determinação da altura da apresentação, através do toque vaginal, tendo como 
referência as espinhas isquiáticas. 
o Plano 0 (zero): o ponto mais baixo da apresentação se encontra no mesmo nível 
das espinhas isquiáticas; 
o Planos -5, -4, -3, -2, -1: quando o ponto mais baixo da apresentação se encontra 
acima das espinhas em centímetros, até a borda superior do púbis; 
o Planos +1, +2, +3, +4 e +5: quando o ponto mais baixo da apresentação se 
encontra abaixo das espinhas, em centímetros, até o períneo. 
o Planos -3, -2, -1: quando o ponto mais baixo da apresentação se encontra acima 
das espinhas, em terços, até a borda superior do púbis; 
o Planos +1, +2 e +3: quando o ponto mais baixo da apresentação se encontra 
abaixo das espinhas, em terços, até o períneo; 
Figura 2 - O esquema demonstra a dilatação cervical na primípara (A) e na multípara (B). a – colo 
antes do trabalho de parto; b – apagamento completo do colo; c – começo da dilatação; d – 
apagamento e dilatação simultâneos; e – dilatação cervical completa. 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 27 
o No registro da altura da apresentação deve-se identificar o método de avaliação, 
colocando-se no numerador o plano e no denominador o sistema utilizado. Ex.: -
5/5, -4/5, -3/5, -2/5, -1/5, 0, +1/5, +2/5, +3/5, +4/5, +5/5 e -3/3, -2/3, -1/3, 0, +1/3, 
+2/3, +3/3. 
• Ver figuras ilustrativas abaixo 
 
Determinação da variedade de apresentação ao toque vaginal: 
• Identificar a sutura interparietal com o dedo e segui-la até encontrar a fontanela 
posterior, menor, occipital ou lambdoide (forma triangular e menor tamanho); 
• Apreciar o grau de flexão da cabeça fetal. Quanto maior a flexão mais central se 
encontrará a fontanela posterior; 
Assistência ao Parto 
 28 
• Se for impossível tocar a fontanela posterior e se encontra a fontanela anterior ou 
bregmática (forma quadrangular e maior tamanho) é possível que a deflexão seja 
extrema e se trate de apresentação de bregma, fronte ou face; 
• Na apresentação de fronte podem ser identificados os arcos orbitários, os olhos e o 
nariz. O diâmetro que se apresenta é o mento-occipital (13,5 cm), o maior do polo 
cefálico; 
• Se forem identificados os arcos ciliares, olhos, nariz, boca e mento trata-se de 
apresentação de face, grau máximo de deflexão; 
• Ver figuras 3 e 4. 
 
 
FIGURA 3 – Graus de flexão do polo cefálico. A – Flexão moderada B – Flexão avançada. C – 
Flexão completa (o diâmetro da cabeça fetal é o suboccipitobregmático). 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 29 
 
Avaliação da proporção feto-pélvica e a capacidade da pelve materna 
• Se a apresentação está encaixada é boa prova de proporção para este feto em 
particular; 
• Tocar o promontório com o dedo médio. Quando se consegue, se fixa a borda radial do 
indicador contra a sínfise e se assinala esse ponto de contato; 
• Medir a Conjugada Diagonal ou diâmetro promonto-subpúbico que é a medida entre 
esse ponto e o vértice do dedo médio; 
• Medir a Conjugada Obstétrica ou promonto-retropúbico, subtraindo 1,5 cm da medida da 
Conjugada Diagonal. Considerar normal se essa medida for superior a 9,5 cm; 
• Em pelves normais, não se toca ou se toca com grande dificuldade o promontório; 
• Devem ser considerados no exame a amplitude da vagina e vulva, o relaxamento 
perineal e a longitude dos dedos do examinador; 
• Suspeitar de estreitamento se o promontório for tocado, que deve ser confirmado com a 
medida descrita. 
Bregma Face 
Posição	fetal	
Percepção	ao	
toque	vaginal	
Grau	de	
deflexão	da	
cabeça	fetal	
Fronte 
FIGURA 4 – Graus de deflexão do polo cefálico. 
Assistência ao Parto 
 30 
Definição de trabalho de parto e critérios para admissão 
O início do trabalho de parto é um processo fisiológico complexo e não pode ser facilmente 
definido por um único evento. Embora seja um processo contínuo, é conveniente dividi-lo 
em períodos. As definições dos períodos do parto devem ser claras para assegurar que a 
mulher e seus assistentes tenham uma compreensão compartilhada dos conceitos 
envolvidos, permitindo uma boa comunicação entre ambos. 
Após a avaliação inicial determinar se a mulher está em trabalho de parto e em que fase. 
Para fins deste protocolo/diretriz as seguintes definições devem ser consideradas: 
• Fase de latência do primeiro período do trabalho de parto – período não 
necessariamente contínuo quando: 
o Há contrações uterinas dolorosas E 
o Há alguma modificação cervical, incluindo apagamento e dilatação até 5 cm. 
• Trabalho de parto estabelecido ou fase ativa – quando: 
o Há contrações uterinas regulares E 
o Há dilatação cervical progressiva a partir dos 5 cm. 
Critérios para admissão: 
• Se a mulher não estiver em trabalho de parto ativo (< 5 cm de dilatação cervical): 
o Ter em mente que a mesma pode estar tendo contrações dolorosas, sem 
mudanças cervicais, e embora ainda não esteja em trabalho de parto ativo, ela 
pode sentir que está pela sua própria definição; 
o Oferecer apoio individual, informações sobre o que pode esperar na fase de 
latência do trabalho de parto e o que fazer se sentir dor; 
o Oferecer orientação e apoio para o(s) acompanhante(s) da mulher; 
o Encorajar e orientar a mulher sobre sua situação e, se residir próximo ao Hospital, 
retornar à sua casa e retornar ao Hospital quando houver intensificação da 
frequência e intensidade das contrações uterinas, levando-se em consideração as 
suas preocupações, a distância entre a sua casa e o Hospital e o risco do parto 
acontecer sem assistência; 
o Caso retorne para casa: 
§ Oferecer informações sobre o que esperar e quando procurar assistência; 
§ Estabelecer um plano de cuidados com a mulher, incluindo orientação de 
quando e com quem contatar posteriormente. 
o Nas demais situações, ou por desejo da mulher, a mesma será admitida em regime 
de observação por 2 a 3 horas. 
• Está em trabalho de parto ativo (≥ 5 cm de dilatação cervical) 
o Admitir para assistência 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 31 
Após a avaliação inicial, a parturiente que apresentar quaisquer das situações do Box 1, 
deve ser avaliada por médico obstetra ou médico residente de obstetrícia de nível II ou III 
sob supervisão, se este não for o profissional assistente no momento. Nas situações 
constantes nas tabelas 3 e 4 o médico obstetra ou médico residente de obstetrícia de nível 
II ou III sob supervisão deve ser comunicado e tal fato registrado no prontuário da mulher. 
Local do parto 
As gestantes em trabalho de parto podem optar pela assistência no Centro de Parto Normal 
(CPN) David Capistrano ou na Maternidade do Hospital Sofia Feldman. A mulher e seus 
familiares devem ser orientados da possibilidade de parto no CPN, devendo estar cientes 
das normas de funcionamento do mesmo. As suas escolhas sobre o local do parto devem 
ser respeitadas. 
Box 1 – Situações de risco que requerem avaliação médica na avaliação inicial 
 
• Pulso >110 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo; 
• PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110 mmHg em uma única medida; 
• PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg em 2 medidas consecutivas com 
30 minutosde intervalo; 
• Proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida de PA sistólica ≥ 140 mmHg ou 
diastólica ≥ 90 mmHg; 
• Temperatura de 38°C ou mais em uma única medida OU 37,5°C ou mais em 2 
ocasiões consecutivas com 1 hora de intervalo; 
• Qualquer sangramento vaginal, exceto eliminação de tampão; 
• Presença de mecônio significativo (verde escuro ou preto, grosso, tenaz, contendo 
grumos); 
• Presença de líquido amniótico fétido e/ou purulento; 
• Dor relatada pela mulher que difere da dor normalmente associada às contrações; 
• Emergência obstétrica – incluindo hemorragia anteparto, prolapso de cordão, 
convulsão ou colapso materno; 
• Qualquer apresentação anômala, incluindo apresentação de cordão; 
• Situação transversa ou oblíqua; 
• Suspeita de restrição de crescimento intrauterino ou macrossomia; 
• Suspeita de anidrâmnio ou polihidrâmnio; 
• Frequência cardíaca fetal (FCF) < 110 ou > 160 bpm; 
• Desacelerações da FCF à ausculta; 
• Outras condições constantes nas tabelas 1 e 2; 
• Outras situações a critério da equipe assistencial. 
 
Assistência ao Parto 
 32 
As tabelas 1 e 2 seguintes apresentam condições as quais indicam que a assistência 
deverá ser na Maternidade. As tabelas 3 e 4 apresentam condições nas quais o local de 
assistência inicial ao parto deve ser avaliado de maneira individual, com a participação de 
médico obstetra no processo de decisão. 
Tabela 1: Condições clínicas de alto risco indicando que a assistência deve ser 
na Maternidade e com envolvimento de médico obstetra 
Área Condição Clínica 
Cardiovascular • Cardiopatia confirmada 
• Hipertensão 
Respiratória • Asma que necessita aumento do tratamento ou 
tratamento hospitalar 
• Fibrose Cística 
Hematológica • Hemoglobinopatias – anemia falciforme, beta-
talassemia maior 
• História de doença tromboembólica 
• Púpura trombocitopênica imune ou outro distúrbio 
plaquetário ou contagem de plaquetas < 100.000/mL 
• Doença de Von Willebrand 
• Distúrbio hemorrágico materno ou fetal 
• Anticorpos atípicos que carreiam o risco de doença 
hemolítica do recém-nascido 
Endócrino • Diabetes 
• Hipertireoidismo 
Infecciosa • Fatores de risco para estreptococo do grupo B sem 
pesquisa bacteriológica 
• Hepatite B/C com testes de função hepática anormais 
• Portadora ou infecção pelo HIV 
• Toxoplasmose – recebendo tratamento 
• Varicela/Rubéola/Herpes genital atual na mãe ou feto 
• Tuberculose em tratamento 
Imune • Lúpus eritematoso sistêmico 
• Esclerodermia 
Renal • Função renal anormal 
• Nefropatia necessitando supervisão de especialista 
Neurológica • Epilepsia 
• Miastenia Gravis 
• Acidente vascular cerebral prévio 
Gastrointestinal • Hepatopatia com testes de função hepática anormais 
Psiquiátrica • Doença psiquiátrica em tratamento hospitalar 
 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 33 
Tabela 2: Outros fatores de alto risco indicando que a assistência deve ser na 
Maternidade e com envolvimento de médico obstetra 
Fator Informação adicional 
Complicações prévias • Morte fetal/neonatal inexplicada ou morte prévia 
relacionada a dificuldades intraparto 
• Recém-nascido prévio com encefalopatia neonatal 
• Pré-eclâmpsia necessitando parto prematuro 
• Descolamento prematuro de placenta com resultado 
adverso 
• Eclâmpsia 
• Ruptura uterina 
• Hemorragia pós-parto primária necessitando 
tratamento adicional ou transfusão de sangue 
• Placenta retida necessitando extração manual em sala 
cirúrgica 
• ≥ 2 Cesarianas prévias 
• Distócia de ombro 
Gravidez atual • Gestação múltipla 
• Placenta prévia 
• Pré-eclâmpsia ou hipertensão gestacional 
• Trabalho de parto prematuro ou rotura prematura de 
membranas pré-termo 
• Descolamento prematuro de placenta 
• Anemia – hemoglobina < 8,5 g/dL no início do trabalho 
de parto 
• Morte fetal 
• Indução do parto 
• Uso de drogas ilícitas 
• Dependência de álcool necessitando avaliação ou 
tratamento 
• Diabetes gestacional 
• Apresentação anômala – pélvico ou transverso 
• IMC no início do pré-natal > 35 kg/m2 
• Hemorragia anteparto recorrente 
• Pequeno para a idade gestacional nessa gravidez (< 
percentil 5 ou velocidade de crescimento reduzida ao 
ultrassom) 
• Frequência Cardíaca Fetal anormal/Doppler anormal 
• Oligohidrâmnio ou polihidrâmnio ao ultrassom 
História ginecológica 
prévia 
• Miomectomia 
• Histerotomia 
 
Assistência ao Parto 
 34 
Tabela 3: Condições clínicas que indicam uma avaliação individual em relação 
ao local de início da assistência ao parto ou comunicação e aconselhamento de 
médico obstetra 
Área Condição Clínica 
Cardiovascular Cardiopatia sem implicações para o parto 
Hematológica • Anticorpos atípicos sem risco de doença hemolítica do 
recém-nascido 
• Traço falciforme 
• Traço de talassemia 
• Anemia – hemoglobina 8,5–10,5 g/dL no início do 
trabalho de parto 
Endócrino • Hipotireoidismo instável necessitando mudança no 
tratamento 
Infecciosa • Hepatite B/C com testes de função hepática normais 
Imune • Doenças não específicas do tecido conjuntivo 
Esquelética/Neurológica • Anormalidade da coluna 
• Déficit neurológico 
Gastrointestinal • Hepatopatia com testes de função hepática normais 
• Doença de Crohn 
• Colite ulcerativa 
 
Tabela 4: Outros fatores indicando avaliação individual em relação ao local do 
início da assistência ao parto ou comunicação e aconselahmento de médico 
obstetra 
Fator Informação adicional 
Complicações prévias • Morte fetal/neonatal com causa conhecida e não 
recorrente 
• Pré-eclâmpsia no termo 
• Descolamento prematuro de placenta com bom 
resultado 
• História de recém-nascido prévio com peso > 4,5 Kg 
• Laceração vaginal ou cervical extensa ou trauma 
perineal de terceiro ou quarto grau 
• Recém-nascido prévio no termo com icterícia 
necessitando exsanguíneotranfusão 
• 1 cesariana prévia 
Gravidez atual • Hemorragia anteparto de origem desconhecida 
(episódio único após 24 semanas de gestação) 
• IMC no início do pré-natal de 30–35 kg/m2 
• Pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 
90 mmHg em duas ocasiões 
• Suspeita de macrossomia, clínica ou por ultrassom 
• Para 4 ou mais 
• Uso recreacional de drogas ilícitas 
• Em tratamento psiquiátrico ambulatorial 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 35 
Tabela 4: Outros fatores indicando avaliação individual em relação ao local do 
início da assistência ao parto ou comunicação e aconselahmento de médico 
obstetra 
Fator Informação adicional 
• Idade > 35 no início do pré-natal 
Indicações fetais • Anormalidade fetal 
• Mulher portadora de estreptococo do grupo B sem 
outros fatores de risco para sepse neonatal 
História ginecológica 
prévia 
• Cirurgia ginecológica maior 
• Biópsia por conização ou excisão por alça diatérmica 
da zona de transformação 
• Miomas 
 
Preparo da mulher para o parto 
• Orientação sobre o trabalho de parto 
• Banho de chuveiro, incluindo asseio cuidadoso da região abdominal e perineal com água 
e sabão. 
• Uso de vestimenta folgada e limpa. Se a mesma preferir, será permitido que use suas 
próprias roupas; 
• Não há necessidade de realização de enema evacuante de rotina. Entretanto, se a 
mulher manifestar desejo de sua realização, depois de informada, o mesmo deverá ser 
realizado ou então sugerir o uso de supositório de glicerina. Se no exame genital 
constatar-se a presença de fezes na ampola retal solicitar à mulher para eliminação 
voluntária ou utilizar enema ou supositório se a mesma preferir; 
• Não há necessidade de realização de tricotomia pubiana de rotina; 
• A água potável pode ser usada para a limpeza vulvar e perineal se houver necessidade, 
antes do exame vaginal; 
• Medidas de higiene, incluindo higiene padrão das mãos e uso de luvas únicas não 
necessariamente estéreis, são apropriadas para reduzir a contaminação cruzada entre 
as mulheres, crianças e profissionais. Se as membranas estiverem rotas, recomenda-se 
a utilização de luvas estéreis para a realização de toque vaginal. 
 
Assistência ao Parto 
 36Apoio Emocional e Físico na Assistência ao Parto 
O apoio emocional e físico deve ser oferecido à mulher tanto pelo seu acompanhante ou 
doula, assim como pelos profissionais que participam da assistência (técnicos de 
enfermagem, psicólogos, enfermeiras, médicos, etc.). É mais eficaz quando se pratica uma 
filosofia de cuidados que enfatiza: 
1. O respeito pelas escolhas da mulher e sua família e suas necessidades individuais; 
2. A liberdade para as mulheres decidirem o que elas consideram família e quem elas 
gostariam que participasse dos seus cuidados. 
3. A colaboração entre a equipe assistencial e a mulher/família na implementação da 
assistência; 
4. A flexibilidade nos cuidados (liberdade para questionar rotinas tradicionais 
procurando uma racionalidade baseada em evidências científicas, aumentando as 
alternativas e opções oferecidas). 
O apoio emocional e físico à mulher em trabalho de parto tem demonstrado, em inúmeras 
evidências, uma série de benefícios e pode diminuir a incidência de maus resultados. O 
mesmo pode promover um progresso mais rápido do parto e diminuição na necessidade de 
analgesia/anestesia, a incidência de trauma perineal, a taxa de parto operatório, febre 
materna, depressão pós-parto e a avaliação negativa da experiência no nascimento. 
Sempre que possível a mulher deverá ser assistida pelo mesmo profissional durante todo 
o trabalho de parto e parto. Este profissional deverá ser capaz de oferecer um apoio afetivo 
à mulher, assim como de acompanhar e avaliar adequadamente o progresso do parto. 
Deverá assegurar uma assistência individualizada e holística sem prejuízo do apoio familiar 
e/ou da doula. 
A equipe deve promover um balanço entre os 
cuidados “high-tech” e “high-touch” através do 
desenvolvimento e compreensão do apoio no parto 
e seus benefícios, tornando as mulheres cientes 
desta disponibilidade 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 37 
O apoio emocional e físico não envolve apenas a adoção de determinadas técnicas de 
conforto e relaxamento. É necessário que todos aqueles envolvidos na assistência estejam 
imbuídos de um espírito da promoção de uma experiência prazerosa no momento do 
nascimento para a mulher e sua família. Têm que estar preparados para uma ação que leve 
em conta as necessidades individuais da mulher, pois o que pode ser bom para uma não 
pode ser para outra, além de uma capacidade nata de comunicação interpessoal. 
Exemplos de técnicas de apoio emocional e físico 
Vocalização 
A vocalização durante o trabalho de parto não é uma atitude negativa. Para muitas 
mulheres gemer ou repetir palavras podem ser meios para relaxar e lidar com a dor. Rotinas 
ritualísticas ou repetitivas que algumas utilizam por sua própria conta (ex. rolar, gemer, etc.) 
podem ser efetivas e não devem ser interrompidas se a mulher estiver confortável dessa 
maneira. 
Respiração padronizada 
• Geralmente utilizada em conjunto com as técnicas de relaxamento; 
• Melhora o relaxamento; 
• Permite à mulher uma sensação de controle sobre seu próprio comportamento; 
• Medida efetiva de conforto. 
Primeiro período (trabalho de parto ativo, 5-7 cm) 
É importante primeiro identificar e facilitar padrões de respiração que a mulher tenha 
praticado no pré-natal. Se estas medidas não são efetivas de acordo com a perspectiva da 
mulher, então os seguintes padrões devem ser encorajados: 
A presença contínua de uma doula para promover 
conforto emocional, psicológico e físico é elemento 
chave da assistência ao parto. 
Assistência ao Parto 
 38 
1. Respiração lenta: O padrão de respiração varia dependendo do estágio do parto e 
o que funciona melhor para a mulher e que pode mudar de um momento para outro. 
O primeiro estágio do parto usualmente envolve uma respiração lenta e rítmica que 
tende a acalmar a mulher enquanto diverge sua atenção das contrações uterinas. 
As mulheres são encorajadas a inspirarem profundamente através do nariz ou boca 
e depois expirar lentamente (usualmente a uma frequência de 12/minuto). Com cada 
expiração ela é instruída a “soprar a contração para fora” e permitir que seus 
músculos se relaxem (útil em conjunto com relaxamento e visualização). 
2. Respiração superficial/acelerada: Mulheres com contrações uterinas intensas e 
frequentes podem se sentir mais confortáveis com uma respiração mais superficial. 
Ela começa com um padrão lento, depois encurta e superficializa sua respiração 
assim que a contração se intensifica. No pico da contração, ela estará respirando 
superficialmente através da sua boca com inspirações silenciosas e expirando com 
sons de sopro (frequência de 30 a 120/minuto). Quando a contração começa a 
diminuir, ela gradualmente desacelera a respiração até a contração terminar. Entre 
as contrações ela é encorajada a adotar a respiração lenta para manter as energias 
e promover o relaxamento. 
Transição (7-10 cm) 
Este padrão de respiração é geralmente usado durante a transição, quando a mulher está 
experimentando os momentos mais intensos do trabalho de parto e não é mais capaz de 
usar a respiração lenta. Neste momento ela pode sentir um aumento na pressão perineal e 
um desejo intenso de fazer força apesar de não estar com o colo totalmente dilatado. A 
respiração transicional é realizada ajudando a mulher a realizar uma inspiração profunda, 
quebrando a exalação com duas expirações curtas seguidas de um sopro mais longo para 
esvaziar os pulmões. Ela será capaz de sentir algum alívio na pressão sobre o colo (de 
particular preocupação nas primíparas). 
Visualização (imagem guiada ou autoguiada) 
• Diminui a ansiedade; 
• Promove uma sensação de segurança e conforto; 
• Permite distração; 
• Promove relaxamento. 
A imagem guiada significa em ajudar a mulher a visualizar-se em uma situação diferente, 
longe da experiência do trabalho de parto (ex. numa praia, numa floresta, escalando uma 
montanha, etc.). Ela é guiada através da imagem e ajudada a imaginar a vista, sons e 
cheiros da cena. Acontece quando a mulher imagina um lugar ou momento especial para 
ela que trás à sua memória sensações positivas, prazerosas e cheias de paz. Ela guia a si 
própria através da experiência. Ela pode imaginar o seu colo abrindo-se devagar e a 
descida da criança através do canal de parto. A mulher deve ser encorajada a perceber as 
pistas do seu corpo e se “sintonizar com o bebê” para facilitar uma experiência de liberação. 
Para cada mulher o tipo de imagem apropriada pode variar. A visualização pode ser 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 39 
implementada junto com o toque e outras técnicas de relaxamento (pode ser útil entre ou 
durante as contrações). 
Relaxamento 
O relaxamento é o objetivo comum de muitas técnicas de apoio. Oferece à mulher uma 
oportunidade para repor as energias e ganhar uma sensação de controle sobre seu corpo 
e mente. O relaxamento muscular progressivo pode ser efetivo na consecução deste 
objetivo. Isto é feito encorajando a mulher a inspirar profundamente e, assim que ela exala, 
deixar todos os músculos da sua face frouxos e relaxados, depois o pescoço, ombros, 
braços e assim por diante, até os dedos dos pés. Isto ocorre em um período de várias 
contrações focalizando em um novo grupo de músculos a cada contração. A Checagem 
Corporal Excursionista também pode ser incorporada ao relaxamento muscular focalizando 
em áreas específicas de tensão, tais como o pescoço e ombros, com a pessoa que estiver 
apoiando a mulher exercendo leve pressão nestas áreas, permitindo a ela “se soltar” 
durante ou entre as contrações. 
Toque e massagem 
O toque é uma forma universal de comunicação. O toque pode significar carinho, aceitação, 
apoio, conforto e competência. Pode variar de um tapinha gentil, uma carícia nos cabelos, 
uma massagem suave (algumas vezes chamada “effleurage”) a um abraço apertado. 
Estudos têm demonstrado que as mulheres consideram o toque muito importante para 
ajudá-las a lidar com o trabalho de parto. 
Outras Técnicas de Apoio: 
• Hidroterapia(banhos de chuveiro e imersão); 
• Contrapressão (geralmente na região lombo/sacra); 
• Posicionamento do corpo (a mulher escolhe a posição mais confortável para ela); 
• Compressas quentes/frias no baixo ventre, região inguinal ou períneo (compressas 
quentes não são recomendadas se a mulher estiver com uma peridural); 
• Musicoterapia; 
• Bolas de Nascimento: a mulher senta nesta bola em uma posição de cócoras apoiada 
com contrapressão mínima sobre o períneo (como se senta no vaso sanitário). A pessoa 
que a apoia é colocada em uma cadeira ou atrás ou de frente para a mulher enquanto 
ela fica livre para rolar para frente e para trás ou balançar gentilmente. Isto ajuda a 
mulher na promoção de um movimento rítmico, distração e relaxamento. 
 
Assistência ao Parto 
 40 
Manejo da Dor no Trabalho de Parto 
A necessidade de uma mulher em trabalho de parto de utilizar algum método de alívio da 
dor pode ser influenciada por muitos fatores, incluindo as suas expectativas, a 
complexidade do seu trabalho de parto e a intensidade da sua dor e o tipo de apoio 
emocional e físico recebido. Para muitas, alguma forma de alívio pode ser necessária. 
Expectativas flexíveis e a preparação para o parto podem influenciar o bem-estar emocional 
da mulher após o parto. A dor extrema pode resultar em trauma psicológico para algumas 
mulheres, enquanto para outras os efeitos indesejáveis dos métodos farmacológicos de 
controle podem influenciar negativamente na experiência do nascimento. O importante é 
que as necessidades individuais da mulher sejam reconhecidas através de um bom 
processo de apoio e comunicação, devendo-se estar alerta para as mudanças de 
comportamento durante o trabalho de parto, notadamente para sinais graves de estresse, 
o que pode indicar a necessidade de utilização de um método mais efetivo de alívio da dor. 
Para muitas mulheres, tal alívio pode ser obtido apenas com um suporte físico e emocional 
adequado. Deve-se transmitir segurança à parturiente, assim como orientá-la 
adequadamente sobre a evolução do parto. As massagens corporais, banhos (de chuveiro 
ou imersão), deambulação ativa, técnicas de respiração e relaxamento, toques 
confortantes, utilização das bolas de nascimento e outras medidas de suporte físico e 
emocional já descritas na seção específica também podem ser utilizadas para alívio da dor. 
Métodos não farmacológicos de alívio da dor 
A imersão em água tem efeitos positivos no controle da dor sem evidências de efeitos 
adversos maternos, com resultados neonatais equivalentes, sem risco aumentado de 
infecção. 
Evidências limitadas sugerem alívio da dor e da ansiedade maternas com massagem 
intraparto. Não há evidência de que outros desfechos sejam influenciados pela massagem. 
A injeção subcutânea de água estéril pode proporcionar algum alívio da dor, mas a dor 
relatada durante o procedimento limita o seu uso. 
Há evidência de boa qualidade documentando a falta de efeito da analgesia com 
Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS em mulheres com trabalho de parto 
estabelecido, mas não existem evidências sobre efeitos do TENS em mulheres na fase 
latente do trabalho de parto. 
Não há evidências de que técnicas de relaxamento reduzam a dor mensurada no trabalho 
de parto ou afetem qualquer outro desfecho. 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 41 
A acupuntura está associada com a redução no uso de analgesia farmacológica, mas sem 
impacto nos escores de dor. 
A hipnose parece se associar com a redução no uso de analgesia farmacológica e 
estimulação ocitócica, mas há ausência de evidência em relação aos escores de dor. 
Não existem evidências de alto nível sobre musicoterapia, áudio-analgesia e aromaterapia 
no alívio da dor ou qualquer outro desfecho no parto. 
Apesar da limitação das evidências, recomenda-se que: 
• Deve ser oferecido à mulher a imersão em água para alívio da dor no trabalho de parto; 
• Se uma mulher escolher técnicas de massagem durante o trabalho de parto que tenham 
sido ensinadas aos seus acompanhantes, ela deve ser apoiada em sua escolha; 
• Se uma mulher escolher técnicas de relaxamento no trabalho de parto, sua escolha deve 
ser apoiada; 
• A injeção de água estéril não deve ser usada para alívio da dor no parto; 
• A estimulação elétrica transcutânea não deve ser utilizada em mulheres em trabalho de 
parto estabelecido; 
• A acupuntura pode ser oferecida às mulheres que desejarem usar essa técnica durante 
o trabalho de parto, se houver profissional habilitado e disponível para tal; 
• Apoiar que sejam tocadas as músicas de escolha da mulher durante o trabalho de parto; 
• A hipnose pode ser oferecida às mulheres que desejarem usar essa técnica durante o 
trabalho de parto, se houver profissional habilitado para tal; 
• Por se tratar de intervenções não invasivas e sem descrição de efeitos colaterais, não se 
deve coibir as mulheres que desejarem usar áudio-analgesia e aromaterapia durante o 
trabalho de parto; 
• Os métodos não farmacológicos de alívio da dor devem ser oferecidos à mulher antes 
da utilização de métodos farmacológicos. 
Quando se constata a necessidade ou por solicitação da mulher, métodos farmacológicos 
de alívio da dor devem ser utilizados. 
Analgesia inalatória 
A evidência é moderada para apoiar o uso de óxido nitroso durante o trabalho de parto. 
Não há evidência de riscos para o bebê. 
• O óxido nitroso a 50% em veículo específico pode ser oferecido para alívio da dor no 
trabalho de parto, mas informar às mulheres que elas podem apresentar náuseas, 
tonteiras, vômitos e alteração da memória; 
• Ver protocolo específico de uso do óxido nitroso. 
Analgesia regional 
A analgesia peridural em dose única ou contínua ou raquidiana para situações específicas 
devem ser os métodos farmacológicos de escolha para alívio da dor no Hospital Sofia 
Assistência ao Parto 
 42 
Feldman. Antes de ser submetida à analgesia regional, a mulher deve receber orientação 
detalhada sobre os seus riscos e benefícios e implicações para o parto: 
• Só está disponível na maternidade; 
• É mais efetiva que os opióides para alívio da dor; 
• Está associada a um segundo período do parto mais longo e aumenta a chance de parto 
instrumental (fórceps ou vácuo-extrator); 
• Não está associada a dor lombar crônica; 
• Não está associada a um primeiro período do parto mais longo ou aumento da chance 
de cesariana; 
• É necessário acesso venoso e uma monitoração mais rigorosa das condições maternas 
e fetais, principalmente nos primeiros 30 minutos após uma dose; 
• Quando associada a opióides em doses mais elevadas (mais de 100 microgramas no 
total) pode provocar depressão respiratória de curta duração no recém-nascido. 
• Ver protocolo específico para a utilização da analgesia regional no parto. 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
 43 
Assistência Durante o Trabalho de Parto Normal: Primeiro 
Período 
A Assistência durante o trabalho de parto deve ter como objetivo os melhores resultados 
para a mulher e seu filho ou filha, tanto do ponto de vista físico como emocional e, portanto, 
uma filosofia assistencial com bases humanistas deve: 
• Vigiar o transcurso do mesmo; 
• Não interferir com aspectos fisiológicos e psicológicos, evitando manobras e 
intervenções desnecessárias; 
• Oferecer à mulher e sua família todas as informações que forem necessárias; 
• Promover a participação ativa da parturiente e membro do grupo familiar que a 
acompanha; 
• Fornecer apoio físico e emocional à mulher; 
• Promover contato precoce mãe-filho; 
• Incentivar o aleitamento materno. 
Educação e comunicação com a mulher em trabalho de parto 
Mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às informações 
baseadas em evidências e serem incluídas na tomada de decisões. Para isso, os 
profissionais que as atendem deverão estabelecer uma relação íntima com as mesmas, 
perguntando-lhes sobre seus desejos e expectativas. Devem estar conscientes da 
importância de sua atitude, do tom

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