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CENTRO UNIVERSITARIO SÃO CAMILO AMANDA SILVA FREITAS PRINCÍPIOS DE DIREITO SÃO PAULO 2023 AMANDA SILVA FREITAS PRINCÍPIOS DE DIREITO Trabalho de princípios de direito apresentado a professora Daniela Sakumoto do curso de gestão hospitalar do centro universitário São Camilo. SÃO PAULO 2023 Pergunta-se: Uma adolescente de 15 anos procurou sozinha um hospital a fim de receber atendimento médico ambulatorial. Mesmo tendo observado tratar-se de menor de idade desacompanhada, a secretária abriu sua ficha e a médica atendeu-a normalmente. Durante a consulta foi constatada a necessidade de um exame mais específico e invasivo a fim de investigar as causas das queixas e chegar ao correto diagnóstico. A médica solicitou que a menina assinasse o termo de consentimento informado autorizando a realização do exame e atestando ciência dos riscos de ocorrência de efeitos colaterais. A secretária solicitou que ela assinasse o contrato de prestação de serviços. Ao tomar conhecimento da situação, o responsável administrativo vetou a realização do exame, exigindo a presença de um responsável e alegando que o documento assinado não tem validade. O embate chegou à direção do hospital que precisa decidir o que fazer. Para tanto é necessário analisar ambos os procedimentos para saber que decisão tomará. Como gestor desse hospital você deve emitir um parecer imparcial analisando e justificando as posições: - da secretária - da médica - do responsável administrativo e ao final sugerir à direção qual lado acatar, tomando por base os resultados obtidos em sua investigação. Parecer da secretaria: Em visão imparcial da secretária, sua ação de abrir a ficha médica para inicio desse atendimento, mesmo que por lei o menor não é capaz de responder pelos seus atos. Primeiro ponto a falar é sobre a dignidade humana. O atendimento à saúde está ligado a ideia de dignidade da pessoa humana (conforme art. 1º inciso III, da constituição federal). Segundo a saúde é um direito social de todo cidadão brasileiro (conforme art. 6º da constituição federal). Visando dar uma alta atenção para o menor, isso vale tanto para os atendimentos de urgência quanto para consultas médicas simples. Parecer da médica: Em visão da médica que realizou a consulta, o código de ética médica, em seu artigo 74, diz ser vedado revelar sigilo profissional relacionado ao paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente. Cabe lembrar que o compromisso de lealdade dos profissionais de saúde é para com o adolescente e é este quem deve decidir quais dados podem ser revelados ou não. Uma vez estabelecido compromisso de manter segredo sobre as informações geradas na relação com o jovem, o profissional deve resistir a todas as pressões de familiares ou de outras pessoas para manter a confidencialidade das informações. Parecer do responsável administrativo: O responsável administrativo foi de acordo com o parecer número 25/2013, do Conselho Federal de Medicina (CFM), em caso de urgência/emergência, o atendimento ao menor de idade deve ser realizado imediatamente e, logo após, o médico deve entrar em contato os responsáveis o mais rápido possível. Ainda segundo o parecer, no caso de pacientes pré-adolescentes em condições de comparecimento espontâneo ao serviço, o atendimento poderá ser efetuado desde que haja simultaneamente contato com os responsáveis. Com bases nas minhas investigações do médico: Inicialmente a secretaria agiu de forma correta prestando primeiro auxilio ao menor, ocorreu um despreparo no atendimento a partir do momento que a medica solicitou ao menor que assinasse o termo de consentimento informado autorizando a realização do exame e atestando ciência dos riscos de ocorrência de efeitos colaterais, não apresentou a opção de acompanhamento dos pais, mesmo que o código de ética médica, em seu artigo 74, diz ser vedado revelar sigilo profissional relacionado ao paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente. Entre tanto para o ECA, pacientes de 0 a 12 anos incompletos devem indispensavelmente, ser acompanhados de um responsável para consultas e exames. Já para menores com idade entre 12 e 17 anos a presença se faz necessária somente para exames invasivos. No caso relatado a jovem iria realizar um procedimento invasivo. Para resolução desse problema o trabalho em equipe é necessário a troca de informações é fundamental para o desenvolvimento de um trabalho de qualidade na assistência ao indivíduo na sua totalidade. No caso de atendimento a pacientes menores, podemos utilizar um atendimento em dois momentos: Primeiro com o acompanhante responsável e depois somente com o menor, já que ele pode não querer revelar algumas das informações na presença desse responsável maior. Como atender? Recomenda-se que o profissional sempre esteja acompanhando de outro profissional da saúde, a fim de evitar possíveis constrangimentos ou interpretações equivocadas dos fatos. Deve-se sempre esclarecer ao menor os procedimentos que são realizados e sua finalidade para o tratamento. O Ministério da Saúde também recomenda que a equipe médica encoraje o adolescente a “envolver a família no acompanhamento dos seus problemas, já que os pais ou responsáveis têm a obrigação legal de proteção e orientação de seus filhos ou tutelados”.