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Material 07- Estratégia de leitura e Análise(1)

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Professor(a): Welton Diego Lavareda Disciplina: O texto e seus efeitos de sentido Página 1 
# O QUE JÁ ESTUDAMOS NA DISCIPLINA? 
 
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# ARTICULADORES TEXTUAIS E OPERADORES ARGUMENTATIVOS 
A denominação “operadores argumentativos” é utilizada sobretudo no campo da Semântica Argumentativa, 
corrente que estuda a argumentação na língua, com a qual dialogam os estudos da enunciação. 
A linguísitca textual, segundo Campos e Torquato (2013), ao investigar os processos coesivos, agrega ao seu 
arcabouço aspectos dos estudos desenvolvidos no campo da Semântica Argumentativa. Contempla especialmente a 
concepção de que a argumentação está na língua, de modo que considera que alguns elementos linguísticos não 
apenas articulam sequências sintáticas e/ou textuais, mas também expressam as posições dos sujeitos e orientam os 
sentidos para o inerlocutor, levando-o a uma determinada conclusão. 
Trata-se de elementos que [...] têm merecido pouca atenção nos livros didáticos, nas aulas de língua 
portuguesa, no campo da comunicação... já que peretencem às classes gramaticais invariáveis (advérbios, 
preposições, conjunções, locuções adverbial, prepositivas, conjuntivas) ou, então, são palavras que, de acordo, com a 
N.G. B (Nomenclatura Gramatical Brasileira), não foram incluídas em nenhuma das dez classes gramaticais, 
merecendo, assim, “classificação à parte”. Acontece, porém, que são justamente essas “palavrinhas” 
(tradicionalmente descritas como “meros elementos de relação, destruídas de qualquer conteúdo semântico”) as 
responsáveis, em grande parte, pela força argumentativa de nossos textos (KOCH, 2007, 39-40). 
Exemplo 
 
Fonte: aa.com.br/2018. 
OBS 3: cada instituição organiza sua prova de modo próprio, de forma que as provas de diferentes instituições têm 
estruturas composicionais distintas. 
OBS 4: tópico discursivo – aquilo sobre o que se está falando em um texto. Quanto à sua propriedade organizacional, 
o tópico de um texto desenvolve-se e detalha-se em subtópicos, articulando-se sequencial e hierarquiqubamente e 
caracterizando-se, portanto, como um princípio organizador do texto/discurso. 
 
Que quer dizer seu? 
Aqui está um detalhe que nunca é levado em conta nem nas gramáticas nem nos manuais de ensino de 
português para estrangeiros – e que, estou certo, de vez em quando causa mal-entendidos. No português padrão, o 
pronome seu é muito ambíguo, podendo significar ‘de você’, ‘dele’, ‘deles’, ‘de vocês’, ‘do senhor’ etc.: 
Vou convidar a Patrícia e seu marido para jantar em casa. 
 
Ou seja, Patrícia e o marido da Patrícia. Mas essa frase falada significa outra coisa: vou convidar a Patrícia e o 
marido de quem me escuta (o “teu” marido). Percebi isso uma vez que vi uma estrangeira, escutando um disco da 
Maria Betânia, dizer para a amiga brasileira: Sua voz é muito bonita. E a amiga respondeu: Obrigada. Na verdade, a 
estrangeira queria dizer: A voz dela é muito bonita, mas usou sua como mandam as gramáticas, e portando errou. 
No português falado, seu significa apenas ‘de você’ (com uma exceção, ver adiante); nos outros casos, usamos 
as formas analíticas dele, dela, deles, delas, do senhor e inclusive de vocês, porque seu só vale para o singular: 
Eu queria o telefone da mãe de vocês. 
 
O único caso em que seu significa ‘dele, dela’ na língua falada são construções mais ou menos fixas da forma 
fulano e sua cara de pau: 
Lá vem o Renato e suas piadas de mau gosto. 
 
http://www.google.com.br/imgres?q=propaganda+engra%C3%A7ada&start=92&hl=pt-BR&gbv=2&biw=1280&bih=578&tbm=isch&tbnid=7axqRhwYPO6mHM:&imgrefurl=http://propagandasline.blogspot.com/2008/09/propaganda-engraada.html&docid=dAFccBCz7-fWJM&imgurl=http://1.bp.blogspot.com/_j-4K7kNBsLk/SLzKckbAilI/AAAAAAAAAAs/JUv0R5uTpCM/s320/AAcadeiras.jpg&w=320&h=220&ei=cDaWT92tBYmE8QSAp7XKDg&zoom=1&iact=hc&vpx=637&vpy=300&dur=5708&hovh=176&hovw=256&tx=126&ty=144&sig=117408192168486565785&page=5&tbnh=125&tbnw=167&ndsp=24&ved=1t:429,r:21,s:92,i:50
 
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Note-se, mais uma vez, como as regras da língua falada são escritas e relativamente complexas – e como são 
exigentes, tanto é assim que desobedecê-las leva a quebras de comunicação. 
Não posso multiplicar exemplos, mas acreditem que isso é apenas uma pequena amostra. A conclusão, até 
agora, tem que ser a seguinte: a escrita não é uma simples representação da fala. 
 
 INICIAÇÃO AO MEDELO GREIMASIANO DE ANÁLISE1 
 
Analisar textos usando a semiótica greimasiana (ou francesa), como estratégia de leitura, não significa 
emoldurar cada texto dentro de um prisma previamente definido, mas verificar os usos que o texto faz de uma dada 
estrutura para construir um sentido específico. Cabe lembrar, que a semiótica, entre suas várias concepções, tem 
como objetivo o estudo da significação, seja em um texto em sentido mais amplo, seja nas linguagens verbais e não-
verbais. 
Na unidade em questão, toma-se como referência teórica e epistemológica a Semiótica Discursiva, também 
denominada de greimasiana em referência ao seu principal teórico Algirdas Julien Greimas, da chamada Escola de 
Paris. Nesta perspectiva, toma-se o texto como elemento principal de análise, e “como um objeto de significação 
cultural de comunicação entre sujeitos” (BARROS, 2002, p. 90). 
Para uma análise satisfatória, pensando em uma didatização possível para este curso de Pós-Graduação, é 
extremamente útil a divisão do texto em “partes”, mas uma divisão aleatória pode acarretar a necessidade de 
rearranjos durante o julgamento propriamente dito. Portanto, deve-se utilizar algum recurso analítico que propicie 
uma divisão coesa das partes. Claro que sabemos que a leitura do texto permite identificar nele diferentes 
momentos. No entanto, essa identificação ocorrerá em diferentes níveis do conteúdo ou mesmo no plano de 
expressão, conforme a(s) linguagem(ns) em jogo no texto analisado. 
Neste aspecto, o modelo interpretativo apresentado, em um primeiro momento, abstração do plano de 
expressão, examina o plano de conteúdo dos textos, dividindo-os em três níveis que compõem o percurso gerativo 
de sentido(PGS): os níveis fundamental, narrativo e discursivo, que vão, portanto, do mais profundo e abstrato ao 
mais superficial e concreto2. Segundo Lara e Matte (2009, p.290) o fundamental é o nível das oposições de base, das 
tensões e das valorações de oposição semântica. O narrativo, por sua vez, é o nível actancial, das relações lógicas 
entre os sujeitos que materializam contextos históricos, discursos manipuladores e etc... O discursivo, enfim, é o 
nível temático figurativo, temporal, intencional. 
OBS - Para um efeito mais didático (Exemplos)... 
 
 
 
 
 
 
 
1 LARA, Glaucia; MATTE, Ana Cristina. Semiótica greimasiana: iniciando a conversa. In: LARA, Glaucia; COHEN, Maria (Orgs). Linguística, tradução, 
discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009. p.289-306. 
 
2 É um simulacro metodológico por meio do qual é possível compreender a produção e a interpretação do significado do texto, de forma efetiva, 
a partir da análise do seu conteúdo, mostrando aquilo que é percebido ou apreendido de forma intuitiva (FIORIN, 1995, p. 28). 
 
 
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Baseado nestes pontos, é bom lembrar que um texto pode trabalhar melhor um nível do que outro, um 
componente do que outro e é sobre esse(s) aspecto(s) mais explorado(s) que a análise em sala de aula deve ser 
direcionada (de acordo com o objetivo do educador). 
Cabe destacar ainda que, conforme comentamos anteriormente, abordamos o plano de conteúdo. No entanto, 
o conteúdo só pode manifestar-se por meio de um plano de expressão. No momento que, no simulacro 
metodológico, temos a junção do plano de conteúdo e do plano de expressão,ocorre a textualização. 
De forma um tanto simplificada, poderíamos dizer que temos textos com duas funções básicas: a função 
utilitária (informar, convencer, explicar, documentar etc) e a função estética. Se alguém ouve ou lê um texto com 
função utilitária, não se importa com o plano de expressão, “atravessa-o” e vai direto ao conteúdo, para entender a 
informação. Já no texto com função estética (poesia, pintura, ballet...), o plano de expressão faz mais do que apenas 
expressar o conteúdo: ele cria novas relações com o conteúdo, de tal sorte que não importa apenas o que se diz, mas 
o modo como se diz. Assim, a compreensão de um texto com função estética exige que se entenda não somente o 
conteúdo, mas também o significado dos elementos de expressão. 
 
.. ANOTAÇÕES FUNDAMENTAIS .. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BARROS, Diana Luz. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 2002. 
________. Semiótica e retórica: um diálogo produtivo. In: MACHADO, Ida; WANDER, Emediato (orgs.) Análises do discurso hoje – Vol. 02. Rio 
de Janeiro: Nova fronteira (Lucerna), 2008. p. 27-40. 
BORGES, Erasmo. “CHONOS” – a Semiótica que não pára no texto. In: TEIXEIRA, Luci (org). Estudos intersemióticos. Belém: UNAMA, 2008. p. 
.23-37 
CAMPOS, Claudia; TORQUATO, Cloris. Articulação. In: COSTA, Iara; FOLTRAN, Maria (orgs.) A tessitura da escrita. São Paulo: Contexto, 2013. 
FIORIN, José Luiz. Semântica estrutural: o discurso fundador. In: OLIVEIRA, Ana Cláudia; LANDOWSKI, Eric (Orgs). Do inteligível ao sensível: São 
Paulo: EDUC, 1995. 
FONTANILLE, Jacques. Semiótica do discurso. São Paulo: Contexto, 2007. 
GUEDES, Paulo. Da redação à produção textual – o ensino da escrita. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. 
KOCH, Ingedore. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2007. 
LANDOWSKI, Eric. A sociedade refletida. São Paulo: EDUC/Pontes, 1992. 
MAIGRET, Éric. Sociologia da comunicação e das mídias. São Paulo: Editora Senac,2010. p.165-185.

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