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Carandiru

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CARANDIRU 
 
O massacre no Carandiru, com pesar de ser um dos incidentes mais trágicos 
acerca do Sistema Penitenciário Brasileiro, evidenciou e valorizou a importância dos 
Direitos Fundamentais, como a proteção à vida e integridade física, destinados a todos 
os cidadãos, dentro de um cenário em que os mesmos encontravam-se totalmente 
abstraídos. 
 O aumento do índice de violência nas metrópoles, derivados da desigualdade 
social, consequência da economia “falida” à época, resultaram nas superlotações de 
referidas áreas. Campanhas partidárias e governos que enfatizavam a segurança 
pública como primordial, ao mesmo tempo em que, veladamente, “culpabilizavam” a 
maioria em situação desfavorável por tal acontecimento, favoreciam e protegiam a 
elite dominante. 
 Em suma, o Estado sem a devida estrutura e com a falsa percepção de 
ressocialização, oriundos da cultura de que retirando o índividuo do convívio social, o 
mesmo se regenerará, contribuiu, tendenciosamente, para o aumento da população 
carcerária. 
 Contraditório dizer que, ressocializar foi o que, em prática, não aconteceu, ou 
melhor, não acontece com os condenados as penas restritivas de liberdade, haja vista 
as situações calamitosas, vexatórias e sub-humanas que esses indivíduos foram e 
são submetidos. 
 No filme “O Prisioneiro da Grade de Ferro” as condições supracitadas são 
relatadas e mostradas com veracidade, inclusive e, também, curioso é que o filme 
ainda mostra que, com a omissão do Estado, os reclusos acabavam criando suas 
próprias regras, ou seja, havia um “Estado Paralelo”, com economia própria (já que 
comercializavam e fabricavam produtos), bem como estabeleciam códigos de ética e 
convivência. 
 A Casa de Detenção de São Paulo - Carandiru – tornou-se um marco para que 
os Direitos Fundamentais elencados no artigo 5º, precípuos no ordenamento jurídico 
nacional, obtivessem a elucidação necessária e, assim, mobilizasse os Poderes, a fim 
de que estes, fossem com políticas públicas, fossem com Jurisprudências ou fossem 
com leis mais efetivas na proteção aos Direitos Humanos, viessem a ter um olhar mais 
cautelar para os marginalizados que ali se encontravam. 
 É de fundamental importância que a chacina do dia 2 de outubro de 1992, que 
aconteceu no pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru, em que 111 presos 
foram mortos por policiais militares, seja lembrada de como o Princípio da Dignidade 
da Pessoa Humana deva ser respeitado, pois só assim se alcançará um dos objetivos 
expressos no texto constitucional, ou seja, “uma sociedade justa, livre e solidária”.

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