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Indaial – 2021 Digital Profº. Nader Ghoddosi 1a Edição introDução à agricultura Elaboração: Profº. Nader Ghoddosi Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: G427i Ghoddosi, Nader Introdução à agricultura digital. / Nader Ghoddosi – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 226 p.; il. ISBN 978-65-5663-717-4 ISBN Digital 978-65-5663-713-6 1. Tecnologia no contexto agrícola. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 630 Caro acadêmico! Estamos iniciando o estudo da Disciplina de Introdução à Agricultura Digital. Este livro é um dos instrumentos que contribuirá para a sua aprendizagem. A abordagem do livro é sobre a importância da tecnologia para o avanço da agriculta no mercado brasileiro e mundial. Para isso, serão apresentados os principais conceitos de projetos, gerenciamento e ferramentas para auxiliar o processo de gerenciamento. Os desafios atuais da agricultura serão superados com a adoção adequada de tecnologias modernas. Visto que estas poderão garantir a segurança alimentar necessária em conformidade com a conservação ambiental. Para isso, este livro abordará a importância da tecnologia no contexto agrícola. Aproveitamos a oportunidade para destacar a importância de desenvolver as autoatividades, lembrando que essas atividades não são opcionais. Elas objetivam a fixação dos conceitos apresentados. Em caso de dúvida na realização das atividades, sugerimos que você entre em contato com seu tutor externo ou com a tutoria da UNIASSELVI, não prosseguindo as atividades sem ter sanado todas as dúvidas que irão surgindo. Bons estudos! Profº. Nader Ghoddosi APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - CONCEITOS DA AGRICULTURA DIGITAL ......................................................... 1 TÓPICO 1 - PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA DIGITAL ...........................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 EVOLUÇÃO NA AGRICULTURA ...........................................................................................3 3 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AGRICULTURA ..................................................................9 3.1 EMBRAPA E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AGRICULTURA .................................................... 11 4 MERCADO CONSUMIDOR DA AGRICULTURA BRASILEIRA ............................................ 16 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 22 TÓPICO 2 - A TECNOLOGIA E AGRICULTURA .................................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 2 PROGRESSO TÉCNICO CIENTÍFICO E O AUMENTO DA EFICIÊNCIA AGRÍCOLA .......... 25 3 TECNOLOGIA E O AUMENTO DA EFICIÊNCIA AGRÍCOLA .............................................. 28 3.1 NANOTECNOLOGIA..............................................................................................................................28 3.2 INTERNET DAS COISAS (IOT) ............................................................................................................31 3.3 A INTERNET E A AGRICULTURA ......................................................................................................33 3.3.1 SigmaABC ...................................................................................................................................34 3.3.2 AgroAPI .......................................................................................................................................35 3.3.3 AccuWeather .............................................................................................................................35 3.3.4 Adama Alvo ................................................................................................................................36 3.3.5 Aegro ........................................................................................................................................... 37 3.4 SISTEMA ROBÓTICO AUTÔNOMO PARA MAPEAR ERVAS DANINHAS EM CAMPOS .........38 3.5 APRENDIZADO DE MÁQUINA (AM) ................................................................................................. 41 4 AS CONTRIBUIÇÕES DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA A COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL.......................................................................................................... 42 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 45 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................47 TÓPICO 3 - AGRICULTURA DO FUTURO ............................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 51 2 AGRICULTURA DE PRECISÃO .......................................................................................... 51 3 OBTENÇÃO DE DADOS E INFORMAÇÕES ....................................................................... 56 3.1 PLATAFORMA AGROAPI .....................................................................................................................59 3.2 BIG DATA ................................................................................................................................................61 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 63 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 65 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................67 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................70 UNIDADE 2 — GEOPROCESSAMENTO E A AGRICULTURA .................................................75 TÓPICO 1 — O QUE É GEOPROCESSAMENTO? ................................................................... 77 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 77 2 CARTOGRAFIA .................................................................................................................. 77 3 GPS E OS COMPONENTES DO SISTEMA ......................................................................... 89 3.1 COMPONENTES DO SISTEMA ..........................................................................................................90 4 CONCEITOS BÁSICOS DE GEOPROCESSAMENTO ........................................................ 93 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................97 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................99 TÓPICO 2 - COMPONENTES DO SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) .......103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................103 2 COMPONENTES DO SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA .................................103 2.1 HARDWARE E SISTEMA OPERACIONAL ......................................................................................105 2.2 SOFTWARE DE APLICAÇÃO (SIG) .................................................................................................. 107 2.2.1 Entrada de dados, atualização e conversão .................................................................... 107 2.2.2 Gerenciamento de dados ......................................................................................................111 2.2.3 Análise e manipulação de dados ........................................................................................112 2.2.4 Saída e apresentação dos dados .......................................................................................115 2.2.5 Banco de dados .......................................................................................................................115 2.2.6 Estruturas de banco de dados ............................................................................................116 3 A IMPORTÂNCIA DO BANCO DE DADOS GEOGRÁFICOS ............................................. 118 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 119 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 121 TÓPICO 3 - GEOPROCESSAMENTO E OS DADOS .............................................................125 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................125 2 AQUISIÇÃO DE DADOS ...................................................................................................125 3 GPS .................................................................................................................................. 131 4 FONTES DE ERROS E QUALIDADE DOS DADOS ............................................................132 5 MANIPULAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .........................................................................134 6 MODELAGEM ESPACIAL .................................................................................................135 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 137 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 144 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 147 UNIDADE 3 — AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E INTELIGENTE ........................................153 TÓPICO 1 — AGRICULTURA SUSTENTÁVEL ......................................................................155 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................155 2 IMPACTOS DA AGRICULTURA SOBRE OS RECURSOS NATURAIS ...............................155 3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AGRICULTURA ..............................................160 3.1 TRANSIÇÃO DO MODELO AGROQUÍMICO PARA O AGROECOLÓGICO ................................... 163 4 TECNOLOGIAS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL ................................................................................................................166 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................168 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................169 TÓPICO 2 - INOVAÇÃO TECNOLOGICA E A SUSTENTABILIDADE ................................... 173 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 173 2 INOVAÇÕES TECNOLOGICAS SUSTENTÁVEIS NA AGRICULTURA .............................. 173 2.1 MICRORGANISMOS PROMOTORES DE CRESCIMENTO PARA AS PLANTAS ....................... 175 2.2 MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA SUSTENTÁVEL ................................................................................. 179 2.3 SEMENTES CRIOULAS NA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ........................................180 2.4 PLANTIO DIRETO ..............................................................................................................................181 2.5 ADUBAÇÃO VERDE ..........................................................................................................................181 2.6 BIOFERTILIZANTE ............................................................................................................................182 2.7 MELHORAMENTO GENÉTICO .........................................................................................................1822.8 SEGURANÇA BIOLÓGICA E DEFESA DA AGRICULTURA .........................................................183 2.9 SISTEMAS INTEGRADOS E REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE GASES ...................................... 187 2.10 RECURSOS HÍDRICOS ....................................................................................................................188 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 191 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................193 TÓPICO 3 - AGRICULTURA, A INDÚSTRIA DO FUTURO ................................................... 197 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 197 2 AGRICULTURA DO FUTURO ............................................................................................ 197 3 AVANÇOS GERENCIAIS NA AGRICULTURA ...................................................................201 4 AGRO 4.0 RUMO À AGRICULTURA 5.0 .......................................................................... 203 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 206 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 211 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................212 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................216 1 UNIDADE 1 - CONCEITOS DA AGRICULTURA DIGITAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a definição de agricultura digital; • entender as diferentes tecnologias no contexto agrícola; • diferenciar as fases de produção e os usos da agricultura de precisão; • compreender a importância da pesquisa científica para o avanço tecnológico agrícola. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA DIGITAL TÓPICO 2 – TECNOLOGIA E AGRICULTURA TÓPICO 3 – AGRICULTURA DO FUTURO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA DIGITAL 1 INTRODUÇÃO Na sociedade atual, é fácil perceber que a tecnologia vem se tornado um fator chave na determinação da competitividade das organizações (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018). O uso da tecnologia vem oferecendo melhoras significativas no emprego de recursos e na redução de custos. Diante do contexto globalizado e competitivo do mercado atual, o uso adequado dos recursos tecnológicos representa uma oportunidade à sobrevivência das organizações (EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). Nesse sentido, cada organização toma a decisão sobre a utilização dos diferentes tipos de tecnologia existentes (COSTA, GUILHOTO, 2012; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020). Essa decisão afetará a continuidade e o desempenho da organização no mercado. Assim, a adoção de novas tecnologias pode ocasionar maior competitividade para as organizações enquanto melhora o processo produtivo. O setor agrícola também passa por transformações tecnológicas, já que a agricultura tradicional foi transformada pelo uso de novas tecnologias (EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). A agricultura atual pode se apoiar com o uso de dados georreferenciados, armazenar informações em bancos de dados para efetuar comparações precisas com dados anteriores e com o histórico da área analisada (BATISTA et al., 2017; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). O uso da tecnologia na agricultura possibilita novas formas de gerenciamento da informação tendo como resultado final maior produtividade, redução de custos e mitigação do impacto ambiental (EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). Portanto, o ato de planejar uma propriedade rural é indispensável para conquistar novos mercados. As organizações, ou seja, as propriedades rurais precisam repensar seus processos de produção, através de análises de satisfação dos clientes, de modo mais econômico ou pleno, devido ao aparecimento constante de novas tecnologias (EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020; DUARTE, 2021). Neste Tópico, estudaremos como era estruturada a agricultura no Brasil e como a tecnologia influenciou a sua evolução para ocupar novos nichos no mercado mundial. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 2 EVOLUÇÃO NA AGRICULTURA Você já deve ter percebido que a agricultura para o setor econômico brasileiro é um fator primordial para geração de riquezas (EMBRAPA, 2018). No início da década de 1990, a agricultura brasileira se modificou, ou seja, houve a concentração do controle 4 do setor para grandes empresas nacionais e transnacionais (COSTA, GUILHOTO, 2012; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020). Além disso, agricultura familiar enfrentou a competitividade da agroindústria (QUADRO 1). QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA NO BRASIL PERÍODO DESCRIÇÃO Após a II Guerra Mundial Pelas teses da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), liderada por Raul Prebish, a relação de troca movia-se contra os países exportadores de matérias-primas. A política econômica deveria favorecer o desenvolvimento do mercado interno e a diversificação da pauta de exportações. O caminho era a industrialização. Houve a remoção do excesso de trabalhadores rurais para a indústria e para o setor de serviços. A guerra mostrou que o poderio militar dependia fortemente da indústria. Além disso, percebeu-se que as economias diversificadas tinham maior capacidade de geração de empregos. Começo da década de 1950 O governo brasileiro adotou uma política econômica de industrialização forçada. A urbanização ganhou velocidade a partir da década de 1950 e se acelerou na década de 1970. No período de 1950 a 1970 Período marcado pela extensão rural, com base na hipótese de que existia um vasto estoque de tecnologias, porém não se considerou a pesquisa científica. Início da década de 1970 Facilidades para a indústria em detrimento das atividades agrícolas. As bases da política assentavam-se em: • manter o câmbio sobrevalorizado; • câmbios múltiplos para favorecer a importação de bens de capital e desfavorecer as demais; • concessão de empréstimos a taxas de juros subsidiadas para a indústria de bens de capital; • importação de bens de consumo; • investimento em infraestrutura de energia e transporte; • alimentos com preços baixos para evitar pressões sobre os salários dos trabalhadores urbanos; • prioridade à infraestrutura urbana. No ambiente rural, ocorreu o êxodo de modo acentuado, já que as cidades e as indústrias tinham maior poder de atração. 5 1973 Maior investimento em pesquisa agrícola, com o advento da Embrapa, e nos cursos de pós-graduação, sem reduzir os investimentos do governo federal em extensão rural. De 1975 a 1990 O Brasil funda uma empresa nacional para assistência técnica e extensão rural, chamada de Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER). O objetivo era auxiliar a implementação e a adoção de novas tecnologias desenvolvidas através da pesquisa e de prestar assistência técnica aos agricultores, apoiando as agências de extensão estaduais. A falta de apoio e a crise fiscal dos estados criou um grande gargalo na extensão rural em alguns estados brasileiros. Até o final da década de 1980 O setor privado teve pequena participação nos empréstimos aos produtores rurais. A base foi o governo federal, principalmente via Banco do Brasil e Banco do Nordeste. As taxas de juros foram subsidiadas com maior intensidade no Brasil.A União começou a reduzir o orçamento para difusão de tecnologia. O período de 1974 a 1983 Nesse período, ocorreu um alto volume de crédito, atingindo o valor mais alto em 1979, com R$ 105,2 bilhões. É nesta fase que o crédito rural desempenha a função de impulsionador da modernização da agricultura brasileira, como política de desenvolvimento do setor. Década de 1990 Aumento de 6% na demanda de alimentos, motivando a modernização da agricultura. O custo de oportunidade do trabalho cresceu para os agricultores levando os produtores a intensificar a agricultura e a mecanizar a exploração. A industrialização e a urbanização estabeleceram o paradigma de transformação da agricultura, sendo sua base principal a tecnologia e a ciência. Em 1991, a extensão rural passou para as mãos dos estados da Federação. Em 1992, a criação da Embrapa e do Sistema Nacional de Pesquisa Agrícola (SNPA) representam um marco no processo de modernização da agricultura brasileira. Cria-se uma empresa pública de direito privado, com maior flexibilidade e agilidade na gestão. 6 Período de 2000 Nesse período, foi registrada a evolução das lavouras, enquanto a área de plantio aumentou cerca de dez vezes no período, a produção cresceu quase 20 vezes. Durante aproximadamente 45 anos, a produtividade da agricultura manteve-se constante, sendo que o aumento da produção era dependente do aumento da área de plantio. Com o câmbio flutuante, as importações de produtos agrícolas perderam capacidade de substituir a produção nacional. A estagnação ou redução das áreas das lavouras, principalmente nos últimos anos, é consequência da enorme redução dos preços dos produtos agrícolas. Permaneceram em cultivo as áreas mais aptas à modernização da agricultura. ATUAL A produtividade na agricultura brasileira vem crescendo a uma média anual de 2,51 %. Outro aumento significativo foi da mão de obra, em função da melhoria de qualificação, bem como pelo aumento da quantidade de máquinas agrícolas automotrizes nos trabalhos da agropecuária. Houve, também, o crescimento da produtividade da terra no Brasil em decorrência da incorporação de novas tecnologias derivadas dos trabalhos de pesquisa e da incorporação de áreas novas. Um conjunto de fatores foi responsável por esses aumentos de produtividade: • tecnologia; • investimentos em pesquisa; • melhoria do capital humano. FUTURO A produção de grãos poderá chegar a 350 milhões de toneladas na safra de 2028/2029, conforme as projeções recentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2019). A produção de carnes pode chegar a 33 milhões de toneladas até o final da próxima década (BRASIL, 2019). O mercado interno e a demanda internacional são indicados como principais fatores de crescimento para a maior parte desses produtos. FONTE: Adaptado de Embrapa (2014); Embrapa (2018); Massruhá et al. (2020) A inovação tecnológica é considerada como o principal fator do aumento da produtividade no setor agrícola, transformando as unidades rurais em organizações com processos definidos. Isso casou um impacto considerável sobre a agricultura familiar (FIGURA 1) (EMBRAPA, 2014; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020). 7 FIGURA 1 – TRAJETÓRIA DA AGRICULTURA FAMILIAR FONTE: <https://bit.ly/2TBWdib>. Acesso em: 16 jul. 2021. Você ficou na dúvida sobre o Sistema Nacional de Pesquisa Agrícola (SNPA)? Então veja o UNI a seguir! Sistema Nacional de Pesquisa Agrícola (SNPA) é formado pela Embrapa, pelas Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) e por institutos de pesquisa de âmbito federal, pelas universidades públicas ou privadas e por outras organizações públicas e privadas (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). O diferencial do SNPA é a sua organização bem articulada e distribuída em todo território nacional. A união de diferentes instituições permite o desenvolvimento de pesquisas direcionadas para variados setores da agricultura e pecuária do país. O conjunto de conhecimentos é o que permite a inovação tecnológica (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). IMPORTANTE 8 SISTEMA NACIONAL DE PESQUISA AGRÍCOLA FONTE: Adaptado de <https://consepa.org.br/> Acesso em: 2 jul. 2021. Portanto, considerando o Quadro 1, podemos destacar que a modernização da agricultura ocorreu devido a (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020): • crédito subsidiado, principalmente para a compra de insumos modernos e financiamento de capital; • extensão rural; • pesquisa agropecuária, liderada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A política de industrialização, assim, criou a demanda por alimentos e outras matérias-primas nos centros urbanos (QUEIRÓS et al., 2014; OLIVEIRA, 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). O custo do trabalho no meio rural cresceu com o êxodo, obrigando os produtores a intensificarem e mecanizarem a sua produção (OLIVEIRA, 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). Considerando a política agrícola, destacam-se três instrumentos na modernização da agricultura (BOLFE et al., 2020): • crédito subsidiado, para a compra de insumos modernos e financiamento de capital; • investimentos em ciência e tecnologia com a Embrapa e os cursos de pós- graduação; • a extensão rural pública e, mais recentemente, a extensão rural privada. Desse modo, você pode perceber que o processo de transformação digital nas propriedades rurais é essencial para que a agricultura seja mais competitiva e com maior valor agregado. 9 3 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AGRICULTURA Nas últimas décadas, destaca-se a velocidade com que as inovações tecnológicas foram introduzidas no meio agrícola. O advento de novas tecnologias possibilita que as organizações repensem seus produtos e processos de produção. Afinal, o que é inovação tecnológica? (SILVEIRA, BAZZO, 2009; WEIRICH NETO, 2014; EMBRAPA, 2018). Conforme Silveira e Bazzo (2009, p. 683): A inovação tecnológica é resultante de uma combinação de necessidades sociais e de demandas do mercado com os meios científicos e tecnológicos para resolvê-las, isso é a partir das demandas observadas. Esse ambiente de transformação digital também molda agendas de desenvolvimento em várias escalas. Nas propriedades rurais modernas, as operações agrícolas são efetuadas de modos diferentes quando comparadas às ações de décadas atrás (PITASSI et al., 2014). Essas mudanças no gerenciamento das plantações ocorrem devido aos avanços tecno- lógicos que vem sendo aplicados à agricultura (SILVEIRA, BAZZO, 2009; WEIRICH NETO, 2014; EMBRAPA, 2018). As inovações tecnológicas no setor agrícola incluem, por exem- plo, a utilização de diversos tipos de sensores, uso de máquinas, sistemas integrados, robótica (drones) (SILVEIRA, BAZZO, 2009; PITASSI et al., 2014; EMBRAPA, 2018). FIGURA 2 – USO DE TECNOLOGIA NO SETOR AGRÍCOLA FONTE: <https://bit.ly/3iSjaGH>. Acesso em: 5 jul. 2021. Sendo assim, o avanço no setor agrícola envolve uma combinação de tecnologias da internet e tecnologias orientadas para o uso de objetos inteligentes, com isso temos a agricultura inteligente (AI) (PITASSI et al., 2014; EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019). A AI engloba as tecnologias de informação e comunicação em máquinas, equipamentos e sensores em sistemas de produção agrícola. Isso gera um grande volume de dados e informações com inserção progressiva de automação no processo (EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019; MASSRUHÁ et al., 2020). Um grande benefício da AI é a sua associação internacional à Agenda 2030, que envolve 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 10 (ODS) (EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020), conforme podemos observar na Figura 4. Considerando esse contexto, a transformação digital no âmbito agrícola pode auxiliar no alcance desses objetivos. FIGURA 3 – AGENDA 2030 FONTE: <https://ppgcs.furg.br/agenda-2030>. Acesso em: 5 jul. 2021. Um ponto importante a ser considerado é que estimativas da United Nations Global Compac (UNGC) apontamque o mercado mundial da agricultura digital avançará de modo significativo ao longo dos anos devido ao crescimento no setor (EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). No entanto, é preciso considerar que a pandemia de Covid-19 gera um ambiente de incerteza, mas com expectativas de aceleração do crescimento da utilização das tecnologias digitais na agricultura (FRASER, CAMPBELL, 2019; BOLFE et al., 2020). Entretanto, não é necessário adquirir equipamentos com tecnologia de ponta para adotar a agricultura digital. A utilização de celular, tablet ou computador com acesso à internet já garante o uso adequado da agricultura inteligente através de aplicativos e softwares (EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019; FRASER, CAMPBELL, 2019). Um produtor conectado aperfeiçoa o tempo gasto no gerenciamento da produção, tendo como resultado maiores rendimentos no campo e maior sustentabilidade no meio agrícola (EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020). As inovações tecnológicas são fundamentais para que o produtor tenha os benefícios dessas tecnologias, porém é preciso relacionar custo de aquisição com os benefícios (FRASER, CAMPBELL, 2019; BOLFE et al., 2020). 11 FIGURA 4 – AGENDA 2030 FONTE: <https://bit.ly/3ybeEt7>. Acesso em: 5 jul. 2021. 3.1 EMBRAPA E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AGRICULTURA A Embrapa tem como missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a competitividade e a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira (EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020; OLIVEIRA, 2020). Diante desse contexto, no final da década de 90, foi desenvolvida a Rede de Agricultura de Precisão (Rede AP) da Embrapa. Atualmente, a Rede AP envolve 20 Centros de Pesquisa da Empresa e mais de 50 parceiros, como empresas, instituições de pesquisa, universidades e produtores rurais (EMBRAPA, 2018). FIGURA 5 – A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E A ATUAÇÃO DA EMBRAPA FONTE: Embrapa (2018, p. 80) 12 A Embrapa, através da Embrapa Informática Agropecuária, acompanha a evolução das tecnologias da informação e comunicação (TIC) (QUADRO 2) (FRASER, CAMPBELL, 2019; BOLFE et al., 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). QUADRO 2 – A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E A ATUAÇÃO DA EMBRAPA FASE DESCRIÇÃO PRIMEIRA FASE • sistemas desenvolvidos eram monousuários; • softwares funcionavam nos computadores desktop de modo independente; • início da internet comercial, quando os principais centros de pesquisas e universidades iniciaram a conecção; • a pesquisa era voltada a adequar modelos e soluções já existentes às necessidades da agricultura brasileira. SEGUNDA FASE • surgimento da internet móvel; • uso de aplicativos agrícolas diretamente no celular; • dados armazenados em nuvens; • redes sociais ganham dimensão global; • a pesquisa obtém dimensão integrada, na busca de soluções agregadas. TERCEIRA FASE • a atividade agrícola se torna altamente automatizada; • evolução constante dos sistemas de agricultura e pecuária de precisão; • conecção com todos os elos da cadeia produtiva; FONTE: Adaptado de Embrapa (2018) e Massruhá et al. (2020) Em 2012, a Embrapa fundamentou Sistema de Inteligência Estratégica (Agropensa) organizando seus estudos em macrotemas orientados por uma perspectiva de cadeia produtiva (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). FIGURA 6 – MACROTEMAS-CHAVE PARA PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO FONTE: Embrapa (2014, p. 71) 13 Para acompanhar as tendências globais e nacionais da nova economia e da ordem mundial e como essas transformações impactam a agricultura, a Embrapa, por meio do seu Sistema de Inteligência Estratégica (Agropensa), elaborou o documento Visão 2030: o Futuro da Agricultura Brasileira (EMBRAPA, 2018). Com isso, surgiu um grupo de sete megatendências, conforme EMBRAPA (2014, p. 71): • Mudanças Socioeconômicas e Espaciais na Agricultura: a ampliação da produção agrícola brasileira possui a tendência de ocorrer pelo aumento de produtividade e eficiência e não mais pela ampliação da terra usada para as atividades rurais. • Intensificação e Sustentabilidade dos Sistemas de Produção Agrícolas: a modernização recente da agricultura brasileira já é uma experiência bem-sucedida de intensificação da produção agrícola. • Mudança do Clima: a agricultura é uma atividade que emite gases de efeito estufa (GEE), o que contribui para o aquecimento global. • Riscos na Agricultura: uma atividade altamente sensível às mudanças do clima. • Agregação de Valor nas Cadeias Produtivas Agrícolas: o valor de um produto, ou ainda, de um serviço é compreendido como a relação entre qualidade e preço. • Protagonismo dos Consumidores: o avanço das tecnologias da informação, bem como, da comunicação, está modificando as relações entre as empresas produtoras de alimentos e os seus consumidores. • Convergência Tecnológica e de Conhecimentos na Agricultura: convergências tecnológicas resultam da integração de conheci- mentos de diferentes domínios para a solução de um problema. O documento Visão 2014–2034: o futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira tem como objetivo suscitar reflexões sobre a capacidade tecnológica da agricultura brasileira do futuro e oferecer subsídios para definição de estratégias e para a tomada de decisão pelos setores públicos e privado, com foco na pesquisa e na inovação (EMBRAPA, 2014. p. 12). Para ler o documento completo, acesse em: https://bit.ly/3x8KrtB. IMPORTANTE 14 DOCUMENTO VISÃO 2030 FONTE: <https://bit.ly/3x8KrtB> Acesso em: 5 jul. 2021 Para obter um resumo animado da visão do futuro, acesse o link: https:// bit.ly/3rAHHUu. Diante da transformação digital na agricultura, é necessário considerar o movimento de startups agrícolas, as AgTechs, que são empresas inovadoras associadas à tecnologia que visam construir aplicações para a agricultura (BOLFE et al., 2020). Os investimentos em agtechs consolidaram um aumento de 15,5% em 2020 e chegaram à cifra de US$ 26,1 bilhões em todo o mundo (BOLFE et al., 2020; DUARTE, 2021). 15 FIGURA 7 – TECNOLOGIA NO CAMPO FONTE: <https://glo.bo/2VbUUac>. Acesso em: 5 jul. 2021. 16 4 MERCADO CONSUMIDOR DA AGRICULTURA BRASILEIRA Os consumidores, atualmente, têm mais acesso à informação, o que permite o desenvolvimento de uma consciência maior em relação à qualidade e origem dos ali- mentos, bem como possibilita maior reflexão a responsabilidade socioambiental dos sis- temas produtivos (GEHLEN, 2001; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020; DUARTE, 2021). As diferentes TICs facilitam a relação rural-urbana pela melhor compreensão das responsabilidades de cada setor, garantindo a valorização dos produtos locais, ajudando na valoração e na manutenção da biodiversidade. Assim, os negócios tradicionais deverão ser desenvolvidos considerando a ótica do mercado digital, ou seja, o relacionamento direto entre consumidores e clientes finais (FAVARETTO, 2007; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). O uso de tecnologias da agricultura digital colabora, ainda, com a preservação ambiental e com o desenvolvimento sustentável. Além disso, a otimização de processos melhora a qualidade do trabalho e segurança dos trabalhadores (GEHLEN, 2001; FORNASIER, 2019; FREUND et al., 2019; BOLFE et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). FIGURA 8 – BENEFÍCIOS DA AGRICULTURA DIGITAL FONTE: <https://bit.ly/3ybeEt7>. Acesso em: 5 jul. 2021. 17 O consumidor final se beneficia da adoção das tecnologias no âmbito agrícola tendo acesso sobre a origem dos alimentos que vão parar na sua residência (GEHLEN, 2001; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). A rastreabilidade identifica a origem de determinado produto. Isso significa que o consumidor pode identificar o produtor, datas de colheita e outras informações como laudos da Vigilância Sanitária que garantem a segurança do alimento (FORNASIER, 2019; FREUND et al., 2019; BOLFE et al., 2020). FIGURA 9 –RASTREABILIDADE DA CADEIA PRODUTIVA FONTE: <https://bit.ly/3f0erBs> Acesso em: 5 jul. 2021. A transformação digital da agricultura impulsiona a busca por soluções que auxiliam a relação entre produtor e consumidor, bem como o gerenciamento adequado da propriedade rural (GEHLEN, 2001; FAVARETTO, 2007; DUARTE, 2021). Nesse contexto, as instituições de pesquisa, universidades, grandes empresas, startups, cooperativas e associações vêm investindo no desenvolvimento e aprimoramento de plataformas digitais, buscando soluções inovadoras com a integração e a análise de dados via geoestatística, inteligência artificial, processamento em nuvem e visão computacional (FORNASIER, 2019; FREUND et al., 2019; BOLFE et al., 2020). O Quadro 3 faz um resumo das principais tecnologias utilizadas na agricultura. 18 QUADRO 3 – TECNOLOGIAS UTILIZADAS NA AGRICULTURA TECNOLOGIA DESCRIÇÃO ROBÓTICA Responsável pela fabricação e uso de robôs no setor agrícola. Os benefícios da utilização são: • precisão nos resultados; • maior agilidade na produção; • aumento de rendimento operacional; • eficiência e baixo custo de mão de obra. NANOTECNOLOGIA Aprimorar a intervenção humana por meio da utilização de dispositivos sensores. Isso traz os seguintes benefícios: • aumento do controle sobre os eventos; • ajuda na tomada de decisões; • obtenção de melhor rastreabilidade, produtividade e qualidade. PROTEÍNA SINTÉTICA Obtida através de manipulações laboratoriais, tendo diversas variações nutricionais. O seu uso reduz o impacto sobre os recursos naturais. AGRICULTURA CELULAR Responsável por produzir produtos animais a partir de células, sem necessidade de criar os animais. TECNOLOGIA DE EDIÇÃO DE GENES Desenvolvimento de uma espécie vegetal melhorada e sem a inclusão do DNA de outra espécie. Isso garante o cultivo de plantas: • maior aporte nutricional; • maior taxa de crescimento; • maior eficiência no processo produtivo. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Considerada como aliada para uma produção sustentável. A inteligência artificial precisa ainda enfrentar alguns desafios, tais como: • a quantidade de variáveis que envolvem o campo; • os imprevistos naturais fora do controle humano. BLOCKCHAIN A tecnologia Blockchain para o compartilhamento de informações visando à facilidade em trabalhar com informações conjuntas e compartilhadas. Isso significa que atua como uma rede de blocos encadeados que sempre carregam um conteúdo, ou seja, oferece as informações de origem e destino em cada etapa da cadeia de alimentos. 19 APRENDIZADO DE MÁQUINA O campo científico que possibilita que as máquinas tenham a capacidade de aprender. Isso possibilita a criação de novas oportunidades para desvendar, quantificar e compreender processos intensivos em dados de ambientes operacionais agrícolas. APPLICATION PROGRAMMING INTERFACE (API) Uma forma de duas aplicações conversarem entre si, em que uma aplicação requisitante dispara a execução de outra para que sua própria tarefa seja concluída, ou seja, a aplicação requisitante necessita da segunda como provedora para seu funcionamento. RECONHECIMENTO DE PADRÕES O que se deseja com o reconhecimento de padrões por um sistema computacional é que ele aprenda a diferenciar os dados que se lhe apresentam, atividade que é computacionalmente conhecida como classificação. FONTE: O autor É preciso considerar que o aumento da população urbana; a maior expectativa de vida; e as modificações no padrão alimentar e poder econômico impulsionam maior demanda mundial de alimentos, energia e água (BOLFE et al., 2020; FREUND et al., 2019). As tecnologias digitais podem ajudar a resolver essa complexa equação com inúmeras variáveis econômicas, sociais e ambientais, nas quais é preciso produzir mais alimentos com qualidade e com menor uso de recursos naturais (GEHLEN, 2001; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020; DUARTE, 2021). A pandemia do Covid-19 pode alterar, ainda mais, os hábitos alimentares da sociedade, intensificando a preocupação para atender a níveis de higiene e saúde pública (DUARTE, 2021). Nesse cenário, o produtor precisará incorporar novas tecnologias digitais para garantir maior transparência em seu processo produtivo, bem como responder às exigências do mercado nacional e internacional. Portanto, o que podemos perceber ao longo deste Tópico é que a tecnologia agrícola avança rapidamente em nível mundial, sendo que novas técnicas e ferramentas vêm proporcionado um aproveitamento adequado e mais eficiente do solo, bem como dos recursos humanos e naturais. Tais fatores representam redução de custos de produção e maior eficiência operacional. 20 Neste tópico, você aprendeu: • A agricultura atual pode se apoiar com o uso de dados georreferenciados, armazenar informações em bancos de dados para efetuar comparações precisas com dados anteriores e com o histórico da área analisada. • O uso da tecnologia na agricultura possibilita novas formas de gerenciamento da informação, tendo como resultado final maior produtividade, redução de custos e mitigação do impacto ambiental. • No início da década de 1990, a agricultura brasileira se modificou, assim, houve a con- centração do controle do setor para grandes empresas nacionais e transnacionais. • A inovação tecnológica é considerada como o principal fator do aumento da produtividade no setor agrícola, transformando as unidades rurais em organizações com processos definidos. Isso causou um impacto considerável na agricultura familiar. • O SNPA é formado pela Embrapa, pelas Oepas e por institutos de pesquisa de âmbito federal, pelas universidades públicas ou privadas e por outras organizações públicas e privadas (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). • A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi criada em 26 de abril de 1973 e é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Desde a sua criação, assumiu um desafio: desenvolver, em conjunto com nossos parceiros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), um modelo de agricultura e pecuária tropical genuinamente brasileiro, superando as barreiras que limitavam a produção de alimentos, fibras e energia no nosso País (EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). • Nas propriedades rurais modernas, as operações agrícolas são efetuadas de modos diferentes quando comparadas a ações de décadas atrás. • O avanço no setor agrícola envolve uma combinação de tecnologias da internet e tecnologias orientadas para o uso de objetos inteligentes, com isso, temos a agricultura inteligente (AI). • A AI engloba as tecnologias de informação e comunicação em máquinas, equipamentos e sensores em sistemas de produção agrícola. Isso gera um grande volume de dados e informações com inserção progressiva de automação no processo. RESUMO DO TÓPICO 1 21 • Um produtor conectado otimiza o tempo gasto no gerenciamento da produção, tendo como resultado maiores rendimentos no campo e maior sustentabilidade no meio agrícola. • Com relação à transformação digital na agricultura, é necessário considerar o movimento de startups agrícolas, as AgTechs, que são empresas inovadoras associadas à tecnologia que visam construir aplicações para a agricultura. • Os consumidores, atualmente, têm maior acesso à informação, o que permite uma consciência em relação à qualidade e origem dos alimentos, bem como a responsabilidade socioambiental dos sistemas produtivos. • As diferentes TIC facilitam a relação rural-urbana pela melhor compreensão das responsabilidades de cada setor, garantindo a valorização dos produtos locais, ajudando na valoração e na manutenção da biodiversidade. • As tecnologias digitais podem ajudar a resolver essa complexa equação com inúmeras variáveis econômicas, sociais e ambientais na qual é preciso produzir mais alimentos com qualidade e com menor uso de recursos naturais. 22 AUTOATIVIDADE 1 A inovação tecnológica é considerada como o principalfator do aumento da produtividade no setor agrícola, transformando as unidades rurais em organizações com processos definidos. Isso casou um impacto considerável sobre a agricultura familiar (EMBRAPA, 2014; DEBOER, 2019; BOLFE et al., 2020). Considerando esta afirmação, faça uma tabela com cinco períodos que você considera significativo na evolução da agriculta brasileira. 2 Nas últimas décadas, destaca-se a velocidade com que as inovações tecnológicas foram introduzidas no meio agrícola. O advento de novas tecnologias possibilita que as organizações repensem seus produtos e processos de produção. Afinal, o que é inovação tecnológica? Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A inovação tecnológica é resultante de uma combinação de necessidades sociais e de demandas do mercado somente com os meios tecnológicos para resolvê- las, isso é a partir das demandas observadas. b) ( ) Nas propriedades rurais modernas, as operações agrícolas são efetuadas de modos diferentes quando comparadas às ações de décadas atrás. Essas mudanças no gerenciamento das plantações ocorrem devido aos avanços tecnológicos que vêm sendo aplicados na agricultura. c) ( ) As inovações tecnológicas no setor agrícola não incluem a utilização de sensores ou o uso de robótica (drones) por exemplo. d) ( ) O avanço no setor agrícola envolve somente tecnologias da internet para o uso de objetos orientados, com isso, temos a agricultura inteligente (AI). 3 Os consumidores, atualmente, têm mais acesso à informação, o que permite maior consciência em relação à qualidade e origem dos alimentos, bem como possibilita maior reflexão sobre a responsabilidade socioambiental dos sistemas produtivos (GEHLEN, 2001; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020; DUARTE, 2021). FONTE: BOLFE, E. L.; et al. Agricultura digital no Brasil: tendências, desafios e oportunidades: resultados de pesquisa on-line. Campinas: Embrapa, 2020. DUARTE, A. D. Investimentos em agtechs sobem até 34,5% em 2020. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3iQZva5. Acesso em: 5 jul. 2021. EMBRAPA. Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. Brasília, DF: EMBRAPA, 2018. GEHLEN, I. Pesquisa, tecnologia e competitividade na agropecuária brasileira. Sociologias, Porto Alegre, n. 6, p. 70-93, 2001. 23 Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Os negócios tradicionais deverão ser desenvolvidos considerando a ótica do mercado digital, ou seja, o relacionamento direto entre consumidores e clientes finais. ( ) O uso de tecnologias da agricultura digital colabora, ainda, com a preservação ambiental e com o desenvolvimento sustentável. ( ) A otimização de processos melhora a qualidade do trabalho e segurança dos trabalhadores. ( ) O consumidor final se beneficia da adoção das tecnologias no âmbito agrícola tendo acesso sobre a origem dos alimentos que vão parar na sua residência. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – F. b) ( ) V – F – V – V. c) ( ) F – V – V – F. d) ( ) V – V – V – V. 4 A Embrapa tem como missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a competitividade e a sustentabilidade da agricultura em benefício da sociedade brasileira (EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020; OLIVEIRA, 2020). Considerando esta afirmação, elabore uma tabela com a evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação e a atuação da Embrapa. 5 A transformação digital da agricultura impulsiona a busca por soluções que auxiliam a relação entre produtor e consumidor, bem como o gerenciamento adequado da propriedade rural (GEHLEN, 2001; FAVARETTO, 2007; DUARTE, 2021). DUARTE, A. D. Investimentos em agtechs sobem até 34,5% em 2020. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3iQZva5. Acesso em: 5 jul. 2021. FAVARETTO, F. Melhoria da qualidade da informação no controle da produção: estudo exploratório utilizando Data Warehouse. Production, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 343-353, 2007. GEHLEN, I. Pesquisa, tecnologia e competitividade na agropecuária brasileira. Sociologias, Porto Alegre, n. 6, p. 70-93, 2001. 24 Considerando esta afirmação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A robótica aprimora a intervenção humana por meio da utilização de dispositivos sensores. b) ( ) A agricultura celular é responsável por produzir produtos da flora a partir de moléculas, sem necessidade de criar as sementes. c) ( ) A inteligência artificial não é considerada como aliada para uma produção sustentável. d) ( ) A tecnologia Blockchain para o compartilhamento de informações visa à facilidade em trabalhar com informações conjuntas e compartilhadas. 25 A TECNOLOGIA E AGRICULTURA 1 INTRODUÇÃO Os desafios atuais da agricultura serão superados com a adoção adequada de tecnologias modernas, visto que estas poderão garantir a segurança alimentar necessária em conformidade com a conservação ambiental (ALVES, 2012; EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019). A segurança alimentar tem ligação, também, com a disponibilidade de alimentos produzidos de maneira sustentável, o que significa a produção de alimentos de qualidade e respeitando os recursos naturais (BOLFE et al., 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). A qualidade dos alimentos está sendo um fator decisivo na hora do consumidor escolher o que ele vai consumir, e essa escolha pode estar vinculada à rastreabilidade do alimento para confirmar a sua qualidade (BOLFE et al., 2020). Desse modo, a tecnologia é primordial para o aumento da produção e para o gerenciamento adequado de todos os processos envolvidos na produção de um alimento (CERRI et al., 2017; DEBOER, 2019) A tecnologia não pode ser vista como irreal, mas sim como uma aliada neste momento de transformações (BOLFE et al., 2020). Ao longo deste Tópico, portanto, estudaremos sobre a capacidade de geração de conhecimento pelas instituições de pesquisa e como essas informações afetam a eficiência agrícola brasileira. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 2 PROGRESSO TÉCNICO CIENTÍFICO E O AUMENTO DA EFICIÊNCIA AGRÍCOLA Os atuais ganhos na produtividade agrícola são reflexos dos estudos sobre a inovação tecnológica na agricultura, realizados no Brasil principalmente a partir da década de 1960 (ALVES, 2012; EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). Durante um longo período, eram os agricultores que geravam os conhecimentos, mas sua divulgação não ocorria de modo organizado. Somente as tecnologias que geravam lucro financeiro eram difundidas (ALVES, 2012; EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019). Assim, para determinadas tecnologias, o processo de difusão foi ágil quebrando as barreiras da comunicação (EMBRAPA, 2018; DEBOER, 2019). O objetivo da difusão de tecnologia organizada é o de encurtar o tempo entre a geração do conhecimento e sua transformação em tecnologia, pelos agricultores (ALVES, 2012; EMBRAPA, 2014; EMBRAPA, 2018). 26 A evolução da agricultura brasileira nos últimos 30 anos inclui um alto investimento do governo em pesquisa, intervenções governamentais em projetos de colonização e crédito para insumos de última geração em um ambiente propício para a industrialização da agricultura por meio de cooperativas e da participação do setor privado (CERRI et al., 2017; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). Você tem ideia de como começou a pesquisa agropecuária no Brasil? Então veja o UNI a seguir e descubra! A pesquisa agropecuária no Brasil iniciou com o estabelecimento de escolas de agricultura (universidades) e centros de pesquisa estaduais, que lideraram a pesquisa agrícola no Brasil até os anos 1980. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) foi um dos centros pioneiros. Foi fundado em 1887 pelo Imperador D. Pedro II, tendo recebido a denominação de Estação Agronômica de Campinas. Em 1892 passou para a administração do Governo do Estado de São Paulo. Sua atuação garante a oferta de alimentos à população e matéria-prima à indústria, cooperando para a segurança alimentar e para a competitividade dos produtosnos mercados interno e externo. Posteriormente outros institutos surgiram, tais como: - Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) - Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) - Instituto de Zootecnia (IZ) - Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) O INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS (IAC) FONTE: <https://bit.ly/3iMJmCs>. Acesso em: 5 jul. 2021. IMPORTANTE 27 - EMBRAPA - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) - Universidade Federal de Viçosa (UFV) FONTE: <https://bit.ly/3f340gy>. Acesso em: 16 jul. 2021. Atualmente, os centros de pesquisa estaduais e as universidades trabalham em parceria com a EMBRAPA em programas de melhoramento genético e em outros temas de pesquisa e desenvolvimento agropecuário. Nesse sentido, a Figura 10 mostra como ocorre a integração da pesquisa por meio do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). FIGURA 10 – SNPA FONTE: Embrapa (2018, p. 15) Atualmente, o maior desafio é, ainda, a adoção e a difusão de novas tecnologias, que são consideradas a base do processo de inovação e dependem da extensão e assistência técnica, bem como do acesso a crédito (FORTULAN, 2005; BOLFE et al., 2020). Para os pequenos produtores, é indispensável o acesso a novas tecnologias para obter melhor rendimento na sua produção agrícola (DUARTE, 2021). Entretanto, 0,5% das propriedades no Brasil, as quais têm acesso à tecnologia e crédito, produzem mais da metade do Valor Bruto da Produção (VBP) total da agricultura (CERRI et al., 2017; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). O modelo de transferência de tecnologia em agricultura no Brasil apresenta um ciclo virtuoso em que os elementos principais são pesquisa, extensão e produtores (BOLFE et al., 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). Esse modelo é que tenta suprir o acesso a informações sobre as tecnologias adequadas para melhora do rendimento na produção (CERRI et al., 2017; EMBRAPA, 2018; BOLFE et al., 2020). 28 FIGURA 11 – MODELO BRASILEIRO DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA FONTE: Embrapa (2018, p. 16) 3 TECNOLOGIA E O AUMENTO DA EFICIÊNCIA AGRÍCOLA Um grande desafio global é a tentativa de aumentar a produção de alimentos, considerando o crescimento populacional, a disponibilidade de recursos naturais, as mudanças climáticas, o surgimento de doenças e pragas e, ainda, bioacumulação de agroquímicos (NASCIMENTO et al., 2011; BOLFE et al., 2020; MASSRUHÁ et al., 2020). Para isso, foram desenvolvidas inúmeras inovações tecnológicas, mas a dependência contribuiu para impactos negativos sobre o meio ambiente. Isso afeta ainda mais a dis- ponibilidade dos recursos naturais não renováveis (PITASSI et al., 2014; EMBRAPA, 2018). A união adequada das tecnologias digitais à agricultura acarreta ganhos para a cadeia de produção e para o consumidor. Isso gera impactos positivos para o desenvolvi- mento social (NASCIMENTO et al., 2011). Aproximadamente 67% das propriedades agríco- las do Brasil usam algum tipo de tecnologia, seja na área de gestão dos negócios ou nas atividades de cultivo e colheita da produção (NASCIMENTO et al., 2011; BOLFE et al., 2020; MASSRUHÁ et al., 2020; EMBRAPA, 2018). Então, agora, conheceremos algumas tecnolo- gias digitais que facilitam o acesso do agricultor a informações estratégicas. 3.1 NANOTECNOLOGIA A nanotecnologia é a manipulação, controle e integração de átomos e moléculas para formar materiais, estruturas, componentes, dispositivos e sistemas em escala nanométrica conceitualmente, menor do que 100 nm (FERREIRA; RANGEL, 2009). 29 FIGURA 12 – NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA FONTE: <https://bit.ly/36DQn2V>. Acesso em: 5 jul. 2021. FIGURA 13 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DA NANOTECNOLOGIA A nanotecnologia oportuniza o desenvolvimento de produtos e aplicações inovadoras para diferentes setores industriais e consumidores finais. Esta ciência engloba a física, ciência dos materiais, química supramolecular e polímeros, interface e ciência coloidal, biologia e, também, as engenharias: de materiais, química, mecânica e elétrica (FERREIRA, RANGEL, 2009; MASSRUHÁ et al., 2020). Assim sendo, o desenvolvimento de produtos nanotecnológicos precisa integrar de modo interdisciplinar as diferentes fases da pesquisa para alcançar os resultados esperados. FONTE: <https://bit.ly/3l65OJs>. Acesso em: 5 jul. 2021. 30 Portanto, a nanotecnologia se fundamenta no desenvolvimento e aprimoramento de técnicas e ferramentas adequadas para posicionar átomos e moléculas em locais previamente estabelecidos, de modo a ter estruturas e materiais de interesse (FERREIRA, RANGEL, 2009; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). A nanotecnologia com seus nanomateriais, nanofilmes, nanoestruturas e nano- emulsões representa uma alternativa promissora de desenvolvimento científico, em que novos produtos podem oferecer uma variedade de benefícios, incluindo maior eficácia, durabilidade e redução das quantidades de ingredientes ativos (IAs) que estão sendo usados na proteção de culturas contra doenças e pragas (FERREIRA; RANGEL, 2009; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). As aplicações da nanotecnologia no âmbito agrícola são (FERREIRA, RANGEL, 2009): • incorporação de nanosensores e nanocatalisadores capazes de monitorar e acelerar o diagnóstico de doenças nas plantas, o tratamento molecular de doenças; • melhoramento da habilidade das plantas no processo de absorção de nutrientes; • eficiência na aplicação dos pesticidas, herbicidas e fertilizantes; • nanoemulsões que atuam como películas comestíveis e antimicrobianas na super- fície das frutas, resultando no aumento do tempo de maturação e, na redução de desperdício de alimentos. Uma das possibilidades da nanotecnologia é a substituição ou diminuição da quantidade de fertilizantes, herbicidas e inseticidas usados no processo agrícola, reduzindo impactos negativos sobre os recursos naturais (FERREIRA, RANGEL, 2009; EMBRAPA, 2018; MASSRUHÁ et al., 2020). FIGURA 14 – NANOTECNOLOGIA E OS INSETICIDAS FONTE: <https://bit.ly/3x9d7Co>. Acesso em: 5 jul. 2021. 31 3.2 INTERNET DAS COISAS (IOT) Atualmente, a inovação é o grande motor do desenvolvimento econômico e dos ganhos de produtividade e sustentabilidade (FORNASIER, 2019). A capacidade de inovar é decisiva para a obtenção e manutenção da competitividade em um mercado global (MAGRANI, 2018; FORNASIER, 2019; BOLFE et al., 2020). Isso é particularmente verdade no setor agropecuário, no qual novas tecnologias têm proporcionado aumentos significativos de produtividade com sustentabilidade. Conforme Magrani (2018, p. 20): De maneira geral, a internet das coisas (IoT) pode ser entendida como um ambiente de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua), voltado para a facilitação do cotidiano das pessoas, introduzindo soluções funcionais nos processos do dia a dia. Outro fator importante na definição é que a IoT se concentra em como compu- tadores, sensores e objetos interagem uns com os outros e processam informações/ dados em um contexto de hiperconectividade (MAGRANI, 2018; FORNASIER, 2019; JOÃO et al., 2019). De acordo com Lacerda e Lima-Marques (2015, p. 160): O termo Internet das Coisas foi cunhado em 1999 por Kevin Ashton, co-fundador do Auto-ID Center do Massachusetts Institute of Techno- logy (MIT). Em recente artigo, Ashton (2009) afirmou que a ideia origi- nal da IdC previa a conexão de todos os objetos físicos à Internet, com capacidade de capturar informações por meio de identificação por radiofrequência (RFID) e tecnologias de sensoriamento – as quais os permitiriam observar, identificar e compreender o mundo independen- temente das pessoas e suas limitações de tempo, atenção e precisão. Na agricultura, a IoT auxilia os produtores na obtenção de informações, como, por exemplo: nutrientes presentes no solo, umidade do ar, níveis de água dos reservatórios (MAGRANI, 2018; FORNASIER, 2019; JOÃOet al., 2019). Algumas dessas soluções já podem ser acessadas em tempo real, facilitando a tomada de decisão do produtor rural. Isso garante que os agricultores aumentem a produtividade e economizem recursos financeiros, humanos e naturais (LACERDA; LIMA-MARQUES, 2015; JOÃO et al., 2019). No Quadro 4, você pode analisar as diferentes aplicações da IoT na agricultura. 32 QUADRO 4 – APLICAÇÕES DA IOT NA AGRICULTURA APLICAÇÃO DESCRIÇÃO CONTROLE DE PRAGAS Os sensores IoT fornecem dados em tempo real sobre a saúde das plantações e podem indicar a presença de pragas. Isso é possível já que os dispositivos podem captar imagens de alta precisão ou obter dados sobre o padrão de comportamento das pragas. As vantagens são: • decisão adequada sobre o método de prevenção e controle; • análise preditiva sobre o ataque de pragas, permitindo que o agricultor se prepare com antecedência; • regulação contínua da aplicação de pesticidas; • gerenciamento adequado de pragas. Essa abordagem possibilita que os produtores tomem decisões inteligentes até encontrar o resultado esperado. RECURSO HÍDRICO O recurso hídrico afeta de modo direto a qualidade e a quantidade dos produtos agrícolas. Os sensores conectados aos reservatórios podem reduzir em até 30% o consumo de água em uma produção agrícola. Isso evita o desperdício da água no processo produtivo. MONITORAMENTO DE ANIMAIS Os produtores podem monitorar os animais em campo. O monitoramento é possível já que os animais possuem sensores de rastreamento. Isso reduz o tempo na busca dos animais, bem como, em qual área, os animais preferem se alimentar. Além disso, é possível usar sensores IoT para: • monitorar a gestação de um animal; • identificar se o animal vai ficar doente e, em caso positivo, uma notificação automática é enviada para o produtor. FONTE: Adaptado de Lacerda e Lima-Marques (2015); EMBRAPA (2018) Além dos exemplos citados no Quadro 4, os sensores IoT podem ser instalados em máquinas agrícolas para obter informações sobre o plantio, orientando os produtores na correção de acidez do solo, aumento ou diminuição da irrigação (JOÃO et al., 2019). Outros sensores podem notificar os produtos que já estão prontos para colheita, evitando, assim, o desperdício na lavoura (EMBRAPA, 2018; MAGRANI, 2018; JOÃO et al., 2019; BOLFE et al., 2020). 33 Visando promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, foi instituído o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT), pelo decreto no 9.854, de 25 de junho de 2019. Trata-se de uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), do Ministério da Economia e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em conjunto com a sociedade civil, para garantir que o Brasil se beneficie da tecnologia de IoT. No plano, foram definidas quatro áreas prioritárias: indústria, saúde, cidades inteligentes e agricultura. O Art. 3º do decreto nº 9.854, de 25 de junho de 2019, define como objetivos do Plano Nacional de Internet das Coisas: • melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover ganhos de eficiência nos serviços, por meio da implementação de soluções de IoT; • promover a capacitação profissional relacionada ao desenvolvimento de aplicações de IoT e a geração de empregos na economia digital; • incrementar a produtividade e fomentar a competitividade das empresas brasileiras desenvolvedoras de IoT, por meio da promoção de um ecossistema de inovação neste setor; • buscar parcerias com os setores público e privado para a implementação da IoT; • aumentar a integração do país no cenário internacional, por meio da participação em fóruns de padronização, da cooperação internacional em pesquisa, desenvolvimento e inovação e da internacionalização de soluções de IoT desenvolvidas no País. O potencial de impacto e relevância do IoT para o país pode ser evidenciado em suas propostas, como apoiar iniciativas como a “Fazenda Tropical 4.0”, que aumentam a produtividade e a qualidade da produção rural brasileira com o uso de dados que, por exemplo, ajudam a monitorar com precisão os ativos biológicos (Produto 7C, 2017). Uma de suas ações é promover a conectividade no campo com expansão da Internet no ambiente rural. FONTE: BNDES. BNDES e MCTIC lançam Estudo Nacional de Interner das Coi- sas (IoT). 2017. Disponível em: https://bit.ly/3l1AHyJ. Acesso em: 16 jul. 2021. IMPORTANTE 3.3 A INTERNET E A AGRICULTURA A internet estabeleceu uma nova trajetória para que as organizações e os clientes interajam utilizando o e-commerce. Assim, os produtores ficam mais próximos de seus clientes finais, podendo, inclusive, chegar diretamente a eles através de aplicativos para dispositivo móvel. Nesse caso, é possível, ainda, gerenciar os estoques dos produtos e observar compras futuras (EMBRAPA, 2018; MAGRANI, 2018; JOÃO et al., 2019; BOLFE et al., 2020). 34 FIGURA 15 – EXEMPLO DE APLICATIVO PARA E-COMMERCE FONTE: <http://recoopsol.ic.ufmt.br/index.php/e-commerce/>. Acesso em: 5 jul. 2021. As plataformas de comercialização de alimentos já são realidade na atual sociedade, e atendem inúmeros perfis de consumidores (NOGUCHI, 2010; HACKENHAAR et al., 2015; LOHMANN et al., 2019). O benefício das plataformas é interligar os agricultores e processadores aos dis- tribuidores e varejistas, organizando de modo adequado produção agrícola, o processa- mento, o gerenciamento de inventários e de canais de comercialização. Nos próximos anos, as empresas desenvolvedoras de plataformas terão ainda mais oportunidades, em temas como (EMBRAPA, 2018; JOÃO et al., 2019; BOLFE et al., 2020): • suporte à análise de dados e à tomada de decisão da propriedade rural por meio de informações geoespaciais de agricultura, vegetação, solo e recursos hídricos para apoio aos Programas de Regularização Ambiental (PRA), Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA); • conectividade entre produtores rurais e consumidores, favorecendo a rastreabilidade e a certificação de qualidade e origem de produtos; • suporte à tomada de decisão e à gestão de políticas públicas agrícolas, baseadas em modelos matemáticos, estatísticos e computacionais. 3.3.1 SigmaABC A SigmaABC é uma plataforma que integra as informações dos usuários com dados coletados em campo, levantamentos geofísicos, dados fitotécnicos, estações meteorológicas automáticas, modelos globais e regionais de previsão de tempo, modelos matemáticos e modelos de sensoriamento remoto, em diferentes escalas espaciais e temporais (NOGUCHI, 2010; HACKENHAAR et al., 2015; LOHMANN et al., 2019). 35 FIGURA 16 – SIGMAABC FONTE: <https://bit.ly/3l1Cow5>. Acesso em: 5 jul. 2021. 3.3.2 AgroAPI Um outro formato de plataforma digital em agricultura é o AgroAPI, que oferece informações e modelos agropecuários gerados (EMBRAPA, 2018). O acesso às informações e aos modelos é realizado de forma virtual, por meio de Application Programming Interface (APIs). Essa plataforma será abordada com mais ênfase no Tópico 3 desta Unidade (NOGUCHI, 2010; EMBRAPA, 2018; JOÃO et al., 2019; BOLFE et al., 2020). 3.3.3 AccuWeather O AccuWeather é um aplicativo para a previsão do tempo de até duas semanas, além de apresentar relatórios em tempo real com diversas informações climáticas e alertas de tempestades (NOGUCHI, 2010; HACKENHAAR et al., 2015; LOHMANN et al., 2019). 36 FIGURA 17 – ACCUWEATHER FONTE: <https://blog.aegro.com.br/agricultura-digital/>. Acesso em: 5 jul. 2021. 3.3.4 Adama Alvo O Adama Alvo é um aplicativo para auxiliar na identificação de pragas, doenças e plantas daninhas. No entanto, a ferramenta está disponível somente para lavouras de soja, milho, trigo e algodão. O aplicativo está disponível gratuitamente para iOS e Android (JOÃO et al., 2019; BOLFE et al., 2020). 37 FIGURA 18 – ADAMA ALVO FONTE: <https://bit.ly/3l35nje>. Acesso em: 5 jul. 2021. 3.3.5 Aegro O Aegro é um software de gestão agrícola que auxilia oprodutor da semeadura até a colheita. Os benefícios são (EMBRAPA, 2018; JOÃO et al., 2019; BOLFE et al., 2020): • Gestão de patrimônio e de máquinas. • Operações agrícolas. • Gestão financeira e comercialização. • Monitoramento integrado de pragas. • Integração com o Climatempo. • Imagens de satélite e análise NDVI. • Cotação de seguro rural. 38 FIGURA 19 – AEGRO FONTE: <https://blog.aegro.com.br/recursos-do-aegro/>. Acesso em: 5 jul. 2021. 3.4 SISTEMA ROBÓTICO AUTÔNOMO PARA MAPEAR ERVAS DANINHAS EM CAMPOS A robotização das atividades agrícolas considera todos os agentes envolvidos na produção, possibilitando a intensificação com o menor impacto possível. Segundo Hackenhaar et al. (2015, p. 119): A exploração da agricultura de forma sustentável depende da conciliação conjunta entre variáveis como, por exemplo: 1) econômica, que se traduz através do lucro, aponta que, se a agricultura não gerar lucro e renda ao agricultor, ela desaparece; 2) social, porque, se o homem neste meio não obtiver dividendo, não há razão de ter da própria agricultura; 3) ambiental, que é a própria sobrevivência da natureza, para que possam existir agricultura e ambiente sadio no futuro. Portanto o tripé econômico, social e ambiental é o grande desafio atual da sustentabilidade e da agricultura. O aumento da produtividade com sustentabilidade requer tanto o uso quanto o domínio de técnicas, metodologias e instrumentos que devem estar adaptados às necessidades reais em campo (NOGUCHI, 2010; HACKENHAAR et al., 2015; LOHMANN et al., 2019). A intensificação da agricultura de modo sustentável pode ser realizada através da robótica, já que, nos últimos anos, houve avanços significativos no setor. Atualmente, os robôs podem trabalhar de modo contínuo e de maneira consistente com o mínimo de manutenção. No Japão, a “Fábrica planta” é um local onde os vegetais são cultivados em sistema hidropônico sob iluminação artificial (NOGUCHI, 2010; LOHMANN et al., 2019). O controle do processo é efetuado por computadores e robôs, tendo como resultado final alta qualidade dos produtos, ou seja, sem defeitos, 39 doenças ou danos causados por insetos (EMBRAPA, 2018; LOHMANN et al., 2019). O nível de automatização nas fábricas de planta é tão elevado que, ao longo do tempo, as instalações de produção podem tornar-se completamente autônomas (NOGUCHI, 2010; HACKENHAAR et al., 2015; LOHMANN et al., 2019). FIGURA 20 – FÁBRICA PLANTA NO JAPÃO FONTE: <https://bit.ly/3x8340D>. Acesso em: 5 jul. 2021. Os robôs usados no ambiente agrícola podem ser grandes e polivalentes quadros ou pequenos veículos autônomos desenvolvidos para realizar atividades específicas (HACKENHAAR et al., 2015; BATISTA et al., 2017). O processo de construção de um determinado robô depende do ambiente em que ele irá operar, ou seja, ambientes ao ar livre que possibilitam o uso de grandes robôs, como tratores autônomos (NOGUCHI, 2010; HACKENHAAR et al., 2015; EMBRAPA, 2018). No entanto, precisam de sistemas sofisticados de navegação para explorar um ambiente de modo correto e como o planejado. A implantação da robótica na agricultura é uma opção para complementar ou até mesmo substituir a mão de obra humana para o manejo agrícola, já que requer uma intervenção mínima do operador (HACKENHAAR et al., 2015; BATISTA et al., 2017; BOLFE et al., 2020). Um exemplo seria os veículos aéreos e terrestres não tripulados (VANTs), equipados com câmeras para identificar ervas daninha em plantações. A visão computacional é utilizada para (BOLFE et al., 2020): • identificar padrões de alteração na coloração das folhagens. • identificar padrões no contorno e na forma não condizente das folhas da espécie produzida. Esse processo garante a identificação da cultura invasora podendo, assim, efetuar o combate de modo individual, reduzindo a quantidade de pesticidas usados e melhorando a qualidade do produto (HACKENHAAR et al., 2015; BATISTA et al., 2017; BOLFE et al., 2020). 40 FIGURA 21 – VEÍCULOS AÉREOS E TERRESTRES NÃO TRIPULADOS (VANTS) FONTE: <http://agritechgeo.com.br/servico8.html#>. Acesso em: 5 jul. 2021 A utilização de robôs nas fazendas fará com que o trabalho humano seja mais bem empregado, porém a mão de obra deverá ser mais especializada (EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). Além disso, os robôs podem ser utilizados em ambientes de risco para saúde humana, como a aplicação de defensivos agrícolas. Um exemplo desta aplicação é o robô EcoRobotix (EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). O seu movi- mento é através do uso de GPS e sensores e consegue operar 12 horas por dia na reti- rada de plantas invasoras. O reconhecimento das espécies é realizado por uma câmera localizada na parte frontal do robô. Seus braços mecânicos trabalham na aplicação do herbicida diretamente na erva daninha reduzindo em, aproximadamente, 90% o uso do produto (VEIROS; MESQUITA; GASPAR, 2019; EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). FIGURA 22 – ECOROBOTIX FONTE: <https://bit.ly/3lajT8C> Acesso em: 5 jul. 2021. Portanto, a eficiência na utilização de recursos é o ponto-chave da aplicação da robótica no âmbito rural (EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). Já que a eficiência reduz o consumo de produtos químicos para o controle de pragas. E, ainda, o monitoramento do serviço efetuado pelo robô é mais fácil, já que é feito pela internet e pode ser controlado pelo próprio produtor através de um dispositivo móvel ou computador (CERRI, CARVALHO, 2017; EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). 41 3.5 APRENDIZADO DE MÁQUINA (AM) O aprendizado de máquina (AM) é uma subárea da Inteligência Artificial (IA), usada para reconhecimento de padrões e de regularidades nos dados (CERRI, CARVALHO, 2017; FERREIRA et al., 2020). O treinamento usado é classificado como aprendizado supervisionado, os sistemas que se usam desta técnica podem ser treinados através de dados conhecidos (CERRI, CARVALHO, 2017; EMBRAPA, 2018). O aprendizado supervisionado é a tarefa dentro do aprendizado de máquina de aprender uma função que mapeia uma entrada para uma saída com base em pares de entrada/saída de exemplo (CERRI, CARVALHO, 2017; EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020). Segundo Cerri e Carvalho (2017, p. 298): Como exemplo básico de AM, pode-se citar um programa de computador que deve executar uma tarefa simples, como distinguir entre três variedades diferentes de flor de uma mesma espécie. Em vez de codificar um programa utilizando todo o conhecimento acerca das variedades da flor em questão, características botânicas das três flores são apresentadas a um programa que implementa um algoritmo de AM, que, por meio de um processo de treinamento, vai aprender a caracterizar uma flor baseado em suas características. Assim como os seres humanos aprendem a diferenciar as variedades de flores observando suas características, o programa de AM também aprenderá a tarefa por meio dessas características. Aprendizagem de máquina pode ser dividida em (CERRI, CARVALHO, 2017; EKŞİ et al., 2020; FERREIRA et al., 2020): • Aprendizagem supervisionada: o supervisionamento é efetuado por meio do treinamento com dados rotulados (etiquetados em alguma categoria). Os algoritmos precisam de um conjunto de dados já etiquetado para realizar previsão de novas etiquetas/classes em novos dados. Esses algoritmos são, geralmente, usados para o reconhecimento de imagens, bem como, para previsões de mercado. • Aprendizagem não supervisionada: são encontrados algoritmos de recomendação, agrupamento e segmentação. Neste caso, os algoritmos usam atributos, notas e características gerais dos dados para aprender e fazer previsões. Esses algoritmos são usados para visualizar dados, na recomendação de itens e processo de segmentar clientes. • Aprendizagem por reforço: usada em sistemas de decisão em tempo real. Nesta divisão, não há um grande conjunto de dados históricos para geração do conjunto de treinamento. Ao longo tempo, novos dados são criados