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DIREITO DAS COISAS - imprimir


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DIREITO DAS COISAS
POSSE X PROPRIEDADE:
Essa distinção é tão problemática que ela foi mutável ao longo da história, nem sempre essa distinção foi feita da forma que é trabalhada hoje.
Hoje há na maior parte dos manuais uma contradição clássica que são a teoria subjetiva da posse de Savigny e a teoria objetiva da posse de Ihering, ambos autores viveram em um contexto de conformação do estado moderno e partiram do mesmo pressuposto, que é o estado burguês e o surgimento do estado moderno. 
Com a formação do estado hoje se pode pensar na individualização de direitos, antigamente existia o direito de pater familie que dominava o direito de todos. 
A tentativa de ambos os autores é olhar para o passado, ver o que deu certo e tentar trazer para a realidade que estava se formando, e o modelo de estado que mais deu certo foi o Direito Romano, nesse direito conseguia se observar uma mínima individualização de direitos. Isso tudo foi dito para mostrar que Savigny e Ihering partiram do mesmo ponto para construir suas teorias, ou seja, o Direito Romano, e chegaram a conclusões opostas da estrutura da posse (teoria objetiva e subjetiva da posse).
Os autores partem de um ponto comum e chegam a conclusões distintas. 
Savigny tinha uma maneira própria de enxergar a posse como algo autônomo que não fosse necessariamente atrelado a propriedade. 
Ihering olhava para posse e falava que a posse era um acompanhamento da propriedade, trazendo inclusive uma metáfora, que a posse seria um tesouro, e que precisaria de uma arca para pôr o tesouro dentro e dizia que a propriedade seria a arca e a posse o tesouro que estava dentro, ele dizia que não adiantava ter o tesouro sem a arca, pois não adiantaria ter só o tesouro sem a arca, já que assim não teria como carregá-lo.
Não é permitido a autotutela no direito.
1-	ESCLARECIMENTO PRÉVIO:
Distinção fundamental para delimitar o estudo. Hoje em dia o entendimento mais adotado é que posse é ´´aparência de propriedade, ou seja, é possuidor aquele que se comporta como se proprietário fosse. EX: Você passa em uma loja de sapatos e está sempre um senhor trabalhando, não se sabe se ele é o proprietário do imóvel, mas ele tem aparência de proprietário, então ele é no mínimo possuidor, ele empresta o uso que se é economicamente esperado daquele bem.
JUS POSSIENDE X JUS POSSESSIONES:
Dentro do estudo específico de posse é importante perceber que existem dois institutos que são Jus Possidendi e Jus Possessiones, essa distinção é importante, porque quando vamos estudar posse devemos formular um sistema científico que seja capaz de resolver situações fáticas que muitas vezes são distintas, pois há situações em que a posse está casada com a propriedade e existem situações em que estás estão dissociadas. 
JUS POSSIDENDI (posse causal): Essa é uma posse com causa e a causa dessa é o Direito Real de propriedade, e na verdade essa seria a propriedade. É o direito assegurado ao proprietário de haver o seu bem de quem injustamente o detenha. 
A discussão do proprietário que pede a posse após provar documentalmente a sua propriedade, não é a discussão de posse Strictu Sensu, não é a que vamos estudar nessa primeira unidade. 
Essa é a discussão de reivindicar a posse do bem de quem injustamente o detém.
JUS POSSESSIONES (posse formal/autônoma): Aqui a discussão efetivamente é de posse. É a proteção outorgada em face de investidas ilegítimas contra o indivíduo que mantem o bem. 
É a posse em que não vai se discutir propriedade e que hoje dentro do sistema normativo, há uma vedação de se discutir propriedade. 
Se você opta por discutir a posse em termos processuais vão poder discutir dentre três assunto ações, que são a REITEGRAÇÃO DE POSSE, MANUTENÇÃO DE POSSE E INTERDITO PROBITORIO. São as interdito possessórias.
Situação que eventualmente irá se colocar contra os interesses do proprietário. – Se discute posse formal/autônoma. 
Uma espécie de vedação à autotutela, para evitar o caos, porque não podemos considerar que as pessoas possam usar da violência para resolver seus problemas).
 O sistema normativo defere proteção a uma situação fática consolidada de alguém (posse), impedindo qualquer espécie de interferência que implique em violência, clandestinidade e abuso de confiança. 
Independente de Gustavo ser o proprietário ou não, ninguém pode intervir com violência, clandestinidade ou abuso de confiança para extrai-lo o bem, o proprietário deve buscar o judiciário para fazer a reintegração de posse por vias lícitas.
Chama essa posse de formal ou autônoma, pois independe de ser proprietário ou não. 
2-	TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE:
Nenhuma delas serve de forma plena a aplicação no Direito brasileiro, mas pode-se considerar que a Teoria Objetiva ou Objetiva Mitigada foi a teoria que inspirou o código civil, não é exatamente a mesma teoria, mas tem está como base. 
Como já vimos ambas as teorias tentam explicar a posse a partir de uma leitura do Direito Romano. 
2.1 – TEORIA SUBJETIVA DA POSSE (SAVIGNY):
A primeira pessoa a teorizar a posse foi Savingy com o seu ´´Tratado da Posse`` , não é que Savigny foi o primeiro a cunhar o termo de posse, mas ele foi o primeiro a perceber que existia algo que se relacionava com propriedade, mas não era propriedade, e ele tentou sistematizar a posse, tanto que não foi o primeiro a pensar nisso, ele tentou fazer um trabalho de readequação.
Savigny foi o primeiro a tentar sistematizar a posse, em benefício da sua teoria o que podemos dizer é que ela tem um trabalho de ser inaugural, que deu o primeiro passo de tentar sistematizar, e ele fez isso durante a formação do estado moderno. 
Não existiam leis gerais, e a explicação de Savigny teria que explicar a posse sem poder dizer ´´que isso a lei a resolve``, tinha que encontrar um argumento lógico racional que fosse capaz de explicar a posse independente de leis. 
Quando Savigny teorizou posse ele chegou a uma formula matemática, para Savigny a posse é igual Corpus mais animus (P = C+A). 
Savigny partia do pressuposto que a posse é autônoma a propriedade, foi lá no Direito Romano para buscar os fundamentos e chegou a uma situação especifica que era a seguinte: Na Roma antiga eles tinham o ´´corpus juris civilis`` que só se aplicava ao cidadão romano, mas o problema era que quem não fosse cidadão que seriam os bárbaros, só que o império romano começou a se expandir e começou a ter intercambio e quando começou a ter intercambio começou a ter comercio e chega um momento que alguém que vende muito para Roma quer comprar uma casa em Roma, mas como só quem poderia ser proprietário de terras eram os romanos, se tinha alguém querendo vender e outro alguém querendo comprar a resolução foi que o sujeito proprietário não poderia ser, mas poderia ter outro direito que começou a ser chamado por eles de posse. 
A posse aqui surge antagonizando a ideia de propriedade, na sua teoria Savigny se importou em diferenciar o sujeito que era mero ´´detentor`` do sujeito que era possuidor. 
O detentor seria o sujeito que eventualmente tem uma relação física com o bem, mas que não merece proteção jurídica alguma. Seria o sujeito que não tem proteção alguma apesar de ter uma eventual relação física com o bem. É pensar na usucapião, imaginemos que se resolve alugar um bem por 10 anos, quando se passa os 10 anos o locatário não pode fazer a usucapião, pois o sujeito tem uma relação fática com a propriedade. 
Savigny se importa em diferenciar o que é uma situação fática (detenção) do que é uma situação protegida (posse).
Ele vai dizer que a posse é uma relação fática com o bem (corpus = apreensão física do bem), não existe posse sem apreensão física. Aparece outro problema que é a dúvida se toda apreensão física é propriedade, e não faz sentido dizer isso, porque se o sujeito tem somente a apreensão física ele seria ´´detentor`` e para ser o possuidor ele precisaria ter também além da apreensão física o animus dominus que é o comportamento de dono, é agir como se dono fosse (quem paga aluguel não age como sedono fosse). 
A teoria subjetiva de Savigny diz que a posse é um fenômeno complexo que depende primeiro de uma apreensão física, mas não qualquer apreensão física e sim aquela apreensão física do bem que é conjugada com a vontade da pessoa de ser dono, ´´vontade de ser dono`` entenda-se como comportamento de ser dono, agir como se dono fosse.
CRÍTICAS A SAVIGNY:
Essa teoria de Savigny embora tenha servido por um bom tempo, não ficou imune a críticas, houve algumas críticas que foram feitas e algumas chegaram a ser bem respondidas por Savigny. 
Uma primeira crítica que houve foi se para ser possuidor a pessoa precisava está em constante contato com a coisa, já que precisava de apreensão física. EX: Se vou para a faculdade e deixo meu carro no estacionamento, nesse momento por não ter a apreensão física eu deixaria de ser o possuidor do carro e outra pessoa está legitimada a pegar o carro? R- Esse conceito de apreensão física não explica essa situação e então Savigny vai dizer que não é bem ´´apreensão física``, mas a possibilidade de ter o bem sobre o seu domínio físico, não estou com o carro, mas posso ter o carro, a chave está no meu bolso. A perda do ´´corpus`` ocorreria quando perdesse essa ´´possibilidade de apreensão física``, se alguém tomar o carro de mim eu deixo de ser possuidor, pois fui esbulhado.
Uma segunda crítica que Savigny respondeu de uma forma certa, mas que nas entrelinhas disse que sua teoria não servia, pois precisou dar uma resposta que não encaixava com sua teoria. A crítica era a seguinte: Imaginemos um imóvel de Raí e um belo dia Ana decide alugar o seu imóvel, nesse caso Raí era até então o possuidor pois tinha ´´possibilidade de apreensão física do bem`` (corpus) e tinha o ´´animus domini``, pois era possuidor e proprietário e então decidiu locar o seu imóvel, nesse momento ele passou a ter um outro sujeito que era o locatário e ele passou a ser o locador. 
O locatário pensando na teoria subjetiva era possuidor, pois tinha ´´possibilidade de apreensão física do bem`` (corpus), mas não tinha o ´´animus domini``, pois precisava pagar aluguel e esse não é o comportamento de dono e seria o locatário somente um detentor, só que o locador também não seria possuidor, pois ele não tinha ´´a possibilidade de apreensão física do bem``, ou seja, nessa situação de locação nenhuma das partes se enquadraria como possuidor, imaginemos que um terceiro tenha usado de força para tomar o imóvel, esse terceiro se enquadraria na teoria subjetiva como um possuidor, pois teria ´´possibilidade de apreensão física`` e ´´animus domini``, então nessa situação somente o terceiro que usou de força para esbulhar o imóvel teria proteção jurídica, já que somente ele seria possuidor.
 R-Savigny respondeu essa crítica dizendo que realmente essa situação não poderia estar correta e então criou a ´´posse derivada``, que na teoria subjetiva seria uma ficção jurídica, uma ideia. Ele dizia que existia essa posse derivada e em que pese o locador e o locatário não fossem possuidores iria extraordinariamente considerá-los como tal, dizendo que o locador seria o possuidor indireto e o locatário o possuidor direto. Na prática se resolveu a situação porque ambos passaram a ter proteção jurídica pela posse e um independente do outro, mas o problema é que isso foi criado e não existia na teoria, sendo uma confissão de que Savigny não explicava o funcionamento da posse.
CONCEITOS NA TEORIA SUBJETIVA
POSSE- É o sujeito que possui a coisa ou expectativa de ter (corpus), com animus domini, ou seja, comportamento de dono.
DETENÇÃO – É o sujeito que detêm a coisa sem animus domini.
POSSE INDIRETA – É uma ficção jurídica criada por Savigny para justificar a proteção possessória para o proprietário que alugou um imóvel para outrem. 
2.2 – TEORIA OBJETIVA DA POSSE – TEORIA SIMPLIFICADA DA POSSE:
Durante um bom tempo se utilizou a teoria de Savigny mesmo com as críticas, até que surgiu a teoria de Ihering, a teoria objetiva da posse. 
Essa foi a teoria a qual se baseou o nosso CC, mas é importante saber que nem tudo do nosso CC é explicada por essa teoria da posse, como a usucapião por exemplo, essa é a teoria que mais se aproxima do nosso CC, mas tem pontos de distanciamento, como a usucapião e a autonomia entre propriedade e posse, porque para Ihering a posse seria uma ferramenta para proteger o proprietário.
Nessa teoria Ihering dizia que Savigny estava trabalhando com um aspecto anímico (animus domini), quando na verdade não seria esse o ponto fundamental, que a questão da posse não seria como o possuidor se comporta, não teria nada a ver com a pessoa, por isso ´´teoria objetiva``. A posse tem a ver com a percepção que a sociedade tem de uma determinada situação fática, tem a ver com uma dimensão fática, ele vai manter a formula de Savigny, mas vai simplificá-la dizendo que posse é igual a corpus (P=C) questionando o elemento anímico. 
Ainda não resolveu, porque a posse não seria apenas ´´a possibilidade de apreensão física``, não precisa se analisar o elemento fático, mas o elemento do corpus é mais denso do que aquele que Savigny trabalhava (mera apreensão física), existe essa dimensão fática, mas o que releva aqui é a destinação econômica do bem , o que nos permite indicar alguém como possuidor é o fato do possuidor emprestar ao bem a destinação econômica que é dele esperada, ou seja, parte do pressuposto de que não é um problema do possuidor (animus dele) , mas um problema da sociedade e como ela encara essa situação. 
EX: Sou um caçador e resolvo caçar ursos, vou na floresta e resolvo colocar uma armadilha e saio. Um urso cai na minha armadilha e morre, quem por ali passar tem o direito de pegar o urso para si? R- A pessoa que colocou a armadilha e nem sabe que pegou o urso é possuidora deste pela sociedade, pois não é um problema do que ele sabe ou quer, mas de como a sociedade enxerga essa situação: O sujeito colocou a armadilha e capturou o urso, e, portanto, é possuidor, pois não é um problema de apreensão física. 
Para Ihering então a pessoa seria possuidora quando empresta destinação econômica ao bem, podemos hoje chamar de função social.
Traduzindo o ´´corpus`` que Ihering fala não seria a mera apreensão física e sim a aparência de propriedade. EX: Você passa em uma loja de sapatos e está sempre um senhor trabalhando, não se sabe se ele é o proprietário do imóvel, mas ele tem aparência de proprietário, então ele é no mínimo possuidor, ele empresta o uso que se economicamente esperado daquele bem. Pelo fato de aparentar ser proprietário ele tem no mínimo proteção jurídica de possuidor.
Um bem abandonado que não aparenta ter destinação econômica, não seria da propriedade de ninguém, e se eu começar a exercer posse sobre esse bem, não estou ferindo a posse de ninguém, pois não aparentava ninguém está emprestando destinação econômica. Em síntese posse seria aparência de propriedade.
A vantagem da teoria objetiva é que ela consegue explicar a hipótese que Savigny tentou explicar com ´´posse derivada``, pois na teoria subjetiva o locador não era possuidor por não possuir o corpus e o locatário não seria possuidor por não possuir o animus domini, mas nessa teoria de Ihering isso é mais fácil de explicar. 
Na teoria objetiva o locatário que for ameaçado por um terceiro poderia se defender, pois ele aparenta ser o proprietário e, portanto, seria no mínimo possuidor, e o locador também seria possuidor, pois ele também aparenta ser proprietário, pois ele está colhendo frutos com o aluguel, portanto, está prestando destinação econômica para o bem, ficaria mais perceptível essa posse derivada, pois explica tanto a posse do locatário como do locador, sem a necessidade de uma ficção jurídica. Continua na pratica o locador sendo o possuidor indireto e locatário o possuidor direto. Essa teoria conseguia explicar melhor a proteção para o locatário e para o locador. 
A teoria objetiva hoje é a adotada pelo nosso CC em termos estruturais, não está imune a críticas, mas as críticas não são estruturais, se entendehoje a posse como estado de aparência de propriedade. Não devemos cair na tentação de dizer que precisa de contato físico para ser possuidor. 
Na Teoria Objetiva a Detenção é algo que não será posse, vai ser uma espécie de posse deflagrada, é a pessoa ter a detenção do objeto, mas não aparência de proprietário, como por exemplo um caseiro que cuida de uma fazenda, um deposito que mantem carros e caminhões de terceiros etc.
Na Teoria Subjetiva o detentor seria o sujeito que possui o corpus, mas não possui o animus domini (comportamento de dono). 
CONCEITOS NA TEORIA OBJETIVA
POSSUIDOR – É o sujeito que empresta destinação econômica ao bem aparentando ser proprietário.
DETENTOR – É o sujeito que embora pudesse ser confundido com proprietário encontrasse em situação degradada pela lei. 
POSSE INDIRETA – É a situação em que o sujeito explora economicamente o bem, embora o exercício de seus poderes sobre a coisa não se altere de forma direta e imediata.
2.3 – PERFIL CONTEMPORANEO DA POSSE:
Uma das críticas que essa teoria objetiva recebeu e que o Direito Civil ocidental como um todo não se filiou a essa parte da teoria foi que Ihering trabalhava a posse como algo subalterno a propriedade, a posse seria para ele uma ferramenta para proteger o proprietário. Isso até já foi adotado pelo nosso ordenamento no cc de 16, que dizia que se ficar claro que a parte fosse proprietário ele que fica com o bem, ou seja, o proprietário poderia tudo.
Hoje o cc de 2002 parte de uma lógica que iniciada uma discussão possessória ninguém pode justificar os próprios atos (uso da força, autotutela) só por ser o proprietário.
Ihering considerava a posse uma ferramenta da propriedade, porque quando ele foi olhar o Direito Romano ele pegou uma outra situação e fez o seu estudo a partir dela, e a situação era que um problema dos proprietários que teriam uma dificuldade de provar que eram proprietários, então surgia a posse para protegê-los, dizendo que quem aparentasse ser dono pelo menos possuidor seria. Uma espécie de ferramenta para proteger os proprietários que tivessem dificuldade de comprovar a propriedade. 
Hoje a posse e propriedade são consideradas como institutos autônomos e nessa parte se aproxima o cc de 2002 mais da teoria subjetiva do que da teoria objetiva, pois para Savigny a posse era autônoma a propriedade. 
O nosso ordenamento trabalha hoje com a ideia de que posse e propriedade aparecem em momentos distintos e autônomos e eventualmente a posse prefere a propriedade.
No Brasil se fala em função da social da posse, o que é algo peculiar do Brasil, qual a diferença entre a função social da posse e função social da propriedade? R- A função social deveria ser do bem, independente de possuidor ou proprietário é preciso realizar a função social e econômica do bem.
Essa distinção entre a função social da posse e função social da propriedade é importante, porque temos hoje um sistema normativo que tende a caminhar para valorização do titulo da posse, pois no cc de 16 dizia que quando tivesse briga entre possuidor e proprietário a proteção seria para o proprietário, e hoje no cc de 2002 se diz que briga entre possuidor e proprietário é cada um em seu quadrado, ou seja, se está discutindo posse a discussão será de posse, pode ate ser que depois o proprietário entre com outra ação com base no direito de propriedade e consiga o bem de volta, mas agora o que vai se discutir é a posse e não quem é o proprietário. EX: Ser o proprietário não lhe autoriza a tomar o bem com autotutela.
Você percebe até na usucapião que o prazo para pedir tendo a posse é diminuído de 30 para 10 anos, há um movimento de proteção da função social e proteger a função social seria proteger a posse.
Existem algumas teses a partir disso que ainda são bem vanguardistas, tem até um texto de Freddie que fala de hoje conseguir associar a ideia de posse com função social e não só associar com a ideia de destinação econômica. Ser possuidor hoje significa cumprir a função social, mas Freddie faz isso no processo dizendo que o sujeito que quiser discutir posse deve provar processualmente que cumpriu a função social da posse. 
O professor diz que para ser possuidor o sujeito deve cumprir a função social da posse, Ihering no que escreveu não defenderia a função social, mas sim quem tem o título formal de proprietário.
A teoria objetiva não explica a usucapião, mas Savigny explica sem querer ao falar do ´´animus domini``, pois por exemplo uma pessoa que locou um imóvel por 10 anos não poderia usucapir o imóvel, pois ao pagar aluguel ele não teria um comportamento de proprietário, na teoria de Ihering isso não foi explicado, e essa é outra concessão do nosso ordenamento a Teoria Subjetiva. 
No nosso ordenamento ao falar sobre usucapião usamos a teoria subjetiva da posse, pois precisa-se do ´´animus domini``, para ser possuidor e ter o direito a usucapião precisa não só ter a posse, mas agir como se dono fosse. EX: Pagar aluguel e pedir emprestado, se a pessoa alugar um imóvel por 10 anos ou receber algo por empréstimo por 10 anos, não poderia realizar a usucapião, pois ao ´´pedir`` empréstimo e ´´pagar`` aluguel não estaria o sujeito tendo um ´´animus domini`` e, portanto, não poderia ser possuidor, e como já vimos o animus domini vem da teoria subjetiva de Savigny.
Até o CC 16 existia uma hierarquia da situação posse, e se faria avaliação analisando qual possuidor possuía maior hierarquia, com o juiz não podendo deflagrar a posse contra o proprietário, mas hoje com o cc de 2002 é estabelecida uma autonomia entre posse e propriedade que é outra concessão do nosso código que se aproxima mais da teoria subjetiva que da objetiva, é uma concessão feita a ideia de função social da posse. 
Ihering como já vimos dizia que a posse era uma mera ferramenta da propriedade, mas hoje é um instituto autônomo que eventualmente andará junto com a propriedade e as vezes entrara em conflito com a propriedade.
Para Ihering a posse era um fato e para Savigny era ao mesmo tempo um fato e um direito. Hoje em dia não há mais altores que consideram a posse apenas como um fato, apesar de ser obvio que ela tem uma dimensão fática, mas ela tem que ser direito, pois ela tem consequências jurídicas, sendo considerada um instituto jurídico.
A discussão é se em relação a posse estaríamos diante do campo do direito obrigacional ou do direito real, existem defensores das duas hipóteses. O professor falou de Ricardo Daroni, dizendo que a posse em algumas situações se aproximara mais do Direito Obrigacional e existem situações em que a posse se aproximará mais dos Direitos Reais. Ex: Posso justificar a posse com base no vínculo obrigacional, ou seja, sou possuidor, mereço ser possuidor e estou justificando minha relação com o bem, com base no contrato de locação do bem por exemplo (uma discussão dessa vai para o Direito Obrigacional). 
A posse também pode ser discutida com base no Direito Real quando está se discutindo a posse por ser proprietário, o sujeito não está reivindicando a posse, ele está querendo uma reintegração de posse, o fundamento do pedido dele é a propriedade. Nesse caso não seria a posse em si mesmo, mas a posse Jus Possidendi. 
Imaginemos um sujeito A que invadiu um imóvel e está nesse imóvel por 3 anos e então outro sujeito B tenta esbulhar a posse de A, nessa situação A não se ampara nem na propriedade e nem em um contrato de aluguel, se amparando na posse enquanto situação fática. Nesse caso A é protegido diante B, se o real proprietário quiser uma ação contra A poderá, mas até lá A terá sua propriedade protegida. 
Como já vimos a posse é um direito erga ominis, ou seja, é oponível a todos. Em uma situação em que existem 3 sujeitos, A (Proprietário), B (Sujeito que esbulhou o bem e está com a posse pacífica) e C (Sujeito de Boa-Fé que recebeu a posse de B), nessa situação quem será privilegiado é o proprietário ou o 3 de boa-fé, nessa situação a posse é um direito híbrido entre obrigacional e reais. 
A posse indireta do locador e direta do locatário,são posses autônomas ou iguais?
R- Em relação a essa distinção hoje predomina que a posse é aparência de propriedade. 
Para Ihering a posse é estado de aparência de propriedade.
Uma das críticas feitas a teoria de Ihering é que ele trabalhava a posse como algo subalterno a propriedade.
Ihering diz que a posse existe para proteger o proprietário e isso não é o pensamento de hoje, pois na visão contemporânea a posse é autônoma a propriedade.
Para fins de usucapião nosso sistema adota a teoria da posse. 
Locador (possuidor indireto) - Locatário (possuidor direto)
REGIME LEGAL DA POSSE
1-	DETENÇÃO: (Art.1.198 e 1.208)
É um campo da Teoria objetiva, que tem essa teoria como base, é a situação em que poderia ser posse pelo art. 1.196, mas que foi deflagrada pela lei como detenção, desqualificando uma situação como posse.
O Detentor é o sujeito cuja posse foi deflagrada pela lei, em princípio se pegássemos só o art. 1.196 que trata da posse perceberíamos que as situações de detenção dão asa a situação possessória. EX: Eu estou sentado na cadeira, como o proprietário poderia estar sentado na cadeira, tenho aparência de proprietário então poderia ser proprietário? R- Em princípio sim, pelo art. 1.196 eu poderia ser o possuidor, mas a lei pode desqualificar certas situações como posse e qualificando como detenção, e ela faz isso, e são três hipóteses. 
1.1-	DETENÇÃO DEPENDENTE DESINTERESSADA (FÂMULO DA POSSE):
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
FÂMULO DA POSSE: É o servo da posse, ou seja, o empregado, o caseiro, é aquele que conserva o bem em seu poder, mas sem ter interesse nisso, na verdade ele tem um interesse reflexo está cumprindo um serviço, tem um vínculo obrigacional com alguém para cuidar da propriedade de outrem, e esse empregado pode acabar sendo confundido com o dono, tendo aparência de propriedade, com alguns sujeitos podendo ter até poder de gestão sobre o bem.
O Fâmulo da posse tem uma relação jurídica/vínculo obrigacional com alguém que justifica ele está em tal posição conservando a posse em nome deste, seguindo as ordens e interesses destes, nesse caso o sujeito não está com interesse próprio em relação ao bem ele não tem nem interessem e nem expectativa alguma.
Esse sujeito se considera ´´detentor`´ de acordo com o previsto no art. 1.198 do CC, em relação ao bem ele não tem expectativa alguma, se esse bem for em algum momento esbulhado e precisar ir ao judiciário quem pode entrar como titular de uma ação é somente o efetivo possuidor, pois o sujeito não é possuidor, ele está em uma situação pior que o locatário.
O detentor não tem legitimidade para tutelar a posse judicialmente, essa é a chamada detenção desinteressada, onde o detentor está ali para somente materializar a posse de um terceiro, mas ele está cumprindo ordem, é a figura de um mandatário e de um preposto.
Essa situação foi explicada por Savigny, pois seria o sujeito que tem o ´´corpus``, mas não tem o ´´animus``.
Em regra, ao detentor não se admite a proteção da posse, mas existe uma exceção aqui no fâmulo da posse como existe uma relação obrigacional até se tolera que ele exerça a autotutela da posse (legitima defesa), se alguém tentar esbulhar o bem o servo está autorizado a proteger o bem, mas se o sujeito foi mais forte e tomou o bem, só quem está autorizado a ir ao judiciário é o efetivo possuidor.
O fâmulo da posse não tem legitimidade para intentar qualquer ação possessória, apesar de dever realizar a legitima defesa da posse. Ele tem uma relação de subordinação.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
O parágrafo único do art.1.098 diz que essa detenção se torna posse quando se prove o contrário, não quer dizer que ele passe a ter uma situação legitima pode até ser um possuidor injusto, mas ele começa a ter seu direito defendido por interesse próprio. EX: Tem o capataz que mora na fazenda por conta do emprego e em determinado momento começa a não receber salário e começa a agir como proprietário, mas o ônus da prova de que não está mais no interesse de outrem cumprindo uma relação obrigacional é dele. 
1.2-	DETENÇÃO DEPENDENTE INTERESSADA (DE MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA) (ART.1.208): 
São situações em que o possuidor de fato, permite o uso a terceiro, há uma anuência do possuidor de fato e não é posse por ser uma situação muito efêmera. EX: Um sujeito tem um apartamento e tem 3 vagas de garagem e somente dois carros e um vizinho pede permissão para utilizar a vaga de garagem que sobra, mas quando for preciso ele tira o carro da vaga de garagem. 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância... PARTE INICIAL
É uma exceção mais efêmera que o aluguel, pois o sujeito tem mera permissão, é o exemplo da cadeira que estamos sentados na faculdade só temos uma mera permissão da faculdade para usá-la, porque a posse é da faculdade, e nos somos meros detentores para o exercício da atividade definida pela faculdade. 
MERA PERMISSÃO É DIFERENTE DE TOLERÂNCIA, POIS NO PRIMEIRO HÁ UMA PERMISSÃO EXPRESSA DO POSSUIDOR DE FATO E NO SEGUNDO ELE SÓ NÃO ITENTA CONTRA O USO. 
O professor diz que quem quer provar que uma situação é de detenção e não de posse tem o ônus de prova e que a presunção é da posse. 
1.3-	DETENÇÃO AUTONOMA INTERESSADA: (PARTE FINAL DO ART.1.208)
Art. 1.208. ... assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. – PARTE FINAL.
DETENÇÃO AUTONOMA: A parte final do art. 1.208 é um pouco mais complexo ´´ não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. `` Esse final existe para justificar a autotutela da posse (imediata e proporcional). 
Quando estamos discutindo a posse strictu sensu estamos discutindo a forma como a pessoa adquiriu a posse, e o que o sistema normativo não quer é que adquiramos a posse de forma clandestina, violenta ou com abuso de confiança, são três vícios objetivos da posse se a pessoa adquirir um bem fora desses três vícios a aquisição é justa e legitima, independente da pessoa ser proprietária. EX: Encontro um imóvel abandonado (não pertencente a ninguém) e não é está na posse de ninguém, e ingresso nesse bem, nesse caso não me torno proprietário de vez (nos bens moveis me torno de vez), mas me torno possuidor. Nessa situação se outro sujeito tentar tomar o bem de mim ele vai atentar contra minha posse.
O art. 1.208 estar dizendo que o sujeito que se vale de violência e de clandestinidade, não estar autorizado a adquirir a posse, mas tem uma ressalva ao dizer ´´ senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade``, e quando é que cessa a violência ou clandestinidade? 
R- Não tem como entender isso sem compreender a legitima defesa/autotutela da posse. É possível que uma pessoa se torne possuidora empregando violência ou clandestinidade, mas se torna um possuidor injusto em relação àquele que sofreu a violência ou clandestinidade, mas em relação a terceiros a posse é legitima, pois terceiros não estão autorizados a ´´dar pancada`` no possuidor injusto. 
Quando se tem uma violação a posse o possuidor estar autorizado a realizar a autotutela da posse/legitima defesa da posse, mas a reação deve ser imediata e proporcional. Tendemos associar a hipótese de clandestinidade a pessoa tentar retomar o bem no exato momento que percebeu a clandestinidade. É a imediatidade é algo que deve ser analisado no caso concreto, podendo em conflitos agrários ser até três meses depois.
Já a proporcionalidade é mais complexa, porque um sujeito que invade minha propriedade não me autoriza a matar ele, pois o meu direito a posse não vai sobrepor o direito a vida. Isso volta em meia acontece em conflitos agrários, com mortes para proteção daposse, e não é considerado proporcional, o que não significa que não possa proteger a propriedade. A proporcionalidade aqui é diferente do Direito Penal, pois no Direito Penal tem uma ameaça mais direta a vida ou a integridade física, no entanto para a proporcionalidade deve ser feita em caso concreto, pois A não pode valer mais que B em abstrato, deve se analisar a proporcionalidade em caso concreto, esse é o entendimento do professor.
Tudo que foi visto nos parágrafos acima serve para justificar em teoria o momento em que se exerce justificadamente a autotutela da posse, imaginemos um sujeito A que estar sendo esbulhado pelo sujeito B. EX: A foi para feira e enquanto isso B se alojou em sua propriedade e mudou as fechaduras e pôs cadeado de forma que A não conseguiu entrar na casa, pela teoria que estudamos B aparenta ser o proprietário e se comporta como proprietário, apesar dessa situação ser injusta, ele tem algo que pode ser considerado a posse. O problema é que o sujeito A passou semana fora de casa fazendo compras em uma cidade vizinha e só viu agora que B o esbulhou, mas para os outros que passam B já aparenta ser o proprietário, então B até poderia ser possuidor, por ter aparência de proprietário, mas essa situação é deflagrada pela lei no art. 1.208.
O sujeito A poderia praticar a autotutela segundo o art. 1.208 até que se cesse a violência ou clandestinidade, ou seja, quando não for mais possível dizer que a reação é imediata e isso depende do caso concreto, se a pessoa percebeu o esbulho tentou repelir e foi impedido, tem que ir ao judiciário e não mais praticar a autotutela, pois como cessou a violência ou clandestinidade e agora o sujeito estaria atentando contra a posse de B, mesmo que sendo uma posse injusta. 
A autotutela deve ser proporcional e imediata. A imediaticidade deve ser observada no caso concreto podendo ser 1 hora, 1 semana, depende do caso concreto. O grande problema é que estamos falando de um conceito jurídico indeterminado. 
O art. 1.208 como já dito trata da autotutela da posse, pois se não fosse essa ressalva o sujeito que foi preterido da sua posse não poderia reagir já que o outro estaria esbulhando a situação possessória dele. 
Na detenção o detentor em princípio é o que não tem direito algum, mas como já vimos autorizar-se a autotutela perante terceiros, principalmente por conta de um vínculo obrigacional com o efetivo possuidor. 
Em relação ao detentor autônomo também pode ter autotutela perante terceiros. O detentor autônomo tem também reconhecida legitimidade para intentar interditos possessórios perante terceiros, isso é reconhecido pelo STJ, devemos imaginar a situação do sujeito que esbulhou um imóvel e se manteve de forma clandestina por 3 meses, nessa situação enquanto não cessar a clandestinidade o possuidor não perde a posse, e o esbulhador mesmo tendo aparência de propriedade não é possuidor, mas detentor autônomo, o possuidor esbulhado deixa de ser possuidor nessa situação quando ele tem ciência do esbulho e ou tenta reagir e é repelido ou opta por ir ao judiciário diretamente. 
Na situação acima imaginemos que ainda se mantem a clandestinidade e o sujeito que esbulhou é detentor e vem um terceiro e sabendo da clandestinidade se aproveita da situação e invade também o imóvel, nesse caso o judiciário entende que o primeiro esbulhador tem uma posse consolidada em relação ao terceiro esbulhador, ou seja, a detenção dele é direcionada a vítima do esbulho e para terceiros ele tem a posse consolidada, podendo então defender a ´´detenção`` que é ´´posse`` perante terceiros. 
ENTENDIMENTO DO JUDICIARIO: O detentor autônomo tem legitimidade para defender perante terceiros a sua posse consolidada perante estes, apesar de em relação ao esbulhado ainda ser detentor não podendo perante este exercer a proteção.
Essa posse para terceiros só acontece quando para os outros o detentor autônomo tem aparência de proprietário, pois se tem aparência de proprietário, ele é pelo menos possuidor.
A imediaticidade se começa a contar quando a invasão se torna aparente para o proprietário e em tempo hábil para ele reagir. O entendimento do judiciário hoje é que o proprietário não precisa ter a ciência pessoal da invasão, precisa ser perceptível para qualquer pessoa e se a pessoa não agir ele não pode realizar a autotutela. EX: Em uma situação que o sujeito viaja e passa 5 anos fora e quando volta a sua propriedade foi esbulhada e foi perceptível para todos, nessa situação os esbulhadores são detentores ou possuidores? R- O judiciário tende a dizer hoje que nesses casos considera que se a sociedade enxerga que o sujeito é proprietário já era possível o proprietário real saber. Se entra no sentido da culpabilidade de modo que o proprietário deveria fiscalizar a sua propriedade mesmo de longe, pois a propriedade não é só bônus, mas ônus também. Isso não está, no entanto, previsto em lei, mas sim uma tendencia dos tribunais. 
 
1.4-	CONCEITOS DO QUIZ:
POSSUIDOR – É o sujeito que aparenta ser proprietário 
DETENTOR AUTONOMO – É o sujeito que conserva o bem em seu próprio nome e interesse em contrariedade a situação a vigente, mas não pode ser considerado possuidor em relação ao possuidor de fato, pois esse tem o direito a autotutela. 
DETENTOR DEPENDENTE INTERESSADO (Permissão ou Mera Tolerância) – É o sujeito que conserva o bem no próprio interesse, mas de forma efêmera, autorizada ou tolerada pelo efetivo possuidor de fato.
DETENTOR DEPENDENTE DESINTERESSADO (Fâmulo da posse) – É o sujeito que conserva o bem em nome de terceiro, o possuidor, cujo interesses atende em função de vínculo obrigacional.
2-	DESDOBRAMENTO DA POSSE:
Isso já começou a ser visto quando tratamos nas hipóteses do aluguel a posse direta e a posse indireta, na explicação da teoria objetiva.
O art 1.197 explica o conceito da posse direta, que seria a situação do indivíduo que conserva o bem em si.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
O art. 1.197 sintetiza o fenômeno da posse paralela, que é exatamente aquela situação em que o proprietário usa o bem, ele então seria o possuidor pleno, mas no momento que ele explora o bem financeiramente e deixa que outro use o bem (aluguel), ele se torna possuidor indireto e esse que usa o bem sem ter a propriedade se torna possuidor direto, estaremos diante então da situação em que ocorreu o desdobramento da posse. 
2.1- POSSE PLENA:
É a situação mais natural em que o sujeito tem a propriedade do bem e também realiza o uso desta, tem uma posse plena, porque usa o bem como se proprietário fosse. 
2.2. – POSSES PARALELAS:
No momento que o possuidor pleno resolve alugar ou permitir um uso fruto do seu bem ele abre margem para o que chamamos de posses paralelas (desdobramento da posse), na transferência no aluguel por exemplo, se A que era possuidor pleno alugar para B, ambos serão possuidores, com A sendo possuidor indireto e o locatário B sendo o possuidor direto, pois conserva o bem consigo.
2.3 – POSSES SUCESSIVAS (art.1.197 do cc):
Se na hipótese do aluguel apresentada no tópico acima, o sujeito B sublocar o imóvel para C, este passa a ser o possuidor direto, pois irá conservar e usar o bem, e o sujeito B se tornará possuidor indireto, pois estar explorando economicamente o bem, e o antigo possuidor pleno também será um possuidor indireto. 
Na posse sucessiva é quando se tem mais de um possuidor indireto na cadeia possessória, sempre terá somente um ´´polo`` de possuidor direto, em um polo pode se ter mais de uma pessoa tendo uma composse. 
O artigo 1.197 diz que independente de ser possuidor direto ou indireto, o sujeito tem plena autonomia para exercer a proteção da posse, existe a pretensão a ser tutelada, podendo agir em conjunto ou de forma separada a sua posse. 
SITUAÇÃO DO DESMEMBRAMENTO DA POSSE: O professor quer que percebamos que aofalar de desmembramento da posse, por mais que tenhamos diversos polos e que cada um tem uma certa autonomia a situação possessória de um é a situação possessória de todos, ou seja, C quando defende a posse ele está defendendo a posse que é dele, B e de A que a característica geral dessa posse é a mesma para todos. 
SITUAÇÃO DA VENDA DA POSSE: É diferente de uma situação em que o sujeito A vende a posse para B que vende para C, porque A tinha uma situação, B tinha outra e C tem outra. 
Isso faz diferença da seguinte forma, imaginemos que A ingressou no bem por meio de esbulho contra João, mas nem B e nem C sabem disso, sendo terceiros de boa-fé, nesse caso se João for propor uma ação possessória ele pode propor contra quem? R- Ele pode propor a ação possessória contra A, mas não pode entrar com essa ação contra B e C, pois a situação da posse é outra, diferente do desmembramento da posse. 
No desmembramento da posse todos os sujeitos enquadram uma situação possessória única, e por isso mesmo estando de boa-fé se considera o esbulho cometido pelo possuidor indireto. Na situação da venda só pode discutir a posse dos que compraram a posse, se provar que houve má-fé, que o comprador sabia do esbulho, fatalmente eles perderão o bem, mas não responderão por outras questões patrimoniais que responderiam se estivessem de má-fé.
2.4- CONCEITOS DO QUIZ:
 
POSSUIDOR PLENO: É o sujeito que exerce a posse como se proprietário fosse, sem se sujeitar a terceiros.
POSSUIDOR DIRETO: É o sujeito que titulariza posse em função de vínculo jurídico com o proprietário ou outro, tecnicamente exercendo a propriedade de outrem. (Locador ou sublocador)
POSSUIDOR INDIRETO: É o sujeito que, embora conserve a qualidade possuidor, transfere a terceiro a possibilidade de usar ou fruir o bem.
3-	POSSE EXLCUSIVA X COMPOSSE (PRO DIVISO X PRO INDIVISO):
É importante distinguir as posses paralelas e sucessivas da composse. 
SITUAÇÃO 1: Na posse sucessiva nós temos uma situação em que o sujeito A (Proprietário Pleno) aluga o imóvel para B, nesse momento a posse de A que era plena foi modificada para uma posse indireta e o locador B passou a ter uma posse direta, em seguida B subloca o imóvel para C. Então teremos a seguinte situação O sujeito A com Posse indireta, sujeito B com Posse indireta e sujeito C com Posse Direta. Nessa situação imaginemos que a posse de A tinha algum vicio e era uma posse injusta, imaginemos que A tinha esbulhado Raí, e que Raí quer pleitear na justiça contra A, ele poderia pleitear contra qualquer um dos sujeitos, pois a posse de A, B e C é em essência a mesma posse que está se desdobrando entre outros sujeitos de forma sucessiva, mas como a posse original de A é viciada, então todos poderão ser alvo de Raí. 
Como podemos ver então na posse sucessiva ou paralela, será a mesma posse que está desmembrada entre sujeitos diferentes, que estão exercendo a posse em diferentes posições. 
Se considerarmos a situação acima ainda, em que A venda a sua posse do bem para B, não teríamos uma situação de posse sucessiva, seria uma situação vertical em que pode ter a ver com a outra posse, mas de início uma nova posse surgiu e é diferente da anterior. 
Tudo que foi dito acima é para contextualizar e agora o importante ao falarmos desse assunto de composse é que cada um dos polos em que falamos na posse sucessiva seriam uma posição possessória e que onde tem a posição possessória de A, por exemplo poderia se ter mais de uma pessoa. Na posição A poderíamos ter Ana e Raí. 
Eventualmente cada uma das posições, cada um dos polos (A, B ,C...) pode ser ocupado por mais de uma pessoa, cada uma dessas posições pode ser compartilhada por mais de uma pessoa. É algo mais restrito do que a posse sucessiva. 
Imaginemos ainda considerando a situação do exemplo da posse sucessiva acima que o sublocador C é um casal, Ana e Raí que alugaram e habitam determinado imóvel, ambos são os locatários. O CC no art. 1.199 protege ambos os locatários. 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. , ou seja, seja a pessoa possuidor direto, seja possuidor indireto, seja compossuidor ou seja possuidor exclusivo, você será juridicamente protegido e em princípio terá direito autônomo sem precisar da anuência dos outros possuidores. 
Na situação de Ana e Raí eles não são possuidores direto e indireto em uma posse paralela, eles são titulares de uma posse direta apenas, ambos ocupam a posição possessória C. Essa posição C é de possuidor direto, só pode ter um possuidor direto, mas essa posição de posse direta pode ser ocupada por mais de uma pessoa, então estaríamos diante de uma composse. 
CONCEITO DE COMPOSSE: Quando estamos diante de um compartilhamento de determinada posição jurídica possessória. 
Precisamos saber que nem todos os compossuidores são protegidos.
O efeito geral da composse é apenas dizer que todos aqueles que possuem a posição de compossuidor são considerados como possuidores, ou seja, tem o exercício de autotutela da posse, tem legitimidade para propor ação, tem legitimidade para ser réu, mas tudo isso vai depender da situação, porque na composse nos temos basicamente duas situações que podem acontecer. 
3.1 – COMPOSSE PRO INDIVISO:
Essa é a situação da composse do seguinte exemplo: Imaginemos uma situação em que se tem um terreno que foi deixado para dois irmãos, Ana e Raí. Nessa situação ambos os irmãos decidiram cultivar no terreno indistintamente, fizeram uma parceria em que eles serão responsáveis por tudo, colhem tudo e plantam tudo, uma coisa indistinta entre os dois, isso é chamado de composse pro indiviso.
A composse pro indiviso significa que se na situação acima apareça Abel e invada o terreno e construa um cercado para um pedaço do terreno, significa que tanto Ana quanto Raí poderão se opor e sem precisar de anuência do outro para isso. Qualquer um deles é legitimado para tutela da posse por si só, inclusive contra eles mesmos, ou seja, se Ana falar para Raí você não pisa aqui ou o contrário, um terá legitimidade para ação possessória contra o outro. 
É uma posse que é colocada de forma indivisa sobre uma situação como o todo. 
3.2 – COMPOSSE PRO DIVISO:
Na situação acima se depois Ana e Raí decidirem que o sistema deles não está dando certo e decidirem dividir o terreno entre os dois e colocar um pedaço da terra para qualquer um e separam a terra. 
No caso acima eles dividiram propriedade? R- Em direito não dividiram e ainda seriam coproprietários.
Eles seriam compossuidores? R – Depende de como foi feita a divisão.
SITUAÇÃO 1: Pode acontecer deles terem feito uma divisão de posse, e ai imaginemos que eles colocaram uma cerca ou muro dividindo o terreno, se as pessoas ao passarem pelo terreno conseguirem perceber essa separação, que de um lado está a terra de Ana e do outro a de Raí, como a posse é aparência de propriedade, eles podem até ser coproprietários, mas serão possuidores exclusivos de cada uma das áreas. 
Então se Abel invadir a parte de Ana, só ela quem terá a legitimidade para propor ação possessória contra Abel e Raí nada poderá fazer, pode até fazer a defesa da propriedade, mas a posse é de Ana. 
Se Raí quiser alugar Ana nada pode fazer, porque a posse de cada um em princípio é independente. 
Nessa situação não há composse, pois, a posse foi separada, é a situação de um casal que se separa e divide o imóvel, com um muro no meio. Tem na situação registrada um só imóvel, mas a posse foi dividida. 
SITUAÇÃO DA COMPOSSE PRO DIVISO: É a mesma situação acima, mas imaginemos que ao invés de Ana e Raí colocarem o cercado façam um acerto de boca, traçando uma linha imaginaria. 
Ana sabe que seu lado é o esquerdo e Raí que o seu lado é o direito e respeitam isso, podem até fazer esse acordo por escrito, podem até colocar uma demarcação que só eles entendam, e na prática isso fica perceptível para eles, mas quem passa pela propriedade não é capaz de perceber, que sãocoisas diferentes.
Essa é a situação chamada de composse pro diviso, pois gera uma situação que é hibrida, ou seja, perante terceiros serão considerados compossuidores, mas na relação interna serão considerados possuidores exclusivos de seus terrenos. 
A consequência disso é que quando a separação não for perceptível para terceiros se Abel resolver invadir o lado de Ana, é legitimado a Raí propor ação possessória, pois não é aparente a separação do terreno, mas na relação interna eles, devem respeitar o que foi combinado.
Então se Abel tentar invadir tanto Raí quanto Ana, ou os dois podem se defender dessa tentativa de esbulho, porém se Raí tentar invadir o terreno de Ana é possível que Ana exerça pretensão possessória contra ele, dizendo que ele está invadindo o terreno dela e vice-versa. 
Em resumo na situação da composse pro diviso se mantem a situação da composse perante terceiros, porque perante terceiros só há uma posse no local, mas na relação interna cada um pode defender seu terreno. 
Quando a separação é perceptível a terceiros não há mais composse. 
4-	AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE:
4.1 – AQUISIÇÃO:
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
O CC adotou uma técnica bem-vista pela doutrina para determinar quando a gente adquiri ou quando perde posse. O CC pegou o art. 1.204 e disse que adquirisse a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade, ou seja, se adquire a posse quando passa a ter a aparência de proprietário. 
Quando seria esse momento que passa a ter a aparência de proprietário? R – A partir do momento que o sujeito está usando, está fruindo é possuidor, até dispondo se está dispondo do bem anunciando na OLX, ainda que de forma ilegítima está se comportando como se proprietário fosse. Então qualquer aparência de proprietário é capaz de transformar a pessoa em possuidor.
 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - Pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; , ou seja, posso pegar um bem e agir como se proprietário fosse adquirindo a posse ou pode ser mandando algum representante meu para agir em meu nome como se proprietário fosse, obviamente que esse representante estará atuando como se fosse outra pessoa, por mais que fisicamente seja Ana, seria Ana representando Raí, quem está adquirindo é Raí.
O incapaz pode adquirir posse sozinho ou é obrigado a ter um representante para adquirir posse? R- Tem uma certa polemica na doutrina ( o professor entende que não deveria a ver entendendo que o absolutamente incapaz poderia se tornar possuidor) , mas uma parte da doutrina diz que o absolutamente incapaz independente da intervenção do seu representante será eivado de invalidade, e que incapazes não podem adquirir posse. 
O professor diz que realmente em algumas situações o menor incapaz precisa da aprovação do seu representante. 
ESPIRITUALIZAÇÃO DA POSSE: Uma forma da doutrina dizer que é possível se vender a posse. Existe a pergunta de como se venderia a posse se ela é um fato, mas no capitalismo é comum se comoditizar as coisas, vender tudo que tem alguém disposto a comprar, a posse também passou a ser vendida
A posse passou a ser vendida porque pretende utilizar a posse para outros fins, seja para explorar uma situação que ele enxerga como pacífica, e passível de trazer ganhos, seja para converter depois em propriedade por meio de usucapião. 
Hoje é possível comprar posse contratualmente, é possível comprar posse e se tornar possuidor sem se quer pisar no bem, mas essa não é a figura típica, é uma figura que veremos mais a frente que chamamos de constituto possessório, coloca uma cláusula contratual que diz que por meio da clausula as partes anuem que ocorre de imediato a transferência da posse de A para B.
A posse então não é somente uma questão fática, pois nessas situações a posse é transferida por meio de um contrato, que é um negócio jurídico que depende de manifestação de vontade. Dentro de um sistema normativo um incapaz não pode manifestar vontade por si só, dependendo do seu representante (absolutamente incapaz) e do assistente (relativamente incapaz). 
Se considerar nessa hipótese Maria Helena Diniz acertou, pois o incapaz não pode adquirir posse sem um representante/ assistente, por meio de um contrato, já que existe manifestação de vontade. 
Entretanto existem outras situações em que a posse não é espiritualizada, inclusive é o mais comum, em que posse é fato. Nessas situações a posse é ato-fato que não transita no âmbito da validade, depende de comportamento humano, mas não depende de vontade e sim de aparência, porque não interessa à vontade e sim a percepção dos outros. Então nessa hipótese o incapaz pode adquirir essa posse.
A resposta para a pergunta ´´ O incapaz pode adquirir posse sozinho ou é obrigado a ter um representante para adquirir posse? `` é que depende se tivermos a posse enquanto reverberação fática (ato-fato) ele pode, pois não consideramos à vontade e sim a aparência, mas se for a posse espiritualizada a resposta é que não pode, pois precisará da manifestação de vontade. 
II - Por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Esse inciso III traz a hipótese do gestor de negócios que pode interferir na esfera jurídica do outro e praticar atos para o outro sem procuração. É possível que alguém pratique um ato negocial em nome de outro sem procuração, mas não terá eficácia em relação a pessoa que ele está atuando em nome, a pessoa que negociou com o terceiro (representando outro sem procuração) se vincula, mas a pessoa representada não está obrigada a aceitar o negócio. EX: Ana vai a fazenda de Abel compra umas novilhas e fala para Abel reservar as outras novilhas para Raí, seu vizinho, que ele vai comprar. Nesse caso Raí pode até vir a realmente comprar as novilhas, mas ele não está obrigado a isso, pois não deu a Ana mandato para lhe representar nesse negócio. Nesse negócio o possuidor das novilhas reservadas em princípio é Ana, pois depende do que Raí vai dizer lá na frente, com ele podendo comprar realmente as novilhas e ratifica o negócio como se desde o início ele tivesse praticado o negócio e desde o início ele fosse o possuidor ou Raí pode não comprar as novilhas e então Ana será a possuidora e será responsável pelo negócio.
Essa é a figura do terceiro sem mandato, dependendo de ratificação, é a figura do gestor de negócios. 
4.2 – PERDA DA POSSE: 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Há um casamento entre o artigo 1.223 e o artigo 1.204, me torno possuidor por ter aparência de proprietário e perco a posse quando deixo de ter essa aparência de proprietário, embora contra a vontade é o caso do sujeito que tirou o bem de minha mão e nunca mais o vi na vida, não queria perder a posse desse bem, mas efetivamente o outro foi mais forte do que eu, e hoje é o possuidor, ainda que ilegítimo e eu sou o sujeito que foi esbulhado da posse, podendo entrar no judiciário para reaver a posse. 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retomar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
É uma situação controvérsia hoje na prática, pois tem a situação da perda da posse na clandestinidade, a situação do sujeito que pula toda noite o muro da casa e dorme dentro dela, mas ninguém está vendo. Esse sujeito na prática não esbulhou a posse de ninguém, pois a situação não é perceptível e se torna esbulho quando o efetivo possuidor perceber que tem alguém pulando o muro e morando na casa.
A interpretação desse artigo transparece a ideia de que a importância é a cientificação do efetivo possuidor preterido. A intepretação predominante hoje é de não subjetivizar a posse, mas de enxergar isso como a possibilidade de o efetivo possuidor ter notícia do esbulho, éa história do proprietário que foi passar 6 anos na Europa sem notícias do bem que tinha no Brasil, e nesse tempo uma pessoa invadiu o imóvel e passou a habitar o imóvel e ser visto como proprietário do imóvel pelos vizinhos, mas o proprietário na Europa não sabe de nada, essa pessoa que invadiu é possuidora. Nessa situação como transparece para os outros que o sujeito é proprietário, a tendencia interpretativa é que o proprietário não precisa ter notícia da invasão, pois o sujeito que é proprietário deveria ter percebido.
O professor diz que uma situação que a pessoa viajou por 1 mês, não se tem a resposta se a pessoa poderia exercer a autotutela da posse ou teria que ir ao judiciário, ou seja, então depende do caso concreto. É tendencia tentar resolver isso analisando de quem é a culpa. 
4.3- SUBDIVISÕES DENTRO DA AQUISIÇÃO E PERDA:
Esses conceitos abaixo são relacionados, porque adquirir posse significa muitas vezes adquirir posse de alguém, e posso adquirir posse de alguém por meio de uma relação negocial, ou posso adquirir de alguém por conta de um fato legal, como por exemplo me tornar possuidor por ser herdeiro, por ter me casado, por conta de uma imposição legal de ter comprado a posse. 
AQUISIÇÃO ORIGINARIA X AQUISIÇÃO DERIVADA:
AQUISIÇÃO ORIGINARIA: É aquela em que alguém adquire a posse contra ou pelo menos independente do anterior possuidor, então posso ter uma situação possessória da seguinte forma. 
EX: A era possuidor e hoje o possuidor é B. A e B não tem nada a ver, cada um tem uma situação possessória, eventualmente eles até se opõem. Imaginemos que A era o possuidor de uma caneta até que ele a abandonou e B viu a caneta e pegou ela, se tornando o possuidor sem ter preterido/praticado ilícito contra A, se tendo hoje uma posse legitima de B. 
Essa posse de A não influencia na posse de B, pois são posses independentes. Pode acontecer nessa situação de B ter tomado a caneta através da força, nesse caso A perdeu a posse por um ilícito, isso dará origem a uma posse injusta. Nessa nova hipótese a posse de A ainda é autônoma a posse de B, inclusive sendo posses contraditórias. 
Digamos que na situação acima A era possuidor de forma mansa e pacífica a 4 anos e com 5 anos por usucapião poderia se tornar proprietário, no caso B não poderia usar esse tempo de posse mansa e pacífica de A em seu favor, pois sua posse é autônoma a de A. 
Acima nos temos duas situações, SITUAÇÃO 1: O sujeito abandonou o bem e o outro o tomou para si, se tornando possuidor. SITUAÇÃO 2: O sujeito usou de violência, clandestinidade ou abuso de confiança, para esbulhar a posse, se tornando possuidor injusto. 
Tanto na situação 1 quanto na situação 2 temos hipóteses de aquisição originaria, é quando uma situação possessória é inaugurada sem qualquer vínculo com a situação possessória pretérita. Além dessas situações vão ter situações que darão origem a uma aquisição derivada. 
AQUISIÇÃO ORIGINARIA: Diz-se da investidura na posse que se dá em contrariedade ou à revelia do anterior possuidor e a posse adquirida será autônoma a posse pretérita. 
AQUISIÇÃO DERIVADA: É quando se tem uma aquisição derivada/relacionada a outra, e aí podemos ter uma aquisição que é a negociável/voluntaria, ou posso ter uma situação que deriva de imposição legal de realidade fática, era posse de um que foi transferido para o outro, porque a lei diz que deve ser transferido para o outro. 
A herança é uma dessas situações que deriva de imposição legal, assim como o casamento com comunhão universal de bens. Nessa situação as posses estão vinculadas entre si.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com as mesmas características.
Art. 1.207. O sucessor universal contínua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Esses dois artigos estabelecem uma sistemática que é a seguinte, na posse derivada se tem a possibilidade de se vincular a posse anterior, ao invés de se adquirir contra/independente da posse anterior, é um novo possuidor que está adquirindo do possuidor anterior, há um vínculo entre eles, seja um vínculo convencional/negocial (constituto possessório) , seja um vínculo legal. 
ACESSIO POSSESSIONIS X SUCESSIO POSSESSIONIS:
A depender do tipo de aquisição dessa posse derivada o regime jurídico aplicado vai ser diferente, em um caso vai ser o regime da acessio possessionis e no outro da sucessio possessionis. 
ACESSIO POSSESSIONIS: Na aquisição derivada negocial/negociada estaremos no campo da acessio possessionis, é a possibilidade de somar os tempos de posse. 
Quem está comprando uma posse/negociando tem a prerrogativa de continuar ou não a posse anterior, a vantagem de continuar a posse anterior é pegar o tempo de posse mansa e pacífica e ficar mais próximo de se tornar proprietário pela usucapião, compra por um valor menor por só ter a posse. 
No entanto tanto o artigo 1.206 quanto o 1.207 trazem uma lógica que em princípio a posse é transmitida com as mesmas características que tinha antes, ou seja, significa que se eu tinha uma posse injusta o comprador que quis continuar minha posse também terá em sua posse injusta, pois no final das contas está se transferindo a mesma posse nas condições anteriores. 
 O sujeito que compra uma posse injusta poderá ser responsabilizado se ele sabia que a posse era injusta. O art. 1.212 diz que o sujeito que sabia da posse injusta irá responder de qualquer maneira, mas que se não sabia ele é terceiro de boa-fé e não pode responder pelo ato de terceiros sem que soubesse. 
Mas a lei diz que no momento que negocia a posse não se pode ter o melhor dos dois mundos, se opta por continuar a posse mansa e pacífica irá optar também por carregar o ônus de responder pelos vícios que eventualmente o anterior possuidor tivesse praticado, não podendo alegar que não sabia da posse injusta, se não quiser responder pelo esbulho irá optar por iniciar a posse do zero.
Então quando negocia a aquisição de posse surge a possibilidade de continuar a posse anterior com seus ônus e benefícios ou iniciar uma posse nova do zero. Essa escolha será feita quando? R- Na prática só é feita quando se tem ciência da posse injusta, nesse momento que o sujeito escolhe iniciar a posse do zero ou manter a posse anterior. 
Acessio possessiones é esse regime que vem de uma aquisição derivada que surge um negócio e que surge para a parte a possibilidade de continuar a posse anterior ou iniciar uma nova do zero. No silencio se continua a posse anterior.
SUCESSIO POSSESSIONIS: Aqui não há escolha o sucessor na posse continua a posse com os mesmos predicados, independente dele querer, independente dele saber, independentemente de qualquer coisa. 
EX: Sou herdeiro e nunca nem pisei no bem, o autor da herança era um tio distante, sou possuidor e se a posse dele era injusta eu continuo essa posse injusta que ele deixou, porque é imposição legal, mesmo que nunca tenha pisado no bem, pela espiritualização da posse eu serei o possuidor. 
AQUISIÇÃO A TÍTULO SINGULAR X AQUISIÇÃO A TÍTULO UNIVERSAL
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com as mesmas características.
Nesse artigo 1.206 estamos falando de uma sucessão mortes causa, herdeiros e legatários são sucessores mortes causa. O professor diz que apesar do art. 1.206 só falar da transmissão mortes causa ele entende ser mais amplo do que isso, porque se transfere também por exemplo pelo casamento, pode ser por incorporação de outra empresa também, mas o cc fala das mortes causa. 
O herdeiro é o sucessor a título universal e o legatário é o sucessor a título singular.
AQUISIÇÃO A TÍTULO UNIVERSAL: O sucessor a título universal (herdeiro) exatamente por prosseguir um conjunto indistinto de bens e direitos, ele prossegue também em relação aos deveres. EX: Raí morreu e tinha duas casas e um automóvel. Esse automóvel ele deixou em testamento para Jô (legatário) e sobrou duas casas que foram divididas entre os dois filhos (Anae Nina), se descobriu depois da partilha que tinha uma dívida de imposto de renda de Raí que não foi paga, a única coisa que ele deixou foram as casas e o automóvel. 
AQUISIÇÃO A TÍTULO SINGULAR: Jô não responde por essa dívida por ser um sucessor a título singular e nesse caso não se participa de quota hereditária, não se participa do conjunto que foi deixado, se eventualmente tiver uma dívida de IPVA sobre o automóvel Jô irá responder, pois a dívida é do bem, mas o imposto de renda não tem a ver com Jô. 
O art. 1.206 diz que independente de vontade a posse transmite aos herdeiros e aos legatários com as mesmas características, ou seja, se for uma posse injusta continua sendo uma posse injusta.
Art. 1.207. O sucessor universal contínua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
O art. 1.207 cria uma complicação ao dizer que o sucessor a título singular (legatário)
tem a faculdade de continuar ou não a posse anterior, na primeira parte do art. 1.207 se está prevista a sucessio possessionis e na segunda parte está prevista a acessio possessionis. 
O problema que fica é que o 1.206 e o 1.207 são contraditórios e criam uma antinomia jurídica, que deve ser resolvida pelo critério da especificidade, para o legatário apesar de ser sucessor a título singular aplica-se o art. 1.206, pois vai se aplicar o regime da sucessio possessionis. 
4.3- CONCEITOS DO QUIZ:
AQUISIÇÃO ORIGINARIA: Diz-se da investidura na posse que se dá em contrariedade ou à revelia do anterior possuidor.
ACESSIO POSSESSIONIS: Ocorre nas hipóteses em que a posse é adquirida de forma negociada.
SUCESSIO POSSESSIONIS: Ocorre quando a posse é transferida por imposição legal para um novo sujeito 
TRANSFERENCIA A TÍTULO UNIVERSAL: Abrange uma coletividade indistinta de direitos e deveres. 
5-	POSSE DE BENS PÚBLICOS:
5.1 – CONCEITO: Bem público é o bem que é de todos/coletivo, no cc bens públicos são aqueles que pertencem as pessoas de direito público e por exclusão todos os demais são bens privados.
A regra é que bens públicos são aqueles pertencentes as pessoas de direito público, se diz que um bem é público, porque ele se submete a um regime próprio. 
Os bens públicos só podem ser vendidos se tiver autorização legal. Eles são divididos entre bens-públicos comuns, de uso especial e dominicais. 
Os de uso comum são aqueles postos a disposição de todos, não significando que todos podem usar indiscriminadamente. 
Os de uso especial são os bens públicos afetados para determinada finalidade, como o prédio da universidade federa da Bahia, que está afetado para a finalidade de servir as aulas ministradas. 
Esses bens públicos de uso comum e de uso especial são inalienáveis, até pode vender um bem publico de uso especial, mas deve desafetar ele e transformá-lo em um bem dominial/dominical. 
O bem público dominial/dominical é aquele que embora pertencentes as pessoas jurídicas de direito público não estão afetadas a nenhuma finalidade específica. 
É POSSIVEL VENDER A POSSE DE BENS PÚBLICOS? Os que podem ser vendidos são os dominiais. 
É POSSIVEL PENHORAR BENS-PÚBLICOS? Os bens-públicos são impenhoráveis a execução de suas dívidas são feitas por um regime especial que por pagamento através de precatório ou regime de pequeno valor.
É POSSIVEL USUCAPIR BENS PÚBLICOS? Os bens-públicos também são inesucapiveis, pois um particular nunca terá uma posse plena, o entendimento na verdade é que ele não terá posse e sim detenção autônoma. 
DIANTE DE TANTA RESTRIÇÃO BENS-PÚBLICOS PODEM SER OBJETO DE POSSE POR PARTICULAR? R- O professor entende que é possível a particulares o exercício da posse, inclusive de posse legitima quando houver uma autorização em uma concessão, por meio de permissão por exemplo. Quando o sujeito ganha uma licitação está determinando como ele ganhará dinheiro, como ele terá que investir e ele também ganha a posse do bem.
Não é possível ao particular o exercício de uma posse plena ao bem público, essa posse plena seria independente da relação autorizativa/negocial, só posso então enquanto particular ser possuidor do bem—público, diante de autorização do poder púbico. 
Isso tem a ver com a inesucabilidade, porque sequer tem posse, a pessoa no máximo é mera detentora, como no caso das barracas de praia de Salvador.
O entendimento jurisprudencial que prevalece é que o sujeito que exerce posse sobre bem-público na verdade não exerce posse e sim mera detenção, não gerando direito a usucapião e nem direito a indenização por benfeitorias. 
O sujeito é detentor de um bem-público, digamos uma barraca não autorizada, se chegar um terceiro para tentar esbulhar a barraca, o sujeito pode se defender juridicamente? R – Vai ter o direito de defesa pela hipótese da detenção autônoma, com o sujeito não tendo direitos diante do poder público, mas perante terceiros ele tem. 
O conceito de bem-público dado pela lei é elastecido pela doutrina e jurisprudência por entender que existem determinados bens que integram o patrimônio jurídico de pessoas privadas, mas que estão comprometidos com a prestação de serviços públicos, como no caso das concessionárias. 
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Os vícios objetivos e subjetivos da posse compreendem 90% do que é discutido em juízo em torno de possessórias. 
1-	VÍCIOS OBJETIVOS DA POSSE:
Aqui se discute o mérito da possessória.
A primeira classificação em relação aos vícios objetivos da posse vai ter a ver com o mérito das possessórias, é discussão do que faz uma possessória ser uma possessória?
O que faz com que possamos chamar os interditos possessórios de ações especiais? Por que eles são diferentes de uma ação ordinária?
A principal discussão dos interditos possessórios são vícios objetivos, é a discussão que deve ser abordada e não pode ser ultrapassada. Apenas em situações extraordinárias é que se pode discutir outras coisas nos interditos possessórios, dentre essas coisas existem algumas discussões patrimoniais que dirão respeito a vícios subjetivos. 
Nos vícios objetivos iremos discutir o mérito das possessórias, vai se discutir quem merece ficar com o bem.
A discussão aqui vai ser sobre justiça da posse, a partir desses vícios se discutira se a posse é justa ou injusta, e se a posse justa merece prevalecer sobre a posse injusta. 
1.1	– O MERITO DAS POSSESSORIAS:
A primeira classificação vai se discutir o mérito das possessórias o que não pode ser ultrapassado, são os vícios objetivos.
A partir dos vícios objetivos poderá se discutir a justiça da posse, se é uma posse justa ou injusta. Nos interditos possessórios é preciso que se tenha um dos vícios objetivos, se não levará a inépcia da inicial. É uma discussão sobre o mérito das possessórias e sobre justiça e injustiça. 
Para se discutir a forma das possessórias vamos ter que discutir como alguém adquiriu a posse, e com isso teremos que analisar se houve algum vicio objetivo, ou seja, se a posse foi adquirida mediante violência, clandestinidade ou abuso de confiança/precariedade, porque é juridicamente vedado a qualquer pessoa, seja ela proprietária ou não utilizar de violência, clandestinidade ou abuso de confiança/precariedade para tomar um bem que está na mão de outra pessoa, a posse para o professor pode ser vista como uma vedação a autotutela.
Esses vícios devem obrigatoriamente estar presentes nas possessórias são os pressupostos processuais para se intentar uma possessória. EX: Uma nulidade de uma cláusula de contrato na aquisição de posse, será discutido em outro direito que não a posse em si mesmo. Mas eles não são os únicos temas possíveis que podem vir a ser discutidos nas possessórias, podem se discutir temas patrimoniais, mas isso ficara a cargo dos vícios subjetivos, e aqui somente discutiremos os vícios objetivos que dizem respeito a quem deve ficar com o bem.
 INTERDITOS POSSESSORIOS:
A defesa da posse pode ser feita pela autodefesa da posse já vista e pela Heterodefesa da posse, que é feita nos judiciários, é aquique entram os interditos possessórios e as ações afins, que tem afinidade com os interditos possessórios, mas que não são interditos possessórios, não vai se discutir posse em si mesmo, como por exemplo a ação de emissão na posse. 
São três tipos de interdito possessórios que são o interdito proibitório, reintegração de posse e manutenção de posse, todas as ações fora essas, como a emissão na posse são ações afins. Essa ação de emissão na posse é uma ação para inaugurar uma posse. 
- INTERDITO PROIBITORIO: Se estamos diante uma ameaça a posse, se a pessoa tem uma ameaça a sua posse, ela entra com interdito proibitório, onde o juiz estipula uma multa para inibir que o ilícito ocorra. EX: É a situação que um fazendeiro percebe que o MST está ameaçando esbulhar a sua posse e pede ao juiz para que estabeleça uma multa caso isso ocorra. 
- MANUTENÇÃO DA POSSE: Podemos estar diante de uma situação que o sujeito já tem o uso da posse diminuído, seria a turbação, então entra com a manutenção de posse, onde não perdeu a posse, mas está com ela diminuída. EX: O sujeito ainda não perdeu por completo a posse e deseja manter a posse. 
- REITEGRAÇÃO DE POSSE: E a última interdito possessória é a reintegração de posse, quando o sujeito já perdeu efetivamente a posse. EX: O sujeito está diante de um esbulho. 
POSSE JUSTA X POSSE INJUSTA:
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Para saber se uma posse é justa ou injusta é preciso remontar ao momento de aquisição da posse e observar como ela foi adquirida, se ela foi adquiria de forma violenta, clandestina ou precária, será uma posse injusta. 
O art. 1.200 determina os três vícios objetivos da posse, são vícios objetivos porque eles se apresentam na prática e dizem respeito a um momento específico, que é o momento de aquisição da posse, ou seja, para saber se uma posse é justa ou injusta deve-se remontar o momento de aquisição da posse e analisar se está foi adquirida de forma violenta, clandestina ou precária.
O professor disse que de grosso modo esses três vícios correspondem as figuras dos crimes contra o patrimônio do CP, que são roubo (violenta), furto (clandestina) e apropriação indébita (precária). OBS: ISSO É EM GROSSO MODO!! 
Posse precária: Algo precário seria algo transitório e efêmero, o professor prefere dizer que é uma posse que foi adquirida com abuso de confiança, porque para o professor o problema de utilizar a posse precária é que em alguns momentos a posse precária é justa, como no caso do aluguel, que o sujeito que paga o aluguel é precarista, porque a posse só irá durar até quando o contrato estiver valendo. Então tecnicamente falando, quando se fala de precariedade não está se falando de vicio, porque precariedade é quando deveria devolver o bem e não devolve, portanto, deveria ser abuso de confiança no art. 1.200. 
O professor diz que a doutrina só considera que os únicos vícios que podem ser discutidos pelas interditos possessórias, são os 3 vícios presentes no art. 1.200, que são a posse adquirida com violência, clandestinidade e abuso de confiança, qualquer coisa fora desses três vícios terá que ser discutido por algo que não interditos possessórios.
CLANDESTINIDADE: Gera dúvidas interpretativas em situações como de uma pessoa que invade um imóvel abandonado, em que não há cercado e que o proprietário não vai ao local a dois anos, nesse caso não houve violência, não houve abuso de confiança e existe dúvida em relação presença de clandestinidade (esbulho pacífico). 
A clandestinidade gera dúvidas interpretativas, essa clandestinidade seria se aproveitar de um descuido do proprietário para tomar a posse de um bem, mas se imaginarmos uma situação em que o invasor disse que não se aproveitou do descuido do proprietário e que na verdade ele não cuida do bem, e que ele achou que o bem estava abandonado, e quem entra em um bem abandonado não estaria se aproveitando de clandestinidade. 
Isso tudo foi dito, porque há quem entenda que em determinadas situações de esbulho pacífico se quer haveria violação da posse. 
O judiciário tem uma tendência de considerar que em qualquer atentado contra a propriedade configura pelo menos clandestinidade, mas hoje posse e propriedade representam discussões autônomas, com a posse não sendo mais uma ferramenta posta para a propriedade, o que significa que eventualmente o proprietário pode ser proprietário tendo abandonado a posse do bem. 
TODO INGRESSO A DETERMINADO BEM SEM SER PROPRIETARIO E QUE NÃO HOUVE EMPREGO DE VIOLENCIA GERA CLANDESTINIDADE?
VISÃO PROGRESSISTA: Há quem entenda que o não prestar função social a um determinado bem, configuraria abandono de posse e se abandono de posse houve e alguém ingressou no bem depois, o ingresso naquele determinado bem se deu de forma legitima. A pessoa não se tornará proprietária, mas se o proprietário quiser discutir com a pessoa que ingressou nas interditos possessórias, não terá sucesso, porque não houve nenhum dos três vícios que autorizam.
VISÃO CLASSICA: Alguns juízes vão se filiar a uma visão mais clássica/conservadora do Direito, e que vão dizer que qualquer ingresso em determinado bem, sem ser proprietário já é errado. 
No próprio predicado da afirmação acima já está se tendo um equívoco conceitual, porque está partindo do pressuposto de que para ser possuidor deve ser proprietário, e hoje são institutos autônomos.
Como já visto existem doutrinadores mais progressistas que entendem que nas situações de esbulho pacífico se o proprietário não exercia a função social do bem (não tomava conta do bem), efetivamente não há clandestinidade da aquisição da posse por terceiro, agora isso é interpretativo.
1.2 - RELATIVIDADE DO CONCEITO:
O conceito de posse justa é tido como relativo, de ser relacional. Como já vimos o critério para uma posse ser justa é que seja adquirida sem violência, clandestinidade e abuso de confiança/precariedade (art.1.200), e não há como mudar a origem da aquisição da posse, uma posse justa sempre será justa e uma posse injusta sempre será injusta. É POSSIVEL ALTERAR UMA POSSE DE JUSTA PARA INJUSTA E VICE-VERSA? R- Uma posse não poderá mudar, a mudança da posse justa para injusta (vice-versa) só acontecerá se tiver uma ação nova, uma nova situação.
 EX: Um contrato de locação valido (Posse justa), em determinado momento acaba o contrato e o locador não devolve o bem (Posse injusta houve abuso de confiança), mais a frente ele compra o bem (Posse justa de novo). 
Devemos entender que no exemplo acima cada momento desse será tecnicamente justo ou injusto para sempre, poderá se discutir a posse que ainda será injusta, serão novas situações possessórias, mas as anteriores não poderão mudar, porque tem a ver com o momento da aquisição da posse, com o fato que detém um vício ou não. 
O conceito é relativo porque é entre pares, a posse só será injusta perante quem sofreu a injustiça, só será injusta perante quem sofreu na posse, mas para terceiros a posse é justa, pois perante terceiros a posse não foi adquirida perante um dos vícios do art. 1.200. EX: Raí esbulhou o bem de Ana, e terá perante Ana uma posse injusta, mas se Bento tentar esbulhar Raí, ele poderá defender sua posse, pois perante Bento a sua posse é justa, já que não foi adquirida perante violência, clandestinidade ou abuso de confiança perante Bento.
O conceito de posse justa e injusta é relacional, é estrito entre aquele que sofreu e aquele que aplicou alguma das hipóteses do art. 1.200 do CC e o que foi esbulhado. 
A usucapião por limpar uma posse injusta é a exceção dessa ideia de a posse nascer injusta e morrer injusta. 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
-Esse artigo está trazendo o conceito relacional de posse, da justiça e da injustiça da posse, o que se extrai do 1.212 é que em princípio a discussão de violência, clandestinidade e abuso de confiança é uma discussão que se trava entre quem cometeu e quem sofreu um desses

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