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ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 2 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 SUMÁRIO 1 EVOLUÇÃO E HISTÓRIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS ...................... 03 1.1 Teorias sobre os jogos ............................................................................... 07 2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR .................................................................. 10 3 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................. 16 3.1 O lúdico como processo educativo ............................................................. 18 3.2 Algumas classificações e tipos de jogos .................................................... 20 4 A FORMAÇÃO LÚDICA DO PROFESSOR ................................................. 23 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 27 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 3 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1 EVOLUÇÃO E HISTÓRIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS O brinquedo é tão antigo quanto o homem. Conservaram-se, ao longo dos tempos, bonecas pré-históricas micenianas, cretenses, egípcias, astecas, etruscas e outras, feitas de madeira, massa, barro cozido, pano, pedra, alabastro, osso ou metal. Nas escavações arqueológicas de vários lugares encontram-se bolas de couro cheias de crina ou palha. As crianças da Grécia e de Roma antigas brincavam com bonecas articuladas por meio de barbantes e com vários objetos, como piões, chocalhos, móveis em miniaturas, o que demonstra a universalidade das peças usadas como brinquedo. Os brinquedos costumam ser divididos em materiais (boneca, bola, carro, trenzinho) e imateriais (barra, círculo, alvo, esconde-esconde, pega- pega). Ou podem ser classificados em folclóricos (que alguns chamam de artesanais ou tradicionais) e mecânicos (ou atuais). Podemos considerar como brinquedos folclóricos aqueles que vêm de longa data, passando de pai para filho e para neto, com pequenas modificações, ocorridas com o passar do tempo. Quando os brinquedos são feitos individualmente, em casa ou em pequenas oficinas, recebem o nome de artesanais ou populares. Mas, muitos deles são, hoje, fabricados em escala industrial, então, apesar de serem folclóricos, deixam de ser artesanais (GOMES et al, 2002). Os brinquedos populares aparecem, geralmente, nas feiras de artesanato, feitos de madeira ou de lata, pintados e atraentes, ao alcance de todos. A construção de brinquedos artesanais deveria ser incluída nos currículos escolares, na disciplina de Educação Artística, fazendo com que as crianças e adolescentes se vejam incentivados a mostrar suas próprias criações. Mecânicos ou atuais são diversos tipos de brinquedos geralmente industrializados, como os feitos de plásticos ou de metal, movidos por meio de corda, fricção ou de eletricidade. Na moderna indústria de brinquedos a INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 4 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 madeira foi utilizada em primeiro lugar, a cera, a massa e os metais e a porcelana foram introduzidos pelos alemães, no século XIX. Existe, hoje, uma infinidade de brinquedos eletrônicos, baseados nos princípios de informática, e geralmente, instrutivos e atraentes (GOMES et al, 2002). Para Elkonin (1998), o jogo surge apenas quando a sociedade humana atinge um nível de desenvolvimento, dos meios de produção, que inviabilize a participação da criança, de forma que, ela passe a correr riscos, ou, não consiga mais desempenhar a atividade, devido à complexidade desta. Kishimoto (2008) promove uma retrospectiva muito interessante acerca da evolução dos jogos e brincadeiras ao longo dos séculos e fazendo um recorte, nos interessa a história a partir do século XVIII, que tem como característica a popularização dos jogos educativos. Antes restritos aos príncipes e nobres, agora tornam-se veículos de divulgação, crítica e doutrinação popular. Utilizados para o desempenho de papéis, difusão de ideias e crítica de personagens, tais jogos penetram no cotidiano popular. A lanterna mágica, inventada por Athanase Kircher, no século anterior, permite ao povo deslumbrar-se com espetáculos inusitados. Os jogos de ganso contam a glória dos reis e celebram suas qualidades. Inaugura-se, assim, a prática da exploração do jogo como instrumento de propaganda. É ainda no século XVIII que nasce a concepção de infância construída ao longo de cinco longos séculos e postulada por Rousseau em Emílio, como a necessidade de uma educação ajustada à natureza infantil. A infância, entendida como período especial na evolução do ser humano, dotada de uma especificidade, batizada por Àries (1986) posteriormente como “sentimento de infância” traz em decorrência a adoção de práticas educativas que prevalecem até hoje: a criança passa a ser vestida de acordo com sua idade, brinca com cavalinhos de pau, piões e passarinhos e tem permissão para se comportar de modo distinto do adulto. Abre-se, assim, um espaço propicio ao nascimento da Psicologia Infantil, que desabrocha, no século XX, com a produção de pesquisas e teorias que discutem a importância do ato de brincar para a construção de representações infantis. Estudos e pesquisas de caráter psicogenético, encabeçados por INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 5 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Piaget, Vygotsky, entre outros, fecundam relevantes pressupostos para a construção de representações infantis relacionadas às diversas áreas do conteúdo, influenciando as atividades curriculares dos novos tempos. Complementam tais estudos, pesquisas de caráter interdisciplinar, demonstrando que o ato de brincar, assim como outros comportamentos do ser humano, sofre intensa influência da cultura na qual está inserida a criança. O fato de cada cultura apresentar uma relativa continuidade histórica e, de certa forma, uma especificidade que pode se refletir nas condutas lúdicas, faz emergir a valorização dos brinquedos e brincadeiras tradicionais como nova fonte de conhecimento e de desenvolvimento infantil (KISHIMOTO, 2001). O início do século XIX presencia o término da Revolução Francesa e o surgimento das inovações pedagógicas. As escolas esforçam-se para colocar em prática princípios de Rousseau, Pestalozzi e Froebel. Rousseau, por exemplo, já aponta duas facetas no brinquedo: o objeto e a ação de brincar. A primeira não merece sua atenção, uma vez que considera os sentidos uma fonte nem sempre fidedigna de conhecimento. É a ação do sujeito, a relação estabelecida pela inteligência, que julga relevante ao desenvolvimento infantil. Pestalozzi segue o mestre e procura estudar a ação mental da criança, pesquisando as intuições necessárias ao estabelecimento de relações. Mas é com Froebel que o jogo, entendido como objeto e ação de brincar, passa a fazer parte da história da educação pré-escolar. Partindo do pressuposto de que, manipulando e brincando com materiais como bola, cubo e cilindro, montando e desmontando cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire noções primárias de Física e Metafísica , aliando a utilização de materiais educativos, que denomina dons, ao canto e às ocupações manuais (recorte, colagem, tecelagem, dobradura etc.), o pai das atuais caixas de construção elabora uma proposta curricular para a pré-escola que contém, em seu bojo, a relevância do brinquedo (KISHIMOTO, 2001). À semelhança de Froebel, Óberlin propõe na França, em 1769, um currículo pré-escolar em que prevalece a orientação pedagógica, apoiada no uso de materiais de ensino. O primeiro protótipo de escola maternal francesa INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIAPARA O ENSINO LÚDICO 6 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 ensinava tricô, Geografia, História Natural, Botânica, Educação Moral e Religiosa, exercícios para o corpo, desenho, recorte e recursos como o passeio, para educar crianças de quatro a sete anos de idade. Essa prática foi continuada e aperfeiçoada por Pape-Carpantier, Kergomard e outros (KISHIMOTO, 2001). Com a expansão de novos ideais, crescem as experiências que introduzem o jogo com o intuito de facilitar tarefas do ensino, trazendo, em decorrência, algumas características que vale ressaltar. Ao pretender tornar o estudo da História mais atraente, tais jogos servem para divulgar, ao mesmo tempo, atitudes de respeito, submissão e admiração ao regime vigente. O florescimento de jogos históricos no século XIX sobressai na iconografia dos alfabetos que estampa a inicial de um rei da França ou de personagem célebre. Da mesma forma, jogos de ganso, de cartas e de loto veiculam, à semelhança do século anterior, a propaganda política. O desenvolvimento da ciência e da técnica constitui a fonte propulsora dos jogos científicos e mecânicos. Surgem jogos magnéticos para ensinar História, Geografia e Gramática. As fábulas de La Fontaine e os contos de Perrault inspiram puzzles e jogos de cubo. A expansão dos meios de comunicação, bem como o avanço do comércio estimulam o ensino de línguas vivas. Aparecem jogos como o Bazar Alfabético, destinado ao aprendizado do vocabulário e o poliglota para ensinar até cinco línguas ao mesmo tempo. Os jogos existentes no século XIX perduram até a I Guerra Mundial, mas com a aproximação da guerra cresce a oferta de jogos militares. Findo o conflito, jogos militares dão lugar às práticas esportivas, predominando, no mercado, trens elétricos, autoramas, bicicletas, patins etc., mostrando a valorização do esporte em detrimento do militarismo (KISHIMOTO, 2001). A expansão dos brinquedos ocorre em virtude de outros fatores de ordem comercial. A produção de brinquedos é impulsionada pelas propagandas em torno do Natal e a participação de editores especializados, como Fernand Nathan. Esse editor estabelece uma linha de “brinquedos educativos”, usando slogans como “instruir divertindo”. Outras modificações na linha de produção de brinquedos relacionam-se com a apresentação do INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 7 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 material: os brinquedos são mais vistosos e adaptados ao gosto da criança; há o emprego de materiais diversificados e um cuidado maior com a segurança. Na mesma época, a médica italiana Maria Montessori elabora uma metodologia de ensino destinada às crianças deficientes mentais, empregando materiais criados por Itard e Séguin, com o objetivo de implementar a educação sensorial. Em sua obra, traduzida em Língua Portuguesa cromo Pedagogia Científica (1965), há uma relação desses materiais, bem como a forma de utilização. Embora o Método Montessori tenha penetrado no Brasil desde primórdios do século XX, sua expansão ocorrerá mais tarde, quando a linha Lubienska-Montessori começa a ser adotada pelas escolas católicas destinadas à elite. Atualmente existe um grande número de pré-escolas montessorianas, orientadas por associações montessorianas presentes nos vários pontos do País. A importância do jogo na educação tem oscilado ao longo dos tempos. Principalmente nos momentos de crítica e reformulação da educação, são lembrados como alternativas interessantes para a solução dos problemas da prática pedagógica. Tais oscilações dependem, basicamente, de reestruturações políticas e econômicas de cada país. Geralmente, em períodos de contestação, de inquietações políticas e crises econômicas, aumentam as pesquisas e os estudos em torno dos jogos (KISHIMOTO, 2001). Atualmente, o jogo que tinha a função de desenvolver fantasias, com caráter de gratuidade, é canalizado para uma visão de eficiência, visando à formação do grande homem de amanhã, e toma-se, em decorrência, pago. A especialização excessiva dos “brinquedos educativos”, dirigidos ao ensino de conteúdos específicos, está retirando o jogo de sua área natural e eliminando o prazer, a alegria e a gratuidade, ingredientes indispensáveis à conduta lúdica. 1.1 Teorias sobre os jogos Muitas teorias surgiram para explicar o significado dos jogos, as razões para essas permanências culturais, mostrando que aquilo que aparentemente é INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 8 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 apenas uma forma de preencher o tempo de lazer, tem raízes profundas no que diz respeito à vida e ao saber. Dentre elas temos as teorias de Freud e Piaget, expostas abaixo: 1. “A teoria psicanalítica de Freud” (1856-1939). O autor utilizou o jogo em seus processos de cura de crianças. Em suas pesquisas, o pai da psicanálise observou que o desejo da criança é que determina o comportamento dela frente aos brinquedos: cria um mundo próprio, repete experiências que ainda não dominou, busca identificações, exerce autoridade sobre os seus brinquedos, projeta em outras pessoas ou em objetos sentimentos reprimidos, tenta superar insucessos anteriores, de maneira lúdica, vivencia situações constrangedoras, procurando resolver os problemas, encontrar soluções, enfim, realiza ações que no mundo real não lhe são permitidas. Essa teoria ocupou-se essencialmente do jogo imaginativo em função das emoções (NALLIN, 2005). 2. “A teoria de Jean Piaget” (1896-1980) estudando sobre o desenvolvimento da inteligência, colocou os jogos como atividades indispensáveis na busca do conhecimento pelo indivíduo. Ele dividiu o desenvolvimento intelectual da criança em etapas caracterizadas pela “sucessiva complexidade e maior integração dos modelos de pensamento”, ou seja: até os dois anos de idade – sensório-motor; de dois a quatro anos – pré- operacional; de quatro a sete anos – intuitivo; de sete aos 14 anos – operacional concreto; e, a partir dessa idade – operacional abstrato. Quando Piaget descobriu que não é o estímulo que move o indivíduo ao aprendizado, revolucionou a pedagogia da época. Para ele, a inteligência só se desenvolve para preencher uma necessidade. A educação, concebida a partir desse pressuposto, deve estimular a inteligência e preparar os jovens para descobrir e inventar; o professor deve provocar na criança a necessidade daquilo que ele quer transmitir. Nesse sentido, os jogos são buscados espontaneamente pelas crianças como meio de chegar à descoberta, inventar estratégias, pensar o novo, construir, agir sobre as coisas, reconstruir, produzir (NALLIN, 2005). Para Piaget existe o brincar quando há o predomínio da assimilação sobre o esforço e atenção da acomodação. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 9 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Piaget ao realizar o estudo sobre a evolução do jogo para o desenvolvimento, percebeu uma tendência lúdica nos primeiros meses de vida do bebê, na forma do chamado jogo de exercício sensório-motor, onde do segundo ao sexto ano de vida predomina o jogo simbólico e a etapa seguinte é o jogo de regras praticado pela criança. Essas três atividades lúdicas caracterizam-se na evolução do jogo na criança, de acordo com a fase de seu desenvolvimento, conforme descrito a seguir. Jogos de exercícios – Inicialmente surgem na forma de exercícios motores com a finalidade prazerosa, com o objetivo de explorar e exercitar os movimentos do seu próprio corpo. Jogos simbólicos – Esse jogo é de faz de conta, em que o objetivo é usado para simbolizar ou representar situações não percebidas no momento. Ocorre de dois a seis anos, onde a tendência lúdica é voltada para o jogo de ficção ou imaginação e de imitação. O jogo simbólico se desenvolve com a interiorização dosesquemas sensórios motores. A função desse tipo de atividade, de acordo com Piaget: “Consiste em satisfazer o eu, por meio de uma transformação do real em função dos desejos: a criança que brinca com boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a a sua maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-os, compensando-os, ou seja, completando a realidade com a ficção”. Jogos de regras – Essa atividade lúdica implica o uso de regras onde há relações sociais ou individuais em que deve aparecer a cooperação e começa a se desenvolver dos quatro aos sete anos e se intensifica durante toda a vida da pessoa. Para Brougére, o objetivo da pesquisa de Piaget, não é estudar o jogo, mas o símbolo, o que é essencial para o desenvolvimento da inteligência (NALLIN, 2005) Essa classificação dos jogos será discutida em mais profundidade mais adiante. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 10 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo (ALMEIDA, 2003). A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam, comunicam-se e comungam do mesmo saber. A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Destacamos o lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca (DALLABONA E MENDES, 2004). É muito importante aprender com alegria, com vontade. Snyders (1996, p.36) comenta que “Educar é ir em direção à alegria”. As técnicas lúdicas fazem com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. [...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...] (ALMEIDA, 2003, p.11) Portanto, é de primordial importância a utilização das brincadeiras e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio de atividades predominantemente lúdicas. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 11 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade. Para que a educação lúdica caminhe efetivamente na educação é preciso refletir sobre a sua importância no processo de ensinar e aprender (DALLABONA E MENDES, 2004). As atividades e ações lúdicas e inovadoras favorecem as habilidades desde o berçário e competências das crianças, correspondendo também às expectativas da família e nos induzem a desenvolver uma educação que leva em conta o aprender, o aprender aprendendo. Segundo Dallabona e Mendes (2004) a literatura especializada no tema não registra concordância quanto a um conceito comum para o lúdico na educação. Porém, alguns autores relacionam o lúdico ao jogo e estudam profundamente sua importância na educação. Huizinga (1990) foi um dos autores que mais se aprofundou no assunto, estudando o jogo em diferentes culturas e línguas. Estudou suas aplicações na língua grega, chinesa, japonesa, línguas hebraicas, latinas, inglesa, alemã, holandesa, entre outras. O mesmo autor verificou a origem da palavra - em português, “jogo”; em francês “jeu”; em italiano, “gioco”; em espanhol, “juico”. Jogo advém de “jocus” (latim), cujo sentido abrangia apenas gracejar ou traçar. Ele propõe uma definição para o jogo que abrange tanto as manifestações competitivas como as demais. O jogo é uma atividade de ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 12 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Segundo Piaget (1975) e Winnicott (1975), conceitos como jogo, brinquedo e brincadeira são formados ao longo de nossa vivência. É a forma que cada um utiliza para nomear o seu brincar. No entanto, tanto a palavra jogo quanto a palavra brincadeira podem ser sinônimas de divertimento. Vejamos como esses termos são definidos no dicionário Larousse (1982): Jogo - ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem- se alguns exemplos: jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra; Brinquedo - objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira; Brincadeira - ação de brincar, divertimento. Gracejo, zombaria. Festinha entre amigos ou parentes. Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira custou- me caro. Para Dollabona e Mendes (2004) brincadeira basicamente se refere à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; Jogo é compreendido como uma brincadeira que envolve regras; Brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar; já a Atividade Lúdica abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores. Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. A afirmativa de Santos (1999) de que para a criança, brincar é viver, tem sido bastante usada e aceita, pois a própria história da humanidade nos mostra que as crianças sempre brincaram, brincam hoje e, certamente, continuarão brincando. Sabemos que ela brinca porque gosta de brincar e que, quando isso não acontece, alguma coisa pode não estar bem. Enquanto algumas crianças brincam por prazer, outras brincam para dominar angústias, dar vazão à agressividade. Vejamos o enfoque teórico dado ao brincar por Santos (1999), dentre vários pontos de vista: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 13 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão; Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Brincando, a criança vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos do meio em que vive; Do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento; Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centradosna busca do “eu”. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com as imagens e signos fazendo uso do próprio potencial; Do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender. A partir do que foi mencionado sobre o brincar nos mais diferentes enfoques, podemos perceber que ele está presente em todas as dimensões da existência do ser humano e, muito especialmente, na vida das crianças. Podemos afirmar, realmente, que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar brincando e brinca aprendendo (DOLLABONA E MENDES, 2004). A criança brinca porque brincar é uma necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação são vitais para o desenvolvimento do potencial infantil. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Estas atividades lúdicas tornam-se mais significativas à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo. Chateau (1987, p.14) destaca que “Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar”. Por meio da psicologia, temos conhecimento que, além de ser genético, o brincar é fundamental para o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 14 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 humano. Por intermédio da relação com o brinquedo, a criança desenvolve a afetividade, a criatividade, a capacidade de raciocínio, a estruturação de situações, o entendimento do mundo. Bertoldo e Ruschel (2000) citando Froebel (1912) lembram que “Brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto-ativa representação do interno - a representação de necessidades e impulsos internos”. Brincando, o sujeito aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, interage, reequilibra-se, recicla suas emoções, sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói seus conhecimentos. Para Vygotsky (1991) o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal (capacidade que a criança possui e que já falamos anteriormente), pois na brincadeira a criança comporta-se num nível que ultrapassa o que está habituada a fazer, funcionando como se fosse maior do que é. O jogo traz oportunidade para o preenchimento de necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no domínio do simbolismo. Quando a criança é pequena, o jogo é o objeto que determina sua ação (BERTOLDO; RUSCHEL, 2000). Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto um significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente quando o significado fica em primeiro plano. Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas. Ainda, segundo Vygotsky, a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz de conta, como ainda nas que exigem regras. Podem aparecer também no desenho, como atividade lúdica. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 15 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Do ponto de vista psicológico, Vygotsky atribui ao brinquedo um papel importante, aquele de preencher uma atividade básica da criança, ou seja, ele é um motivo para a ação. Segundo o autor, a criança pequena, por exemplo, tem uma necessidade muito grande de satisfazer os seus desejos imediatamente. Quanto mais jovem é a criança, menor será o espaço entre o desejo e sua satisfação. No pré-escolar há uma grande quantidade de tendências e desejos não possíveis de ser realizados imediatamente, e é nesse momento que os brinquedos são inventados, justamente para que a criança possa experimentar tendências irrealizáveis. A impossibilidade de realização imediata dos desejos cria tensão, e a criança se envolve com o ilusório e o imaginário, onde seus desejos podem ser realizados. É o mundo dos brinquedos. Segundo Vygotsky, a imaginação é um processo novo para a criança, pois constitui uma característica típica da atividade humana consciente. É certo, porém, que a imaginação surge da ação, e é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. Isso não significa necessariamente que todos os desejos não satisfeitos dão origem aos brinquedos. Em síntese, além de proporcionar prazer e diversão, o jogo pode representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 16 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL As brincadeiras e jogos infantis exercem um papel muito além da simples diversão, possibilitam aprendizagem de diversas habilidades e são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual da criança (Piaget, 1976). A importância de brincar na educação infantil está expressa por lei incluída no “Referencial Curricular de Educação Infantil” (MEC/SEF/DPE, 1998), publicação nacional do MEC. O brincar é uma atividade espontânea e difere do jogo, pois este possui regras e limites, por isso a proposta de utilização destes recursos, deve estar de acordo com a faixa etária abordada na ocasião (FRIEDMANN, 2004,1994). Vários tipos de brincadeiras e jogos que possam interessar à criança pequena constituem-se rico contexto em que ideias matemáticas podem ser evidenciadas pelo adulto por meio de perguntas, observações e formulação de propostas. São exemplos disso cantigas, brincadeiras como a dança das cadeiras, quebra-cabeças, labirintos, dominós, dados de diferentes tipos, jogos de encaixe, jogos de cartas, etc. Os jogos numéricos permitem às crianças utilizarem números e suas representações, ampliarem a contagem, estabelecerem correspondências, operarem. Cartões, dados, dominós, baralhos permitem às crianças se familiarizarem com pequenos números, com a contagem, comparação e adição. Os jogos com pistas ou tabuleiros numerados, em que se faz deslocamento de um objeto, permitem fazer correspondências, contar de um em um, de dois em dois, etc. Jogos de cartas permitem a distribuição, comparação de quantidades, a reunião de coleções e a familiaridade com resultados aditivos. Os jogos espaciais permitem às crianças observarem as figuras e suas formas, identificar propriedades geométricas dos objetos, fazer representações, modelando, compondo, decompondo ou desenhando. Um exemplo desse tipo INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 17 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 de jogo é a modelagem de dois objetos em massa de modelar ou argila, em que as crianças descrevem seu processo de elaboração (DAMASCENO et al, 2003). Em uma das várias pesquisas realizadas por Kishimoto (2001) evidenciou-se que existe uma variedade de brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas, mas verificou-se que os mais significativos são os chamados educativos, materiais gráficos, de comunicação nas salas e os de educação física, para o espaço externo. Os jogos e brincadeiras que abordam locomoção e equilíbrio estão na educação física (55%), já os que trazem experiências sensoriais, estão relacionados à música (66%). Embora as porcentagens sejam significativas dentro de diversos itens criteriosamente avaliados, não são descritas atividades lúdicas em sala de aula envolvendo conceitos de lateralidade e uso dos sentidos (DAMASCENO et al, 2003). Os jogos sensoriais podem contribuir para a formação do futuro adulto. É o que descrevem alguns pesquisadoressobre o trabalho de Maria Montessori (LEIFT; BRUNELLE, 1978). Estes jogos sensoriais foram destinados a estimular os diferentes sentidos, de forma que os mesmos possam se desenvolver satisfatoriamente no decorrer da vida da criança. Um ponto negativo em utilização de jogos e brincadeiras, como suporte pedagógico no aprendizado de conteúdos específicos, é que em parte dos casos o professor não tem a visão de que, com o lúdico, a criança aprende tão bem ou até melhor do que qualquer atividade tradicional limitada a livros e cadernos. O fato de estar numa brincadeira não representa um momento de lazer, e sim uma forma alternativa de aprender (DAMASCENO et al, 2003). Na educação infantil, percepções visuais, táteis, auditivas, gustativas e olfativas, devem ser abordadas e desenvolvidas pelo professor nas séries iniciais. Esta abordagem deve ser feita em conjunto com habilidades que devem envolver o domínio do esquema corporal, da coordenação motora, da relação espaço-tempo e da lateralidade. Estes domínios são utilizados pela INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 18 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 criança em toda sua fase de vida, desde o desenvolvimento de sua escrita até sua estabilização profissional (BRASIL, 1998). Embora a abordagem desses temas seja essencial na educação infantil, muitos professores das séries iniciais do Ensino Fundamental observam a heterogeneidade do desenvolvimento destes conceitos entre seus alunos: muitos chegam ao Ensino Fundamental sem terem tido contato com métodos de ensino que lhes permitissem progredir em suas habilidades e domínios. 3.1 O lúdico como processo educativo Marcellino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola. Entende-se que esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a criança habite um mundo autônomo do adulto, tampouco que deva ser deixada entregue aos seus iguais, recusando-se, assim, a interferência do adulto no processo de educação. Os estudos da psicanálise demonstram, entre outros caracteres não muito nobres, o autoritarismo que impera entre as crianças. Mas a intervenção do adulto não precisa ser necessariamente desrespeitada. É preciso que, ao intervir, o adulto respeite os direitos da criança. A proposta do autor nos remete a pensar numa ação educativa que considere as relações entre a escola, o lazer e o processo educativo como um dos caminhos a serem trilhados em busca de um futuro diferente. Por isso, vê- se como positiva a presença do jogo, do brinquedo, das atividades lúdicas nas escolas nos horários de aulas, como técnicas educativas e como processo pedagógico na apresentação dos conteúdos. As vivências cotidianas, aliadas ao pensamento de alguns teóricos, como Marcellino, Snyders, Piaget e Vygotsky, permitem-nos aprofundar as reflexões e fazer alguns questionamentos: O conhecimento construído por meio da ludicidade implica uma escola mais autônoma e democrática? Das condições para a ocorrência da alegria, da festa, dentro dos limites da escola, e INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 19 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 até mesmo nos horários de aula, e propiciar assim a evasão do real, não seria contribuir para a alienação? O jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado prazerosamente. A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados. Enquanto a aprendizagem é vista como apropriação e internalização de signos e instrumentos num contexto sociointeracionista, o brincar é a apropriação ativa da realidade por meio da representação. Desta forma, brincar é análogo a aprender (DALLABONA; MENDES, 2004). Distante dos avanços em todos os campos e das mudanças tão rápidas em todos os setores, é preciso buscar novos caminhos para enfrentar os desafios do novo milênio e, neste cenário que se antevê, será inevitável o resgate do prazer no trabalho, na educação, na vida, visto pela ótica da competência, da criatividade e do comprometimento. Assim, o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa proposta interacionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí, cada um pode desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e significativo, conforme afirma Marcellino (1990, p.126) “é só do prazer que surge a disciplina e a vontade de aprender”. É por intermédio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece aos alunos experiências concretas, necessárias e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas (DALLABONA; MENDES, 2004). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 20 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, pulsão interior, naturalidade e, consequentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizá-los pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento integral da criança. O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a consequência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal (DALLABONA; MENDES, 2004). 3.2 Algumas classificações e tipos de jogos Leontiev (1988) nos apresenta algumas diferenças que distinguem vários objetos de brinquedos: Brinquedos de largo alcance: participam de várias ações (exemplos: blocos); Brinquedos especializados: podem apresentar ou não funções fixas (exemplo de função fixa: um brinquedo representado por um acrobata que se balança numa vara vertical). O brinquedo com função fixa atrai a atenção da criança por pouco tempo. São também brinquedos especializados os carros com motor e mecanismos com relógio, por exemplo, porém a criança o utiliza conforme seu estágio de desenvolvimento; De acordo com Santos (1999), para a criança com três meses de idade, são aconselháveis os brinquedos tais como: Móbile – desenvolvimento da percepção visual; Bracelete sonoro – desenvolvimento da percepção auditiva; Chocalho – desenvolve a percepção auditiva; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 21 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Rolo de espuma – possibilita movimentos amplos; Bonecas de pano e bichinhos de pelúcia – desenvolvimento tátil e visual. Já o mundo da criança de um a dois anos de idade se expande rapidamente. Nesta idade já possui a capacidade para participar de jogos infantis individualmente ou não, desenvolvendo a sociabilidade. Nesta fase alguns brinquedos sugeridos são: Caleidoscópio – desenvolve a percepção visual, a imaginação e a curiosidade; Percursos motores – objetiva desenvolver a motricidade, a noção de espaço, a curiosidade e a capacidade de vender desafios; Livro de pano – desenvolvimento da linguagem e imaginação bem como estimula o hábito de leitura do futuro leitor; Fantoche de dedo – visa desenvolver a linguagem oral,a imaginação, a improvisação e as atividades de faz de conta, etc. Na faixa etária dos dois aos três anos, a linguagem torna-se mais desenvolvida. A criança conversa com seus brinquedos, com ela própria e com os outros, porém possui dificuldades em manusear alguns instrumentos tais como a tesoura e o lápis. Nesta idade, a criança brinca com: Casinha de bonecas – desenvolve a imaginação e facilita as brincadeiras de faz de conta; Baú da fantasia – desenvolve a imaginação e o pensamento lógico, memória, brincadeiras simbólicas; Bonecas de pano – desenvolve a imaginação; Jogo memória tátil – objetiva desenvolver a percepção tátil, perceber semelhanças e diferenças no tamanho, forma e textura; Memória visual – visa desenvolver a atenção, percepção, memória e a identificação de animais, por exemplo; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 22 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Memória auditiva – desenvolve a atenção, a discriminação de sons, a percepção auditiva e a memória; Baralho de imitação – desenvolvimento da atenção, concentração, memória, imaginação e expressão corporal; Quebra cabeça – objetiva o desenvolvimento da atenção, concentração, percepção dos elementos da natureza e verificação da mistura de cores, através do movimento; Saco surpresa – desenvolvimento da memória, da imaginação e reconhecimento dos objetos, por meio das sensações táteis. De acordo com Hussein (1986), o brinquedo pode ser classificado segundo as categorias de: Brinquedo funcional (envolve movimentos musculares repetitivos e simples com ou sem objetos, como exemplo chocalho); Brinquedo construtivo (possibilita construção através da manipulação, como exemplo os brinquedos de encaixe de peças); Brinquedo dramático (envolve uma situação imaginária tendo como finalidade satisfazer as necessidades pessoais da criança, como, por exemplo, mobiliário em miniatura) e, Jogos com regras (envolvem aceitação e ajuste das regras estabelecidas anteriormente). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 23 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 4 A FORMAÇÃO LÚDICA DO PROFESSOR O lúdico funciona como uma possibilidade de descoberta, de encontro consigo mesmo e com o outro. Segundo Andrade (2008) nós evoluímos muito no discurso acerca do brincar, reconhecemos cada vez mais seu significado para a criança e suas possibilidades nas áreas de educação, cultura e lazer, e estamos cada vez mais cientes dos riscos que corremos. O primeiro deles talvez seja o de separar estas três áreas que caminham melhor juntas. Mas não é só por esta razão que temos encontrado algumas pedras no caminho. Na educação, muitas vezes, fazemos com que um jogo fantástico seja visto mais pela oportunidade de ensinar cores (como se elas não estivessem no mundo!) que pelas suas possibilidades de favorecer as relações sociais, de suscitar medo e alegria, de provocar o grupo a encontrar soluções para um desafio. Ao atribuir a um brinquedo ou brincadeira uma função didática, e importante termos o cuidado de preservar sua essência lúdica; se não, corremos o risco de ouvir outra vez de uma criança: “Ai, ai, ai, já virou brincadeira de escola!”, explicitando o momento em que já não tinha mais graça (ANDRADE, 2008). Algumas vezes, atribuímos ao brincar poderes mágicos que ele não tem. Não é porque agregamos a ele conteúdos ou valores, como a cooperação, que a criança vai incorpora-los. Precisamos nos lembrar de que crianças aprendem o mundo menos pelos seus brinquedos e jogos e mais pelas relações humanas que as cercam. Muitas vezes, uma proposta instigante de um professor pode ser mais interessante para as crianças do que uma brincadeira; aprender é tão rico e prazeroso quanto brincar, ha uma paixão em conhecer. Na área do lazer e na educação, o lúdico encontra-se muitas vezes centrado no acervo. Os brinquedos e jogos são importantes por aquilo que possibilitam. A supervalorização do objeto, em uma inversão de valores, acaba trazendo muita ansiedade às crianças e aos seus educadores. O acervo é INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 24 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 importante por tudo o que pode oferecer, mas quando ele ganha exagerada importância em si mesmo, instala-se uma neurose de cuidados, que inviabiliza seu uso. O acervo diz muito de uma proposta lúdica, tanto pelos itens incluídos, como por aqueles excluídos, tanto por sua qualidade e quantidade, quanto pela maneira como esta disposto. Mas, do mesmo jeito que não se constrói uma escola apenas com quadro negro, giz, cadernos e lápis, não se constrói um espaço lúdico apenas com uma sala de jogos e brincadeiras. Ele, como a escola, não existe sem adultos e crianças envolvidos em uma proposta. Essa proposta pode nascer na redação de um bom projeto político pedagógico, mas, sobretudo, deve nasceu dos desejos, do senso de responsabilidade e comprometimento dos educadores. Acreditamos que a ampliação e a diversidade de experiências oferecidas as crianças lhes fornecem mais elementos para o seu processo de construção de conhecimento e para o desenvolvimento da sua imaginação, da sua capacidade criadora. Não deveríamos acreditar, também, que a experiência acumulada do professor está relacionada a sua imaginação, a sua capacidade de criar? Quando pensamos nos adultos vemos, quase sempre, sua criação como inspiração, como um dom que se tem ou não se tem. Não consideramos que a experiência cultural do adulto pode favorecer sua imaginação. E, provavelmente por isso, a contemplamos pouco nos cursos para educadores. Criação e ludicidade tem muitas semelhanças e são essenciais no processo de formação do ser humano (ANDRADE, 2008). Segundo Maluf (2008), os primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, pois se trata de um período em que a criança está construindo sua identidade e grande parte de sua estrutura física, socioafetiva e intelectual. É, sobretudo, nesta fase que se deve adotar várias estratégias, entre elas as atividades lúdicas, que são capazes de intervir positivamente no desenvolvimento da criança, suprindo suas necessidades biopsicossociais, assegurando-lhe condições adequadas para desenvolver suas competências. Todas as instituições que atendem crianças de 0 a 5 anos, devem promover o seu desenvolvimento integral, ampliando suas experiências e INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 25 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 conhecimentos, de forma a estimular o interesse pela dinâmica da vida social e contribuir para que sua integração e convivência na sociedade sejam produtivas e marcadas pelos valores de solidariedade, liberdade, cooperação e respeito. As intuições infantis precisam ser acolhedoras, atraentes, estimuladoras, acessíveis às crianças e ainda oferecer condições de atendimento às famílias, possibilitando a realização de ações sócio educativas. As crianças necessitam receber nas instituições de educação infantil: Ações sistemáticas e continuadas que visam a fornecer informações; Realizar vivências através de atividades lúdicas; Aprimorar conhecimentos. São vários os benefícios das atividades lúdicas, entre eles estão: Assimilação de valores; Aquisição de comportamentos; Desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento; Aprimoramento de habilidades; Socialização. Quanto ao tipo de atividades lúdicas existentes, são muitas, podemos citar: Desenhar; Brincadeiras; Jogos; Danças; Construir coletivamente; Leituras; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 26 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Softwares educativos; Passeios; Dramatizações; Cantos; Teatro de fantoches, etc.(MALUF, 2008). Enfim, precisamos levar em consideração que as crianças desde que nascem são cidadãos de direitos, indivíduos únicos, singulares; seres sociais e históricos; seres competentes, produtores de cultura; indivíduos humanos, parte da natureza animal, vegetal e mineral e encontram-se numa fase de vida que dependem intensamente do adulto para sobreviver e crescer. Elas precisam ser cuidadas e educadas. Além disso, para que sua sobrevivência esteja garantida e seu crescimento e desenvolvimento sejam favorecidos, para que o cuidar/educar sejam efetivados, é necessário que sejam oferecidas às crianças dessa faixa etária condições de usufruírem plenamente suas possibilidades de apropriação e de produção de significados no mundo da natureza e da cultura. As crianças precisam ser apoiadas em suas iniciativa e espontâneas e incentivadas a: Brincar; Movimentar-se em espaços amplos e ao ar livre; Expressar sentimentos e pensamentos; Desenvolver a imaginação, a curiosidade e a capacidade de expressão; Ampliar permanentemente conhecimentos a respeito do mundo da natureza e da cultura apoiadas por estratégias pedagógicas apropriadas; Diversificar atividades, escolhas e companheiros de interação em creches, pré-escolas e centros de Educação Infantil (BRASIL, 2006). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO LÚDICO 27 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e Prática em Psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. Rio de Janeiro: WAK, 2006. ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 11 ed. São Paulo: Ed. Loyola, 2003. ANDRADE, Cyrce. A formação lúdica do professor. In: TVE BRASIL. 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