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Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Ano 17 - n° 70 - 4T2021 Ouça os lições de mais uma edição da revista Palavra & Vida em audiobook, e mais uma série de outros conteúdos em nosso podcast. Disponível em E)spotity DVouTube 111. CBF CAST Palavra &Vida ,.,, https://open.spotify.com/show/2NUITJISzYYlzBtWajkruV?si=YDz-1MiyQX6zcDwAJN4IZQ&dl_branch=1 https://www.youtube.com/tvbatista Sumário Revista evangélica trimestral da Convenção Batista Fluminense. O intuito desta revista é servir de material de educação religiosa acerca do que é ensinado na Palavra de Deus, pela leitura e interpretação dos escritores destas lições. Esta revista não é um manual para a vida cristã, é apenas um material de auxílio educacional. Antes de tudo leia a Bíblia, que é a Palavra de Deus. Publicada pela Convenção Batista Fluminense, sob cuidado do Departamento de Educação Religiosa e produção do DECOM (Departamento de Comunicação). (21) 2620-1515 contato@batistafluminense.org.br Rua Visconde de Morais, 231 Ingá, Niterói/RJ - CEP 24210-145 Palavra Missionária3 Primeiras Palavras5 Palavra do Redator9 Apresentação – Quem Escreve11 Ficha Técnica76 18 Lição 2 A Unidade Cristã: 1 Coríntios 14 Lição 1 Vivendo pela Fé: Romanos 22 Lição 3 O Ministério da Reconciliação: 2 Coríntios 27 Lição 4 O Evangelho da Graça: Gálatas 31 Lição 5 Regenerados para Servir: Efésios 35 Lição 6 A Alegria para Servir: Filipenses 39 Lição 7 A Supremacia de Cristo: Colossenses 44 Lição 8 À Espera do Mestre: 1 Tessalonicenses 49 Lição 9 Não Tema o Fim: 2 Tessalonicenses 54 Lição 10 Vivendo Acima da Média: 1 Timóteo 60 Lição 11 Não Desanime!: 2 Timóteo 71 Lição 13 O Amigo Próximo: Filemom 66 Lição 12 Ponha em Ordem: Tito Clique no item abaixo para ir até a página EPÍSTOLAS PARA EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 3 Palavra Missionária Este ano fomos desafiados pelo tema É TEMPO DE RECONSTRUIR a pensar na necessidade de como igreja investirmos na propaga- ção da palavra de Deus para for- talecer os relacionamentos com Deus, Igreja, Família, Sociedade/ amigos e com nossas próprias emoções. Realizamos uma cam- panha de Missões Estaduais com a divisa em Neemias 2.18, levando as igrejas a responderem ao con- vite de nossos missionários: “Sim, vamos começar a reconstrução”. A pandemia tornou o momento ain- da mais desafiador, mas esta cam- panha já está marcada pela che- gada de novos mobilizadores nas cidades, interação maior de promo- tores de missões e a participação crescente de igrejas que realizaram a campanha de missões estaduais pela primeira vez e com boa contri- buição dos membros. Muitas ações impactaram nos- sas vidas e nos deixaram gratos a Deus diante da criatividade, envol- vimento e engajamento dos irmãos que proporcionaram aos nossos missionários momentos inesquecí- veis. Temos a certeza de que o Se- nhor nos uniu em um projeto maior que é a expansão de seu Reino no estado. Isso ficou claro diante dos novos desafios missionários que surgiram, mas principalmente ao vermos o grande exército que se levantou para cumprir a missão. Nossa palavra é de GRATIDÃO. Aos pastores, promotores de missões e famílias das igrejas que com- põem o campo fluminense. Os irmãos são o suporte que preci- samos para fazer com que a obra se realize. Nossa equipe é grata pela contribuição de cada igreja e por nos permitir continuar rea- lizando os projetos missionários. Muito obrigado! No amor de Cristo, Equipe de Missões Estaduais da Convenção Batista Fluminense Gratidão EPÍSTOLAS PARA Quero iniciar essa breve refle- xão lembrando da importância de considerarmos primordialmente a essencialidade daquilo que Deus considera mais importante. Deus não se impressiona com suntuo- sidade de templos, conquistas do mundo material objetivo ou com as coisas que brilham aos nossos olhos, como disse o poeta Antoine de Saint-Exupéry, “l'essentiel est invisible aux yeux” (o essencial é in- visível aos olhos), em sua obra “Le petit Prince” (O pequeno Príncipe). Só Deus pode ver nossas atitudes e sentimentos mais interiores. Isso é importante! O Deus que se revelou em Je- sus Cristo sempre destacou que o Espiritual prevalece sobre o mate- rial, o que se testifica pela palavra de Deus. Veja o que diz Paulo a Ti- móteo: “O exercício corporal é bom, porém o exercício espiritual é muito mais importante, e é um revigoran- te para tudo o que você faz. Por- tanto, exercite-se espiritualmente e empenhe-se em ser um cristão cada vez melhor, porque isso o aju- dará, não só agora, nesta vida, mas também na vida futura.” (1 Timóteo 4:8) As pessoas são mais importan- tes do que as coisas. A intenção, que é invisível aos nossos olhos, Deus enxerga e valoriza mais do que a própria atitude, pois Deus não prioriza o exterior: “O Senhor, contu- do, disse a Samuel: "Não considere sua aparência nem sua altura, pois Pr. Amilton Ribeiro Vargas Diretor Executivo da CBF Membro da PIB Universitária do Brasil Atitudes Espirituais Corretas Trazem Bênçãos EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 5 Primeiras Palavras eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" (1 Sa- muel 16:7). Jesus Cristo, declara que Deus vê além das aparências: “Eu, po- rém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com inten- ção impura, em seu coração, já co- meteu adultério com ela.” (Mateus 5: 28). Nem sempre o que encanta nossos olhos é o que está chaman- do a atenção dos olhos do Senhor. Nosso sucesso, vitórias, grandes empreendimentos e realizações extraordinárias não impressionam a Deus. O dinheiro e todos os maiores bens que possamos conseguir não têm nenhum significado para Deus, se não experimentarmos a presen- ça do Senhor, se a “Shekinah” (pre- sença do Senhor) não nos fizer cair de joelhos em sua presença, con- forme na consagração do “Templo de Salomão”. Em recente diálogo com o Pr. Manoel Lincoln Menezes, ele lem- brou: “Deus vê a essência”, e não a coisa objetiva que nos atrai. Deus não olhou para a suntuosidade do templo que estava sendo consa- grado a Ele, mas recebeu a adora- ção, manifestou a sua presença, e orientou: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humi- lhar, e orar, e buscar a minha face EPÍSTOLAS PARA 6 e se converter dos seus maus ca- minhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sa- rarei a sua terra.” (2 Crônicas 7:14) De modo simples e com muita humildade, lembro que Deus não se impressionou com a maravilha arquitetônica da época, não man- dou erigir grandiosos monumen- tos, muito menos pediu coisas. Ele sugeriu atitudes de intimidade com ele, atitudes interiores que só Ele pode avaliar e legitimar como sin- ceras. Ao povo condicionou atitudes que revelam espiritualidade acima da religiosidade, estabelecendo quatro atitudes que demonstram que temos comunhão com Ele e são condições para que as bênçãos aconteçam: “se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos.” Depois de estabelecer condi- ções, Ele promete as bênçãos de- correntes: “então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus peca- dos, e sararei a sua terra.” Precisamos sempre estar aten- tos e, com humildade, seguir a orientação de Deus, pois assim se- remos abençoados. EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 7 EPÍSTOLAS PARA http://ebad.batistafluminense.org.br/ “E tende por salvação a longanimi- dade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Fa- lando disto, como em todas as suas epís- tolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guar- dai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebata- dos, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nossoSenhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.” 2 Pedro 3:15-18 É com grande satisfação que, entregamos as lições do quarto tri- mestre do corrente ano. Sem dúvi- da alguma, esse tem sido um ano de enormes desafios. Todavia, se fizermos uma breve avaliação acer- ca desse período em nossa história, veremos que a ‘boa mão do Senhor’ tem estado nos consolando, confor- tando, encorajando e nos desafian- do a avançar ainda mais. Nós temos sido instados a (re)co- meçar e (re)construir via esperança renovada, assim como a observar e obedecer aos mandamentos do Senhor, para, então, servirmos com excelência e amor no exercício da mordomia cristã. Agora, nesse últi- mo trimestre, estaremos estudando as Epístolas para o nosso tempo. Nesse viés, portanto, refletiremos no que tange às epístolas do Após- tolo Paulo, fechando com ‘chave de ouro’ um ano de estudo sobre temas inspiradores. Destarte, objetivando auxiliar você nessa tarefa, as lições foram escritas pelo experiente teólogo e acadêmico, Pr. Ronaldo Silveira Motta. Indubitavelmente, muito nos EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 9 Pr. Alonso Colares Pastor da Igreja Batista de Vera Cruz, Campos dos Goytacazes (RJ) e Diretor da FABERJ Palavra do Redator EPÍSTOLAS PARA https://www.youtube.com/tvbatista abençoará as suas reflexões e apli- cações acerca desse infindável te- souro de lições alicerçado nas epís- tolas paulinas. Nesse prisma, então, expressa- mos a nossa gratidão, especialmen- te, a Deus pela instrumentalidade desse precioso obreiro do nosso campo fluminense, bem como à equipe de revisores da Faculdade Batista do Estado do Rio de Janei- ro – FABERJ e, também, ao Depar- tamento de Comunicação da nossa Convenção Batista Fluminense pelo empenho e dedicação na elabora- ção desse belo layout da revista. Por fim, com votos de um Fe- liz Natal e um Ano Novo repleto de realizações, nos despedimos de mais um ano de aprendizado e crescimento na Palavra do Senhor. Que o nosso Deus abençoe, po- derosamente, as igrejas do nosso amado campo batista fluminense, e que nos use para a Sua Glória nes- se novo ciclo, o qual se inicia. Feliz 2022! Em nome de Jesus, amém! Nossa oração é que, o SENHOR nos faça crescer por meio do estu- do dessas lições e que, as mesmas sejam um marco em nossa vida para realizarmos o propósito do SENHOR: sermos ‘sal’ e ‘luz’ em um mundo caído. Que o SENHOR nos abençoe e nos guarde! EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 11 Apresentação Quem Escreve Formou-se em Teologia pelo Seminário Teológico Batista Flu- minense e em Direito. É mestre em Teologia. Casado com San- tafé Nunes Campos Motta e pai de Rebeca e Débora. Atualmente coopera com a Igreja Batista Co- paleme (RJ). Pr. Ronaldo Silveira Motta Hoje estudaremos a carta de Paulo aos Romanos. Essa carta é conside- rada por muitos uma das mais impor- tantes de Paulo. Além de ser a maior em volume é também muito influen- te, base dos estudos doutrinários de grandes teólogos e pensadores cris- tãos. A mensagem central de Paulo nes- sa carta é apresentar a sua visão do evangelho de Cristo, na qual a condi- ção de condenação humana é apre- sentada, mas a justificação pela graça é a alternativa mostrada, e a santida- de é um chamamento a um novo es- tilo de vida. Ela tem uma mensagem atual, pois todo ser humano precisa de uma mensagem de esperança em meio ao pecado. Não temos aqui como discorrer sobre todos os temas apresentados em seus 13 capítulos. Por isso, vamos nos deter apenas em alguns aspectos importantes para os dias de hoje e sua aplicação, de forma a trazer bênção e desafio para se viver uma vida relevante em nossa socie- dade. Vamos assim nos deter em apenas 3 pontos: como se manifesta a ira de Deus contra o pecado humano; como o ser humano pode ser justificado; e a santidade de vida como correspon- dente humano. 1. Pecado e ira de Deus (1.18-32) Quando vemos nosso mundo em redor, não temos dúvida de que al- guma coisa está errada com a hu- manidade. Basta olhar para a história Texto base: Romanos 1:1-8 Vivendo pela Fé A Carta aos Romanos EPÍSTOLAS PARA 14 Data do estudo Lição 1 humana com todas as suas guerras, sofrimento e toda sorte de desordem, como também as notícias de muita tristeza que encontramos ao abrirmos os jornais a cada manhã. Bem perto de nós, em nossa família, no local de trabalho, quantos estão sofrendo e fazendo outros sofrerem? Assim era o sentimento de Paulo quando che- gou a Roma, uma cidade cosmopo- lita, capital do mundo de sua época, mas com tantas injustiças e atroci- dades. Em 1:18-32 ele apresenta a Ira de Deus como o resultado diante de tanta pecaminosidade. Ali está um raio X da humanidade, mostrando a perdição que está destinada ao ser humano. Paulo expressa que a bon- dade do Deus Criador pode ser per- cebida em todo lugar (1:19-20). Deus já se manifestou pela criação e tem se revelado através de sua bondade, suprindo a vida humana com todas as bênçãos. A sua divindade pode ser entendida claramente com um espírito humilde e submisso, através das coisas que foram criadas. “Ines- cusáveis” é o termo que significa que não há desculpas para o fato de não se crer em Deus. Verdade é que to- dos podem conhecer a Deus em seu entendimento (1:21-22), pois todas as pessoas têm a imagem de Deus im- pregnada em sua mente, mas não o fazem, e ainda querem se colocar no lugar de Deus, fazendo-se sábios aos seus próprios olhos, o que na verda- de não passa de loucura, pois o ser humano é apenas pó da terra sem o fôlego divino. No entanto, pela ne- cessidade inerente ao ser humano de prestar culto a divindade superior, ele passa a adorar a si próprio, os animais, ou qualquer outro objeto criado (1:23). Então, Deus permitiu ao homem se- guir o seu caminho sozinho. Isso sig- nifica que Deus: a) Os entregou à concupiscên- cia dos seus corações (1:24-25) e aos seus próprios desejos carnais para desonrarem seus próprios corpos. A mentira prevaleceu e levou o homem a servir a criatura ao invés do Criador, que é bendito eternamente. Amém! b) Os abandonou às paixões in- fames (1:26-27) e a praticar atitudes piores do que fazem os animais irra- cionais – que agem apenas por ins- tinto. Homens e mulheres deixaram de lado a natureza, conforme foram criados por Deus, inflamaram-se na homossexualidade e se dedicam a todos os pecados relacionados à se- xualidade, ultrajando o seu próprio corpo, que é templo do Espírito Santo. c) Os entregou aos sentimentos perversos (1:28-32), porque não se importaram em conhecer o seu Cria- dor. A delinquência se generalizou, e o homem faz coisas que não convêm, cheios de todo delito. Veja a lista dos pecados relacionados no texto: ini- quidade, fornicação, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sen- do murmuradores, detratores, aborre- cedores de Deus, injuriadores, sober- bos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 15 afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Tudo isso que acabamos de ver é fruto da incredulidade. Mas como deveria viver o homem? O homem é chamado para viver pela fé (1:17). Este é o ponto central da vida humana. É o ponto de convergência onde ele pode deixar aquela vida sub-humana e passar a viver a vida com Deus: Mas o justo viverá pela fé. 2. Justiça divina, justificação para o homem (Cap. 3) O Deus criador é o justo juiz de toda a terra pecaminosa. Por que Deus precisa julgar? Porque ele é santo e porque não há nenhum ser humano que não seja responsável pelos seus feitos pecaminosos. Todos, sejam ju- deus ou gentios, têm a mesma condi- ção iníqua perante a santidade divina. Que Deus faça justiça é o anseio de todos que sofrem injustiça. Há uma promessa feita desde a separação do homem e seu criador, fruto do gran- de amor de Deus. Naeternidade (Ap. 13:8), Ele estabeleceu a forma pela qual homens pecadores poderiam se relacionar novamente com Ele. Essa promessa foi sendo anunciada na história através da Lei e dos profetas, que culminaria com a chegada de um Redentor, o Justo que morreu pelos pecadores. Esse novo estado de jus- tiça é recebido unicamente pela fé na obra de Cristo (3:22-23) e é, tam- bém, conferido gratuitamente, pois ninguém jamais merecerá, por isso que é um presente, é graça, advinda de um alto preço pago por Jesus na Cruz, com seu o sangue derramado (3:24-28). Outro aspecto dessa justiça divina é que ela é universal. Ela está disponível para todas as pessoas de todas raças, tribos, línguas e nações da Terra. Não está presa a uma nação ou credo religioso. Paulo usa termos como circuncisos e incircuncisos para mostrar essa realidade, ou seja, os judeus descendentes de Abraão e os gentios (3:29-31). Quantas pessoas ainda estão perdendo o privilégio da salvação! 3. Santidade de vida (Cap. 8) Outro ponto da mensagem do evangelho que Paulo expõe na sua carta aos Romanos é a santidade (8:1- 2). A justiça de Deus em Cristo retira de nós toda a condenação e, a partir de então, não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Que é isso senão viver em santidade?! É assim que acontece com você? Deus nos chama para a santidade de vida, porque esse é o melhor estilo de vida, visto que é a vida de Deus, pois a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, nos livra da lei do pecado e da morte. Há na natureza humana uma necessida- de intrínseca de buscar o que é reto, o gosto pelo que é bom, atraído pela beleza e pela estética. Desde todos os tempos, o homem procurou seguir regras, normas para o seu bem-estar. São limites autoimpostos para sua EPÍSTOLAS PARA 16 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Romanos 8:18-30 Romanos 8:1-17 Romanos 3:21-31 Romanos 3:1-20 Romanos 2:1-16 Romanos 1:18-32 Romanos 1:1-17 própria sobrevivência. A Lei foi dada por Deus para que o homem pudesse ver seus limites e imperfeições, pois jamais seria possível cumprir toda a Lei. Imaginemos Paulo, em seu de- sejo de ser santo, cumprindo a Lei, mas nunca alcançando a perfeição! A única alternativa é a Lei do Espírito, que nos é dado quando recebemos o Filho de Deus pela fé. Uma vez ado- tados por Deus, recebemos todas as bênçãos do Espírito Santo e temos a possibilidade de vitória sobre a carne. Estamos abertos para todas as bên- çãos do Espírito Santo, sua direção, testemunho e a certeza da herança que nos está reservada. (8:14-17). Conclusão Estudamos que a realidade dura da humanidade está baseada numa vida de pecado, afastada de Deus e sujeita a Sua ira, não no sentido de um Deus caprichoso que está sentado no céu a atirar flechas de trovões e re- lâmpagos a quem fizer coisa errada. Não. Deus simplesmente permite que o homem viva distante dele, fora dos limites e recebendo as consequên- cias de seus feitos, que é a morte física e eterna. Mas Deus é tão justo e bom que trouxe salvação quando Cristo suportou a morte por nós cum- prindo toda justiça. A redenção é um privilégio tão grande que requer de nós um estilo de vida do céu, uma vida santificada aqui na terra. E é o Es- pírito Santo, que habita em nós, que vai promover a vitória sobre a carne. Para pensar e agir 1. Quando olhamos a natureza, sua beleza e grandiosidade, vemos que toda a criação aponta para o Criador. Por que o ser humano precisa ado- rar a criatura, aves, animais e objetos criados em lugar do Criador? Quando acontece assim, Deus permite o ho- mem seguir o seu caminho, entre- gando-o à própria sorte. 2. Pense e reflita sobre a situação de permissividade que aflora em nossa sociedade, como homosse- xualidade, adultério, crimes etc. Pela palavra que estudamos tudo isso é consequência do afastamento de Deus. Mas Jesus é a justiça de Deus para todo aquele que busca socorro e salvação. E isso se alcança somente pela fé. 3. Ser santo no mundo e agir como tal é resultado da ação do Espírito Santo na nossa vida. Precisamos pre- gar a mensagem redentora e orar em favor daqueles que estão vivendo ainda no pecado. EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 17 A igreja de Cristo é formada por seres humanos que ao se converte- rem trazem consigo toda a história de vida, seu passado e presente, com suas tradições e costumes. Na igreja de Corinto isso se acentuava de tal maneira que havia muita dificuldade na mente dos crentes em praticar o novo padrão bíblico. Paulo recebeu uma carta que relatava questões re- lacionadas ao casamento e celibato, oferendas aos ídolos, o culto público e dons espirituais, além de desvios na conduta de vários crentes, o que tornava a ruptura com o paganismo muito indefinida. Apesar de tantos erros cometidos dentro da igreja, pesava ainda sobre eles o fato de muitos serem soberbos por causa do conhecimento que jul- gavam ter, mas eram na verdade ig- norantes e não sabiam nem o básico sobre a vida cristã. Foi preciso Paulo usar a expressão “não sabeis” várias vezes para convencê-los do erro, es- pecialmente aos que achavam que sabiam tudo. Provavelmente Paulo escreveu essa primeira carta da cida- de de Éfeso, onde ficou por mais de dois anos, por volta do ano 55 d.C. Vejamos os problemas da igreja em Corinto e se há alguma relação com a igreja atual. 1. A divisão dentro da igreja (3:1-23) No v. 4 do capítulo 3, está escrito: "Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: eu, de Apolo, não é evi- dente que andais segundo os homens? Texto base: 1 Coríntios 1:10 A Unidade Cristã A Primeira Carta aos Coríntios EPÍSTOLAS PARA 18 Data do estudo Lição 2 Quem é Apolo? E quem é Paulo?" A di- visão, portanto, dento da igreja está clara. Mas precisamos perguntar quais as principais causas de divisões na igreja de Corinto. Fica claro no início desse capítulo que Paulo não podia falar a pessoas amadurecidas espiritualmente e ele usa o termo “carnais” para expressar que eram crianças espirituais. A falta de discernimento leva à convivên- cia natural com o mundanismo, que preza a sabedoria humana. Eles não cresciam porque alimentavam seus apetites carnais. Assim, a carnalidade cria divisões, pois o ciúme e as con- tendas são atitudes carnais mais infe- riores do ser humano, os seus desejos egoístas. Precisamos sempre olhar para Je- sus, corrigir o sentimento de orgulho e egoísmo e entender que todos são iguais na igreja onde Jesus é o Senhor. 2. Questões de indisciplina (5:1-13) Outro problema que Paulo vai tratar é sobre como aplicar a discipli- na na igreja. Ele tomou conhecimento de imoralidades cometidas dentro da igreja e orienta o que se deve fazer. Ele inicia o capítulo cinco dizendo que “geralmente se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, al- guém que se atreva a possuir a mulher do seu próprio pai” (5:1). O que temos aqui é no original grego porneia, que significa prostituição ou fornicação. Porém, a igreja ficou inerte, não to- mou nenhuma providência. Todos falavam sobre o assunto (cochichos) mas tudo continuava normal. Não se lamentaram nem disciplinaram o transgressor. Pense em como Paulo foi duro ao dizer nem entre os gentios se praticava isso. Ele então propõe uma reunião para que na autoridade do Senhor se aplicasse a disciplina. Ser entregue a Satanás para a des- truição da carne significa a excomu- nhão ou exclusão da comunhão com a igreja, e o imoral estaria totalmente exposto as ações do inimigo para so- frer as consequências do pecado em seu corpo físico. Quando Paulo escre- ve “a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (5:5), indica que a disciplina precisa ser com amor e com o único propósito de corrigir o rebelde. A exclusão nunca deve ser um fim, mas um meio para restaura- ção do pecador com arrependimento. 3. Dificuldades na comunhão (11:17-34) Um ponto significativo,se não bastasse todos os problemas de dis- senção e a consequência disso, era quando se reuniam para a celebração da Ceia do Senhor. Paulo inicia o tema afirmando que não os elogiava (11:17), porque quando estavam reunidos para o que deveria ser um culto de confraternização, a festa ágape, es- tavam piorando ainda mais o caráter espiritual. Vejam a seriedade do pro- blema, pois não estavam melhorando em nada participar da Ceia do Senhor. EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 19 Faltava comunhão e sobrava egoís- mo. Talvez em alguns casos hoje, não seja o pão físico ou vinho que falta, mas ainda faltam compaixão e amor, sobrando soberba e orgulho. Paulo passa a orientar sobre a Ceia do Senhor a partir do que “recebeu do Senhor” (11:23), ou seja, sua revelação direta do Senhor. Há uma citação de um momento histórico, quando diz que a ceia tem o referencial daquilo que aconteceu “na noite em que foi traído”. A morte de Cristo é o elemen- to primordial e deve conduzir todo o culto. Há, portanto, uma relação dire- ta entre pregar o evangelho e a cele- bração da Ceia. A participação dessa ordenança e memorial dever ser de maneira digna, pois aquele que parti- cipa de outra forma é também culpa- do da morte de Cristo. Para que não se torne “réu”, é necessário que cada um “examine-se a si mesmo” (11:28) e assim participe da ceia, reconhecen- do a presença do Senhor ressurreto reunido ali. Assim, é imprescindível esperar pelos outros, e estar não ape- nas juntos, mas unidos em um propó- sito. 4. Desvios doutrinários (15:1-58) Havia, entre os coríntios, pessoas pregando “que não há ressurreição dos mortos” (15:12). Paulo responde com esse que é o maior capítulo da carta, iniciando com o testemunho vivo e eficaz das Escrituras (o Antigo Testamento) e também das testemu- nhas oculares, aqueles que viram o Senhor ressuscitado. Ele apresenta a seguir uma série de consequências que ocorre por se negar a ressurrei- ção de Jesus. Se Cristo não ressus- citou e os mortos não ressuscitam, Cristo continua morto. E se Cristo não ressuscitou, todo o esforço de evangelização é vão e é vã a fé cris- tã, pois esta se baseia na ressurreição de Cristo. Portanto, de que aprovei- taria tanto esforço (15:29) da parte dos apóstolos e de todos os crentes, a pregação do evangelho e serviço cristão? Tudo isso seria em vão e sem sentido se não houvesse ressurreição dos mortos. Finalmente, ele apresenta o triunfo sobre a morte, mostrando a destrui- ção definitiva da morte e do pecado, quando chegar a ressurreição (15:54- 57). É preciso estar firme diante de tantas tentações e sofrimentos dessa vida, mas a certeza da esperança da ressurreição deve trazer encoraja- mento e firmeza para permanecer na fé e como incentivo para trabalhar cada vez mais, “sempre abundantes da obra do Senhor” (15:58). 5. O dom supremo (13) Deixei esse capítulo por último porque ele se aplica a todos os as- suntos da carta. Embora saibamos que ele está mais relacionado com os dons espirituais, que também eram motivo de divisão na igreja, o amor é dom supremo que suplanta todas as dificuldades de relacionamento. Na perspectiva de Paulo o problema EPÍSTOLAS PARA 20 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária 1 Coríntios 13:1-13 1 Coríntios 15:29-58 1 Coríntios 15:1-28 1 Coríntios 11:17-33 1 Coríntios 5:1-13 1 Coríntios 4:1-21 1 Coríntios 1:1-23 principal da igreja de Corinto era a falta de amor. Assim, perguntamos: como está esse quesito em nossas igrejas? Paulo, neste capítulo, quer ressaltar a supremacia do amor e usa comparações e hipérboles para mostrar (13:1-3) que todos os dons e ações eclesiásticas são inúteis, se são realizados sem amor. Ele mostra atra- vés das palavras “paciente, benigno, espera, suporta” (13:4-7), que são atitu- des de mansidão, porém, não reduz o amor a um sentimento banal ou me- cânico. Pelo contrário, é preciso mui- to autocontrole para exercitar o amor em meio a indiferença. O amor não se ressente do mal, tudo ou sempre suporta, e jamais acaba. Ele expressa “quando, porém, vier o que é perfeito” (13:10), referindo-se à segunda vinda de Cristo como o último aconteci- mento no plano redentor de Deus. Conclusão Vimos neste estudo que, embora não seja perfeita neste mundo, a igre- ja precisa caminhar nesse sentido, pois perfeita será nos céus. Qualquer rebeldia, presunção, divisões e falta de amor precisam ser combatidos dentro da igreja. Outros temas tam- bém não foram tratados aqui nesta lição como, por exemplo: casamento e divórcio, alimentos oferecidos a ído- los, dons espirituais e coletas de ofer- tas. Mas o importante é aprender que problemas existem quando estamos juntos, seja em família ou na igreja, e é crucial saber resolvê-los, para o bem de todos e glorificação do nome do Senhor. Para pensar e agir 1. Avalie em seu coração se há al- gum conflito que traz divisão à sua igreja. Como você tem lidado como esse mal? Se há alguém que comete deslizes imorais e precisa ser corrigi- do, siga as orientações de Jesus em Mateus 18:15-17. 2. A soberba precede a destrui- ção, diz Prov. 16:18. Mesmo sabendo disso, muitos cristãos ainda sofrem deste mal. Como é possível superar esse mal e viver dentro da vontade de Deus, abençoando a igreja? 3. A ressurreição de Cristo é o pon- to fundante da fé cristã. Pare e pense nas consequências negativas relata- das por Paulo e veja se há, porventu- ra, dúvida sobre ela. Vivamos sempre expressando o amor de Deus reve- lado por Cristo em sua morte. Esse amor deve balizar todas as nossas ações, seja fora ou dentro da igreja. EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 21 É natural que qualquer pessoa se sinta triste quando é criticado ou a ela se faz oposição, ainda mais quando se faz o que é certo e de acordo com a vontade de Deus. O apóstolo Paulo expressa os seus sentimentos nessa segunda car- ta aos Coríntios, provavelmente por ter sofrido oposição de um ou alguns crentes que o ofenderam muito. Não sabemos os detalhes do que tenha ocorrido na viagem que fez após ter fundado a igreja em Corinto, em 51-52 d.C., mas nessa carta ele vai defender o seu minis- tério e motivar cada cristão a exer- citar o ministério da reconciliação. Paulo escreve essa carta da Ma- cedônia, provavelmente no ano 57 d.C., aproximadamente um ano de- pois da primeira. Tudo indica que ele escreveu outra carta, conforme sugerem 2 Co 2:3 e 7:8, o que causou muita tristeza na Igreja. Parece que a situação entre Paulo e os mem- bros daquela igreja piorou depois que eles leram as cartas. A Igreja tinha uma série de erros graves, os quais Paulo procurou corrigir, mas alguns membros diziam que Pau- lo não tinha autoridade apostólica para resolver problemas da igreja. A segunda carta aos Coríntios busca sanar essa questão e, por isso, tem o objetivo pastoral de trazer conso- lo em meio ao sofrimento. Vejamos então, alguns aspectos da carta que são importantes para nós hoje. Texto base: 2 Coríntios 1:12-14 O Ministério da Reconciliação A Segunda Carta aos Coríntios EPÍSTOLAS PARA 22 Data do estudo Lição 3 1. Ajuda no sofrimento (1:3-11) Após a sua apresentação e sau- dação, Paulo agradece a Deus pela consolação dispensada em meio a tantas angústias e tribulações pelas quais passou. Ele afirma que Deus é o único que pode de fato consolar, por isso ele bendiz ao Senhor. Sim, Deus é o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação. Mas a visão dele vai além e enxerga um propósito até para o sofrimento com o consolo divino, pois apren- demos como consolar os outros com o conforto que recebemos de Deus. Ele expressa que somos capacitados a “consolar os que es- tiverem em qualquer angústia” (1:4), ou seja, todo crente torna-se um consolador neste mundo de de- sesperança. Paulo relembra (1:8) as ameaças e perseguições que so- freu na Ásia e foram de tal intensi- dade que ele sentiu ser acima das forças humanas. Ele se desesperou da própria vida. Parece quePaulo compartilhou sua experiência na certeza de que mesmo com a sen- tença de morte não confiava em si mesmo, mas em Deus, que ressus- cita os mortos. Mas também enten- deu que as orações da Igreja a seu favor o ajudaram, pois foi livramento da parte do Senhor como resposta a essas orações. Paulo sempre re- fletia o melhor acerca daqueles irmãos e parece que ele faz essas colocações para chegar ao destino que pretendia – avaliar o sofrimento causado por alguns irmãos na pró- pria Igreja. 2. O ministério da restauração (2:5-17) Nesse capítulo, Paulo vai direto ao ponto que causou o problema na Igreja. Perceba que ele não cita o nome nem o problema em si, mas simplesmente diz: “se alguém cau- sou tristeza” (2:5). Ele não quer criar mais polêmica e, sim, solucionar o conflito. É sempre bom nos repor- tarmos à Primeira carta, na qual muitos pecados são denunciados, mas com objetivo de trazer cura para a comunidade. Aqui no texto, percebemos o apóstolo mostran- do maneiras para restaurar aqueles que caem. O mal cometido não foi apenas uma ofensa ao apóstolo, mas a toda a Igreja (2:5). Provavel- mente a Igreja (a maioria dos cren- tes) já havia aplicado a disciplina ao ofensor (2:6), o que já era bastante. Portanto, a disciplina não devia con- tinuar, qualquer que fosse o peca- do, se houve arrependimento. Se o irmão já tinha se arrependido, não havia mais por que se prolongar a questão. Quantas vezes perde-se tanto tempo e a comunhão porque alguns irmãos se prolongam num EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 23 assunto que Deus já perdoou, e os ofensores já se arrependeram! Que bom seria se esses quesitos fossem seguidos sempre que houvesse tristeza pelo pecado cometido. Mas Paulo continua em sua orientação, insistindo no perdão. A atitude da igreja em perdoar e confortar (2:7) é para impedir que pessoas sejam consumidas pela tristeza excessiva, o que leva ao desânimo. Só havendo verdadeiro amor é que se perdoa! (2:8, 9). As- sim, a recomendação é que a igreja confirme o amor para com o irmão. É um sinal de obediência agir assim, e foi por isso que Paulo escreveu estas orientações. A expectativa do apóstolo era de que se a Igreja per- doasse, ele também perdoaria, por- que confiava no julgamento da con- gregação, uma vez que tudo devia ser feito na presença de Cristo, que é o Senhor da Igreja (2:10). Um alerta é dado agora (2:11): é um risco para a igreja não aplicar uma disciplina que é necessária, mas também é um perigo não perdoar quando há verdadeiro arrependimento, pois Satanás pode obter vitória contra a igreja. Como ele faz isso? Apa- gando o testemunho da igreja que admite o pecado, mas também não perdoando, aniquila-se o irmão ar- rependido. 3. Vasos frágeis, mas fortalecidos (4:7-18) Paulo continua tratando aqui so- bre o ministério cristão que, apesar de todo sofrimento e perseguição, traz em si mesmo um grande te- souro, que é a boa nova do evan- gelho. Ele vai agora falar sobre essa instrumentalidade humana, que é usada por Deus para levar a mensa- gem de paz, o tesouro em vasos de barros. Vejam o senso de humilda- de e confiança do apóstolo em ob- servar sua condição humana, mas que experimenta uma glória de ser portador da nova aliança de Deus com o homem. Somos fracos e frá- geis em nosso corpo físico, como um vaso que pode se quebrar a qualquer momento, mas que trans- porta a excelência do poder de Deus (4:7). O poder está, portanto, sempre nas mãos de Deus e nunca nas mãos humanas, até mesmo de um líder na igreja. Esta é sempre a maneira de Deus agir, de modo que tudo que é de fato útil e aproveitá- vel eternamente é realizado por Ele por intermédio dos que são fracos e humanos. Paulo vai mais uma vez falar da condição de sofrimento humano, nossa verdadeira realidade. Apesar de aparentemente nos sentirmos fortes e cheios de vitalidade, so- mos vasos extremamente fracos e EPÍSTOLAS PARA 24 inúteis se não formos sustentados por Deus mesmo. Somos todos, e Paulo se inclui em primeiro lugar, “atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desampara- dos; abatidos, mas não destruídos” (4:8-9). Ele havia passado por tudo isso em seu ministério – pressão fí- sica, emocional e espiritual, como se estivesse levando em seu corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus pudesse se manifestar no corpo (4:10-11). Cristo sempre este- ve ao seu lado, por isso mesmo não se sentiu angustiado, desanimado, desamparado nem destruído. Qual seria a razão para não de- sanimar desse árduo ministério de levar o tesouro a todas as pessoas? Ele responde dizendo que é pelo “espírito da fé, conforme está escrito: Eu cri; por isso é que falei” (4:13), re- ferindo-se ao Salmo 116:10 (na ver- são Septuaginta). Esse é o alimento diário de cada crente, que com uma fé genuína tem condições de falar da graça de Deus e superar todas as tribulações. Essa fé age na vida do crente de forma presente, mas também o leva para o futuro, na certeza da ressurreição: “aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco” (4:14). Por- tanto, o grande propósito do nosso ministério (4:15) é a glória de Deus e esta razão, para o apóstolo Paulo, tornava firme e inabalável a sua es- perança a ponto de suportar todos os infortúnios, para que Deus fosse honrado em todos os lugares. Mas a graça de Deus é tão abundante que, apesar de ser a sua glória o ob- jetivo final, durante a caminhada o amor entre os irmãos cresce, e ou- tros também são beneficiados pelo mesmo amor de Deus. Quando a graça é multiplicada, mais pessoas são salvas e abençoadas, e mais e mais Deus é honrado. A razão pela qual Paulo não desanimava era por- que a glória de Deus se manifestava através do desempenho do minis- tério a ele confiado e se reanimava dizendo: “embora o homem exterior (o corpo físico) se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia” (4:16). É assim também com você? Paulo finaliza esse capítulo in- centivando os crentes de Corinto a continuar a jornada cristã, com- parando o que é momentâneo e o que é eterno. Embora as tribulações tenham sido severas, para ele foi como se fossem leves e breves se comparadas com “o eterno peso de glória” (4:17). A fé nos convoca a nos identificarmos com Cristo em seus sofrimentos, para que também possamos desfrutar de sua glória. Sim, somente pela fé podemos ver o mundo invisível, pois as coisas EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 25 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária 2 Coríntios 4:16-18 2 Coríntios 4:1-15 2 Coríntios 3:1-18 2 Coríntios 2:14-17 2 Coríntios 2:1-13 2 Coríntios 1:15-24 2 Coríntios 1:1-14 visíveis fisicamente são temporais, mas as que não se veem são eter- nas (v.18). Conclusão A segunda epístola aos Corín- tios é uma carta muito pessoal, que demonstra toda a emoção do apóstolo Paulo. Assim como ele, todos nós somos surpreendidos diariamente por problemas e tribu- lações, mais ainda quando se tra- ta do ministério cristão, passamos por perseguições e críticas de todo jeito, até mesmo internamente na igreja. Aprendemos que o consolo e o encorajamento divino estão pre- sentes em meio ao sofrimento e às dificuldades, e que somos fortale- cidos para que sejamos portadores do ministério da consolação. Mas também aprendemos que o poder de Deus é manifestado por meio da fraqueza e, embora sejamos vasos de barros, levamos um tesouro co- nosco. Quando nos identificamos com Cristo em seu sofrimento e morte, podemos ter esperança e aguardar a ressurreição, para assim experimentar a sua glória. Para pensar e agir 1. Muitas vezes a igreja sofre por problemas causados por algum ir- mão. Não podemos ser omissos e deixar as coisas erradas acontece- rem nem podemos deixar de aco- lher aquele que se arrepende. 2. Quando foi a última vez que você se sentiu perseguido por fa- lar e viver o evangelho? Nesses momentos, o próprioEspírito San- to está sofrendo conosco. Jesus está ao nosso lado para consolar e confortar, mas também encorajar a continuar. Somos fortalecidos em nosso caráter para que também se- jamos portadores do ministério da consolação. 3. Você vive consciente do valor precioso do tesouro que leva consi- go? E da fragilidade do seu corpo? Pense sempre em ser completa- mente dependente do poder de Deus para viver a vida abundante que Ele prometeu, não andando por vista, mas pela fé que leva a espe- rança na eternidade. EPÍSTOLAS PARA 26 Esta epístola foi escrita, provavel- mente, entre os anos 49 e 55 d.C. às igrejas da região da Galácia. Talvez seja a mais antiga escrita por Paulo. Era uma província romana da Ásia Menor, a qual foi evangelizada por Paulo em suas viagens missionárias e, ali, se estabeleceram várias igre- jas nessa região. Portanto, a carta é endereçada não a uma igreja, mas a igrejas. 1. Motivo da carta Um dos erros frequentes daqueles dias e, também, de hoje, é o que Pau- lo chamou de ‘fermento do legalis- mo’, então, conhecido como ‘galacia- nismo’. O estudo da carta aos Gálatas é fundamental para se corrigir os er- ros doutrinários da fé cristã. É comum a confusão entre a lei e a graça, onde se prega o cumprimento da lei como algo exigível para justificação diante de Deus. Paulo se apresenta (1:1,2) aos lei- tores como “apóstolo, não da parte de homem, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cris- to e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”. Ele não foi comis- sionado nem representava alguma instituição humana, mas unicamen- te Cristo. Vale dizer que, nos v.10-24, Paulo se apresenta como alguém credenciado pelo Senhor a pregar o evangelho e, por isso, não o fazia para agradar aos homens, mas ao Senhor. Ele faz um relato de sua vida, conversão, chamada e capacitação para o ministério. O que ele passaria a tratar era tão relevante, que preci- Texto base: Gálatas 1:6-10 O Evangelho da Graça A Carta aos Gálatas EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 27 Data do estudo Lição 4 sava reivindicar a autoridade divina para usar suas palavras com sabe- doria contra toda estrutura religiosa, especialmente nesse caso, a judaica. Nos v.6-9, Paulo expõe a insegu- rança que pairava naquelas Igrejas. Depois de enaltecer o evangelho da graça (1:4,5), ele passa a condenar o evangelho das obras. Ele se sente (1:6,7) espantado pela rapidez com que aqueles crentes retornaram às doutrinas judaizantes. Para ele, esse é outro evangelho que, no final das contas, não é o evangelho da graça. Para ele (1:8,9) não era, simplesmen- te, fazer opção entre essa ou aquela doutrina, mas trocar a verdade pela mentira. É bom lembrar que, não se trata apenas de trocar o rótulo de um produto, mas sim o conteúdo todo. Destarte, era o que acontecia e, as- sim, o apóstolo era tão duro ao dizer que deviam ser mesmo considera- dos anátemas: amaldiçoados. No cap.2:1-21, ele faz uma defesa contra os inimigos, os quais queriam desacreditá-lo. Ele mostra que agia conforme todos os demais apóstolos de Cristo. Foi, então, que a Igreja de Antioquia, bem como, a de Jerusa- lém não tiveram dificuldades de en- viá-lo ao ministério entre os gentios. No cumprimento da missão, depois de quatorze anos, encontrou-se com Pedro e Tiago, e leva provas da efi- cácia, quando apresenta Barnabé e Tito. Relembra um episódio da dis- cordância e inconsistência de Pedro, o qual foi por ele repreendido quanto à essa conduta (2:11-21). 2. O erro que fascina (Cap. 3) Paulo vai mostrar como o erro fas- cina o ser humano e, como, até os crentes são enganados. Ele vai reafir- mar que, somente a justificação pela fé deve ser ensinada. Na visão pauli- na, a promessa é superior à Lei. Nes- se prisma, então, ele usa o exemplo de Abraão, considerado o Pai da fé, e salvo porque creu e, depois, agiu. A Lei teve o propósito básico (3:19) de mostrar ao homem sua imperfeição e incapacidade e, assim, sentir a ne- cessidade de um salvador. Portanto, uma vez que Cristo che- gou, nós estamos submissos a Ele e, não mais, debaixo do jugo da Lei. É lindo saber que, em Cristo, todos somos iguais. Não há mais distinção entre judeu e grego; escravo ou livre; homem ou mulher (3:28). As dife- renças naturais não importam mais, pois a relação com Deus depende unicamente da fé em Cristo Jesus e da submissão ao seu senhorio. Não há mais que pensar se somos filhos da escrava (Hagar) ou da livre (Sara) (4:21-31), uma vez que, pela fé, somos filhos de Deus (3:1-31), gerados para sermos semelhantes a Cristo. (4:1-31). 3. A liberdade cristã (5:1-15) Qual o conceito que temos de li- berdade cristã? Será livre, alguém que simplesmente pode ‘ir’ e ‘vir’, fi- sicamente falando? Paulo vai tratar dessa liberdade espiritual, bem como EPÍSTOLAS PARA 28 das emoções. Como vimos, a falta de liberdade torna o homem cativo. Uma das coisas mais lindas que traz a justificação pela fé é a vida prática; é o fato de sermos livres em nosso in- terior. Podemos até ser presos como Paulo, muitas vezes, e, mesmo assim, podermos cantar louvores ao nosso libertador. Somente a Deus, havemos de prestar contas e o obedecermos por amor e não por obrigação, pois sabemos que Seu caminho é perfeito e leva à vida. Nesse viés, então, estu- daremos. Neste cap.5, a ameaça que ron- dava as igrejas da Galácia é de se voltar à escravidão da Lei, despre- zando dessa forma a liberdade que Cristo alcançou – liberdade do poder do pecado e da lei mosaica, que é o caso no presente estudo. Em 5:1-4, somos exortados ao fato de que de- vemos permanecer nessa liberdade, porque do contrário a obra de Cristo torna-se em vão (v.2). Será que Cristo morreu em vão? Todavia, é isso o que acontece, quando pensamos que podemos fazer alguma coisa ou obedecer a alguma lei para sermos salvos. É como se substituíssemos o Salvador por nós mesmos, ou seja, por nossas obras. A obrigação de guardar a Lei (v.3) é imperiosa. E quem é capaz de realizar esse feito? Os falsos mestres, que andavam entre as igrejas, en- sinavam dessa forma, o que para o apóstolo era um impedimento para continuarem bem a caminhada cris- tã (5:7). Paulo terá de advertir que, a liberdade não pode dar lugar à licen- ciosidade, pois, uma vez que fomos chamados à liberdade, não se pode dar lugar à carne, que leva à anarquia (5:13). Notem que é o outro extremo, a licenciosidade para pecar. Em 5:16-21, Paulo chega a um pon- to crucial: Quem está no comando da nossa vida: a carne ou o Espírito? A quem estamos obedecendo? Quem está nos guiando? Importa lembrar que, nós temos uma natureza car- nal a qual, no entanto, não pode nos dominar. Somos muito mais do que simples animais do campo; somos a imagem e semelhança de Deus. Se, em nós, existem essas duas forças que se opõem para que não façamos o que queremos, cabe a cada um de nós escolher quem vai nos conduzir – ou o Espírito ou a carne. Contudo, é preciso andar pelo espírito (5:16), para não cumprir a concupiscência da carne, a saber: os desejos maus, impulsos e apetites carnais, que dão prazer momentâneo, mas que es- craviza, e, logo adiante, leva à morte. Como tem sido a sua conduta, boa ou má? A expressão ‘milita’ (5:17,18) de- monstra que, a nossa mente se torna o campo de batalha entre o Espírito e a carne. Aquele a quem nos subme- temos e passamos mais tempo, será o vencedor. Teremos alegria e paz, ou desilusão e dor. Paulo tem o cuidado de relacionar algumas obras da carne, as quais po- dem ser assim divididas: na área do sexo: prostituição, impureza, lascívia. Na área da religião: idolatria e feitiça- ria. Na área social: inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 29 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Gálatas 5:16-26 Gálatas 5:1-15 Gálatas 4:1-31 Gálatas 3:1-29 Gálatas 2:1-21 Gálatas 1:11-24 Gálatas 1:1-10 facções e invejas. Na área da alimen- tação: bebedices e glutonaria.Será que ainda há alguém, entre nós, es- cravo de algum desses pecados? No entanto, a marca do verdadei- ro cristão está em produzir o fruto do espírito (5:22-26). Mas o fruto do espíri- to é: amor, alegria, paz, que são frutos produzidos no relacionamento com Deus. Longanimidade, benignidade, bondade, que são frutos produzidos em nosso relacionamento com os outros. Os demais frutos são produ- zidos em nosso relacionamento co- nosco: fidelidade, mansidão e domínio próprio. Entretanto, a conquista sobre a carne só ocorre (5:24-26), quando a carne, com suas obras más, é crucifi- cada, e passamos a andar no espírito. Se, de fato, temos uma nova vida em Cristo, por obra do Espírito Santo, de- vemos crucificar a carne e andar no Espírito. Conclusão Muitas vezes, precisamos ser enérgicos na defesa da nossa fé. Paulo não se intimidou diante dos inimigos que perturbavam as Igrejas da Galácia, porém, com autoridade, chamou a todos à responsabilidade diante de Deus. Como é fácil voltar ao erro do lega- lismo e decair da graça. Infelizmen- te, muitos irmãos estão iludidos por meio desse tipo de religiosidade, que dá uma aparência de espiritualidade. Porém, para a liberdade, Cristo nos li- bertou. É preciso crucificar a carne e suas obras malignas, bem como, não devemos abrir mão do privilégio de viver pelo Espírito e produzir o fruto do Espírito. Para pensar e agir 01. O legalismo é, ainda hoje, um erro comum. Pense em como corre- mos o risco de decair da graça. Que tipo de obras e atitudes legalistas são requeridas, para se ter uma apa- rência de superioridade espiritual ou ajudar na salvação? 02. A licenciosidade é o outro extremo. Para muitas pessoas, a li- berdade é opção para praticar a carnalidade. As obras da carne são manifestas e a lei é dada, justamen- te, para impedi-las. Como é possível conciliar a liberdade sem ferir o direi- to do próximo? 03. O fruto do Espírito se manifesta por meio do amor em suas diversas facetas. Pense naqueles que, estão escravizados pelo legalismo ou mer- gulhados no mundanismo e, sobretu- do, como você pode atingi-los com o amor de Deus. EPÍSTOLAS PARA 30 Paulo destina essa carta à igreja, na antiga cidade de Éfeso, situada na atual Turquia hoje. Era uma colô- nia grega, a qual se tornou província romana, cuja característica e grande atração da cidade era o culto à deu- sa Diana. (At 19:28). Paulo escreve essa carta não por- que havia alguma disputa ou proble- ma interno, como no caso de outras de suas cartas, mas para apresentar as doutrinas fundamentais, como um resumo da fé cristã, fortalecen- do assim a fé daqueles irmãos. Ela foi escrita, objetivando mostrar que a unidade da igreja é algo real e pos- sível de ser vivida no dia a dia e que, por isso, ela expressa seu louvor e apela para que vivamos em santi- dade e unidade (4:13; 5,8). A igreja é, na visão apresentada pelo apóstolo, uma nova sociedade de Deus viven- do nesse tempo. Não será possível ver todo o conteúdo desta carta, numa só lição, mas poderemos ex- trair significativa aplicação para nos- sa vida. 1. Uma nova vida em Cristo (Ef 1:3; 2:10) A lógica do ensino paulino é que se deve apresentar a doutrina, ou o alicerce da nossa fé, para a partir daí buscar a prática do dever cristão. Nessa doutrina, está incluído o fato de sermos escolhidos pelo Pai e, as- sim, nos tornamos um povo seu. Há muitas bênçãos envolvidas (1:3), as quais ultrapassam esta vida presen- te, pois são bênçãos celestiais (1:20; 2:6). Toda essa sorte de bênçãos está Texto base: Efésios 1:2-14 Regenerados para Servir A Carta aos Efésios EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 31 Data do estudo Lição 5 destinada aquele que crê. O fato de sermos eleitos para sermos confor- me Cristo, é um estímulo à santidade e nunca desculpa para pecar. Paulo para de escrever sua carta, com o intuito de fazer uma oração de gratidão (1:15,16), pois havia fé em Jesus e amor aos irmãos naquela igreja. Sua gratidão e alegria eram tanto que ele diz: “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando- -me de vós nas minhas orações”. De quem você tem se lembrado, dessa forma, e orado por? Mas também, Paulo ora pedindo (1:17-23) que, o conhecimento deles seja cheio do espírito de sabedoria e de revelação. Quão importante é agirmos com a sabedoria divina! Quantos erros e sofrimentos desnecessários! Contudo, o seu pedido a Deus vai além: “tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que sai- bais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da gló- ria da sua herança nos santos. E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos...” É maravilhoso saber que, toda essa glória que nos está reservada, ad- vém da mesma operação da força do poder de Deus que se manifes- tou em Cristo, ressuscitando-o den- tre os mortos; elevando-o aos céus, onde está à direita do Pai, acima de toda e qualquer outra autoridade. Nessa ótica, então, precisamos compreender qual é a nossa atual condição humana. 2. Nossa condição natural (2:1-3) É impactante saber que apesar de respirando, andando e fazendo todas as coisas fisicamente, mes- mo assim, estávamos mortos. Pau- lo apresenta os dois motivos pelos quais todos estão mortos: 01. Deli- tos; 02. Pecados. A pessoa que, ain- da, não nasceu de novo, está morta, ou seja, fora da vida de Deus e se- parada dEle por causa dos pecados. Nessa vertente, é possível nos lem- brarmos do profeta Isaías (Is 59:2s), denunciando que as vossas iniqui- dades fazem separação entre vós e vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Que estado triste e miserável do homem sem Deus! É como a distinção entre um corpo cadáver e o outro, são. Logo, essa é a condição espiritual de todos. Outro aspecto, é que éramos escravos. Um escravo não tem op- ção e, assim, é aquele que segue o ‘príncipe da potestade do ar’ (2:2); é um ‘espírito que atua nos filhos da desobediência’. Melhor dizendo, o homem sem Deus é direcionado por Satanás e faz o lhe agrada, deso- bedecendo a Deus. Isso seria como uma estrada que se caminha, ou um sistema que é proposto, o qual é chamado por ele no curso deste mundo. Assim como o rio segue o curso d’água, assim também o homem sem Deus segue o mal, sem saber qual será o seu fim, tendo um abis- EPÍSTOLAS PARA 32 mo diante de si. Vemos claramente que, nesse caso (2:3), os desejos da carne pendem para o pecado; as paixões são tão fortes que dominam a vida, pois não há alguma força es- piritual. Não podia ser outra a consequên- cia, senão a condenação, mediante ao fato de serem considerados: ‘fi- lhos da ira’. 3. Deus muda a história? (Ef 2:4-7) Sim, Deus muda a história de cada um de nós. Paulo alterna a sua visão de escravidão, condenação e morte, para a misericórdia de Deus, usando a expressão: Mas Deus... De fato, só mesmo Deus, para nos dar vida juntamente com Cristo (2:5); para nos fazer ressuscitar com Cristo (2:6), bem como, nos fazer assentar nos lugares celestiais em Cristo (2:6). Você crê nisso? Assim como Cristo na sepultura recebeu vida, ressuscitou e assen- tou-se à destra do Pai, assim tam- bém, será conosco. Todavia, preci- samos perguntar: Por que Deus agiu assim para com homens pecadores como nós? Paulo responde, gracio- samente, que Ele agiu assim, porque é rico em misericórdia e nos amou com grande amor (2:4). A sua graça é riquíssima (2:7) e nos leva a experi- mentar a sua bondade para conosco em Cristo (2:7). A salvação, portanto, é fruto da riqueza da graça de Deus e não das obras ou feitos humanos (2:8,9). Não há algo que possamos fazer para alcançar a salvação, pois um morto não pode fazer nada por si mesmo, não tem nem o fôlego de vida. Esse tema é encerrado, mos- trando que fomos salvos para as boas obras. Não salvos por elas, mas para executá-las. Somos coopera- dores de Deus na construção des- se mundo e, quando somos salvos, temos vida para fazera vontade de Deus prevalecer sobre o mal (2:10). 4. Salvos para abençoar (2:11-22) Uma vez salvos pela graça, so- mos convocados para realizar a vontade de Deus. E a sua vontade é manifesta por meio de maturidade e unidade da igreja saudável, a qual conduz ao serviço e crescimento. Destarte, Paulo apela para a prática da doutrina que acabou de expor. E ele começa, realmente, rogando (4:1), ou seja, apelando, pedindo que andemos de “um modo digno”, isto é, de acordo com o chamado. Pau- lo vai usar os termos lembrai-vos e naquele tempo, para mostrar que no passado, sem Cristo, estávamos longe da comunidade da graça, vi- vendo sob o regime religioso feito por mãos de homens. Que triste sa- ber que, sem Cristo, éramos estra- nhos às alianças da promessa e sem qualquer esperança, e sem Deus no mundo! O apóstolo continua seu argu- mento dizendo: Mas agora em Cristo Jesus vós, que estáveis longe, já pelo EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 33 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Romanos 10:9-15 João 14:1-7 Efésios 2:11-22 Efésios 2:1-10 Isaías 59:1-8 Efésios 1:15-23 Efésios 1:1-14 sangue de Cristo chegastes perto. Assim sendo, uma vez que Cristo é a nossa paz, já não existem barreiras de separação entre quaisquer pes- soas. A parede de separação já foi derrubada e a inimizade desfeita. O objetivo do Senhor é sempre esta- belecer a paz. Pela cruz, seja judeu ou gentio, ambos são reconciliados e superadas as inimizades. Se Je- sus veio para evangelizar a paz aos que estavam longe, como nós, e aos que estavam perto, os judeus, nós, como corpo de Cristo, temos que fazer o mesmo. Somos a família de Deus e edificados sobre o mesmo fundamento dos apóstolos e profe- tas, mas Cristo é a principal pedra da esquina. Se somos parte desse edifício, a casa de Deus, precisamos estar bem ajustados, para fomentar o crescimento do grande templo santo para o Senhor. Conclusão Nessa lição, aprendemos parte do que Paulo ensinou aos Efésios. Se somos novas criaturas em Cristo, precisamos conhecer nossa doutri- na. Fomos alcançados pela graça, pois Deus nos elegeu para sermos conforme a imagem de Cristo. Po- rém, nossa condição era de total de- sespero, pois estávamos mortos em nossos delitos e pecados. O ser humano, sem a graça de Deus, está morto espiritualmente. Que será da eternidade? Deus muda essa realidade com o mesmo poder, o qual ressuscitou Jesus dentre os mortos. Assim como ele está assen- tado à destra do Pai no céu, somos nessa condição, também, chama- dos a evangelizar a paz e edificar o templo santo para o Senhor Para pensar e agir 01. Deus nos escolheu para ser- mos conforme a imagem de Cristo. É um privilégio inaudito e nos desafia a sermos santos como ele é santo, e nunca deve ser uma desculpa para pecar. 02. Todos os seres humanos es- tão destinados à perdição eterna, pois já estão mortos em seus delitos e pecados. Como você tem aprovei- tado as oportunidades, para mostrar essa nova realidade a àqueles que ainda vivem na ilusão? 03. A Igreja do Senhor está sendo construída, a partir do momento que Jesus evangelizou a paz e quebrou todos os muros de separação entre as pessoas. Pense na Igreja como o templo santo do Senhor e como você está contribuindo para o seu crescimento. EPÍSTOLAS PARA 34 Esta é uma das cartas mais revigo- rantes em meio às crises, pois expres- sa a alegria cristã. Paulo estava preso em Roma e acorrentado quando a escreveu. Como pode alguém, nessa condição, pensar em alegria? Todavia, o Apóstolo expressa um profundo sentimento de satisfação por saber que, o evangelho estava sendo pregado em todos os lugares, mas também, sentia alegria, pois lem- brava-se da comunhão que lá havia. Esse sempre é um grande desa- fio para nós, permanecer alegres em meio às circunstâncias adversas. “Ale- grai-vos sempre no Senhor.” (4:4) é o apelo para nós, também. 1. Início da igreja em Filipos Em At 16:6-40, podemos ver o rela- to de Paulo, planejando voltar de sua viagem missionária para fortalecer a fé dos irmãos das igrejas que já esta- vam estabelecidas. Entretanto, à noi- te, ele teve uma visão de um homem que pedia: “Passa a Macedônia e ajuda-nos” (At 16:9). Paulo obedeceu ao chamado, crendo que era a von- tade do Senhor e, ali, foi usado pelo Espírito Santo para a conversão de três pessoas importantes: Lídia, uma senhora religiosa e com muitas pos- ses; uma jovem possessa; e um servi- dor público, o carcereiro. (At 16:11-15; 16:18; 19:34). Paulo inicia sua carta se apresen- tando e fazendo uma oração (1:3-11), agradecendo a Deus a constância e alegria daqueles irmãos, porque ape- sar da perseguição, a Igreja crescia. Ele continuava pedindo para que o amor daqueles crentes transbordas- Texto base: Filipenses 1:3 A Alegria para Servir A Carta aos Filipenses EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 35 Data do estudo Lição 6 se, fossem cheios de ciência e conhe- cimento do Senhor e Sua graça, pois sem conhecer, como se pode amar? Sendo assim, eles poderiam pro- var as coisas excelentes da vida cristã até a volta de Cristo. 2. Apesar das circunstâncias, alegria (1:12-26) É sempre bom lembrar que, o iní- cio do ministério de Paulo, em Filipos, teve um episódio de muita alegria, apesar do perigo que correra. Ele e Silas estavam presos e acorrentados, cantando louvores e, então, houve um terremoto e o Senhor os libertou. Paulo pôde testemunhar ao carcerei- ro, o qual estava totalmente sem es- perança, querendo tirar a própria vida. Talvez, Paulo, ao escrever essa carta, se lembrasse desse ocorrido. Entretanto, se vê na mesma condição em Roma, pois no v.18 diz: “Com isto me regozijo, sim, sempre me regozija- rei”. Assim, vemos um servo de Deus, louvando, em uma situação difícil. E nós? Como é nossa disposição, quan- do tudo está aparentemente ruim? Cantamos ao Senhor? Paulo continua e expõe o seu so- frimento: 1:12-18; foi injustiçado nas cadeias (13); e, também, enfrentou in- veja de colegas (15-18). Esse episódio aconteceu, quando Paulo não estava presente na Igreja e alguns intrusos buscavam a preeminência, aprovei- tando-se desse fato. Um arsenal de pastores e líderes, muitas vezes, sofre com a disputa de cargos entre irmãos, trazendo sofri- mento, como disse Paulo: julgando suscitar tribulação as minhas cadeias (17). Contudo, o apóstolo afirma que apesar de tudo, experimentou muitas bênçãos, seja na guarda pretoriana, na igreja e na sua própria vida, a pon- to de chegar a pensar numa difícil es- colha: morrer ou viver? E ele confessa que se fosse possível, desejava partir e estar com Cristo, o que é incompara- velmente melhor (23). 3. Motivação para viver e alegrar-se (1:27; 2:30) O relacionamento humano era algo que preocupava o apóstolo, sen- do um desafio para nós, também. A alegria, com certeza, depende dos relacionamentos com as pessoas que conhecemos. Um dos grandes pro- blemas nas famílias e, especialmen- te, nas igrejas é a desavença entre irmãos. Por isso, para que haja verdadeira unidade no Espírito, é fundamental que “nada façais por partidarismo ou vanglória” (2:3), mas sim, “fazei tudo sem murmurações nem contendas” (2:14). Em Filipenses 1:27-30, Paulo vai observar que, deveras, aparece opo- sição dos adversários, assim como, há o pecado de dentro, o qual Paulo chama de partidarismo ou vanglórias. Essa situação-problema não é uma exclusividade desta igreja, mas de muitas outras, como era o caso da Igreja de Corinto, onde havia conten- das e ciúmes. O que, então, motiva a busca pela harmonia? (2:1) Alguma EPÍSTOLAS PARA 36 exortação em Cristo. Tudo deve ser em Cristo, pois assim a comunhão de fato prevalece. Alguma consolação em amor. Se o amor de Deus está em nós como nos demais, isso nos faz unidos uns aos outros e queremos o bem co- mum. Alguma comunhão do Espírito. Assim como existe um só Espírito, ele não pode ser dividido. Qual é o resul- tado de estar desse modo em Deus? É que se háde pensar de igual forma, igualmente; ter o mesmo amor; ficar unidos de alma e ter o mesmo senti- mento – aquele que houve em Cristo Jesus. Esse é o exemplo para viver uma vida feliz. Paulo vai relatar o feito de Jesus por nós, contando esse feito a partir da cruz. Quem era aquele que estava pregado àquela cruz? Muitas pessoas, também, morreram cruci- ficadas, todavia, Cristo é o único que deixou a sua glória e se encarnou, habitando entre nós. Quanta humilda- de! Abriu mão dos seus direitos, pois, sendo Deus, assumiu a forma de ser- vo, se esvaziando, sendo obediente até à morte. O próprio Senhor decidiu se humilhar assim. Vamos relacionar, então, como foi a humilhação do Se- nhor Jesus (2:6-8): “ele se esvaziou; assumiu a forma de servo; tornou-se semelhante a homens; se humilhou; foi obediente até à morte; morte de cruz”. Sendo assim, Deus o exaltou soberanamente; e lhe deu o nome que está acima de todo nome. É o nome do servo sofredor, o qual vem e absorve toda dor humana; vence na morte, e está agora no trono da Glória eterna. Por isso, todo joelho haverá de dobrar, e toda a língua confessará que Jesus Cristo é Senhor. 4. Razão para alegrar-se (3:1-21) Podemos nos perguntar: Qual era o fundamento da alegria de Paulo e daquela Igreja? A linha de pensamen- to discorrida por ele é que, alegria é no Senhor. Eis aqui um desafio apre- sentado: de não olhar para as condi- ções pessoais para se alcançar a feli- cidade. Paulo faz uma relação de sua vida pregressa e descarta tudo isso. Ele diz que foi religioso desde criança: circuncidado ao oitavo dia, da linha- gem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus, quanto à lei, foi fariseu. (3:2-7). Ele vivia de acordo com todos os detalhes da lei e era honra- do pela sua posição social e religiosa. Pode-se dizer que, era irrepreensível e pensava que tudo isso era muito lu- cro. No entanto, quando se encontrou com Cristo, tudo passou a ser perda, pois o que realmente valia a pena era conhecer a Cristo (3:8-11). O grande objetivo de Paulo foi demonstrado na figura de um atle- ta (3:12-16), para mostrar o perigo de achar-se satisfeito com a vida presen- te, ao passo que precisamos melho- rar sempre, conhecer mais de Cristo, tendo comunhão com Ele e demons- trando o nosso amor através do ser- viço cristão. Numa olimpíada, o atleta é motivado a sempre prosseguir para o alvo. Nada deve desconcentrá-lo na hora da prova. Assim somos nós em nossa carreira cristã: precisamos deixar as coisas que para trás ficam e avançar para as que estão adiante. Nosso lema deve ser: Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana voca- ção de Deus em Cristo Jesus (3:14). EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 37 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Filipenses 4:2-23 Filipenses 3:12-41 Filipenses 3:1-11 Filipenses 2:19-30 Filipenses 2:1-18 Filipenses 1:13-30 Filipenses 1:1-12 O que você precisa abandonar? O que atrapalha você de correr a car- reira cristã e de almejar o prêmio que Deus tem a seu favor? Há algumas estratégias que Paulo compartilhou: 01. Imitar o exemplo dele (3:17). Eis aí um bom exemplo a seguir, e se pen- sarmos que seja impossível viver a vida cristã com determinação, o seu exemplo nos desafia a viver no limite da vida cristã; 02. Evitar maus exem- plos (3:18). Há muitos inimigos da cruz de Cristo a nos rodear, mas nunca devemos permitir que tais pessoas sejam exemplos para nós; 03. Olhar firmemente para a pátria celestial (3:20,21). Nesse viés, então, precisamos nos lembrar sempre que a nossa pá- tria não é aqui, por mais distraídos que fiquemos com as coisas desse mundo. Logo, devemos olhar para o alto, porque nossa pátria está no céu. Quando aquele dia chegar, uma das glórias que havemos de desfrutar será a transformação do nosso corpo carnal. Todas as dores, enfermidades, imperfeições, males dessa vida e a aparente finitude, tudo será vencido. Seremos à semelhança de Cristo, transformados e glorificados! (1Jo 3:2; Rm 6:5). Conclusão Muitas vezes, nos sentimos injus- tiçados pela vida, murmurando e re- clamando, porque acontece isso ou aquilo. Nesse estudo, somos desa- fiados a encarar a realidade. É mister dizer que, até mesmo, em circunstân- cias desfavoráveis, Deus está no con- trole de tudo. Jesus é nosso exemplo maior, o qual deixou a sua glória e passou pelas mesmas provações se com- paradas às nossas e, ainda, foi morto na cruz, sem ter cometido pecado al- gum. Paulo, também, é exemplo para nós, pois, mesmo na prisão, sentia-se alegre com a vida e olhava para fren- te, na verdade para o alto, para o prê- mio que lhe estava proposto no céu. Sigamos esses exemplos e sejamos alegres em Cristo Jesus. Para pensar e agir 01. Se porventura você fosse con- denado injustamente, como você se comportaria? Talvez, para muitas pes- soas, o mundo acabasse, a vida não teria mais valor. Coloque-se no lugar de Jesus e Paulo, refletindo que Deus está no controle, mesmo que a injus- tiça prevaleça. 02. A alegria passa por relaciona- mentos com o próximo. Você se sente alegre com sua família e irmãos da Igreja? Será que, na sua Igreja, você sente verdadeira unidade do Espírito? EPÍSTOLAS PARA 38 A cidade de Colossos ficava no vale do Rio Lico, na parte sul da an- tiga Frígia, que se localiza no oes- te da Turquia atual. Ficava situada numa das principais estradas co- merciais para Éfeso e próximo de Hierápolis e Laodiceia (4:13). Quan- do Paulo escreveu a carta, a cidade estava em decadência e continuou assim até que um terremoto provo- cou a sua destruição. Paulo escre- ve quando Epafras o procurou em Roma, na prisão, relatando que a igreja crescia, mas também sofria ameaças contra as doutrinas da fé, como o gnosticismo, da cultura grega, e a influência do pensamen- to judaizante, o que ele procurou combater com veemência. O obje- tivo principal, então, era dar ênfase à doutrina de Cristo e afirmar a sua supremacia em oposição a todos os outros poderes ou tentativas de se obter a salvação. Iniciaremos nosso estudo vendo a suficiência da obra realizada para nossa salvação. 1. Uma obra sobre-excelente (1:13-20) Uma das formas do apóstolo Paulo apresentar a preeminência de Cristo aos colossenses foi mos- trando a obra que Jesus realizou, colocando-nos, assim, participan- tes da herança dos santos na luz, argumento apresentado por ele (1:12). Que obra foi essa? No v. 13 ele usa a palavra libertou, que significa resgatou. Jesus, portanto, supor- Texto base: Colossenses 2:9 A Supremacia de Cristo A Carta aos Colossenses EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 39 Data do estudo Lição 7 tou o desprezo e a morte para nos libertar da morte e da perdição eterna. Mas também, diz-nos o tex- to, que ele nos transportou. Imagi- ne alguém sendo libertado de um campo de concentração e trans- portado para um abrigo em um local de liberdade. Assim também, nós fomos libertos do controle das trevas, mas não simplesmente dei- xados em qualquer lugar. Não! Nós fomos transportados para um lugar excelente, o reino da luz, o reino do Filho do seu amor, onde a lei que im- pera é o amor, o amor de Deus para conosco em nos dar abundância de vida e amor de cada crente em fazer espontaneamente a vontade do Pai. Paulo ainda sustenta que nós “temos a redenção” (1:14), pois a salvação se compara à condição do escravo que está sob o domínio de uma tirania cruel, Satanás, e nada pode fazer para conquistar sua li- berdade. Mas Cristo nos redime e nos torna livres. O preço que ele pa- gou foi o seu próprio sangue, e toda a nossa dívida pecaminosa foi parar lá na cruz do Calvário. Mas por que Jesus pode realizar tão eficiente obra? Porque é o Filho de Deus! Ao fixar o olhar Nele, po- demos perceber que o “Deus invi- sível” se torna visível (1:15). Deus se revelou a Si mesmo em Cristo, uma vez que toda a plenitude de Deus habita Nele (1:19; 2:9), corporalmen- te. Jesus é a “imagem do Deus invi- sível”. E em relação ao universo,Ele é Senhor. Quando Paulo afirma que Ele é o “primogênito de toda a cria- ção”, significa não que ele fora cria- do primeiro, pois já tinha mostrado que ele é o Criador (v. 16), mas, sim, que Ele é o herdeiro a quem per- tence toda autoridade. Jesus é o Senhor do universo, como está es- crito: “Nele foram criadas todas as coisas; tudo foi criado por meio dele e para Ele; Ele é antes de todas as coisas; nele tudo subsiste” (1:16-17). Não há exceção: tudo, “nos céus, so- bre a terra e debaixo da terra, visíveis e invisíveis”. Portanto, Cristo tem a prerrogativa de ser o Salvador. Por isso, “Ele é o cabeça do corpo, da igreja” (1:18), aquele que governa, uma vez que é o soberano. A razão dessa autoridade é que Ele é o prin- cípio e o primogênito dos mortos. A nova criação tem origem Nele, pois ele é o primogênito dentre os mor- tos, pois foi o primeiro a ressuscitar e assim mostrou seu poder sobre a morte. 2. Falsas doutrinas que roubam a liberdade (2:16-23) Havia entre os colossenses um anseio por crescimento espiritual, e muitos estavam enveredando por caminhos das falsas doutrinas, sendo iludidos por elas. Ainda hoje, o que para muitos é indício de no- EPÍSTOLAS PARA 40 vidade espiritual e religiosidade não passa de um retorno a práti- cas antigas do ser humano em criar sua própria salvação. Paulo resume bem esse problema, dizendo: “As quais têm, na verdade, alguma apa- rência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em discipli- na do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne” (2:23). Da mesma forma que Paulo ob- servou muitos irmãos de Colossos enfraquecendo na fé e buscando doutrinas esquisitas, assim é ainda hoje. Vejamos quais foram as ad- vertências: a) Legalismo - A primeira ad- vertência foi quanto ao perigo do legalismo que está presente desde sempre do cotidiano humano, pois é a religião das realizações próprias. Vejam que Paulo diz: “Portanto, nin- guém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de fes- ta, ou da lua nova” (2:16). O cristão não deve preocupar-se por ser jul- gado pelos outros. Pela lei judaica “comida e bebida” relaciona-se com o Antigo Testamento sobre animais impuros, para que o povo de Israel não se contaminasse com as outras nações ao redor. Mas, agora, isso já tinha sido superado e a igreja de Colossos estava sob a Nova Alian- ça em Cristo, e não mais à antiga. É bom lembrar que tudo o que faz mal ao nosso corpo deve ser repeli- do, pois o corpo é o templo do Espí- rito Santo. Além disso, ensina Paulo que qualquer coisa que escandali- zar o meu irmão deve também ser reavaliado (1 Cor 8:13). Para Paulo todas essas obrigações do Antigo Testamento eram “sombra das coi- sas que haviam de vir” (2:17). b) Misticismo - A segunda ad- vertência de Paulo é que “não dei- xem que ninguém se faça de árbitro para desqualificar vocês, com pre- texto de humildade e culto de anjos, baseando-se em visões, estando cheio de orgulho, sem motivo algum, na sua mente carnal” (2:18). Algumas pessoas só se preocupavam com experiência emocional e sensitiva particular. Para os falsos mestres de Colossos, essas “experiências espirituais” eram muito importantes. Ainda hoje precisa-se tomar cuida- do com certas influências que sub- vertem o fato de que a razão e a fé precisam caminhar juntas. Os falsos mestres, com pretexto de humilda- de, estavam ensinando o culto aos anjos baseado em visões. O que é isso, senão o misticismo? Diziam eles que para se aproximar de Deus era preciso intermediários, “anjos”, mas nós sabemos que há só um mediador (1 Tm 2:5). c) Ascetismo – Na terceira ad- vertência Paulo explicita alguns costumes que estavam surgindo na EPÍSTOLAS PARAO NOSSO TEMPO 41 igreja, como “não manuseies, não proves, não toques” (2:21). Para ele isso era apenas “preceitos e doutri- nas de homens” (2:22). Esses precei- tos eram comuns entre os adeptos da filosofia helenista que praticavam o ascetismo, onde o corpo humano e tudo que é material era despreza- do, e as sensações deviam suplan- tar o material, indicando que o es- pírito estava se fortalecendo. Para Paulo, isso não passava de “rudi- mentos do mundo”, mas as pessoas que se submetiam se sujeitavam ao cumprimento dessas regras. Eram algumas abstinências que com aparência de espiritualidade enre- davam os simples. Essas disciplinas religiosas eram definidas por Paulo da seguinte forma: “têm aparência de sabedoria” (2:23), mas de sabe- doria mesmo não tinham nada. Era um rigor ascético, por meio do qual se pensava que todo o rigor apli- cado ao corpo levaria a um estado maior de graça ou santidade, mas, na verdade, tudo isso “não tem va- lor algum contra a sensualidade”. O ser humano precisa ser melhorado de dentro para fora, e só o Espírito Santo pode operar transformação no coração, através da fé em Jesus, que nos leva a um novo estilo de vida. É o que veremos a seguir. 3. Uma nova vida (3:1-4) Paulo vai afirmar agora neste texto que tudo aquilo que se busca através do legalismo, misticismo ou ascetismo, ou qualquer outra forma de religião por obra humana, já foi alcançado para o ser humano pela graça de Deus. A conclusão é que “já fostes ressuscitados juntamente com Cristo” (3:1). Pela fé em Cristo, já passamos pela experiência es- piritual da sua morte (2:20) e res- surreição. É extraordinário o que é dito aqui! Mas isso precisa ser uma experiência de fé de cada indivíduo. Portanto, se isso já aconteceu, so- mos chamados a ser participantes de uma nova vida, pois somos ci- dadãos dos céus e devemos buscar as coisas lá do céu. Nossa vontade e pensamento devem agora acom- panhar o Senhor: “Buscai as coisas lá do alto onde Cristo vive, assenta- do à direita de Deus” (3:1). Nossos interesses devem voltar-se para as coisas lá do alto, em contraste com as coisas terrenas. Além de bus- car, é preciso “pensar nas coisas lá do alto”. Os nossos pensamentos comandam todas as nossas ações e decisões e, portanto, o que deve ocupar nossa mente são os valores eternos e sublimes lá do alto, onde Deus habita. Quanto sofrimento, dor e decepção só porque não pensa- mos aquilo que edifica a nossa vida espiritual. É só uma questão de tempo e todos nós “que morremos e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (3:3), experi- EPÍSTOLAS PARA 42 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Colossenses 4:2-18 Colossenses 3:18-4:1 Colossenses 3:1-17 Colossenses 2:16-23 Colossenses 2:1-15 Colossenses 1:13-29 Colossenses 1:1-12 mentaremos essa futura realidade, pois está escrito: “Quando Cristo que é a nossa vida se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele em glória” (3:4). Mas o que te impede de viver já, apesar das circunstâncias, esse estilo de vida dos céus? Que responsabilidade a nossa e que privilégio poder des- frutar da nova vida aqui e agora! Paulo pergunta: “Se é que...” Você já aceitou esse desafio? Conclusão Essa é uma carta escrita a uma igreja em perigo. Não perigo físico de perseguição e morte, mas um perigo de subversão dos valores mais profundos da doutrina cristã. Como aprendemos, Cristo sempre terá a preeminência, pois Ele é o Senhor por meio de quem tudo foi criado. Ele é aquele que realizou uma obra excepcional de salvação. Isso estava em jogo em Colossos. A fé estava sendo golpeada atra- vés do legalismo, do misticismo e através de pensamentos filosóficos, os “rudimentos do mundo”. Quantas igrejas sofrendo ainda hoje com esses mesmos ataques! Mas você, que já ressuscitou com Cristo pela fé, pode viver a nova vida celestial aqui, já neste tempo. Para pensar e agir 1. Aprendemos que Cristo tem a preeminência sobre o universo e sobre a igreja. A sua obra foi so- bre-excelente, pois nos libertou da escravidão e nos transportou do império das trevas para o reino do Filho do seu amor. Já agradeceu a Deus por tamanha bênção hoje? 2. Falsas doutrinas como lega- lismo,