Buscar

anatomia 1


Prévia do material em texto

ANATOMIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Stephanie Warnavin 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos iniciar os estudos sobre a anatomia humana. 
Começaremos conhecendo as origens dessa ciência e qual é seu papel até os 
dias atuais. Conhecer sua história facilita o entendimento do segundo tema 
abordado, principalmente quanto aos termos e à nomenclatura empregados na 
anatomia, além dos planos anatômicos e alguns conceitos-chave. 
Em seguida, vamos estudar as estruturas do corpo humano, começando 
pelo sistema ósseo, articular, e finalizando com o sistema muscular. 
Observaremos estruturas importantes, suas respectivas funções e 
compreenderemos seus funcionamentos. 
Esta aula objetiva entender a história da anatomia e sua importância ao 
longo do tempo; assim, busca compreender e conhecer alguns dos termos 
principais dessa ciência e estudar o sistema locomotor (sistema esquelético, 
articular e muscular), dando ênfase às suas principais estruturas e suas 
respectivas funções. 
TEMA 1 – HISTÓRIA DA ANATOMIA HUMANA 
A anatomia é uma ciência que estuda as estruturas do corpo humano. 
Essa ciência está associada diretamente à fisiologia, permitindo assim, estudar 
tanto as estruturas anatômicas quanto suas respectivas funções (Marieb; 
Wilhelm; Mallatt, 2014). 
Observando as origens dos estudos anatômicos é possível compreender 
por que grande parte dos termos utilizados em anatomia são de origem latina ou 
grega (Van de Graaff, 2003). O termo anatomia significa “cortar em partes” (Van 
de Graaff, 2003) e seu desenvolvimento científico e intelectual teve início na 
Grécia, na Idade do Ouro (Phillips, 1973). Ao observar a história, nota-se que os 
gregos apresentavam grande interesse para compreender o funcionamento do 
corpo. Por questões de cunho religioso e cultural a dissecação humana era 
proibida, pois acreditava-se que os corpos dos mortos apresentavam 
consciência do que acontecia ao seu redor. Por esse motivo, os corpos humanos 
eram enterrados intactos e deviam permanecer dessa forma, de modo que os 
gregos associaram os estudos da anatomia humana a partir de estudos da 
anatomia animal (Phillips, 1973). 
 
 
3 
Os primeiros relatos sobre anatomia humana foram escritos por 
Hipócrates II, mesmo sem dissecação de cadáveres humanos (Phillips, 1973). 
Aristóteles também foi um dos mais conhecidos estudiosos de anatomia. Suas 
descobertas eram realizadas por meio de dissecação de animais para basear 
seus relatos do corpo humano, comparando os órgãos internos dos animais mais 
próximos aos humanos. Entretanto, Herophilus deu um passo ainda maior, 
quebrando a tradição e utilizando-se de cadáveres humanos em suas pesquisas 
(Durant, 1939). 
Aproximadamente em 331 a.C., Alexandre, o Grande (356 a.C. – 323 a.C.) 
fundou a cidade de Alexandria no Egito, que se tornou um grande centro político, 
cultural e intelectual. Foi um período de muito incentivo para estudos 
relacionados à Medicina, à Anatomia e à Fisiologia; em virtude disso foi fundada 
a Escola de Medicina de Alexandria (Gordon, 1949). 
Nesse período, o grego Claudius Galenus (130 d.C. – 210 d.C.) foi o 
médico e experimentalista mais talentoso da época (Nuland, 1988). Dissecações 
em cadáveres humanos eram muito polêmicas e, por isso, pouquíssimos 
cadáveres foram dissecados por ele. Sua obra era baseada principalmente em 
estudos com animais, apresentando conclusões sobre o funcionamento do corpo 
humano por meio deles, o que resultou em vários erros em suas obras. Por 
aproximadamente 1.500 anos, seus textos foram as principais referências em 
Anatomia e Medicina. Mesmo nos dias atuais, são considerados estudos 
clássicos por demonstrar algumas particularidades anatômicas de forma muito 
precisa e por defender medidas preventivas de saúde e não curativas (Van de 
Graaff, 2003). Outra contribuição importante da época foi a obra deixada pelo 
enciclopedista romano Celsus (30 a.C. e 30 d.C.) que escreveu sobre os estudos 
desenvolvidos na Escola de Medicina de Alexandria (Van de Graaff, 2003). 
Com a chegada de Júlio César como líder do Império Romano, a cidade 
de Alexandria foi invadida em 47 a.C. e o território egípcio tornou-se romano. A 
Biblioteca de Alexandria foi completamente destruída em 391 d.C. com outros 
templos considerados pagãos (Durant, 1939). O declínio do Império e a doutrina 
autoritária da época fizeram o progresso científico e filosófico desacelerar 
drasticamente e permaneceu obsoleto durante todo o período da Idade Média. 
Apenas aproximadamente 1.000 anos depois, com o aparecimento da Era 
Renascentista, o desenvolvimento científico e filosófico foi retomado (Malomo; 
Idowu; Osuagwu, 2006). 
 
 
4 
Do século XIV ao XVI, o Renascimento foi marcado como um período de 
retomada de progresso para a ciência. Nesse período, foi possível observar 
grande disseminação dos estudos sobre anatomia humana, sobretudo na 
Universidade de Bolonha, onde dissecações em corpos humanos e animais 
começaram a fazer parte do ensino médico (Malomo; Idowu; Osuagwu, 2006). 
Mondino de Luzzi foi um dos maiores anatomistas modernos da época, sendo 
que em 1316 criou a primeira máquina de dissecção humana (Malomo; Idowu; 
Osuagwu, 2006). Vale ressaltar também o grande legado artístico da época, 
deixado por artistas como Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius, que possuíam 
vasta habilidade científica e artística, contribuindo para os avanços dos estudos 
anatômicos como a obra De humanis corporis (1543), de Vesalius (Van de 
Graaff, 2003). 
Nos séculos seguintes estudos de anatomia foram muito bem aceitos e 
até hoje pesquisas são realizadas para compreender o funcionamento do corpo 
humano. A anatomia é fundamental para o entendimento da fisiologia, onde 
ambas são ciências dinâmicas e sempre com descobertas. 
TEMA 2 – PLANOS ANATÔMICOS E NOMENCLATURAS GERAIS 
Neste tema, vamos compreender os conceitos gerais da linguagem 
anatômica, os planos anatômicos, as nomenclaturas e as terminologias 
relacionadas à área. 
Como já mencionado no tema anterior, grande parte dos termos utilizados 
em Anatomia são de origem grega e latina devido a sua história. Há também 
estruturas que foram batizadas por seus descobridores. Outros termos fazem 
alusão com animais e plantas – por exemplo, cóclea = concha de caracol; úvula 
= pequena uva (Van der Graaff, 2013). 
A organização do corpo humano pode ser realizada por meio de vários 
níveis, tais como: celular, tecidual, órgãos e sistemas (Figura 1) (Van der Graaff, 
2013). 
• Nível celular: existem vários tipos diferentes de células, responsáveis por 
funções específicas (Van der Graaff, 2013); 
• Nível tecidual: os tecidos são agrupamentos de células que se 
assemelham e desempenham funções similares. No corpo humano 
 
 
5 
existem quatro tipos principais: tecido epitelial, conjuntivo, muscular e 
nervoso (Van der Graaff, 2013); 
• Nível de órgãos: os órgãos são compostos por dois ou vários tipos 
distintos de tecidos, estes que exercem uma determinada função (Van der 
Graaff, 2013); 
• Nível de sistema: os sistemas são um agrupamento de órgãos que 
constituem funções semelhantes ou se correlacionam para que haja o 
funcionamento do corpo. Nervoso, cardiovascular, endócrino, digestório, 
respiratório e vários outros são tipos de sistemas, e vamos estudá-los 
mais adiante (Van der Graaff, 2013). 
Figura 1 – Níveis de organização estrutural do corpo humano 
 
Crédito: Van de Graaff, 2003. 
2.1 Posição anatômica 
A posição anatômica é um referencial imprescindível para descrever com 
maior exatidão possível a região onde estão localizadas as estruturas 
anatômicas humanas. Desse modo, é preciso que o corpo esteja com a postura 
adequada: em pé de forma ereta; olhar fixo no horizonte; palmas das mãos 
voltadas anteriormente, com o dedo mínimo paralelo ao corpo; os pés retos com 
os dedos para a frente (Figura 2 – A e B). A maioria dasterminologias direcionais 
estão referenciadas a essa posição, o que a faz ser indispensável para 
compreender tais termos (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). 
 
 
6 
 
Figura 2 – (A) Posição anatômica anterior e (B) Posição anatômica posterior 
 
Crédito: Cliparea l Custom Media/ Shutterstock. 
2.2 Planos anatômicos 
Com o intuito de melhorar a compreensão e a visualização para os 
estudos das estruturas dos órgãos e do corpo humano em si, foram estipulados 
cortes de acordo com planos fundamentais. As secções recebem suas 
respectivas nomenclaturas de acordo com o plano que são cortadas (Van der 
Graaff, 2013). 
Existem vários tipos de planos, sendo os principais: (a) sagital; (b) frontal; 
(c) transversal ou horizontal. O plano sagital consiste em um corte vertical, que 
resulta em duas partes, direita e esquerda (Figura 3). O plano frontal também 
é um corte vertical, entretanto divide a parte anterior (frontal) e posterior (dorsal) 
(Figura 4). O plano transversal ou também chamado de horizontal é um corte 
horizontal que origina em partes superior e inferior (Figura 5) (Marieb; Hoehn, 
2009). 
 
 
 
7 
 
Figura 3 – Plano sagital 
 
Crédito: SciePro/Shutterstock. 
Figura 4 – Plano frontal 
 
Crédito: SciePro/Shutterstock. 
 
 
 
8 
 
Figura 5 – Plano transversal 
 
Crédito: SciePro/Shutterstock. 
 
2.3 Termos regionais 
São áreas específicas do corpo humano, sendo elas axial (Figura 6) e 
apendicular (Figura 7). A região axial compõe o eixo principal do corpo, está 
relacionada a suporte e proteção de outras estruturas anatômicas, englobando 
os ossos do crânio, a coluna vertebral e da caixa torácica, ou seja, esqueleto do 
eixo longitudinal (Marieb; Hoehn, 2009). Já a região apendicular refere-se aos 
membros/extremidades (Mariel; Wilhelm; Mallatt, 2014). A parte apendicular 
está envolvida com a movimentação do corpo e envolve ossos dos membros 
superiores e inferiores, além dos ossos que se ligam a outros da parte axial 
(Marieb; Hoehn, 2009). 
 
 
 
9 
Figura 6 – Esqueleto axial em destaque vermelho 
 
Crédito: Sciencepics/Shutterstock. 
Figura 7 – Esqueleto apendicular em destaque vermelho 
 
Crédito: Magic Mine/Shutterstock. 
Os termos direcionais são empregados de forma clara e concisa, com o 
objetivo de orientar de forma precisa onde está posicionada alguma estrutura 
anatômica, sendo os mais comuns: (a) medial/lateral; (b) superior/inferior; (c) 
superficial/profundo; (d) anterior/posterior (Figura 8) (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 
2014). 
 
 
10 
Figura 8 – Termos direcionais 
 
Crédito: Ramazang/Shutterstock. 
 Medial e lateral são denominações para descrever a localização das 
estruturas em relação ao plano mediano e aos lados do corpo. Anterior (ventral) 
e posterior (dorsal) estão relacionadas às posições correspondentes a “frente” e 
“atrás”. Superior e inferior correspondem à localização da estrutura anatômica 
de acordo com o eixo vertical corporal (Drake; Vogl; Mitchell, 2015). 
TEMA 3 – SISTEMA ÓSSEO E ARTICULAR 
3.1 Sistema ósseo 
O sistema esquelético humano tem origem mesenquimal e é composto 
por cerca de 206 ossos na fase adulta (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009; Van de 
Graaff, 2003). É formado por diferentes tipos de tecidos – ósseo (predominante), 
periósteo (conjuntivo denso não modelado), sanguíneo, cartilaginoso, nervoso e 
até epitelial (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). Esse sistema forma uma estrutura 
de suporte resistente para suportar a massa corporal, de forma que a 
musculatura se fixa aos ossos através de tendões para realizar movimentos 
voluntários (andar, correr) e involuntários (respiração), além de servir como 
proteção e arcabouço para outros órgãos importantes na manutenção da vida 
(como, por exemplo, o crânio, vértebras e caixa torácica (Silva Filho; Leitão; 
Bruno, 2009). O esqueleto é dividido em duas partes principais: apendicular e 
axial (Van de Graaff, 2003). 
 
 
11 
Os ossos são estruturas compactas e esponjosas, sendo grandes 
reservatórios minerais de cálcio e fosfato. Praticamente todos os ossos possuem 
uma camada externa densa (osso compacto) que, a olho nu, parece sólida e lisa. 
Entretanto, a porção interna dos ossos é esponjosa ou trabecular, semelhante a 
um favo de mel, cujos espaços são preenchidos com a medula óssea (Marieb; 
Wilhelm; Mallatt, 2014). 
Quanto à vascularização, vale ressaltar que ossos são vastamente 
vascularizados, entre 3% a 11% do sangue estão nos ossos, uma vez que os 
vasos sanguíneos chegam através do periósteo e entram na medula através de 
forames pequenos, distribuindo-se para as regiões proximais e distais da 
medula, nesta que se encontram células importantíssimas para produção 
sanguínea (Figura 9) (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 
2014). 
Figura 9 – Estrutura interna do osso (osso longo, fêmur) 
 
Crédito: Wawritto/Shutterstock. 
Os ossos podem ser classificados em diferentes tipos (Figura 10): 
• Ossos longos: são aqueles em que o comprimento é maior do que a 
largura e a espessura, e atuam como alavancas. Grande parte dos ossos 
dos membros inferiores e superiores são desse tipo. Ulna, metacarpos, 
falanges, rádio, úmero, fêmur, tíbia e fíbula são exemplos de ossos 
 
 
12 
pertencentes a esse grupo (Van de Graaff, 2003; Marieb; Hoehn, 2009; 
Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009); 
• Ossos curtos: são aqueles que as três dimensões são similares e 
apresentam uma forma semelhante a um cubo. Ossos do punho e 
tornozelo, carpo e tarso são tipos de ossos curtos (Van de Graaff, 2003; 
Marieb; Hoehn, 2009; Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009; Marieb; Wilhelm; 
Mallatt, 2014); 
• Ossos planos: são finos, ligeiramente curvados, o comprimento e a 
largura se equivalem e normalmente encontramos esse tipo ósseo como 
proteção de algumas estruturas. Ossos do crânio, esterno, escápulas e 
costelas são exemplos desse grupo (Van de Graaff, 2003; Marieb; Hoehn, 
2009; Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014); 
• Ossos irregulares: diferente dos anteriores, são aqueles que 
apresentam formas variadas ou não definidas, como ossos do quadril, 
vértebras e mandíbula (Van de Graaff, 2003; Marieb; Hoehn, 2009; Silva 
Filho; Leitão; Bruno, 2009; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014); 
• Ossos pneumáticos: são aqueles que apresentam cavidades de ar. 
Ossos do crânio são grandes exemplos deles, como o frontal temporal, 
maxilar, esfenoide e etmoide (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009); 
• Ossos sesamoides: são assim chamados por apresentar semelhança 
com a semente de sésamo. São tipos especiais, com tamanhos variados, 
que são encontrados sob tendões. Alguns ossos atuam na tração de um 
tendão, alterando a direção de sua tração, entretanto, outros ossos 
pertencentes a esse grupo não apresentam uma função definida (Marieb; 
Hoehn, 2009; Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
 
 
 
13 
 
Figura 10 – Classificação dos tipos ósseos 
 
Crédito: VectorMine/Shutterstock. 
Os ossos longos possuem uma nomenclatura específica: o corpo do osso 
– chamado de diáfise – é cilíndrico, formado por osso compacto que envolve 
uma cavidade central revestida por tecido conjuntivo; esta é chamada de 
cavidade medular. Nas extremidades da diáfise encontram-se as epífises. A 
superfície articular que cada epífise possui é envolta pela cartilagem articular, 
uma fina camada de cartilagem hialina. Nesse conjunto de ossos, os principais 
acidentes ósseos estão localizados nas epífises (Figura 11) (Van de Graaff, 
2003; Marieb; Hoehn, 2009; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014; Silva Filho; Leitão; 
Bruno, 2009). 
 
 
 
14 
Figura 11 – Anatomia do osso longo 
 
Crédito: Studiovin/Shutterstock. 
Os ossos curtos, irregulares e planos apresentam mesma composição 
que os longos; na porção mais externa nota-se a presença de ossos compactos, 
revestidos por periósteo, e na porção interna são ossos esponjosos revestidos 
pelo endósteo (presenteno interior da cavidade medular do osso, revestido por 
tecido conjuntivo). Entretanto, não há diáfise e epífise, a medula óssea se 
encontra entre trabéculas da porção esponjosa. Essa porção chama-se díploe. 
Exemplo disso são os ossos do crânio, que apresentam duas camadas 
compactas e uma esponjosa interposta (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009; Marieb; 
Wilhelm; Mallatt, 2014). 
Pode-se destacar nos membros superiores (Figura 12) a cintura escapular 
ou cintura do membro superior, composta pela escápula e pela clavícula. O 
úmero, a ulna, o rádio, o carpo (escafoide, piramidal, semilunar, pisiforme, 
trapézio, trapezoide, hamato e capitato), os metacarpais e as falanges são ossos 
que compõem a parte livre do membro superior. Na mão, estão os cinco 
metacarpos e falanges proximais, médias e distais. O polegar apresenta 
somente a falange proximal e distal. Segundo a nomenclatura anatômica, os 
dedos da mão são definidos como quirodáctilos, que são numerados do dedo 
mínimo ao polegar; além disso, a mão apresenta uma face palmar e uma dorsal. 
 
 
 
15 
 
Figura 12 – Ossos dos membros superiores 
 
Crédito: Magic Mine/Shutterstock. 
Nos membros inferiores (Figura 13), os ossos da cintura, chamada 
também de cintura pélvica, correspondem aos ossos do quadril. O fêmur, a 
fíbula, a tíbia e o tarso (calcâneo, tálus, navicular, cuboide e cuneiformes medial, 
lateral e intermédio), falanges e metatarsais. É no pé que se encontram os cinco 
ossos metatarsais e as falanges proximais, médias e distais. Os dedos dos pés 
são definidos como pododáctilos, sendo numerados do dedo mínimo ao hálux. 
O pé tem uma face plantar e uma dorsal (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
 
 
 
16 
Figura 13 – Ossos dos membros inferiores 
 
Crédito: Sciencepics/ Shutterstock. 
3.2 Sistema articular 
As estruturas rígidas do esqueleto são conectadas através de 
articulações. A movimentação do corpo ocorre pela articulação dos ossos nas 
junturas e estão inseridas nos ossos pela contração muscular esquelética 
(Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). As articulações são classificadas de acordo 
com sua estrutura e/ou função em: (a) fibrosa, (b) cartilagínea e (c) sinovial (Silva 
Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
Nas articulações fibrosas, os ossos se conectam por meio de um tecido 
fibroso nomeado tecido conjuntivo denso modelado. Grande parte dessas 
articulações é imóvel ou ligeiramente móvel, não apresentando nenhuma 
cavidade articular. Os tipos de articulações fibrosas são: (a) suturas; (b) 
sindesmoses; (c) gonfoses (Marieb; Hoeln, 2009). As suturas estão presentes na 
face e no neurocrânio; a sindesmose é encontrada na porção distal entre a fíbula 
e a tíbia, unidas por ligamentos interósseos; a gonfose é encontrada entre o osso 
alveolar e a raiz do dente (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
Nas articulações cartilagíneas, os ossos são unidos por uma cartilagem 
e, assim como nas articulações fibrosas, não há cavidade articular (Van de 
Graaff, 2003). Essas articulações podem ser do tipo sínfise ou sincondrose. No 
primeiro tipo, os ossos são unidos através de fibrocartilagem, podendo ser 
encontrados na união dos ossos púbicos do quadril, onde formam discos 
intervertebrais fibrocartilagíneos. Já nas sínfises, os ossos são unidos pela 
https://www.shutterstock.com/pt/g/sciencepics
 
 
17 
cartilagem hialina e estão presentes, por exemplo, na articulação esfeno-
occipital (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
Nas articulações sinoviais, as porções dos ossos que se articulam estão 
envoltas por uma cartilagem que, na maioria das vezes, tem auxílio dos 
ligamentos que lhe dão suporte. Essas articulações apresentam cavidades 
articulares com líquido em seu interior e são o tipo mais predominante no 
esqueleto humano (Van de Graaff, 2003). A cápsula articular presente nesse tipo 
de articulação é fibrosa e seu interior é revestido pela membrana sinovial, que é 
preenchida pelo líquido sinovial. Outras estruturas também podem estar 
presentes nessa articulação, como discos, meniscos, ligamentos capsulares, 
extracapsulares e intra-articulares. A articulação do joelho (Figura 14) é um dos 
exemplos mais completos desse tipo de articulação. 
Figura 14 – Articulação sinovial do joelho 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
As articulações sinoviais podem ser uniaxiais, biaxiais ou multiaxiais, e 
são classificadas como: 
• Plana, possibilitando o movimento de deslizamento entre as partes 
ósseas – uniaxial. Está presente no carpo e no tarso; 
 
 
18 
• Gínglimo ou dobradiça, possibilitando movimentos de flexão e de 
extensão – uniaxial. Está presente na mão, no pé e no cotovelo; 
• Trocóidea ou pivô, possuem a presença de uma parte óssea contida 
numa estrutura ligamentar que permite o movimento de rotação – uniaxial. 
Está presente na primeira e na segunda vértebra cervical; 
• Condilar, onde a superfície de um osso tem uma forma elipsóidea e a do 
outro uma forma ovoide ou condilar – biaxiais. Permite movimentos de 
flexão, extensão, abdução, adução e circundução. Está presente no 
punho e nas metacarpofalângicas; 
• Selar, é uma articulação condilar modificada que possui forma de sela. 
Permite movimentos de flexão, extensão, adução, abdução e circundução 
– biaxial. Está presente entre o primeiro metacarpo com o osso trapézio 
do carpo; 
• Esferóidea, caracterizada por uma cavidade com esfera. É o tipo de 
articulação mais completo – multiaxial. Permite movimentos de flexão, 
extensão, adução, abdução, rotação medial, rotação lateral e 
circundução. Está presente no ombro e no quadril (Silva Filho; Leitão; 
Bruno, 2009). 
TEMA 4 – SISTEMA MUSCULAR 
O sistema muscular (Figura 15) pertence à parte ativa do aparelho 
locomotor e possui quatro funções principais: movimentação; regular passagens 
do corpo; manter e estabilizar a postura e articulações; e gerar calor (Silva Filho; 
Leitão; Bruno, 2009). 
Movimentação: o músculo esquelético se conecta ao esqueleto que 
movimenta o corpo quando movimenta os ossos. Em órgãos ocos, a musculatura 
de suas paredes promove movimentação ao comprimir os fluidos e outras 
substâncias através desses órgãos. 
Regulação de passagens do corpo: os músculos dos esfíncteres 
circundam muitas aberturas no corpo e agem como válvulas: relaxando para 
deixar passar uma substância e contraindo para fechar a passagem. Essa função 
é observada nos tratos digestório e urinário, por exemplo. 
Manter a postura e estabilizar as articulações: os músculos 
esqueléticos se contraem com o intuito de manter a postura, o que habilita o 
 
 
19 
corpo a permanecer em pé ou sentado. O tônus muscular ajuda a estabilizar e 
fortalecer muitas articulações sinoviais. 
Gerar calor: o calor é produto da contração muscular. Isso é crucial para 
a manutenção da temperatura corporal (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). 
Figura 15 – Sistema muscular 
 
Crédito: Elenabsl /Shutterstock. 
Os músculos apresentam diversas classificações e, segundo a histologia, 
podem ser classificados em: (a) músculo estriado esquelético (voluntário); (b) 
músculo estriado cardíaco (involuntário); (c) músculo liso (involuntário), que 
são encontradas principalmente nos sistemas respiratório, digestório e 
genitourinário, além de glândulas e paredes dos vasos (Figura 16) (Marieb; 
Hoehn, 2009). 
 
 
 
20 
 
Figura 16 – Tipos de músculos: (a) músculo estriado esquelético (voluntário); (b) 
músculo estriado cardíaco (involuntário); (c) fibras musculares lisas 
(involuntárias) 
 
Crédito: Corbac40/Shutterstock. 
De acordo com a função que desempenham, os músculos podem ser 
classificados em: (a) agonista, músculo ou grupo de músculos que realizam a 
ação principal, um exemplo da ação deste tipo de músculos é pegar algum objeto 
(os músculos agonistas são os flexores dos dedos); (b) antagonista, músculo 
ou grupo de músculos que se opõem à ação principal, seguindo o exemplo 
anterior, a ação antagonistaa ela é realizada pelos músculos agonistas 
extensores dos dedos; (c) sinergista, músculo que auxilia a realização da ação 
principal, na ação desse mesmo exemplo, os músculos sinergistas são 
estabilizadores do punho, cotovelo e ombro; (d) fixadores ou posturais, 
auxiliam a manter as diversas partes do corpo em posição de postura (Van de 
Graaff, 2003). 
As fibras musculares apresentam três camadas de tecido conjuntivo que 
as envolvem: (a) endomísio, que envolve apenas uma fibra muscular; (b) 
perimísio, que envolve um feixe de fibras musculares; (c) epimísio, que envolve 
um músculo com vários feixes de fibras musculares (Figura 17) (Marieb; Wilhelm; 
Mallatt, 2014). 
 
 
 
21 
Figura 17 – Representação da fibra muscular – epimísio, endomísio e perimísio 
 
Crédito: VectorMine/Shutterstock. 
Os músculos do tipo estriado esquelético e as estruturas anatômicas 
presentes nesse tipo de músculo são: (a) tendão proximal, correspondendo ao 
seu ponto fixo ou inserção proximal; (b) tendão de inserção, que é sua 
extremidade distal ou ponto móvel; (c) ventre muscular, que corresponde à sua 
porção intermédia; (d) aponeurose, que é um tipo de tendão laminar/largo; (e) 
fáscia muscular, que é o tecido conjuntivo elástico muscular, pode ser 
confundido com o epimísio, que envolve músculo ou grupos musculares em 
certos lugares do corpo. Alguns músculos ainda apresentam tendões 
intermediários, como, por exemplo, o omo-hióideo e o digástrico (Silva Filho; 
Leitão; Bruno, 2009). 
Os músculos estriados esqueléticos são classificados de acordo com a 
direção das formas e fibras ou de acordo com a origem do músculo ou tendão. 
Quando classificados de acordo com a direção das formas e fibras, podem ser 
divididos em: (a) paralelos – correspondem aos músculos longos e largos, 
sendo vários os exemplos no corpo humano, como o sartório e reto do abdome; 
(b) convergente – apresenta forma de leque e contração a partir de um único 
https://www.shutterstock.com/pt/g/normaals
 
 
22 
ponto de fixação, deltoide e peitoral maior são exemplos desses músculos; (c) 
esfinctérico – são fibras dispostas ao redor de um orifício, atua literalmente 
como um esfíncter quando contraído, exemplos são orbicular do olho e da boca; 
(d) peniforme – composto por muitas fibras por unidade de área, são músculos 
fortes, de amplitude curta e que, por possuir muita capacidade de força, cansam 
depressa, podem ser semipeniforme, peniforme e multipeniforme (Van de Graaff, 
2003). 
Quando classificados de acordo com a origem do músculo ou tendão 
podem ser divididos em: (a) bíceps, tríceps e quadríceps; (b) bicaudado e 
policaudado (com dois e mais tendões de inserção, respectivamente); (c) 
digástricos e poligástrico (com dois ou mais ventres musculares, 
respectivamente). 
Por fim, os músculos estriados esqueléticos também podem ser 
classificados de acordo com sua ação muscular: (a) flexores; (b) extensores; (c) 
adutores; (d) abdutores; (e) supinadores; (f) pronadores; (g) rotadores medial e 
lateral (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
TEMA 5 – APLICAÇÕES PRÁTICAS 
Observa-se que a atividade física pode gerar ganho de 7% a 8% de massa 
óssea no indivíduo adulto, reduzindo, assim, riscos de fratura na idade avançada 
e também prevenindo a osteopenia. Vale ressaltar que, dependendo do tipo e da 
intensidade do exercício, os efeitos sobre o tecido ósseo variam, podendo ser 
nocivos ao organismo. 
Quanto à articulação, os movimentos precisos e graciosos de bailarinos e 
ginastas atestam a grande variedade de movimentos que as articulações 
possibilitam. Mesmo que as articulações sejam os pontos mais fracos da 
estrutura esquelética, sua formação permite resistir a esmagamentos, 
dilacerações e a várias forças que as impulsionariam para fora do alinhamento. 
O exercício físico estimula as células musculares esqueléticas presentes 
no corpo a produzirem novas miofibrilas; isso acarreta no aumento volumétrico 
celular e, consequentemente, do músculo. No corpo adulto, as células do tipo 
muscular não têm mais a capacidade de se dividir, porém, há células satélites, 
que são um tipo celular especial, mononucleadas e pequenas, que estão 
localizadas no tecido conjuntivo que envolve os miócitos. Em situações 
específicas, quando a musculatura é submetida a intensa atividade, essas 
 
 
23 
células podem se multiplicar e fundir-se com as fibras musculares preexistentes, 
contribuindo para o aumento muscular. As células satélites também são 
importantes nos processos de regeneração muscular esquelético, quando 
ocorrem lesões. 
Os ossos são compostos de uma matriz na qual se depositam complexos 
minerais com cálcio e estão em constante processo de renovação, devido às 
células chamadas de osteoblastos, responsáveis pela produção óssea. Esse 
processo possibilita a reconstituição do osso, principalmente quando há fraturas. 
A osteoporose é uma condição metabólica caracterizada pela diminuição 
progressiva da densidade óssea e aumento do risco de fraturas e está 
relacionada principalmente com o envelhecimento. 
Entre os fatores de ressico para essa doença, podemos destacar: 
• História familiar da doença; 
• Deficiência hormonal; 
• Alguns medicamentos; 
• Deficiência de cálcio; 
• Sedentarismo; 
• Tabagismo e consumo de álcool; 
• Algumas doenças reumatológicas, endócrinas e hepáticas. 
É uma doença silenciosa, em que o primeiro sinal normalmente aparece 
quando se encontra em estágio avançado. Pode ocorrer fratura espontânea, 
devido ao fato de o osso estar fraco e poroso. 
A fibromialgia é uma dor crônica que se manifesta principalmente em 
músculos, tendões e articulações. É uma doença que está relacionada com o 
funcionamento do sistema nervoso central e mecanismo de supressão à dor. É 
comum estar associada a doenças reumáticas. Os sinais e sintomas mais 
comuns são: dor generalizada, fadiga, problemas com qualidade do sono, 
cefaleia. Existem várias possibilidades de tratamento, entre eles: controle do 
estresse; alongamento, tratamento com calor e massagem, melhorar a qualidade 
do sono, analgésico, atividade física, alongamentos, compressas quentes e 
massagens na região. 
 
 
 
24 
 
NA PRÁTICA 
1. Faça uma linha do tempo sobre a história da anatomia humana. 
2. Pesquise e descreva os impactos do uso de anabolizantes e 
anticoncepcionais nos sistemas ósseo e muscular. 
3. Descreva como é realizada a doação da medula óssea. Em quais casos 
o transplante é recomendado? 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foi possível ter o primeiro contato com o estudo da anatomia, 
desde sua origem, identificando os principais termos e nomenclaturas 
anatômicas. Também estudamos a anatomia de dois importantes sistemas do 
corpo humano, responsáveis, principalmente, pela função locomotora. 
O corpo humano é composto por cerca de 206 ossos que, além de 
sustentar o corpo e proteger os órgãos internos, proporcionam uma estrutura 
sobre a qual atuam os músculos, poderosas massas fibrosas contráteis que 
possibilitam os movimentos. Responsável por diversas funções e pela postura e 
movimentos, a estrutura musculoesquelética é composta por inúmeros músculos 
de diferentes formas e tamanhos, desde o pequeno estapédio do ouvido médio 
até quadríceps da coxa, muito mais volumoso. Cada músculo é constituído por 
fibras musculares de dois tipos principais: as de contração rápida, que facilitam 
a execução dos movimentos ágeis e de explosão, e as de contração lenta, úteis 
nas atividades de resistência. Algumas pessoas têm mais fibras lentas do que 
rápidas. Além disso, observamos as articulações, que têm um papel 
importantíssimo para a estruturação e a movimentação do corpo. É por meio 
delas que os ossos são ligados uns aos outros e são capazes de se movimentar 
junto a ação muscular. 
Composto por ossos, músculos, tendões, ligamentos, articulações e seus 
outros componentes, o sistema musculoesquelético é capaz de executarvariadas ordens emitidas pelo cérebro – de forma voluntária e/ou involuntária. 
Os ossos estão preparados para resistir a movimentos fortes e bruscos – essa 
característica é fruto de sua arquitetura interna, feita de fibras de colágeno e 
cristais salinos se entrelaçam para formar algo parecido com um edifício: as 
 
 
25 
fibras de colágeno equivalem a barras de aço, que garantem ao osso grande 
resistência à tensão. 
Quanto à musculatura, aproximadamente 600 músculos fazem parte do 
corpo humano adulto e é o único sistema que tem a capacidade de transformar 
energia química em energia mecânica. Juntos, os músculos podem somar de 
40% a 50% do peso corpóreo. Essas estruturas são capazes de se contrair e de 
relaxar, gerando movimentos que permitem ingerir o alimento, andar, correr, 
saltar, nadar, respirar, entre outras ações. Representa também o principal local 
de transformação e de armazenamento de energia, sendo o destino final dos 
sistemas de suporte primários envolvidos no exercício, como o cardiovascular e 
o pulmonar. 
 
 
 
26 
 
REFERÊNCIAS 
DRAKE, R. L.; VOGL, A. W.; MITCHELL, A. W. M. Gray's anatomia clínica para 
estudantes. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 
DURANT, W. The Story of Civilization. New York: Simon and Schuster, 1939. 
GORDON, G. L. Medicine Throughout Antiquity. Philadelphia: FA Davis 
Publishers, 1949. p. 589-608. 
MALOMO, A. O.; IDOWU, O. E.; OSUAGWU, F. C. Lessons from History: Human 
Anatomy, from the Origin to the Renaissance. In: Journal Morphol. v. 24, n. 1, 
p. 99-104, 2006. 
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia humana. 7. ed. São Paulo: 
Pearson, 2014. 
MARIEB, E. N.; HOEHN, H. Anatomia & fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artrmed, 
2009. 
NULAND, S. The Bibliography of Medicine. 2. ed. New York: Vintage Books, 
1988. 
PHILLIPS, E. D. Greek Medicine. London: Thames and Hudson, 1973. p. 4-33. 
SILVA FILHO, A. R.; LEITÃO, A. M. F.; BRUNO, J. A. Atlas texto de anatomia 
humana. Fortaleza: Gráfica LCR, 2009. 
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. Barueri, SP: Manole, 2003.